domingo, 21 de fevereiro de 2021

Aglomerações, vacinas e desinteligência econômica

 





       O “feriadão” de carnaval foi a oportunidade que milhares de pessoas em Santa Catarina, especialmente a população jovem, esperavam para reunir-se e fazer festa. Muita bebida, som na caixa, danças, abraços, trabalho para a Polícia Militar e a Defesa Civil. Enquanto isso, hospitais lotados, gente sendo infectada pelo novo coronavírus e óbitos ocorrendo em todos os cantos de nosso Estado e País. Os foliões da desgraça dando maus exemplos e ajudando a propagar a doença.

       No Oeste catarinense, a progressista cidade de Chapecó torna-se a segunda Manaus, os funcionários da Saúde exaustos e a população insegura e apavorada. Aviões deslocando-se para o litoral e sul do Estado, levando pessoas para as UTIs onde ainda há vagas. Já não há suficiência de profissionais de saúde e ambulâncias do Samu se enfileiram perto da Central de Saúde, anexa ao estádio Índio Condá para levar doentes para onde se possa conseguir vagas.  A velocidade da transmissão e o aumento do numero de casos ainda não está podendo ser entendida.

       Na nossa microrregião, embora a situação seja menos calamitosa, ainda estamos na classificação de risco gravíssimo, com cor vermelha no mapa da pandemia. Pequenas aglomerações são exceções, nada comparável com o que se verificou em Balneário Camboriú, Florianópolis, e algumas praias. Mas é possível verem-se pessoas não usando máscara e se achando inatingíveis. Usar máscara é uma questão de respeito ao próximo. Já não há a medição da temperatura das pessoas na entrada dos supermercados e isso significa que parece, para muitos, que a questão da pandemia está superada.

       Os desencontros de opinião e, consequentemente,  o retardo de ações para a aprovação de vacinas para aplicação em caráter emergencial nos tem levado a estatísticas que em nada nos orgulham, sendo eufêmico e respeitoso. Mas a falta das mesmas mostra-nos que vivemos também uma situação de desinteligência econômica. É fácil de entender: quantas mais vacinas forem aplicadas, e o mais rápido possível, mais fácil é de se reduzir a possibilidade de transmissão. 

       O Brasil precisa vacinar 30 por cento de sua população, todas as pessoas colocadas nas ações de combate e as mais vulneráveis. Para isso, são necessárias 150.000.000 de doses, para a primeira aplicação e o reforço. Tenho buscado as estatísticas no site coronavirus.sc.gov.br e faço minhas projeções. Há pessoas que não quiseram ser vacinadas, tanto nos idosos quanto nas populações indígenas. Pelas minhas estimativas, até o final de abril, todos os incluídos nas faixas prioritárias, a partir dos de 60 anos, estarão vacinados. Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja a produção interna e a importação acelerada. E isso é uma questão de o Governo Federal, em vez de ficar se justificando e negando, se supere indo em busca de comprar vacinas e insumos onde houver no planeta. O Rio de Janeiro, por exemplo, espera vacinar todos os acima de 60 anos até o final de março, se houver vacinas suficientes sendo disponibilizadas. Vacinar pessoas é uma questão de inteligência econômica. Sem gente doente, sem precisar pagar auxílio emergencial! Sem doença, menos gastos com a mobilização para a recuperação dos pacientes! E mais força de trabalho!

       Estima-se que Santa Catarina tenha quase que 7.200.000 habitantes, um pouco mais do que os órgãos oficiais contam. No início da semana, o Governo divulgou que pretendem vacinar até 2.800.000 pessoas em 2021, ou seja, aproximadamente 40% da população atual. O Governo Federal diz que vai vacinar “todo mundo” neste ano. Embora no momento não tenhamos as doses suficientes, o Ministro Pazuello diz que, até julho, metade da população estará vacinada. Na terça, o Ministério da Saúde comprou 54 milhões de doses do Instituto Butantã.

     Enquanto isso, as autoridades catarinense estão vacilando, já mostraram isso várias vezes com as omissões em relação ao comportamento de todos no que concerne à proteção de cada ser e às medidas legais a serem aplicadas. Antes de ficarem falando bobagem, informem-se e, se não for oficialmente, leiam as informações existentes nos próprios sites de notícias do Brasil e do exterior e vejam que, no mundo, há muitas vacinas sendo testadas e que logo estarão no mercado. Também sou amplamente favorável a que seja liberada a importação de vacinas de onde estejam sendo produzidas, desde que cumpridas as exigências da ANVISA, para que as empresas as comprem e tenham seus funcionários vacinados. Ou que laboratórios brasileiros sejam credenciados a comprar para vender para quem pode pagar.

       Enquanto isso, cuidemo-nos e cuidemos dos que nos são queridos.

Euclides Riquetti – Escritor – 

Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba SC

Em 18-02-2021

 

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