quarta-feira, 17 de abril de 2013

A Ferrari do Felipe Melo

         Parabéns ao Felipe Melo. Parabéns a ele e a todos os que conseguem comprar Ferrari, Porshes, BMWs, Mercedes.

         O G1, um dos sites mais visitados do mundo, da Globo, empresa brasileira do ramo de comunicações, trazia, nesta terça-feira, 15, uma foto de uma exuberante Ferrari vermelha e,  ao lado dela,  seu proprietário, o brasileiro Felipe Melo, 29 anos. E a manchete: "Felipe Melo exibe sua Ferrari ao deixar treino da Galatasaray".

           A Galatasaray é uma agremiação esportiva que pratica o futebol, sediada em Istambul, a antiga Constantinopla, cantada e versada na História e na Literatura. Melo foi aquele volante brucutu, que parava os adversários com faltas violentas, desprovido de talento e habilidades esportivas, expulso no jogo das Quartas de Final da Copa de 2010, na terra das vuvuzelas, a África do Sul.  E o Brasil desclassificou-se depois de perder por dois a um para a "Laranja Mecânica", nossa querida Holanda. Após o treino, saiu com sua reluzente e potente máquina, coisa que só os bem endinheirados podem ter, e postou: "Indo para casa depois de um ótimo dia de trabalho".

         Juro que não tenho inveja dele. Tenho meu carro nacional que me oferece o conforto e a segurança que dele espero, é econômico, bonito, e tem seguro total. Quando o Melo nasceu, eu já tinha trabalhado fora por 19 anos, parte deles com carteira assinada. E eu já tinha um fusca básico, que comprei de um amigo, com 9.000 Km. Ia com meus familiares para Curitiba, União da Vitória, até para as praias. Eu era professor, exclusivamente. Tinha alunos na escola pública e na particular, assumia lecionar em um monte de turmas para sustentar minha família. Muitos de meus alunos tornaram-se Engenheiros, Advogados, Psicólogos, Fisioterapeutas, Professores, Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos, Jornalistas, Publicitários, Físicos, e outros vingaram em muitas profissões. Há os que conseguiram comprar seu carrinho, casar, ter filhos, plano de saúde e, boa parte, ter sua casa ou apartamento.

         Centenas, talvez milhares deles cursaram especialização, dezenas deles mestrado e, certamente, dezenas deles buscaram e conseguiram concluir o doutorado e estão perseguindo o pós-doutorado. Estudaram e trabalharam simultaneamente, estabeleceram-se com seus escritórios e consultórios, ingressaram em empresas ou no serviço público, estão contribuindo para com o desenvolvimento do país, aqui atuando ou mesmo bem representando-o lá fora.

         Num país em que as aparências contam muito, em que mostrar o bum-bum e os peitos siliconados dá ibope, falar bobagens é bonito, vencer na vida bancando o espertalhão é considerado talento, temos que parabenizar, mesmo, o tal de Felipe Melo. E esperar que nossos filhos tenham, também, um pouco mais de sorte.

Euclides Riquetti
17-04-2013
         



         

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