Liguei pro Amílcar. Depois que a gente retoma uma amizade antiga, sempre é bom manter contato. Tinha acabado de voltar para Palmas. Disse que fora junto com o "caminnhon" do genro fazer umas entrega de erva-mate em Curitiba, que no inverno o pessoal toma mais chimarron e tem que aproveitá a onda de consumo e vendê muinta erva. E da boa não para nas pratelera...Uma viage por quinzena só pra lá.
Perguntei-lhe o que achava da onda de protestos no Brasil e no mundo e ele: "Óia, Cride, tô abismado! Mais abismado que fedelho quando ganha a primera bicicleta. Quando fumo lá pra Curitiba, no começo da otra semana, despois que deixemo os produto nuns mercado de bairro, estacionemo o furgonzinho no pátio de um posto de gasolina, peguemo a circular e se mandemo pro centro, isso faiz uns 10,11 dia. Lá no terminal das circular, quanta gente, Dio mio! Tudo embanderado e com umas ripa com pedaço de papelão escrito que num queriam a peque trinta e sete, nem pedágio caro e isso nós também concordemo cum eles porque tirom até as tripa da gente nessas estrada do Paraná.
Meio que curioso fumo indo junto e vimo de tudo: tinha os co cabelo grande, os co cabelo que nem do Neymar, tinha muita reclamaçon que num é pra aumentá os preço das passage das circular. Non sei se é barato o caro o que pagum lá, mas se reclamum é porque alguma razon eles devem de tê...E fumo que nem que numa procisson da tal de boca maldita, que deve de se uma boca bem maledeta porque tinha gente que falava muita bobage. Mais tinha muitos rapaiz e moça bonita também, que dava gosto só de vê. Fomo pará numa praça bem bonita que tinha uns casaron velho, mais coisa bonita de se apreciá.
Num fiquemos muito tempo lá porque uns loco começarum a quebra os vidro de um casarão muito grande com as bandera na frente, julguei que fosse uma prefeitura ou algum órgon do governo. Como so da paz non quis ficá, nem eu nem o genro, e voltemo pro terminal. Graças a Deus que a confuson foi pro outro lado e pudemos pegá uma circular pro Pinheirnho. Toquemos o caminhon até a Lapa pra dormi lá, e na terça, bem cedo, voltamo pra Palmas, que é a melhor terra do mundo, depois de Porto Union, é claro!.
Parabenizei o Amílcar por ele ter participado daquele momento cívico na Capital Paranaense, que é importante para o País que as coisas mudem, que o povo está protestando porque está descontente, que aqui em Joaçaba já participei de duas passeatas grandes e que até ajudei a carregar uma faixa com a inscrição: "Cadê a Udesc?", que é uma universidade que os políticos prometeram para Joaçaba mas tudo ficou só na conversa. Mas fiquei muito contente em ver que 90 % dos que estavam lá eram jovens de 15 a 20 anos, que esses sabem o que querem e sabem que o futuro depende de que se acabe com a corrupção no Brasil e que se tenha melhor Saúde, Educação e Segurança.
Depois perguntei-lhe se em Palmas tiveram alguma coisa e ele disse que sim, que teve manifestação, mas que poucas pessoas foram para a rua, também levavam cartazes e cantavam o Hino Nacional. mas que parecia que as pessoas lá eram meio envergonhadas, coisa de cidade conservadora: "Aqui só um grupeto de piazada, mais muito barulhento, acho que tudo estudante. Vamo ver o que acontece nos próximos dia, porque precisemo que as pessoa se manifeste porque o diesel tá caro e o custo do transporte da erva fica alto. E você sabe, Riquetto, que atrais do preço da gasolina vem tudo o resto!"
Dei razão a ele, disse-lhe que estava contente em conversar pelo fone mas que aguardo sua visita. Parabenizei-o por ter participado da passeata em Curitiba e ele me veio com essa: "Óia, Riquetto, nossa participaçon não era pra ser bem assim. Na verdade nóis queria ir comprar uma coisa nas Americana e depois jogá uns esnuque ali no centro e come uns pastel daqueles chinês ali, mas já que tudo tava diferente, fazê o quê, fumo junto".
E eu que pensei que o Amílcar estava embuído de um alto espírito cívico...
Euclides Riquetti
29-06-2013
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