Quando criança, passava a pé pela antiga Rua do Comércio, hoje Presidente Kennedy, em Ouro, este ainda Distrito de Capinzal. Ia até a chácara do Nono Victório Baretta buscar laranjas e ameixas. Havia uma casa lá, sem moradores. Bem mais adiante foi o lugar onde meus avôs, Victório e Severina viveram seus últimos dias...
Quando subia pela rua, ainda de chão batido revestido com macadames, meu irmão mais velho, o Ironi, falava-me: "Aquela mulher, ali, que chegou com o jipe, não tem mais marido. Ele morreu. É irmã do Severino Dambrós". Filha do Seu Silvano e da Dona Deolinda, morava junto a eles.
E eu observada aquela jovem morena, cabelo escuro, sobrancelhas escuras, que tinha o rosto e os olhos parecendo ser de descendente de asiáticos, não de nossa colônia italiana. Consigo, no jipe, as filhas Rosane e Rejane, bem crianças ainda. Trazia também mantimentos no jipe, que encostava na frente de sua casa. Era meio esverdeado, tipo um verde abacate, muito bonito. Inteirinho!
Dona Ilse, de sobrenome Dambrós Busato, perdera o marido aos 24 anos. Tinha que trabalhar duro, indo quase todos os dias para os lados do Engenho Novo, em Capinzal, para cuidar de suas terras. Criava gado, teve que aprender a lidar com isso. Pegar, vacinar, tratar, cuidar... E até cerca costumava arrumar. Era uma brava mulher, de muita fibra. Chegava na cidade à tardinha, era muito bonito ver. Vinha pela Ponte Nova, descia pela Felip Schmidt e, na altura da atual Praça Pio XII, pegava o rumo da Coxilha Seca. Todos admiravam aquela senhora de postura séria, firme, bonita, morena...trabalhadeira e determinada!
Os anos foram-se passando, fui estudar em Porto União da Vitória, ao voltar fique três anos no Zortea. Em 1980 voltei ao Ouro, fui fazer o "Censo 80", do IBGE, na casa dela. Recebeu-me amavelmente, prestou todas as informações. Sempre reservada, mas já bem madura, tinha o carinho dos pais, dos irmãos, das filhas. Mais adiante, estive lá em minha campanha eleitoral, em 88, e fui muito bem recebido de novo. O Ivanor de Souza, marido da Rejane, fora meu aluno na Escola Sílvio Santos. Era mecânico. Hoje toca as granjas da família. É um rapaz muito forte e simpático.
Agora, aos 79 anos, Dona Ilse vive sua vida tranquila, tem o carinhoa das filhas e netos, é respeitada ve valorizada. Só quem acompanhou sua trajetória de vida pode avaliar o que ela representou para todos, inclusiva para a comunidade.
Na época em que apenas os homens dirigiam veículos automotores, ela dirigia seu jipe Willys e o fazia com habilidade, segurança, maestria. Era algo incomum uma mulher dirigir. Mas ela o fez. Foi pioneira nisso. Como muitas outras que perderam o esposo, e antigamente muitos homens morriam bastante jovens, tendo as viúvas que darem conta do cuidado com as propriedades e a educação dos filhos.
Parabéns, Dona Ilse,
Quando subia pela rua, ainda de chão batido revestido com macadames, meu irmão mais velho, o Ironi, falava-me: "Aquela mulher, ali, que chegou com o jipe, não tem mais marido. Ele morreu. É irmã do Severino Dambrós". Filha do Seu Silvano e da Dona Deolinda, morava junto a eles.
E eu observada aquela jovem morena, cabelo escuro, sobrancelhas escuras, que tinha o rosto e os olhos parecendo ser de descendente de asiáticos, não de nossa colônia italiana. Consigo, no jipe, as filhas Rosane e Rejane, bem crianças ainda. Trazia também mantimentos no jipe, que encostava na frente de sua casa. Era meio esverdeado, tipo um verde abacate, muito bonito. Inteirinho!
Dona Ilse, de sobrenome Dambrós Busato, perdera o marido aos 24 anos. Tinha que trabalhar duro, indo quase todos os dias para os lados do Engenho Novo, em Capinzal, para cuidar de suas terras. Criava gado, teve que aprender a lidar com isso. Pegar, vacinar, tratar, cuidar... E até cerca costumava arrumar. Era uma brava mulher, de muita fibra. Chegava na cidade à tardinha, era muito bonito ver. Vinha pela Ponte Nova, descia pela Felip Schmidt e, na altura da atual Praça Pio XII, pegava o rumo da Coxilha Seca. Todos admiravam aquela senhora de postura séria, firme, bonita, morena...trabalhadeira e determinada!
Os anos foram-se passando, fui estudar em Porto União da Vitória, ao voltar fique três anos no Zortea. Em 1980 voltei ao Ouro, fui fazer o "Censo 80", do IBGE, na casa dela. Recebeu-me amavelmente, prestou todas as informações. Sempre reservada, mas já bem madura, tinha o carinho dos pais, dos irmãos, das filhas. Mais adiante, estive lá em minha campanha eleitoral, em 88, e fui muito bem recebido de novo. O Ivanor de Souza, marido da Rejane, fora meu aluno na Escola Sílvio Santos. Era mecânico. Hoje toca as granjas da família. É um rapaz muito forte e simpático.
Agora, aos 79 anos, Dona Ilse vive sua vida tranquila, tem o carinhoa das filhas e netos, é respeitada ve valorizada. Só quem acompanhou sua trajetória de vida pode avaliar o que ela representou para todos, inclusiva para a comunidade.
Na época em que apenas os homens dirigiam veículos automotores, ela dirigia seu jipe Willys e o fazia com habilidade, segurança, maestria. Era algo incomum uma mulher dirigir. Mas ela o fez. Foi pioneira nisso. Como muitas outras que perderam o esposo, e antigamente muitos homens morriam bastante jovens, tendo as viúvas que darem conta do cuidado com as propriedades e a educação dos filhos.
Parabéns, Dona Ilse,
Euclides Riquetti
12-03-2014
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