sábado, 27 de novembro de 2021

Brasileiros invisíveis, uma realidade que nos assusta

 



       A redação do ENEM, neste ano, trouxe-nos um tema muito pertinente:  “Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”.  A grande maioria dos professores de Língua Portuguesa que atuam no Ensino Médio no País aprovou o tema escolhido. Alguns jornalistas torceram o nariz, acharam que o tema é difícil. Há controvérsias, diria o Cride!

       Os civilmente invisíveis, aqueles que não têm o seu registro civil para portar, a básica Certidão de Nascimento, segundo o IBGE somam quatro milhões de pessoas, e isso ficou muito evidenciado durante o período de ocorrência da pandemia da Covid 19, quando os cidadãos foram buscar o Auxílio Emergencial do Governo. Cidadãos sem cidadania!

       Segundo a Receita Federal, o Brasil tem 12,5 milhões de CPFs ativos a mais do que a soma da população brasileira. Há indícios de que, pelo menos, 3,3 milhões de portadores de CPF já tenham falecido. Estamos bem defasados  no quesito informação através de dados. Não tivemos a realização do censo que deveria ter acontecido em 2020. O IBGE tem métodos de cálculos e, através de estimativas, fornece números que estão sempre disponíveis em seu site. Mas precisamos de dados mais verdadeiros, atualizados, mesmo que sejam em menor amostragem do que precisaríamos ter. O Censo 2020 vai acontecer só em 2022. É fundamental para o planejamento dos órgãos públicos e mesma das empresas privadas.

       Precisamos de dados confiáveis para que as ações públicas e privadas possam ser planejadas sem fala demagógica, mas sim para contemplar a realidade. Menos mimimi e mais possibilidade de informações úteis e necessárias é do que muito precisamos. A classe política tem um linguajar todo especial para algumas coisas:  “políticas públicas”, “narrativas”, e dezenas de outros termos useiros. Tudo sempre na retorica e pouco foco no que realmente importa.

       Mas voltemos ao nosso ENEM, que sempre foi muito especulado, acho que não mede ou não avalia direito o pretendente ao curso superior gratuito ou mesmo os cursos subsidiados. As formas de avaliar são discutidas desde que me conheci como acadêmico, em 1972, e professor, em 1976. As discordâncias continuam sendo as mesmas.

       O assunto “desorganização da vida civil do brasileiro” sempre esteve à baila. Nestes dois últimos anos foi razoavelmente comentado, mas poucos prestaram atenção no que foi dito ou escrito. Em vez disso, muita coisa inútil mereceu a atenção da imprensa, dos tais formadores de opinião. E a juventude, principalmente, pautou a maior parte de seu tempo livre ocupando-se das redes sociais, onde se escreve ridiculamente. Então, melhor ensejar para que as cabeças tenham que pensar na realidade do que na fantasia. Muita firula e pouca evolução no Exame Nacional do Ensino Médio.

        As prévias do PSDB e seu fiasco nacional – O grande evento que o PSDB tentou oferecer aos brasileiros no último domingo constituiu-se no maior fiasco político de nossa história recente. Mostrou ao Brasil o quanto aquele partido se tornou um dinossauro monstrengo e visivelmente rachado. O partido, em nível nacional, envelheceu, ainda anda na cartilha de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, João Dória, José Aníbal, Tasso Jereissati, Artur Virgílio e outros. Além do vexame de uma prévia híbrida, em que grande parte dos filiados votaria à distância, mas o aplicativo contratado não deu conta do recado, há o racha entre os caciques e a falta de renovação dos quadros de sua base. Envelheceram os líderes, envelheceu o partido, (bem partido, por sinal) e não cuidaram das novas lideranças. Está ficando como o PDT, encolhido por sua postura dividida diante dos grandes problemas brasileiros.

 

Aqui em Santa Catarina também temos muitos bons políticos que não conseguiram sair do chão porque os caciques nunca largam o osso, principalmente nos partidos com mais tempo de estrada. Jovens prefeitos eleitos em 2020 têm o reconhecimento popular mas não dos partidos a que pertencem. Como é o caso de Claudir Dire Duarte, na vizinha cidade de Ouro, que se tem  constituído num campeão de votos em cada eleição,  e deixou o PSDB para enfileirar-se nas trincheiras do PL, partido comandado pelo Senador Jorginho Melo, um dos políticos que mais ascendeu em Santa Catarina no presente milênio.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com


Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC

Em 26-11-2021

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!