terça-feira, 24 de agosto de 2021

Educação – Reformando as reformas?





       Vem aí mais uma reforma do Ensino Médio. Vai se aproximar daquilo que foi instituído pela Lei 5692 em 11 de agosto de 1971. Em 1972, no meu primeiro ano do curso de Letras-Inglês da Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras, de União da Vitória Paraná, participei de um curso extra com 240 horas de estudos sobre a nova Lei, e as ações e atribuições do Conselho Federal de Educação. Foram muitas horas de estudo, trabalho e debates. Na época, também, experimentamos a mais importante reforma ortográfica da nossa Língua Nacional. Também mergulhei nos estudos do Inglês, da Linguística, da Gramática Construtural,  do Português e suas literaturas, do latim, da Literatura Inglesa e da Norte Americana. Professores excelentes, aulas durante quatro anos todas as noites e todas as tardes de sábado, presenciais. Paralelamente, curso de Inglês em três estágios no Instituto de Idiomas Yázigy. Tudo isso me deu o norte para a atividade laboral como professor e, mais recentemente, escritor.

       Na época, foram instituídos os cursos de Primeiro Grau, abrangendo os estudos da primeira à oitava série, para crianças e adolescentes de 7 a 14 anos. E o Seguindo Grau para os jovens de 15 a 17 anos, com a previsão de que se ingressasse nas universidades a partir dos 18 anos. Adiante, uma reforma passou a tratar o Ensino básico como Fundamental e Médio. Muda a nomenclatura, mas não mudam as maneiras de se educar. Avança-se em alguns pontos, retrocede-se em outros! Também instituiu-se o nono ano (já deixamos de ter séries)  porque se entendeu que mais anos na escola haveria mais aprendizagem pelos alunos. Há controvérsias!

       Com relação ao Ensino Médio, há 5 décadas começamos com o Núcleo Comum e com a parte diversificada. Depois retrocedemos, ficamos com uma pluralidade de situações que não ajudaram muito. Agora, com outros nomes, volta-se praticamente ao que era antes, mas agora com a possibilidade de o aluno buscar uma linha de estudos que vai da educação geral à profissional. Dias desses, o ministro da Educação falou que deveriam haver menos faculdades e mais cursos técnicos. Alguns jornalistas quiseram explorar isso contra o Ministro, mas foram vencidos pelas evidências. Ele citou o exemplo da Alemanha, em que o jovem cursa até o equivalente ao nosso Ensino Médio (antigos Colegial e Segundo Grau), e então é contemplado com sua carteira de trabalho e pode buscar empego. A fala do Ministro é a mesma que um empresário de Joaçaba, há mais de uma década, Luiz Wieser, me falou. Também outros empresários de origem germânica já me falaram sobre isso.

       Minha opinião é a de que em vez de criarem o nono ano para o Fundamental, deveriam ter criando o Ensino Médio de 4 anos, ideia que já surgiu no passado e que não vingou. Aí, sim, o estudante em básico  de ensino médio poderia ter os dois primeiros anos especificamente na formação geral, como o antigo Científico e nos dois seguintes ele poderia ter a parte diversificada. E, o que pretendesse seguir uma carreira não técnica, mais ligada às ciências humanas, teria os dois últimos anos com preparação para a vida acadêmica no curso que escolhesse frequentar.

       Em 2022 os alunos passarão, gradativamente, por mudanças que se concluirão em 2024. As atuais 2.400 horas do curso passarão para 3.000 horas. Dessas, 1.800  serão reservadas para as disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular e 1.200 para os itinerários de formação, que é o termo que passará a ser usado em substituição à antiga “parte diversificada”, sendo que cada escola deverá oferecer pelo menos uma das seguintes opções de itinerários: a) Linguagens e suas Tecnologias; b) Matemática e suas Tecnologias; c) Ciências da Natureza e suas Tecnologias; d) Ciências Humanas e Sociais aplicadas; e) Formação Técnica e Profissional. Guarde isso, leitor: “Itinerários”. Você vai ouvir muito esta palavra doravante!

       Não vou entrar em detalhes de como serão operacionalizadas as aulas e seus horários e períodos de estudo, pois isso ainda demandará muita assimilação pelos gestores da Educação. Mas, para professores e gestores que tiveram que se adaptar rapidamente à realidade das aulas virtuais ou das híbridas, será bem mais fácil fazer isso. E, quem sabe, consigam despertar um maior interesse à classe estudantil, pois a evasão escolar sempre foi uma realidade, agora acentuada durante o período da pandemia da Covid 19.        

       Perguntar não ofende: Dizem os jornalistas que o STF é uma pedra no sapato de Jair Bolsonaro. Não seria ele, também,  uma pedra nos sapatos dos ministros do STF? Ainda: Se Roberto Jefferson tiver preservados seus direitos políticos, agora trabalhando para se tornar mártir, não se tornará ele um novo “Enéias”?!

Euclides Riquetti- Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

 Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC

Um comentário:

  1. Concordo com boa parte do teu discurso, naquilo que discordo tentarei explicar meu pensamento: também entendo que a principal preocupação do MEC deve ser o ensino básico e o médio/profissionalizante. Agora, afirmar que o ensino superior deve ser para poucos é algo completamente reprovável. O Brasil é muito grande (área, recursos naturais, população...) e não pode pensar pequeno sob pena de ser engolido pela tirania do Norte.
    O que nos mata é esse eurocentrismo crônico "o que é nosso não. presta e o que fazemos está errado". Faz mais de 500 anos que estamos copiando, primeiro a Europa, agora os EUA. Basta! Precisamos urgentemente pensar ao invés de copiar, fazer aquilo que Simón Rodriguez já dizia no século XIX, quando, junto com Simón Bolivar, pensava a educação da Pátria Grande.
    O Brasil precisa prestar atenção à sua realidade - muitas vezes aquilo que é bom para a Alemanha não é bom para o Brasil. Não quero dizer com isso que devemos virar as costas para outros que já fizeram. O que quero dizer é que precisamos valorizar primeiro aquilo que é nosso.
    Você disse: perguntar não ofende. Então, pergunto: ^dá para acreditar no ministro da Educação desse hediondo governo. Eles não têm projeto nenhum para o Brasil, apequenam e matam todo dia nossas esperanças. Até quando?

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