O “feriadão” de
carnaval foi a oportunidade que milhares de pessoas em Santa Catarina,
especialmente a população jovem, esperavam para reunir-se e fazer festa. Muita
bebida, som na caixa, danças, abraços, trabalho para a Polícia Militar e a
Defesa Civil. Enquanto isso, hospitais lotados, gente sendo infectada pelo novo
coronavírus e óbitos ocorrendo em todos os cantos de nosso Estado e País. Os
foliões da desgraça dando maus exemplos e ajudando a propagar a doença.
No Oeste
catarinense, a progressista cidade de Chapecó torna-se a segunda Manaus, os
funcionários da Saúde exaustos e a população insegura e apavorada. Aviões
deslocando-se para o litoral e sul do Estado, levando pessoas para as UTIs onde
ainda há vagas. Já não há suficiência de profissionais de saúde e ambulâncias
do Samu se enfileiram perto da Central de Saúde, anexa ao estádio Índio Condá
para levar doentes para onde se possa conseguir vagas. A velocidade da transmissão e o aumento do
numero de casos ainda não está podendo ser entendida.
Na nossa
microrregião, embora a situação seja menos calamitosa, ainda estamos na
classificação de risco gravíssimo, com cor vermelha no mapa da pandemia. Pequenas
aglomerações são exceções, nada comparável com o que se verificou em Balneário
Camboriú, Florianópolis, e algumas praias. Mas é possível verem-se pessoas não
usando máscara e se achando inatingíveis. Usar máscara é uma questão de
respeito ao próximo. Já não há a medição da temperatura das pessoas na entrada
dos supermercados e isso significa que parece, para muitos, que a questão da
pandemia está superada.
Os desencontros
de opinião e, consequentemente, o
retardo de ações para a aprovação de vacinas para aplicação em caráter
emergencial nos tem levado a estatísticas que em nada nos orgulham, sendo
eufêmico e respeitoso. Mas a falta das mesmas mostra-nos que vivemos também uma
situação de desinteligência econômica. É fácil de entender: quantas mais
vacinas forem aplicadas, e o mais rápido possível, mais fácil é de se reduzir a
possibilidade de transmissão.
O Brasil precisa
vacinar 30 por cento de sua população, todas as pessoas colocadas nas ações de
combate e as mais vulneráveis. Para isso, são necessárias 150.000.000 de doses,
para a primeira aplicação e o reforço. Tenho buscado as estatísticas no site
coronavirus.sc.gov.br e faço minhas projeções. Há pessoas que não quiseram ser
vacinadas, tanto nos idosos quanto nas populações indígenas. Pelas minhas
estimativas, até o final de abril, todos os incluídos nas faixas prioritárias,
a partir dos de 60 anos, estarão vacinados. Mas, para que isso aconteça, é
preciso que haja a produção interna e a importação acelerada. E isso é uma
questão de o Governo Federal, em vez de ficar se justificando e negando, se
supere indo em busca de comprar vacinas e insumos onde houver no planeta. O Rio
de Janeiro, por exemplo, espera vacinar todos os acima de 60 anos até o final
de março, se houver vacinas suficientes sendo disponibilizadas. Vacinar pessoas
é uma questão de inteligência econômica. Sem gente doente, sem precisar pagar
auxílio emergencial! Sem doença, menos gastos com a mobilização para a
recuperação dos pacientes! E mais força de trabalho!
Estima-se que
Santa Catarina tenha quase que 7.200.000 habitantes, um pouco mais do que os
órgãos oficiais contam. No início da semana, o Governo divulgou que pretendem
vacinar até 2.800.000 pessoas em 2021, ou seja, aproximadamente 40% da
população atual. O Governo Federal diz que vai vacinar “todo mundo” neste ano.
Embora no momento não tenhamos as doses suficientes, o Ministro Pazuello diz
que, até julho, metade da população estará vacinada. Na terça, o Ministério da
Saúde comprou 54 milhões de doses do Instituto Butantã.
Enquanto isso, as
autoridades catarinense estão vacilando, já mostraram isso várias vezes
com as omissões em relação ao comportamento de todos no que concerne à proteção
de cada ser e às medidas legais a serem aplicadas. Antes de ficarem falando
bobagem, informem-se e, se não for oficialmente, leiam as informações
existentes nos próprios sites de notícias do Brasil e do exterior e vejam que,
no mundo, há muitas vacinas sendo testadas e que logo estarão no mercado.
Também sou amplamente favorável a que seja liberada a importação de vacinas de
onde estejam sendo produzidas, desde que cumpridas as exigências da ANVISA,
para que as empresas as comprem e tenham seus funcionários vacinados. Ou que
laboratórios brasileiros sejam credenciados a comprar para vender para quem
pode pagar.
Enquanto isso,
cuidemo-nos e cuidemos dos que nos são queridos.
Euclides Riquetti – Escritor –
Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba SC
Em 18-02-2021
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