segunda-feira, 23 de março de 2020

O mundo e o freio de arrumação necessário (Em tempos de crise viral!)


Foto de Capinzal - SC - à noite - créditos foto: Caçadores de Imagens.


       Dentro daquele autoconceito que tenho de medir o andamento da economia pela quantidade de caminhões que passam aqui perto de casa, na BR 282, ou em minhas viagens pelas BRs e as SCs, na segunda-feira, 8 horas da manhã, levei um susto. Depois de muitas notícias assustadoras e desencontradas, e de opiniões divergentes pelos que realizam suas falas através do meio televisivo ou redes sociais, iniciei a nova semana indo a Capinzal, onde eu teria meu novo livro de crônicas sendo lançado na quarta-feira à noite, em evento exclusivo e fazendo parte do calendário dos 71 anos de emancipação daquela cidade. No trajeto percorrido desde o Trevo da Reunidas e o do Chocodinho, não havia nenhum caminhão trafegando, seja no sentido Oeste a Leste, ou ao contrário.

       Sou acostumado a visualizar, costumeiramente,  pelo menos uma dúzia deles no trecho de 4 Km e já naquele momento passei a me preocupar com a situação provocada pelo crescimento do número de infectados pelo novo coronavírus no Brasil, e mesmo em Santa Catarina, mesmo que, naquele dia, apenas 5 casos estavam confirmados em Santa Catarina, mais ao litoral. Isso me significando que o abalo na economia pode ser maior do que o propalado e o imaginado. Mas, minha grande preocupação, era como fazer um evento em que eu programara receber mais de 300 pessoas, com os riscos sanitários do momento.

      Já em Capinzal, senti que o movimento habitual no centro da cidade não era o mesmo. Fui me encontrar com o prefeito Nilvo Dorini e a Vice Noemia Pizzamiglio,  onde iria entregar exemplares de meu novo livro a eles e a alguns colaboradores. Ainda antes de adentrarmos ao seu gabinete, fui recebido pelo mesmo e a Secretária Kamille Sartori Beal, da Saúde, na antessala. A preocupação deles era a mesma que a minha e me informaram que estavam editando um Decreto e que, diante disso, não seria possível realizarmos o evento programado, nem o III FEINC, seu Festival Intermunicipal da Canção. Senti-me aliviado e uma grande carga desceu de meus ombros. Ainda bem! Não faltará oportunidade para executarmos o que havíamos planejado.

       Agora, o que preocupa os brasileiros, e eu me incluo no grupo, é o avanço do número de contaminados, uma curva que está crescendo, cujos percentuais ainda não são alarmantes como na Itália, mas uma situação muito preocupante. De positivo, as ações tomadas pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais ou Municipais. A lição aprendida por nós, mirando o exemplo da Itália e outros países asiáticos ou europeus, é a de que não se pode ignorar uma ameaça tão forte. Os países que se precaveram, com campanhas de esclarecimento à população e medidas de proibição de aglomeramentos, tiveram menor propagação do vírus entre a população.

       O feio, nisso tudo, é a politização dos fatos. Uma vergonha o que já protagonizaram o Presidente Jair Bolsonaro, o da Câmara Rodrigo Maia e o Governador de São Paulo, Jorge Dória. Um candidato à reeleição e dois que desejam tornar-se presidente do Brasil. Um teatro horrível, cenas das quais poderíamos ser poupados.

       Toda essa crise em todos os continentes do mundo, todas as informações disponibilizadas aos povos através dos meios de comunicação, vão ocasionar mudanças nos hábitos das pessoas, no tocante à higiene. As pessoas vão se cuidar mais e isso vai evitar a contaminação através de outros tipos de vírus ou por bactérias.  Quando à economia, é preciso que se perceba que, muito mais do que bolsa de valores, dólares e euros, o que conta é termos a produção sustentável de alimentos, habitações e outros bens de consumo. Tudo o resto é efêmero, passageiro, virtual. Na hora H, o que vale para o ser humano é ter saúde e comida na mesa.

Euclides Riquetti – escritor –

Publicado no Jornal Cidadela, de Joaçaba - SC,
em 20-0302020

Um comentário:

  1. Alguns já disseram que o Coronavirus (CAVID-19) é uma resposta de GAIA à forma como a temos tratado .
    Tenho Lido há bastante tempo os escritos do teólogo Leonardo Boff onde ele nos alerta para tudo o que vem ocorrendo (...). A turma que adora o "Jeito americano de viver" detesta as suas verdades.
    Una reflexão sobre as "verdades" do capitalismo: acumulação ilimitada, a competição, o individualismo, a indiferença face à miséria de milhões, a redução do Estado e a exaltação do lema de Wall Street: "greed is good" (a cobiça é boa); Tudo isso agora é posto em cheque. Ele não pode mais continuar.
    Quanto à política, sabemos que num momento grave como este não há espaço para personalismos. A estupidez/insensatez de bolsonaro é impressionante. Só alguns exemplos: ele resiste ao pacto nacional com os governadores, nega informações sobre seus exames por ocasião da viagem aos EUA. Isso é crime.
    No mais, seguir as orientações, ajudar ao próximo, rezar e pedir a Deus que nos livre desse flagelo.

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