sábado, 24 de setembro de 2016

Voltando a Porto União

      Relembrando...matando saudades, com texto antigo: 




          Nesta sexta-feira, 22, estivemos em Porto União da Vitória para cumprir tarefas  da atividade pública, juntamente com o prefeito Miqueloto. Eram 12 Prefeitos da microrregião da AMMOC que estiveram recebendo retroescavadeiras doadas pelo MDA para  ações de agricultura nos Municípios inclusos no Programa Território da Cidadania. O evento aconteceu na Praça Hercílio Luz, a mais antiga e central de Porto União. Cursei letras e morei do início de 1972 ao de 1977 nas duas cidades gêmeas do Iguaçu.

          Voltar a uma cidade onde se viveu parte de nossa juventude, a melhor de nossa vida, é muito gratificante, para qualquer pessoa, de qualquer idade, e isso  nos devolve ao saudosismo, um sentimento sempre muito presente na minha vida, em particular.



          Conheci aquela cidade ao final de 1971, quando fiz minha inscrição ao vestibular para o curso de Letras/Inglês, na FAFI, hoje Universidade do Vale do Iguaçu. Fui levado pelo professor Teófillo Proner, de História, que era nascido em Lacerdópolis, fora seminarista e viera para lecionar no Belisário Pena, no Sílvio Santos e, parece-me, no Mater Dolorum. Hospedamo-nos no Hotel Central, ali próximo à estrada de ferro, apenas uma rua separando-nos. Do outro lado da via férrea, outra cidade, outro estado, fronteira entre Porto União e União da Vitória, Santa Catarina e PARANÁ.

          Apenas meia dúzia de horas e muitas lembranças na cabeça. Almoçamos no Restaurante X-Burger, que já em 1972 era o point da galera que saía da Faculdade para comer o "X-salada", uma novidade para a época. O "X" foi pioneiro no Sul do Paraná em termos de "fast-food". O Sérgio Ghidini, filho da Dona Honorina, com mais o Luiz Fernando, hoje marido da Iradi, minha irmã, era o "chef". Naquele tempo,o Sérgio andava com um Opala preto, coupê, zero quilometro, fazendo inveja para todos nós, que andávamos de bicicleta e que, no máximo, os acadêmicos que trabalhavam no Banco do Brasil, na Caixa ou na Petrobrás podiam andar com fuscas e, nos anos seguintes, com Brasílias, chevetes ou corcéis. Esses, sim, eram uns verdadeiros privilegiados, tinham bom emprego, carros bonitos, e muita moral junto às moçoilas. Quantas belas lembranças tenho disso. Ainda escreverei um texto apenas sobre isso.

           Mas, voltando à Praça Hercílio Luz, ali se situavam o Cine Odeon, o Cine Ópera, o Bar e Lanchonete do Bolívar, um grande salão de jogos de mesa, que ficava aberto a noite toda, e as damas da noite  faziam ponto, o Bradesco na esquina, e o primeiro supermercado de que tive notícias e era novidade, aí por 1973, o Supermercado Passos. Não era de acreditar que as pessoas podiam pegar as próprias mercadorias nas gôndolas e depois passar no caixa e pagar. E que havia muitas marcas de sabonetes, desodorantes, cremes dentais, balas, biscoitos, chocolates, que eram os produtos que os jovens das repúblicas de estudantes costumavam comprar. E, do outro lado dos trilhos, o Cine Luz, aquele em que passsavam os filmes de bang-bang. O  Ópera, era o cinema da elite, entrava-se pela frente, enxergando o rosto de quem chegara primeiro.

          E, ali bem à frente da bela Praça, numa esquina, o Hotel Lux. Mais adiante, defronte à Estação Ferroviária, o Hotel Internacional, onde, daquela sacada acanhada, bem ao seu centro, o revolucionário Getúlio Vargas, em 16 de outubro de 1930, proferiu inflamado discurso para milhares de trabalhadores. Afinal, ele era o "Pai dos Trabalhadores Brasileiros", venerado e idolatrado pelos mesmos.




          Hoje, a estação do trem, magnífica edificação que cobria o leito das estrada de ferro, e que tinha uma frente para o Paraná e outra para Santa Catarina, abriga a Câmara de Vereadores, e um Departamento de Cultura da Prefeitura de Porto União. Nas galerias da Câmara, fotos de seus ex-vereadores: Lá vi, com saudades a foto o Professor Abílio Heiss, que me lecionou literatura; do Álvaro Gaspre, (que morreu no domingo passado), e que foi nosso adversário nas lutas pelo controle do Diretório Acadêmico Alvir Riesemberg, da FAFI; o Frederico Slomp, hoje advogado bem sucedido, que foi meu aluno em1976, quando estava no último ano do Ensino de Segundo Grau, e já nos mostrava que tinha talento para a política e era um verdadeiro líder. Ainda, o Alvir Galle, que foi meu companheiro de Diretório na FAFI, quando tínhamos o saudoso Munir Cador como Presidente.

          Ah, certamente escreverei muito ainda sobre aquelas duas cidades históricas, sobre a "República Esquadrão da Vida", ali da Rua Professora Amazília, sobre meus colegas de faculdade, de trabalho e de república.

Ah, quantas saudades...


Euclides Riquetti
24-06-2012

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