domingo, 29 de março de 2020

O avanço do coronavírus no Brasil e a teatralização do problema


Casal de namorados em Pequin - China 
Foto de "El País"





       É assustador o avanço do coronavírus no mundo. Tendo a China como epicentro, este passou para a Itália e a tendência é a de que os próximos grandes propagadores sejam os Estados Unidos da América. Até metade dos acompanhantes do Presidente Jair Bolsonaro, que estiveram acompanhando-o quando de sua reunião com Donald Trump, voltaram infectados. As consequências no mundo são a devastação da economia global, as mortes, o pânico e a depressão. A letalidade maior tem sido na Itália, onde a população de idosos é maior. Na Coreia do Sul e na Alemanha, menor índice de letalidade, pois foram mais ágeis na produção e aplicação de testes.

       No Brasil, o número de infectados dobra a cada três dias. Em Santa Catarina, mais de 100 casos já na terça-feira, notadamente no litoral. Até então, três casos confirmados em Chapecó e um em Lages. A maior concentração de atingidos em São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Tudo muito assustador. Nosso país continental tem um mapa diferenciado, conforme as regiões brasileiras. Verifica-se que os pontos que mais emitiram turistas ou pessoas a trabalho para a Europa e a Ásia, ou os receberam,  são os que apresentam mais casos. E que os estados com menor fluxo de pessoas foram os em que o vírus mais demorou para chegar.

       Em meio a tudo isso, uma teatralização nos meios políticos que é uma vergonha. O oportunismo se aloja na mente da maioria dos políticos, que sugerem medidas demagógicas. Todo mundo resolvendo tudo, desde que seja com o dinheiro alheio. Estádios estão sendo utilizados para a montagem de hospitais de campanha. Não sabemos a que níveis de propagação do vírus chegaremos, mas temos a capilaridade do SUS em favor de ações junto à população, pois, mesmo criticados, é um dos melhores sistemas do mundo, segundo os que dizem entender.

       Em nossa região, houve muita agilidade dos prefeitos e suas equipes, com a expedição de decretos mais ou menos em consonância com os do Governador do Estado, a compreensão imediata da população que assimilou e entendeu a gravidade da situação em curto espaço de tempo. Agora, a decretação de mais sete dias de paralisação por alguns setores de atividade, o que é muito necessário. Melhor sermos rápidos e, talvez, pecadores por excesso de zelo, do que deixarmos que aconteça como em outros lugares.

       A condução da situação aqui em Santa Catarina, em relação à economia, tem sido das melhores, uma vez que o governo estadual age em consonância com os setores produtivos. As medidas de reduzir a presença de trabalhadores nas indústrias em 50% é uma forma de reduzir os riscos. Na agroindústria, pode permanecer a força de trabalho com 100%, mas com os cuidados redobrados para a produção e a proteção de quem trabalha. A produção em turnos pode manter o mesmo número de trabalhadores, com metade ou um terço deles em ação em cada um. Os coletivos estão transportando um menor número de passageiros em cada trecho. As barreiras sanitárias também são uma boa forma de controle.

       Os sistemas de comunicação estão trabalhando para levar as informações aos cidadãos, prestando um grande serviço a todos. Porém, é difícil de se livrar dos oportunistas e demagogos! Nesse contexto, o presidente da República, muito afoito, tem tido o comportamento de um deputado em plenário, em vez do adequado a uma pessoa que ocupa tão importante cargo. Não aprendeu como deve ser a conduta de um Chefe de Estado.

       De qualquer forma, no mundo todo, há muita divergência de opinião e isso é permanentemente trazido a público. Os políticos e todos os demais deveriam deixar para que os técnicos da área da saúde se manifestassem. E a imprensa pode ajudar trazendo as informações de ordem técnica e dar um tempo aos políticos. Sem nos esquecermos de que o coronavírus é um dos problemas, mas tempos muitos outros que precisam da atenção dos médicos e dos enfermeiros.

Euclides Riquetti  - Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com


Redigido em 23-03-2020
Enviado para a publicação no Jornal Cidadela -
Joaçaba - SC na edição da semana

Um comentário:

  1. Além da pandemia temos um outro grave problema que se chama bolsonaro (minúsculo mesmo). Ninguém consegue trabalhar com esse traste, ele só atrapalha. Seus decretos complicam e dão trabalho aos outros poderes.
    Está provado, por tudo aquilo que vem fazendo de mal ao Brasil e aos brasileiros, que este chefe de quadrilha não tem a mínima condição de chefiar a Nação. Ele é um misto de maldade e demência.
    Não entendo por que as Forças Armadas ainda não o afastaram? Há um caminhão de motivos. Com todos os azares, Mourão, me parece muito melhor, pelo menos tem postura...

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