quarta-feira, 25 de junho de 2014

Zortéa - um Pouco Mais de sua História

         Voltei a Zortéa na terça, 24. Fui trabalhar com os alunos da Professora Amanda, da Escola Major Cipriano Rodrigues Almeida,  no projeto Memórias Literárias e Poemas, para a Olimpíada Nacional de Língua Portuguesa. Saí bem cedo de Joaçaba, na manhã chuvosa,  e antes das 8 horas me apresentei na Escola. Gosto de ver as mudanças havidas desde 1980, quando saí de lá. Foram muitas. Localizada entre Capinzal e Capos Novos, Zortea tem tudo para crescer. Embora que o conceito de crescimento, para mim, é muito relativo. Não vejo por que uma cidade ter muitos habitantes. Vejo como importante a qualidade de vida que eles detêm.

          Pela topografia privilegiada, é possível se prever que a área urbana, com o tempo, será ampliada. Há espaços para crescimento por todos os lados. A estrutura viária do núcleo urbano atual é muito boa. Temos, juntamente com Lourenço Brancher e Aníbal Formighieri, algum crédito em relação a duas áreas lá: a Educação e a Urbanização. A primeira, porque enquanto Diretor Administrativo da Zortéa Brancher, o Aníbal dava grande suporte à Escola, muito bem dirigida pela Vitória, sua esposa. Mas é justo dizer que toda a Direção da ZB dava-lhe apoio. E, quanto à Urbanização, grande crédito ao Dr. Lourenço, Diretor Comercial, que tinha ideias fabulosas, e uma delas foi a de que deveríamos abrir ruas largas para a vila.

          Assim, em 1979, numa ação administrativa e política  muito arrojada, fomos convidados pelo Lourenço a darmos um "choque" nas ruas que ram muito ruins e estreitas. Dessa forma, a empresa se propôs a cobrir os custos (óleo diesel, lubrificantes, borracharia, horas extras, alojamento e alimentação), para máquinas, caminhões e motoristas/operadores do município de Campos Novos, concedidos pelo então Prefeito Sebastião Correa. Lembro que 86.000 litros de óleo diesel foram disponibilizados pela empresa para as máquinas e equipamentos da Prefeitura. E ainda foram colocados dois tratores de esteiras da empresa para o alargamento e os nivelamentos necessários. A ideia inicial era a de que precisávamos realizar uma forte intervenção no trecho que se iniciava na Estrada Estadual até a empresa. Nos dias chuvosos, os caminhões trucados e carretas tinham enormes dificuldades para acesar o distrito.

          Mas, para que isso pudesse ser realizado, tínhamos que ter permissão dos proprietários das terras por onde a estrada passava. Parte delas pertencia à ZB e isso facilitava. A outra pertencia à família de Honório Cassiano. Fomos eu e o Lourenço à casa deles para falar da ideia e do que pretendíamos fazer. Pois aquele Senhor muito que prontamente autorizou-nos a mudar a cerca de arame, adentrando em áreas de sua propriedade.  Então, com a equipe do Sr.Cavichon, que realizava os reflorestamentos, com aquela pick up Toyota Bandeirantes, foi executada uma nova cerca, bem como mudados de local os postes do telefone, único disponível no Distrito. O cabo vinha de Capinzal e a manutenção era realizada pelos Srs. darci Zílio e Ivo Holetz, que também respondiam pela manutenção elétrica na empresa.

          Tudo preparado, veio a execução da obra, com os alargamentos, as correções de leito, assentamento de tubulação, encascalhamento com macadames de uma jazida localizada na saída para Campos Novos, e a devida compactação. Ficou uma avenidona! Hoje, asfaltada e devidamente sinalizada, só quem a conheceu no passado sabe da grande transformação havida no local.

         Nesse tempo, o Dr. Lourenço teve uma ideia que considero a mais feliz que aconteceu nos três anos que lá morei: Deveríamos projetar e fazer executar uma avenida na subida até a Escola, a partir do riacho central. Mas teríamos uma enorme dificuldade: a Família de Pedro Santos (irmão do saudoso Artur), filho do João Santos, era proprietária de um novo loteamento na área defronte à major. Tinham uma belíssima área de campo, com plantação de soja. Os lotes e ruas já estavam  demarcados, ou "piqueteados", como se costuma dizer. Era só começarem a venda dos lotes.

          Visitamos a família, fomos recebidos pelos proprietários, que nos deram atenção. Bem nos moldes da educação que os "Santos" sempre tiveram. E, para nossa alegria, concordaram em mudar toda a localização do loteamento, demarcando novamente as ruas e os lotes. E, a exemplo dos Cassiano, doaram a área para alargamenmto da rua. Era intenção do Lourenço projetar duas pistas, uma de ida e outra de volta, com canteiros no meio. Iniciamos com os tratores de esteiras operados pelo Matarazzo e o Jacaré  (Ou seria Graxaian??) e a rua foi aberta, ficando a terra em montes. Mas, com a dissolução da sociedade empresarial e o retorno das máquinas à Prefeitura, os montes firaram lá por mais de uma década...

          Felizmente, com a criação do novo Município, na Administração do Alcides Mantovani foi revestida por camada asfáltica, ficando nos padrões atuais. Daí a análise: Se, na época, não se tivesse tomado tais providências, seria apenas uma ruela. Hoje, pelos padrões da cidade, podemos dizer que seja uma bela avenida!

          Na palestra aos alunos, contei-lhes estas e outras histórias. Felei de quando jogávamos no Grêmio Lírio, nas glórias desse clube que era respeitado na região. Também da poderosa equipe de futsal que, ao final da década de 1970, reforçada por jogadores vindos de Passo Fundo, fazia bonito nos campeonatos que eram realizados no Ginásio Abobrão, hoje André Colombo, no Ouro. Falei-lhes do Camomila, Neguinho, Tchule, Massaroca, Olivo e muitos outros. Encontrei, lá, dentre os alunos, netos de meus colegas de trabalho da época e de futebol da época. Os anos se passaram, mas guardo as melhores lembranças de Zortéa, aquele lugar bucólico onde vivíamos intensamente o trabalho, os estudos, o futebol, a Igreja, as festas e bailes no grêmio Esportivo Lírio, o belíssimo clube onde trouxemos o "Band Shou da Polícia Militar de Santa Catarina" e a "Orquestra Cassino de Sevilha", com aqueles espanhóis que davam um belíssimo show durante o baile.

          Ressaltei aos alunos presentes à palestra sobre a importância de conhecerem a história do lugar onde vivem, de ler muito, escrever, estudar e calcular. Muitos jovens ali nascidos, hoje, moram no exterior ou já estudaram na Europa e Norte da América. Para as pessoas bem intencionadas e com bons propósitos não existem fronteiras. Senti que a força jovem de Zortéa é bastante efetiva e que, no futuro, a base intelectual e, por conseguinte de desenvolvimento, será muito forte. Eu acredito nisso!

          Ora, lembrar, sim! Lembrar porque isso me alegra e nos alegra. Lembrar porque, registrando, podemos legar para o futuro, um pouco de conhecimento sobre a história local. Registrar e dar crédito, sempre, aos que merecem, independentemente das posições políticas, empresariais, rlogiosas e ideológicas. Registrar para que não se perca...

Um abraço ao amigo Marcelo Jung, Diretor, aos professores e funcionários e alunos de nossa Major!
Euclides Riquetti
27-06-2014

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