Acompanhei, aos
meus 14 anos, pelas emissoras de rádio e jornais, os festejos do Cinquentenário
de Joaçaba, em 1967. À época, vir a esta cidade, por estradas de terra, era
muito difícil; a ligação entre Capinzal-Ouro, onde vivi minha infância e
adolescência, e Joaçaba pior ainda. Mas tínhamos a possibilidade de virmos de
trem, que de 1910 até meados da década de 1970 era nosso melhor meio de
locomoção.
Na década de
1970, Joaçaba passou a contar com a BR 282, que cortava o município de Leste a
Oeste; e a SC 303, de Norte a Sul, ambas asfaltadas, verdadeiras obras de arte
que serpenteavam nos campos e vales. O trem, que por quase oito décadas
conduziu nosso transporte e nossa História, acabou desativado, restam-nos os
trilhos de ferro e os dormentes de madeira que ainda resistem no tempo, no
outro lado do Rio do Peixe, no Herval.
Daquelas
festividades, restam-me a lembrança dos shows com cantores renomados da música
popular brasileira, as exposições e feiras, os acontecimentos políticos. Tudo
forma, em minha cabeça, um legado de História, com o tempero das saudades...
Agora, uma
programação modesta em termos de investimentos financeiros, shows com uma dupla
de expressão nacional, Marcos e Belutti; e uma gaúcha, Osvaldir e Carlos Magrão. Melhor
que tivemos expressiva participação de artistas locais, que devem ser
valorizados. Mas que devem lutar, grandemente, para que tenham seu próprio
espaço, e isso depende mais deles mesmos do que do Poder Público. A construção
do sucesso se origina no talento, no esforço, e no desejo de vencer!
A maior
expectativa, certamente, vinha com o desejo de sabermos o que a família Bilibio
nos reservava: a abertura de um envelope, a cápsula do tempo, que seu
patriarca nos deixou há 50 anos. Fiquei
honrado em poder estar presente no Teadtro Alfredo Sigwalt quando da abertura e
tomar conhecimento do que continha: flâmulas alusivas ao cinquentenário e
documentos históricos, a partir de registros e de um jornal. Tudo de um valor
muito significativo para quem gosta de viver a História e de sentir as emoções
sob o prisma poético.
Mas, o que vai
ficar de concreto de tudo isso? De que nós e nossos descendentes iremos lembrar
no futuro? O que guardaremos de bem palpável? E a resposta eu tenho pronta: O
álbum do Centenário do Município de Joaçaba, organizado por Rogério Augusto
Bilibio, Antônio Diomário de Queiros, Antônio Catlos Pereira, o Bolinha,
Jucelino Ferraz e Cleacir Lirio Ferraz. Uma obra magnífica, que foi idealizada
por sonhadores engajados e apoiada pela Unoesc. Estou deliciando-me com a
leitura do livro do cinquentenário, como tem sido chamado. A história de
Limeira, Cruzeiro, Joaçaba, precisa ser lida e relida muitas vezes para sem bem
entendida. O livro é um primor e nos possibilita compreender todas as fases
históricas, o contexto geográfico e a
dimensão cartográfica de um território expressivamente dinâmico. E a nova
cápsula do tempo, um caixa de madeira,
que a família Bilibio vai abrir daqui a 50 anos!
E, reconheçamos
que a liderança, a dedicação e o entusiasmo do Bolinha Pereira na coordenação
das festividades foram primorosos. Parabéns, amigo, Joaçaba lhe deve muito
respeito!
Euclides Riquetti – Escritor – Membro da ALB/SC
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