A noite deste sábado, 06, foi de grande tristeza para os ourenses, em especial para a comunidade de Linha Bonita. Vitimado pela Covid 19, após semanas de internamento em lages, faleceu Dirceu Viganó, gêmeo com Izeu. Ambos eram conhecidos como os "Pópos da Linha Bonita", ou os "Pópos Viganó. Muito parecidos, foram meus alunos no início da década de 1980, na Esccola Prefeito Sílvio Santos, em Ouro, no Ensino Fundamental. Eram muito parecidos, idênticos.
Izeu deixa a esposa, Zenite, e dois filhos, Maciel e Alessandro. Zenite é filha do saudoso casaal Nézio Rech e Cleide, que socorri num acidente em que ele perdeu a vida, em 1998, na Rodovia SC 135, entre Ouro e Lacerdópolis. Iam para Florianopolis num carro da saúde, conduzido por Orlandino Ribeiro. Um caminhão carregado de madeiras, que descia a Serra de Linha Santa Bárbara, Lacerdópolis, na contramão, atingiu nossa ambulância. Eu era Secretário da Saúde em Ouro, fui acionado pelo Orlandino, e fui o primeiro a chegar ao local do fato. Ao receber a chamada, peguei uma colcha, joguei em meu carro, que havia adquirido naqueles dias, e tomei o rumo da Rodovia. No local do acidente, os policiais com uma carrinho Fiat, pequeno, aguardando os bombeiros. Envolvi Dona Cleide na coclha, reclinei o assento do carro e corri até o Hospital Santa Terezinha, de Joaçaba, para que fosse atendida. Ela entregou-me a carteira do Nézio, com dinheiro, que dias depois eentreguei a seu genro, Dirceu. Primeiro os policiais, com sua viatura, socorreram Orlandino e Nézio. O primeiro foi conduzido ao Hospital Nossa Senhora das Dores e este seria ao HUST, em Joaçaba. Em Lacerdópolis, os bombeiros que vinham de Herval d Oeste transferiram o Nézio para sua viatura e o conduziram, mas já estava sem vida.
Ao chegar ao HUST, chamei o pessoal da emergência e relatei, sucintamente, o que havia ocorrido, falei que os bombeiros estavam trazendo a marido dela. Mas eu sabia que ele havia perdido a vida, nada mais havia a fazer. Eu não queria que ela percebesse o que realmente tinha acontecido. Eu falava para o pessoal do hospital que ela deveria ser internada e medicada prevendivamente, poi s levaria um grande choque ao saber que o marido havia falecido. Eles não entendiam o que de fato tinha acontecido e preparavam a emergência para freceber o acidentado...
Fui ao telefone orelhão, liguei a cobrar para a casa do Prefeito Sérgio Durigon para comunicar sobre o que estava acontecendo. Dona Cleide não saía de perto de mim, queria saber detalhes da condição do marido. e eu não queria que ela soubeesse a verdade. Dizia a ela que ele iria passar por cirurgia e que ela deveria ficar internada.
Eu tentava falar por códigos para que o prefeito me entendesse. Uma hora depois eu deveria estar na sala de aula, na escola, então precisava agir rápido. Eu falava: "Aconteceu um acidente com nossa ambulância, o Orlandino está bem, no hospital das irmãs. A Dona Cleiude, esposa do Nézio Rech, está aqui comigo, no Hust. O Nézio está na sala de cirurgia. O que você pode fazer é mandar o "pessoal que trabalha com o presidente do PSDB" vir para cá e trazer os equipamentos para andamento da situação. (O Presidente do PSDB era Vítor Savaris, que era proprietário da Funerária Nossa Senhora dos Navegaantes). Ele deveria trazer uma urna funerária, roupas e tudo de que fosse preciso para preparar o falecido Nézio, que iria a Florianópolis para dar continuidade a um tratamento em razão de câncer. . .
Depois de muitas tentativas ele passou a me entender e falou: "Mas então ele morreu e é para o Savaris levar o caixão?" Falei que era isso mesmo e aquela senhora nem percebeu. Convenci o pessoal do hospital e internar a mulher e, já em seguida, vi que o corpo dele estava na capela do hospital e os bombeiros pediram assinatura em seu relatório e foram embora. E eu era a única pessoa conhecida deles que estava lá naquele momento.
Resolvida aquela situação, tomei a estrada rumo ao Ouro. Na Santa Bárbara, encontrei o Dirceu Vigano, de quem estamos nos despedindo hoje, e eles estavam parados no local do acidente, vendo o que restou da mabulãncia. Falei para ir imediatamente ao hospital, em Joaçaba, pois o Nézio, sogro dele, havia falecido e a esposa estava internada. Às 7,25 h cheguei à escola, relatei rapidamente aos colegas o que havia acontecido, subi a uma sala de aula, passei uma atividade de Inglês e comecei a chorar. Depois desci à sala da Direção para ligar ao hospital. Falei com o Orlandino, nosso motorista, ele estava bem. O Prefeito Durigon, pessoalmente, passou comunicado aos parentes dos envolvidos. às 9, 15 h, terminado meu horário na escola, fui ao meu trabalhalho. À tarde, fui à missa de despedida do Nézio, na Capela São José, em Linha Bonita. Nos dias seguintes, depois que Dona Cleide teve alta, entreguei a cartgeira com o dinheiro e os documentos aos familiares.
Mas minha história com o Dirceu e o Izeu, os gêmeos da Linha Bonita, vem de quando eles tinham mais ou menos 15 anos e eram meus alunos. Nunca distingui um do outro, tão parecidos eram. Houve uma ano, nos primeiros da década de 1980, em que, à noite, quando as pessoas chegavam em casa e ligavam os chuveiros para tomar banho, a carga utilizada na cidade era maior do que a substação de energia da CELESC podia suportar. Então ocorria um apagão e a luz levava até meia hora para ser restabelecida. Eram os primeiros dias de dezembro e alguns alunos prestavam exames finais, enquanto outros haviam entrado em férias.Um dos gêmeos fora aprovado sem exame e o outro teve que ser submetido à prova.
Como já estávamos accostumados com aquela situação de faltar luz, jjá me preveni e subi para a sala das provas com algumas velas e fósforos. Se a luz apagasse, eu acenderia as velas. Quando a liuz apagou-se, acendi umas velas e fiquei com dois alunos, um dos Pópos e outro, colega dele. Demoraram para terminar a prova e isso aconteceu lá pelas 22 horas. Quando eles terminaram de responder às questões, recolhi as provas e nos dirigimos para o corredor do andar de cima, onde estávamos. Não havia mais ninguém na escola, todos tinham ido embora. No andar térreo, os portões fechados. Buscamos, incessantemente, uma maneira de sairmos de lá e nada. Voltamos ao andar de cima, as portas das salas estavam abertas e pulamos para fora da janela. Ficamos os três sobre a marquise da frente do prédio. Gritávamos para os vizinhos virem nos acudir e eles não ouviam. Dias depois, soube que o Sr. Aquilino Baretta, que morava uns 70 metros abaixo, escutou nossos gritos e achava que eram alunos fazendo bagunça e não deu bola. O tempo foi passando e já havia passado da hora em que a aula costumava terminar, às 22,30h.
Lá pelas 23 horas, o Arturo Viganó, pai do Pópo, que havia ficado esperando por ele lá no Clube Floresta, veio à escola para ver se o filho estava lá. Contamos o ocorrido a ele que foi até a casa da Diretora, que morava acima do Grupo Escolar Belisário Penna, em Capinzal, para que ela viesse abrir a escola. E, lá pelas 23, 15 h, chegava a Elba com seu Corcel preto para nos tirar de lá. Rimos muito, pois ninguém iria imaginar que uma situação assim fosse ocorrer.
Tive uma relação de amizade muito forte com todos os Viganó nos anos em que vivi em Ouro. Saí de lá há 12 anos e vim para Joaçaba. Entre 1972 e 1977, morei em união da Vitória e Porto União. Entre 1977 e o início de 1980, morei em Duas Pontes, hoje Zortéa, que na época pertencia a Campos Novos. A maio parte de minha vida passei em Ouro, município desmembrado de Capinzal, cheguei a ser prefeito em Ouro de 1989 a 1992.A família Viganó é numerosa, eles são mais de uma centena de primos entre si, os descendentos de Otávio, Honorato, e Arturo.
A todos os familiares e amigos do Pópo Dirceu Viganó, minhas mais sentidas condolências. Um rapaz cheio de energia, 56 anos, que deixa a esposa, os dois filhos, os irrmãos e muitos primos e amigos. Que Deus o receba bem e que tenha a merecida Felicidade Eterna! E frezemos a deus para que essa pandemia acabe a a vida possa voltar a seu normal e as vidas humanas preservadas.
Euclides Riquetti
07-03-2021
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