domingo, 15 de junho de 2014

Zortéa - Memórias Literárias e Poemas...

          Quando cheguei para trabalhar no Distrito de Zortéa, interiorzão de Campos Novos, a vila era muito pacata. Havia a "Poderosa", ou seja, a Zortéa Brancher S/A - Compensados e Esquadrias - com pouco mais de 500 funcionários. Atendia todo o mercado nacional, o sul americano,  e tinha grandes negócios com países europeus. Em 1977,  cheguei para lecionar na Escola Básica Major Cipriano Rodrigues Almeida, convidado que fui pela Diretora Vitória Leda Brancher Formighieri e pelo esposo Aníbal, un gaúcho de Passo Fundo, Diretor Administativo da Empresa. Pela tarde, eu trabalhava no Financeiro. Adiante, passei a Assessor Administrativo.

          A ZB era a empresa que mais empregava e tinha um faturamento extraordinário na época. Seus produtos eram de altíssima qualidade. Na Escola, eu lecionava Língua Estrangeira Moderna (Inglês), Língua Nacional  (Portuguesa), e ainda tinhas algumas turmas de Educação Física e PPT (Preparação Para o Trabalho). Tínhamos uma escola muito apoiada pela empresa que  disponibilizava moradia para os professores que não tivessem casa própria. Também garantia o mobiliário, a conservação, material de expediente, xerox e ainda liberava o telefone do escritório, o único da comunidade, para que a escola fizesse uso quando dele precisasse. Nunca vi, em nenhum outro lugar, uma escola receber tanto apoio privado.      

          Os funcionários da ZB eram incentivados a estudarem, tanto na Escola Major Cipriano Rodrigues Almeida, quanto em Capinzal, e na antiga FUOC, de Joaçaba. Aos do Ensino Médio pagava-lhes o ônibus. Aos universitários, auxiliava com combustível. Todo o empenho da empresa em apoiar a Educação gerou resultados altamente posiitivos, adiante. Embora tenha sido desativada, seu grande legado foi ter gerado cidadãos que estudaram, tornaram-se líderes. Houve uma campanha emancipatória e o Distrito tornou-se Município. Seus prefeitos e alguns  dos vereadores foram meus alunos.

          Independentemente das preferências políticas de quem mora lá, e eu respeito e admiro todos eles,
Zortéa ganhou muito em tornar-se Município. Eu mesmo, sempre avesso à criação de novos municípios,  admito que, em que pesem os gastos com estruturas políticas e administrativas, as emancipações são válidas em distritos onde haja muita força e cultura de trabalho, como é o caso de Zortéa. Para quem conheceu aquela vila, é um orgulho poder andar em suas ruas bem asfaltadas, obras de artes correntes bem planejadas e executadas, edificações públicas bonitas e, já conhecemos, uma ótima estrutura para a Educação, desde a Creche até o Ensino Médio. Encantei-me, deveras, com a cidade.

          Na quarta-feira à tarde, dia 11 de junho, retornei àquele lugar de onde guardo ternas e aprazíveis lembranças. Fui para conversar com os alunos da professora Izabeti Bonato (de quem fui profesor de 1977 a 1979), quando era adolescente. Dirigi-me à Escola Major, não sem antes dar uma passada pelas ruas da cidade. Na sala dos professores, reecontrei amigos e conheci outros. Estavam lá O Marcelo Jung, Diretor, e os professores e funcionários Edna, Sandra, Delci, Marisete, Fernanda, Denir e Raquel. Amáveis e receptivos, lembrei e mencionei sobre como era a antiga edificação, que foi destruída por um vendaval na  década de 1980. Tinha uma biblioteca fabulosa, com muitos livros e coleções de revistas. Havia uma fileira de palmeiras que foram plantadas pela equipe do Sr. Cavichon, funcionário da empresa. A construção em tijolos aparentes fabricados a poucos metros. Os móveis na cor azul claro. As janelas de cinza bem claro.

          Não há, também,  como não lembrar com saudades dos colegas professores e funcionários daquele época...

          Cerca de 110 alunos, foram trasportados até a Escola Novo Horizonte, localizada no Bairro Conceição, loteamento que, há 4 décadas, foi concebido pela família Santos, organizado pelo Oscar. Está totalmente habitado. A escola tem uma estrutura muito boa, dispõe de um auditório bem aparelhado, as mais modernas tecnologias estão colocadas à disposição dos alunos. Conversei com eles, dei-lhe um panorama de como poderiam escrever poemas e memórias literárias  para a Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa. Relatei sobre pessoas e famílias com quem convivi, declamei alguns de meus poemas e falei sobre as crônicas mais recentes, em que utilizei fatos e personagens locais.
          Senti que houve empatia e interesse. De Zortéa saíram alguns jovens que se tornram doutores, foram estudar nas grandes capitais dos estados brasileiros e mesmo na Europa e Norte da América. Tenho centenas de ex-alunos que se sucederam muito bem trabalhando em diversos ramos de atividade, tornaram-se bons pais de família e até dedicados avôs e avós. É gratificante poder falar bem dessas pessoas e relatar que, mesmo em tempos muito difíceis, superaram obstáculos e foram buscar o conhecimento e o êxito em seus projetos pessoais e profissionais.

         Ora, como foi bom rever toda aquela paisagem encantadora, observar a imensidão ao transitar pela Rodovia, lembrando das pessoas, das casas antigas, das quais poucas restam, pois foram substituídas por unidades maiores, melhor arquitetadas e mais confortáveis.

          Espero ter deixado algumas sementes de minha experiência e que, aquela geração de alunos inteligente, bonita  e saudável  que esteve nos ouvindo,  possa produzir poemas e memórias literárias não apenas para ganhar ou não os concursos, mas para marcar as épocas, a história das famílias e da comunidade, e os grandes acontecimentos dali.

Um carinhoso abraço, zorteenses!

Euclides Riquetti
15-06-2014

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