domingo, 26 de março de 2023

Minha coluna da semana no Jornal Cidadela (etarismo, força de trabalho, juros altos)

 


 

      Em minha coluna desta semana no Jornal Cidadela, de Joaçaba, iniciei o texto com uma postagem sobre o etarismo. Algumas pessoas se manifestaram, positivamente, sobre a abordagem. Aqui vai toda a matéria, com os devidos adendos, onde menciono a questão dos altos juros praticados no Brasil, resultado do pensamento ortodoxo da economia e dos economistas: 

1. O Fator Patrícia Linhares e o preconceito do etarismo

       Há uma semana, os noticiários brasileiros, nas diversas mídias, trazia comentários sobre um fato havido na cidade de Bauru envolvendo estudantes universidades. Na oportunidade, publiquei este texto em meu blog:

       “ Patrícia Linhares tem 44 anos e estuda Biomedicina numa faculdade de Bauru, São Paulo. Há poucos dias,3 colegas de turma zombaram dela por estar matriculada na mesma sala. Num despropósito a que se classifica como "etarismo!, criticaram, nas suas redes sociais, o fato de Patrícia Linhares estar cursando faculdade aos 44 anos. 

       Ora, é de gente como ela de que precisamos. Que as pessoas deixem o conforto do sofá, o privilégio de uma netflix, youtube, canais por assinatura e outras formas de acesso ao lazer tecnológico (não que tenham que, obrigatoriamente, fazer isso), e que busquem crescer aprendendo, a cada dia, algo novo. E, se o sonho de fazer um curso de Ensino Médio ou Superior ainda não foi possível. aproveitem agora. Há muitas maneiras de cursar faculdades, presenciais ou não, mas todas certamente possibilitando que as pessoas possam evoluir pessoalmente, tecnicamente, ou financeiramente. 

       As ditas "jovens" já tiveram o repúdio das pessoas mais sensatas do Brasil, já desistiram da faculdade e, podem ter certeza, devem estar com vergonha de sair às ruas e frequentar lugares públicos.

       Em vez de desistirem da Faculdade, deveriam pedir perdão pessoalmente à vítima de seus preconceitos, esforçarem-se por evoluir, e fazer algum bem para a Humanidade. E PARABÉNS a todas as pessoas que buscaram ou buscam os bancos das escolas, mesmo que em idade madura, para melhorarem sua vida e realizarem seus legítimos sonhos!”

      2. A força de trabalho humana e a experiência -  O fato, por si só, revela o grande índice de preconceito que há no Brasil contra aas pessoas que avançam na idade. Já há três décadas, os brasileiros acima de 50 anos tinham muitas dificuldades em encontrar emprego quando fossem dispensadas do que tinham. Em contrário a isso, no Canadá, as empresas valorizavam as pessoas com idade superior a 60, ou mesmo 70 anos, porque entendiam que a experiência, a maturidade e o bom exemplo que seriam, influenciavam os mais jovens a permanecerem mais tempo trabalhando numa mesma empresa.

       Com a falta de mão-de-obra, por aqui, o problema parece ter sido superado. A força humana tem sido substituída por máquinas, por tecnologia, menos esforço físico e mais inteligência. Na Agricultura e na Indústria isso é bem perceptível. Na construção civil um pouco menos, mas grandes obras têm sido construídas a partir de módulos pré-moldados, em concreto protendido, erguidos com guindastes e conectados por encaixes. As técnicas de protensão, além de dar maior segurança no tracionamento das estruturas, permite que seja aplicado com maquinário forte e operado a partir da inteligência humana criativa.

       Mas, para não fugir da minha pauta, lembro que, historicamente, os praticantes de esportes são sempre os mais visados. No futebol, a habilidade e a inteligência dos jogadores têm sido preteridas em favor da correria. Na televisão, jornalistas maduros e experientes são substituídos por novatos,  que emitem opinião com pouca base de conhecimento, mais combinadas com o que pensam (ou o que pensa o empregador e seus interesses). Atores têm seu talento trocados por rostinhos bonitos, aparições em programas de televisão estão mais oportunizadas para jovens que se comunicam pela internet, e assim por diante. Então, moçada, ainda vale buscar muito o conhecimento, ter plano B, C, ou até D para que possa ir auferindo renda e tendo garantias na velhice.

      3 -  Os nefastos juros altos – O Banco Central tem mantido os juros altos como forma de segurar a inflação. Os economistas de antigamente diziam que, num primeiro momento, os juros altos seguram o consumo e, portanto, reduzem a inflação, mas que, depois, acabam se tornando componente inflacionário. No momento, até os Estados Unidos da América estão com a prática em andamento. Aqui, a falta de insumos tornou elevados os preços dos automóveis, peças, construção civil, e assim por diante. Os alimentos estão caros, existem diferenças estratosféricas de um comércio para outro. A briga entre Governo e Banco Central vai ficar ainda maior. Seguramente que os juros altos seguram o crescimento. A cadeia é complexa, difícil de entender, difícil de ser rompida. Então, comprar só o necessário, diminuindo a demanda, forçando a baixa dos preços.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC - em 24-03-2023

Um comentário:

  1. Sobre juros:
    Os Estados Unidos não servem de modelo pra ninguém Eles, são o centro dos maiores problemas mundo afora, econômicos, principalmente.
    A livre emissão de dólares pelo Estado americano, para fazer frente aos gastos com seu modo de vida, e a manutenção de suas guerras permanentes, provoca toda esse desarranjo nas economias por eles subjugadas.
    Para se sustentarem utilizam-se da Guerra híbrida: econômica, política, jurídica, comunicação, militar ...O mundo inteiro padece de Kiev a Capinzal.
    O neoliberalismo propagado desde Washington nos escraviza a todos, toma nossas riquezas, nossos lucros, reduz a capacidade dos governos nacionais transformando-os em simples joguetes e pior, faz a turba, de cabeça lavada, bater palmas e achar que tudo isso é normal.
    É o fim da picada.!
    Para entender um pouco isso tudo recomendo ler um livro seminal "A última guerra mundial: "Os Estados Unidos começam e perdem " de Serguey Glaziev. - não está disponível em português, li em espanhol. Vale a pena conferir...

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