quinta-feira, 21 de julho de 2022

Memórias condenadas em minha cidade: Governar Resgatando as Origens - reedição

 


 

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Prefeitura Municipal de Ouro - ao lado, o prédio que deveria abrigar um museu. 

       A maioria dos meus leitores que tenho um carinho muito especial por Ouro, Capinzal e Zortéa, pois foi as cidades em que atuei na educação e na política depois de ter morado, estudado e trabalhado em Porto União da Vitória. Em Ouro, especificamente, atuei a maior parte de meu tempo na vida profissional e cultural. Acompanho a história do município, tenho-a registrada e minha intenção é de, num futuro breve, transformá-la em mais um livro.

       Ouro foi desmembrado de Capinzal, sendo instalado em 07 de abril de 1963. Um dos grandes signatários da luta pela emancipação de Ouro foi Ivo Luiz Bazzo, de saudosa memória, que se fez apoiar por muitos idealistas, dentre eles André, Adauto e Celita Colombo,  Pedro Casemiro Zaleski, Antônio e José Maliska Sobrinho, Amélio Dal Sasso, Nadir Zanini, Elibrando Dambrós, Alcides e Cláudio Dambrós, Raimundo Stopassola, Ricieri Parizotto, Olivo Póggere, Eugênio Grulke, Vidal de Matos, Antenor Rodrigues, Aldecir Campioni, Augusto Masson, Domingos Guerra, Carlos Tessaro, Ênio Gregório e Ernâni Bonissoni,   Arlindo Baretta, Marcos Fortunato Penso, Mário Orestes Brusa, Oziris d Agostini, Benoni Viel, Deoni Maestri, Ilto e Ivo Ludovico Maestri, Olávio Dambrós, Antônio Biarzi, Carleto Baretta, Agenor Jacob Dalla Costa, Ivo Brol, Saul Parisotto, Sérgio Riquetti, Aquilino e Darci  Baretta, Serafin Baretta, (Odilon) Gomercindo e Mário Caldart, Olímpio Viecelli, Abel e Giavarino (Bijuja) Andrioni, Walmemar Matté, Vitalino Spada, Biaggio Spada, Celestino Viganó, Nereu de Oliverira, Felice Casagrande, Fiorindo Bernardi, Santo e Carlos Segalin, Valdomiro Morosini, Ludovino Baretta, Waldemar Sartori e irmãos, Vítor, Plínio Clemenceaur, Hugo e Nelson Bazzo,  Fioravante Colombo, Waldemar, Raul e Érico Dambrós, Guerino e Vitório Riquetti, Rozimbo e Itacir Baretta, Severino Baretta, Adelar e Miro Baretta, Domingos Antônio Boff, Adelar Baretta, Dirceu Cadore, Silvano e Ciro Dambrós João e Zacarias Tessaro, Luiz e Ângelo Savenhago, Atílio e João Matté, Amadeu Boz, Arlindo Baretta, Osvaldo Lemes, João Edelberto Fontes, Luiz e Benjamim Miqueloto, Vitório Baretta, Reinaldo Masson, Werner da Silva, Afonso Tomé,  e muitos outros. 

       A luta para a separação foi muito intensa e os primeiros anos de administração foram muito difíceis, tendo-se iniciado com o Prefeito Doutor Nelson de Souza Infeld, depois com a eleição de Luiz Gonzaga Bonissoni, na sequência Ivo Luiz Bazzo e outros.

       Na separação de Ouro e Capinzal, a sede do município, Capinzal, ficava localizada no Distrito de Ouro, instalada num prédio que foi adquirido da família Sartori, através da intermediação de Marcos Fortunato Penso. A esse prédio denominam "Prefeitura Velha", e está localizado ao lado do atual Paço Municipal. Após a construção do prédio atual, ali foram instalados a Agência dos Correios, a antiga Acaresc (Epagri)  e a Cafasc (Cidasc). Também a Coordenadoria Local de Educação. Funcionaram por alguns anos, até que, no segundo mandato de Domingos Antônio Boff, com verba específica do Ministério da Cultura, reformou o prédio para a instalação do Museu Professor Guerino Riquetti. 

       Guerino Riquetti, com apoio dos professores, estudantes, comunidade  e autoridades da cidade, trabalhou para a instalação do museu, que funcionava sob a biblioteca municipal, uma casa adquirida pela prefeitura junto a Moisés Baretta. Na segunda administração de Ivo Luiz Bazzo, a casa da biblioteca, de madeiras, foi substituída pelo atual prédio, de alvenaria, em construção projetada pela AMMOC e executada pela Constutora Lunelli. As peças do Museu, por ocasião da Enchente de 1983, foram levadas para lugar seguro, porém boa parte do material foi perdido. 

       No correr dos anos, o prédio restaurado, conhecido como "prefeitura velha", passou a ser ocupado, indevidamente, (seria ocupado provisoriamente), pela Câmara de Vereadores, Epagri, Cidasc, Correios, Secretarias Diversas, e assim por diante. Mas a função de museu jamais foi cumprida.

        Na administração de Sérgio Durigon/José Camilo Pastore, a solução encontrada  para abrigar o museu foi o casarão da Família Matté, localizado atrás da atual Câmara de Vereadores, arrendado pelo Município. Ali, a professora Lainir Durigon reorganizou o museu e o local foi transformado na Casa da Cultura. O porão passou a ser local para apresentações culturais e gastronomia típica. O piso das calçadas e do porão, eu ganhei da proprietária da Mineração Trevo, de Trombudo Central. Fomos buscar com  os caminhões da Prefeitura e funcionários, com apenas o custo corrente desses. Na Casa da Cultura, recebemos, inclusive, o Cônsul da Itália, uma vez, que foi saudado pelo Píccola Itália Del Oro. 

       Adiante, sendo solicitada a devolução do imóvel pelo proprietário, o museu foi anexado à Biblioteca Municipal Prefeito Ivo Luiz Bazzo.  Numa reforma, as peças foram guardadas sob a arquibancada do Ginásio de Esportes do Parque Jardim Ouro. Depois, perdeu-se o paradeiro das mesmas. Uma máquina de projetar filmes em película, altamente profissional, que foi doada pelo Senhor Saul Parisotto, me informaram que está guardada na garagem municipal. É um bem de alto valor histórico, pois era utilizada no Cine Glória, depois Cine Odete. 


Biblioteca Pública Municipal Prefeito Ivo Luiz Bazzo 

       Agora, no presente momento, tenho recebido ligações de pessoas daquela cidade, que me informam e pedem opinião e orientação sobre como proceder diante de situações com as quais não concordam. Relatam-me que têm conhecimento de que a atual administração pretende: a) Transferir a biblioteca para o local onde funciona o CEATUR - Centro de Atendimento ao Turista,  na Praça Pio XII, conhecido como a "Casinha de Vidro", e vendem artesanato de produção local. b) Transferir a biblioteca para um imóvel alugado, instalando no seu lugar atividades do  Serviço Social. A retirada de um rodão de madeira localizado na Praça Pio XII, símbolo da nossa colonização italiana também desagradou muitos habitantes. 

       Há algumas considerações ( e preocupações ) que precisam ser levadas em conta: 1 - Os imóveis passarão a ser utilizados com finalidade diferente para a qual foram projetados. E as verbas obtidas junto ao Governo Estadual eram específicas para isso. A ação caracterizará, se assim for, desvio de finalidade, ou qualquer outro assemelhado jurídico. 2. A cidade continuará sem o seu museu. 3. A sala da biblioteca, que foi utilizada, depois de sua reforma, na administração de José Camilo Pastore e Nadir Nardi, também para eventos culturais, será apenas mais uma "memória perdida". Lembro-me de eventos como nossas Noite do Canto, Arte e Poesia, do qual participaram figuras exponenciais de nossa cultura e arte, com visitantes do quilate de Davi Froza, Jaime Teles, Denize Cecatto Bee e do argentino Roberto Garajo. De lançamentos de eventos prévios da Notte del Formaggio e del Vino (Grupo  Píccola Italia del Oro), corais e muitos outros. No mandato de Durigon e Pastore, um de seus slogans era "Governar Resgatando as Origens". Pois que elas possam ser resgatadas agora, sob pena de perdermos e maltyratarmos nossa História. 

       A cidade já perdeu muito e muito continuará perdendo se tais ações forem confirmadas. 

       Os jovens administradores de Ouro, Claudir Duarte e Renê Módena, que foram meus alunos, têm nas mãos e na caneta a condição de rever os projetos que serão contestados, inclusive colocando todas as abóbaras em seus devidos lugares. Culturalmente, moralmente e legalmente. 

Professor Euclides Riquetti - Escrritor -Ex-Prefeito Municipal em Ouro. 

14-05-2021

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