domingo, 25 de abril de 2021

An Essay About Spark News

 


       Gostou do título? Entendeu? – Pois leia tudo e poderá entender o que estou querendo dizer.

       Nas eleições à Presidência da República e Governos Estaduais em 2018,  a maior dor de cabeça da Justiça Eleitoral deu-se na lida com as falsas notícias, as tais de Fake News. E sabe que as expressões pegam? Aliás, a língua inglesa, o American English ou o British  English têm ocupado a mente e despertado o interesse de grande parte dos brasileiros. E, aprendidos alguns termos, passam a ser usados conforme a conveniência das pessoas. Até parece que a linguagem estrangeira é chique e a nacional é brega, para alguns. Antigamente, era chique saber falar em francês...

       Pois dia desses um familiar meu estava muito revoltado porque falam em “drive thru”, que é a corruptela do drive through, que adotaram posteriormente ao “drive in” dos cinemas em estacionamento de carros ou de grandes restaurantes pelo mundo afora, onde as pessoas podiam ver o filme numa tela enorme a partir de dentro de seu próprio carro. E, muitas vezes, saboreando delicioso lanche e, possivelmente, fazendo uns cortejos à namorada... Mas o que deixou muita gente intrigada, inclusive o Presidente da República, foi o lock down.  Foi coisa de dar knock down em muitos comerciantes brasileiros, principalmente os do ramo de alimentação, que tiveram que se salvar nas vendas em delivery. Eu também adoro comprar barato em outlets.

       Meu pensamento é o de que as pessoas precisam cuidar-se muito, ter todos os hábitos de higiene recomendados, manter-se em constante desinfecção. Não vejo vantagem em se fazer o fechamento dos estabelecimentos, mas sim a adequação deles para que possam oferecer seus produtos ou serviços à população com a devida segurança sanitária. Vejam que as pessoas andam nos ônibus e vans, mesmo que com  lotação reduzida, respirando o mesmo tipo de ar. Então, por que, então, num estádio de futebol com capacidade de 20.000 pessoas não se liberassem para que 5.000 pudessem ver os jogos presencialmente, ou seja, 25 por cento da capacidade de público. Há diversas outras situações que podem ser utilizadas como termo de comparação.

       Mas todo esse introito é proposital para chegar onde eu quero: falar de uma modalidade de ação de comunicação que, legalmente, poderá prosperar nas próximas campanhas políticas. Se a Justiça teve dificuldade para encarar, julgar e condenar os emissores de “fake news”, imagine, leitora, leitor, como será difícil tentar incriminar alguém por usar a nova modalidade que estará em crescimento, a das “Spark News”. Os marketeiros (mais uma herança estrangeira), os que fazem as propagandas dos candidatos, se habilidosos, poderão debelar as  candidaturas adversárias lentamente, com “spots” nada falsos, ou pequenas mensagens ou notícias que massificarão as mentes  e as induzirão a concordar com o que meu candidato quer que eu pense do outro.

       Spark News seriam as notícias “fagulhas”, ou faíscas, que são muito rápidas, mas que queimam, que brilham, que podem causar estragos lentamente, mas com o mesmo efeito que “a apark on gasoline”, ou uma faísca na gasolina. Imagine, então, as pessoas armazenando notícias agora, ditas por alguém, repetidas e retransmitidas, mas que têm autor conhecido. Pode ter sido uma breve fala de um Ministro do STF, do Renan Calheiros, do Neymar Júnior, de um neo-famoso big brother, do balconista da padaria, do Lula, do Dória, dos filhos do Bolsonaro, de Dona Narizinho,  daquele Bonemer que comanda um jornal televisivo e historicamente tendencioso.

       É muito fácil você detectar e constatar as spark news do dia-a-dia no meio político, econômico e jornalístico. Uma notícia verdadeira é lançada, repercute, causa estragos, quem fala pode voltar atrás, age diferente do que pretendia, mas o estrago fica feito. No outro dia, já se tornou fagulha que fulminou, vem outra em seu lugar,  e você nem lembrará de que ela existiu. Então, uma afirmação sua, se usada habilmente por um comunicador que sabe manipular a frágil mente humana, poderá usá-la como arma contra você. Muitas notícias são plantadas estrategicamente para se verificar o seu efeito. Conforme a conveniência, são desmentidas ou realinhadas, ou mais claramente explicadas. No futebol usam: Jogador tal é especulado no clube tal... É o “agente” do jogador que está querendo arrumar um contrato para seu jogador, que poderá ficar desempregado se não houver quem o contrate. Planta notícias na mídia, diz que há diversos clubes da série A ou B interessados, mesmo clubes da Europa ou da Ásia, ninguém se interessa pela figura perneta, que só foi promovida à custa de bons amigos na mídia ou bom dinheiro na mão de alguns jornalistas venais.

       An essay about spark News significará “Um ensaio sobre notícias-fagulha”, onde procuro mostrar como podem funcionar as notícias que não passam de faíscas mas que, somadas, podem causar grandes avarias.

Euclides Riquetti – Escritor –

 

Publicado no Jornal Cidadela – Joaçaba – SC – em 23-04-2021

 

 

Um comentário:

  1. A língua inglesa em tempos de globalização traz à baila a análise da difusão mundial do inglês e as implicações desse fenômeno na vida diária dos indivíduos comuns.
    Gostemos ou não, há que conviver e se submeter a ela: trabalhar, estudar, se comunicar... não tem como prescindir disso...Como diz um amigo meu "A colônia tem que aprender a língua da metrópole".
    Sobre as fake news, que você disse ser muito fácil detectar, faço uma ilação com a Operação Lava Jato, seu juiz Sérgio Moro, seus procuradores, imprensa, e o pior, todas as nossas instituições.
    Boa parte da população ainda não descobriu que aquilo era uma mentira deslavada, e alguns nem querem entender.
    Entendo que a coisa não é tão simples assim. A mídia brasileira é do pensamento único, basta analisar os acontecimentos nacionais dos últimos cinco anos.
    A forma como colocaram, diuturnamente, suas verdades, seu enredo - (spark news) - foi criminoso..., digno de Goebbels.
    Apesar de tudo, muitas vezes, tenho que concordar com o grande Ariano Suassuna que disse: "NÃO TROCO O MEU 'OXENTE' PELO 'OK' DE NINGUÉM. Então, aprender inglês, sim, é uma necessidade, mas cuidado com os excessos: tem muita coisa que não precisa ser mudado...

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