domingo, 5 de agosto de 2012
Guerra do Contestado - o que temos a ver com ela?
O tema "Guerra do Contestado", pelas características da mesma e pela data de seu início, cujo centenário se aproxima, vai trazer-nos de volta muitas informações que um dia ouvimos, mas que nem sempre demos muita bola para o assunto. Sempre tive muita paixão por isso, é um assunto que me atrai profundamente.
A data fatídica é 22 de outubro de 1912, quando ocorreu a Batalha do Irani e, tanto o jovem Coronel Gualberto quanto o líder dos revoltosos, Monge José Maria, foram mortos. Brevemente, dedicarei um escrito exclusivamente para o que ocorreu nos dias que antecederam e sucederam esta importante data para nós, catarinenses, principalmente moradores das áreas que serviram de palco para a Guerra. Tenho informações exclusivas que obtive na Fazenda Nossa Senhora de Belém, com o Sr. Alceu Saporite, no interiorzão de Água Doce, num final de ano em que acampamos, com nossa família, uns 50 metros abaixo de uma Cachoeira existente na propriedade, e que ali ocorreu um fato que ajudou a mudar a história da Grande Batalha entre os liderados por José Maria e os soldados do jovem Coronel Gualberto.
Mas, hoje, vou-me dedicar a repassar algumas informações que obtive em minha vida, e outras que li em "O Oeste Catarinense - Memórias de um Pioneiro", escrito pelo saudoso José Valdomiro Silva, (tio da Leda Sílva Kerber, Soprano de nosso Teatro Alfredo Sigwalt, de Joaçaba, e dos seus manos Cláudio e João, meus amigos). Valdomiro construiu uma biografia irretocável, nascido em 21 de junho de 1902, na Fazenda Umbu, interior, na época, de Campos Novos, próximo de Duas Pontes, hoje Zortéa, e que viveu sua adolescência em lidas com seu pai, durante a construção da Estrada-de-Ferro São Paulo/Rio Grande.
Em 1914, quando a Guerra do contestado estava no ápice, 500 soldados da Força Federal estiveram acampados, por muitos meses, próximo à Estação Férrea de Capínzal, com a finalidade de guarnecer a cidade e impedir que os classificados como "fanáticos jagunços", tomassem o rumo do Sul.
Nossa cidade armou-se antes antes de os soldados chegarem, conforme descreve José Valdomiro Silva, na página 18 de sua obra: "À vista de tal situação, o farmacêutico Cavalcanti, que era solteiro, resolveu organizar uma guarda-civil, para o que convidou diversos homens e rapazes, entre os quais eu também fui incluído, na qualidade de seu empregado. Não houve problema para armar o pessoal, pois, na época havia muita Winchester e revólver Smith & Wesson que apareceram no comércio logo após a passagem da estrada de ferro. Até eu com meus doze anos, também mereci uma Winchester 44 que mantinha na farmácia, para enfrentar os jagunços. E como a dita guarda foi organizada em caráter amador, não havendo recursos para sua alientação, requisitavam porcos e galinhas das casas abandonadas pelas família fugitivas".
Pela descrição, você, leitor (a), pode ter noção de o quanto a situação estava complicada. E o adolescente José Valdomiro Silva, que a meu ver merecia ter sua vida retratada em documentário cinematográfico, é figura marcante em nossa história. Há muitos fatos interessantes em sua publicação, de 1987, e que você pode encontrar nas bibliotecas da região e sebos de Florianópolis.
Felizmente, hoje vivemos outros tempos, enfrentamos outros tipos de problemas, frutos da organização social atual. Mas, naquela época, a realidade era bastante cruel com os moradores de Rio Capinzal, localizado à margem esquerda do rio do Peixe, e o "Distrito de Abelardo Luz", à margem direita. Naquela época, desde 20 de outubro de 1906, com esse nome, pertencíamos à Colônia de Palmas, do Estado do Paraná. e era comum, em minha infância e juventude, colegas de Capinzal "inticarem" comigo, dizendo que nós, os abobreiros, do Ouro, éramos argentinos, e que eles, de Capinzal, os porungueiros, eram os brasileiros.
Intrigas e rivalidades à parte, a realidade é que Ouro pertenceu a Capinzal apenas por 14 anos, de 1948 a 1963. E que, se buscarmos profundamente a nossa verdadeira história, vamos descobrir muitas coisas interessantes, inclusive que tivemos ativa participação na Guerra do Contestado, pela nossa localização e pelas disputas de Paraná e Santa Catarina pela região Contestada.
Euclides Riquetti
05-08-2012
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Caro Riquetti,
ResponderExcluirdescobri seu blog hoje na internet enquanto procurava algumas coisas minhas e, pelas suas citações ao meu nome, cheguei a ele. Parabéns pelo blog e por presentear os amigos com recordações dos velhos tempos de Ouro/Capinzal.
Um abraço.
Clovis Maliska
Parabéns Riqueti, pela riqueza de detalhes e de lembranças que contribui muito para nosso conhecimento.
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