sábado, 20 de julho de 2013

O valor de uma antiga amizade

          Uma amizade efetivada na infância, na adolescência ou juventude pode restar adormecida, mas jamais será esquecida. Já falei aqui de um amigo que redescobri pela redenet e que tive contato com ele por telefone. E, no dia 13 de março deste ano, escrevi a crônica: "Palmeirinhas - uma amizade de meio século", em que mencionava que havia reencontrado, pela internet, e contactado, por telefone, o amigo de infância, Severino Mário Thomazoni, que mora em Araruna, Paraná.

          Pois nesta quinta-feira, enquanto participava da Conferência Regional do Meio Ambiente, aqui em Joaçaba, na UNOESC, recebi uma ligação que me surpreendeu: Meu amigo Mário estava em Passo Fundo, RS, com a esposa, Terezinha, e iria para Capinzal. Fora para Nova Bassano localizar parentes que á muito não via. Adiei meus compromissos de final de tarde e fui para Capinzal reencontar-me com ele. Esperou-me na casa o Sena, cujo  nome dele é Reni Carlos Thomazoni, mas poucos sabem seu nome. Casado com a professora Luciana, muito dedicada e competente.

          O Sena, que foi grande jogador de futebol no Batalhão, lá em Porto União, jogou no Penharol e no Arabutã, em Ouro e Capinzal. Também futsal na CME de Capinzal. Seu filho, o Leonardo, atua profissionalmente no Joaçaba Futsal. Foi meu treinador quando jogava nos Veteranos do Arabutã.

          Receberam-me com um chimarrão muito gostoso. Conversamos, relembramos memoráveis momentos do passado, rimos muito. Depois, saímos para a Lanchonete e Pizzaria Expresso, para jantar:  Filé de tilápia e polenta frita. Pensei em fazer uma surpresa para meu irmão, o Hiroito, meu irmão que tem nome de japonês. Quando era pequeno, instado a dizer seu nome, respondia: "Hiroito Imperador do Japão". Meu pai era assim: escolhia nomes exóticos para os filhos. Tornei-me Euclides porque ele estava lendo "Os Sertões", de Euclides da Cunha, quando nasci.

          Quando o Piro  avistou meu amigo, que não via desde seus 9 anos de idade, lascou "Você é o Mário! - surpreendente a memória de meu irmão..

          Conversamos por quase meia hora. Relembramos de muitas coisas. Brincávamos de Guerra ali na Rua da Cadeia. Havia um terreno do Sr. Domingos de Paoli, que depois vendeu para o João Adami, com uma pilha de tijolos e as valas para iniciar uma construção. Como a construção não aconteceu, transformamos a pilha de tijolos num forte. Alguns eram soldados e tinham revolvinhos de espoleta. Outros eram os índios e usavam arcos e flechas, estas feitas com hastes de vassouras que o Mário e seu irmão Arlindo pegavam na fábrica do Seu José, seu pai. Colocavam uma almofada esférica na ponta destas, feita com pano. Quando uma seta atingisse o soldado, este deveria cair,  morto. Todos queriam ser índios. Os soldados eram os bandidos, assim nos disseram.

          O Hiroito, que virou Pirolito e agora é conhecido por Piro, que dizia que era Imperador do Japão, tinha apenas 9 anos e precisava ter uma função em nossa guerra.  Disseram para ele que ele seria  o "Sentinela", que devia ficar de guarda no forte e observar tudo, cuidar de tudo. Era a maneira de nós, maiores que ele,  irmos guerrear em paz sem precisar cuidar dele. Pois o Piro lembrou disso também e rimos muito. Disse que o tapeamos nomeando-o sentinela. Esperou um tempão, percebeu que fora enganado e foi embora...ms não esqueceu. Criança não esquece de nada!

          Depois fomos ao Expresso, onde revimos alguns amigos e relembramos muitas histórias. Lembrou o Mário que o Palmeirinhas se uniformizava na sede, no porão da casa dele.  E uma vez os jogadores saíram pela Ponte Nova, atravessaram do Ouro para Capinzal para jogar no Campo Municipal, onde hoje fica a rodoviária e a Praça Pedro Lélis da Rocha. As descer pela Rua do Cinema, passou o Frei Lourenço, que era muito brabo, olhou para os jogadores uniformizados de branco e disse: " Isso é uma Pouca vergonha"- certamente que achava que jogar futebol era um vício, uma desventura. E o Mário ficou muito chateado. A partir daquele momento,  renunciou ao cargo de coroinha e nunca mais foi ajudar a rezar a missa. Já era um menino de muita atitude naquela época.

         Lembrei da vez que fomos ao campo, marcar com serragem de madeira as linhas das áreas e as demais, no sábado à tarde, para um jogo no domingo cedo. O Romário Vargas, que era nosso lateral esquerdo (faleceu há uns dois meses, em Caçador), pegou a linha de pesca que estávamos usando para as demarcações. E, brincalhão, arremessou-a como se a estivesse usando para a pesca no rio. O chumbo correu ao longo da mesma.O anzol grudou no lábio del, fisgouo. e. Quando o chumbo chegou na madeirinha, com o soco, ele foi fisgao pelo lábio dele, fisgou-o. Tentamos,  por mais de uma hora,  retirar o anzol,  e nada!. Ele queria cortar o lábio com o canivete. Claro que não deixamos. Fomos à Farmácia São Paulo e lá retiraram o anzol. No outro dia jogou com o lábio inchado, mas jogou.

          A curiosidade do Mário, que foi embora em 1965 e que só o revi uma vez há uns 30 anos, foi muito grande. Perguntava sobre os amigos da época. Bem, não vai dar para relatar tudo o que falamos lá, mas já marcamos que ele vai voltar e que ficará uma semana para visitar toda a tropinha de época. Terei muito prazer e ajudá-lo a reencontrar nossos antios amigos em comum. Foi muito gratificante reencontrar os amigo. Uma amizade, quanto mais antiga e firme, mais tem valor. Mesmo que a gente tenha alguma desavença com algum amigo, sempre há a possibilidde de reconciliação.

Não se troca uma amizade antiga, consolidada, por uma amizade nova, muitas vezes apenas de conveniênia...
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Um comentário:

  1. Meu caro amigo Riquetti. Fico muitíssimo feliz em ser mencionado em seu Blog, juntamente com o Severino Mario Thomazoni, meu irmão. Nossa época foi marcada de muitos acontecimentos que não nos sai da memória. Hoje, dia 20 de Julho, Dia do Amigo, quero expressar aqui o meu reconhecimento por este amigo de infância, que nossa amizade seja como os bons vinhos, quanto mais velhos melhor. Um nos reencontraremos com certeza, Grande abraço:
    Arlindo G. Tomazoni

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