domingo, 13 de novembro de 2016

Terceira Crônica do Antigamente

 
Fanfarra de  Sete Setembro, 1971 - Capinzal SC.  Estou de camisa preta, o de cabelo mais comprido, o mais alto, perto da cabina do caminhão.

     Já disse, sou antigo, muito antigo. Quando criança, matava a bola na canela, piscava, sujava as mãos de tinta na escola. Era o perfeito aluno-problema. Ainda bem que naquela época não tinham "Conselho de Classe" nas escolas. Eu ficava na mão de um ou outro professor, pelo menos isso me aconteceu na terceira do "Ginásio" e na primeira do "Comércio". Na terceira, a Dona Holga me deixou em segunda época em Português e Matemática, lá no Juçá Barbosa Calado, uma escola que havia em Capinzal. Era um Ginásio Normal, em que meu professor de Psicologia era o Dioni Maestri, a quem, até hoje, reservo muito carinho e devoto sincera amizade. Ele nos levou ao Cine Glória para assistir ao filme "Freud, muito além da alma", onde Freud hipnotizava as pessoas. Conseguiu ingressos "fiado e com desconto" junto ao Armando Viecelli, dono do cinema. Nem me lembro se depois pagamos ou ele mesmo pagou. Na primeira, foi o João Bronze, de saudosa memória, que me deixou em segunda época em Inglês: que coisa feia, o único aluno  da CNEC a fazer segunda época de Inglês, em 1970, ano de nossa gloriosa conquista do Tricampeonato Mundial de Futebol, no México.

          Mas, como já disse em outras oportunidades, sou mais antigo do que a Marjorie Estiano, a que era feinha, e agora nem tanto. A Fernanda Montenegro também nunca foi um exemplo de beleza, mas o talento a tornou bonita e eterna. A Tônia Carrero, privilegiada, é talentosa, bonita e eterna, mas anda escondida há muito tempo. Quando a Marjorie Estiano nasceu, em 1982, lá em Curitiba, minha filhas, Michele e Carol, tinham quase três anos. (Cá entre nós, são mais bonitas que a Marjorie Estiano). Depois de 11 trabalhos na TV Glogo, 5 peças no teatro e 2 filmes em 2011, ela vive a Manuela Fonseca, a Manu, na novela "A Vida da Gente". Casou com o Rodrigo,  pai da Júlia, filha da Ana, irmã dela. Agora o cara não sabe com qual das duas vai ficar. Mas se você for noveleiro, como eu já fui, vai saber isso tudo ao final da novela.

          Sou do tempo em que apenas parte da  Rua XV de Novembro, em Capinzal, e da Felip Schmidt, em Ouro, tinham, calçamento. O Fioravante e o Vicente Colombo, o Dário da Rosa, o Leonel Ferreira, o Miro, o Orsoletta,  o Acir Borges e mais tarde o Zezinho Gonçalino faziam calçamento com perfeição. E o Shirlon Pizzamiglio levava água com o garrafão (H20) e, com uma canequinha de alumínio, e os servia sob o calor de 36 graus.

          Sou do tempo em que aquele padre fugiu com a professora e levou o dinheiro da bolsa de estudos de meus colegas. E de quando o Edvino Dacás organizava, patrocinava  (e transmitia) jogos de futsal na quadra asperenta do Padre Anchieta, a mesma em que o Edovilho Andreis, o Vino, ralou o dedão do pé. A mesma onde muitos jovens casadoiros conheceram algumas jovens casadoiras e hoje são pais de médicos, advogados, engenheiros, professores...Ou, simplesmente, casais felizes e com filhos! A mesma onde o padre fujão estapeou um aluno alemãozinho (vou preservar o nome do colega), porque, num joguinho de cegotes, ajuntou  três lata do chão, com os olhos vendados, e era para ajuntar só uma.

          Bem, em minhas incursões memoriais lembro das memoráveis "soirées" do Clube Primeiro de Maio, que apelidavam de "Mangueirão" e da "Cabana", onde a juventude se encontrava, aos sábados, para badalar. Dos meus amigos Arnildo Ramos e Renô Caldart, com quem eu sempre tirava fotos, e eram alguns de meus leais companheiros.

          Bem, você, leitor, pode ver que, realmente, sou muito antigo, por isso mesmo tenho muitas histórias pra contar. Sou do tempo em que as pessoas deixavam de fazer algumas coisas porque era  pecado. E havia mais amizades, mais divertimentos, mais respeito. E, como diz uma amiga: Todo mundo conhecia todo mundo! Agora...nem tanto!


Euclides Riquetti
25-11-2011

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