O Ministério da Saúde, por seu Departamento de Comunicação, tem sido o campeão em dar dores-de-cabeça ao Governo Federal. Na crença de que as propagandas contra as doenças sexualmente transmissíveis precisam ser agressivas para atingir o objetivo, têm sido tão agressivas como as doenças que quer evitar. Em 2010 já houve uma forte polêmica por causa da maneira como foi concebida uma peça publicitária. Agora, duas colocações e duas posições têm gerado muits polêmicas.
A primeira, com relação à intenção de tarzer 6.000 médicos de Cuba para trabalhar no País, sem a convalidação de seus diplomas. Não disseram, inicialmente, que também trariam médicos de Portugal e da Espanha, o que denotou a caracterização de que apenas os de alinhamento ideológico deveriam vir. Tenho minha posição: Que venham médicos de onde vierem, mas que sejam submetidos a uma avaliação antes de serem autorizados a trabalhar, de forma a garantir que a população seja atendida por profissionais capacitados. E que venham de qualquer país, desde que conheçam a língua portuguesa para se comunicar com os usuários dos sistemas de saúde e os enfermeiros, e se submetam às normas vigentes. A segunda, por causa de um banner produzido e que foi utilizado no domingo, através da internet, em razão do Dia Mundial das Prostitutas.
O Ministro Alexandre Padilha teve que demitir um de seus Diretores do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis nesta semana. Com tanto abacaxi para resolver no Ministério mais complicado que existe para gerir, publicaram, há poucos dias, uma propaganda na internet com a frase: "Eu sou feliz sendo prostituta".
Choveram críticas. E, antes de me posicionar, busquei conhecer a propaganda e já tenho minha conclusão: "Demitido por incompetência! Quem autoriza uma propaganda dessas tem que ser demitido. E a agência que produziu não deve receber nada pelo material que produziu.
Ora, vivemos num país onde um monte de gente tem ideias que acham criativas, dizem e escrevem as bobagens que querem. Eu escrevo o que quero, publico, gratuitamente, para quem quiser ler. Não estou gastando dinheiro dos outros, uso minha imaginação, meu computador, e pago meu uso de internet. Mas o Ministro, um cidadão bem intencionado, com tantos problemas para solucionar, vê seus comandados publicando, sem sua autorização (assim diz ele), uma propaganda ambígua, com uma afirmação que permite mais de um entendimento.
A intenção inicial, acho, seria de dizer que a prostituta, se usar preservativo, não correria riscos em sua saúde. Mas a frase, como está colocada, permite-nos interpretar que ela quer dizer que ser prostituta a torna feliz. E, assim sendo, estaria incentivando outras a se prostituírem. Não tenho preconceitos com relação às preferências e orientações pessoais de ninguém. Cada um faz o que quer, colhe os bônus que sua escolha lhe proporciona e arca com os danos disso também. Mas, convenhamos, há tantas maneiras de promover uma campanha publicitária com resultados melhores, apenas com ideias criativas, belas falas, belas frases e belas imagens. Uma Deputada do Rio de Janeiro levantou a voz e a bandeira contra o MS: "Ninguém é feliz sendo explorada sexualmente". E isso é o pensamento corrente por aqui também.
Você, leitor, deve ter notado quantas excelentes propagandas podem ser vistas em todos os meios de comunicação. As das cervejas, ótimas. Eu, pessoalmente, acho que deveriam ser proibidas, como foram as dos cigarros. Mas vejam as divertidas propagandas de sandálias, de carros, de materiais de limpeza, e até de algumas lojas de redes de eletrodomésticos (estas um tanto chatas...) e constate o padrão de qualidade e a eficácia delas sobre o consumidor. Sem causar estragos...
Se a equipe que produziu o material para o MS pensou em agradar, deu-se mal. Mas, como diz uma pessoinha que adoro, tive uma ideia: vou até publicar, logo, logo, uma poesia que compus uma vez cujo tema era uma prostituta.
Penso que quiseram ousar produzindo algo impactante, Foram mal. Precisam ser bem claros, porque as pessoas que a veem têm que ter, com facilidade, a percepção do que estão querendo dizer.
Até para ousar é preciso comedimento. Têm um segundo banner, com uma senhora bela, sorridente, que diz: "Um beijo para você que usa camisinha e se protege das DSTs, aids e hepatites virais". Penso que esta, sim, devria ser difundida efusivamente, pois é de fácil comprensão, atingindo todo o universo de brasileiros.
Euclides Riquetti
06-06-2013
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