sábado, 14 de dezembro de 2013

A sobrevivência da incompetência

          Uma vez conversava com um cidadão que atuava nos meios de comunicação. Nem sequer cursara a quinta série do fundamental. Sugeri-lhe que estudasse e ele me respondeu que para o serviço dele estava bom assim.  Agora, dez anos depois, constato que o cara ficou estacionado no patamar em que estava à época...

          Ultimamente, como tenho tempo disponível, tenho-me dado a observar mais atentamente aquilo que as pessoas fazem, como se portam no trabalho, qual o nível de desempenho em suas funções. Uma espécie de "estudo sociológico" de terceira categoria, mas um estudo, sim. Observar, analisar, concluir.

          Faço perguntas às pessoas e, felizmente, ainda ninguém me respondeu ou disse: "O que que você tem a ver com isso?" Mas posso asseverar-lhe, caro leitor, que me preocupo, muito, com o que vejo. Vendedores que trabalham em empresas especializadas em algo, elétrica, por exemplo. Quanta divergência de opinião sobre materiais dentre os funcionários  de uma mesma empresa! Vejo que as pessoas têm apenas o conhecimento funcional, bem básico, que angariaram junto aos vendedores mais antigos. São reprodutores de informações que ouviram dos outros e nem sequer procuraram verificar se o que dizem tem algum fundamento.

          Fui vendedor de peças "Mercedes-Benz" de 1972 a 1877 em união da Vitória, no Mallon. Fui uma grande escola para mim, pois tínhamos a supervisão e os treinamentos por técnicos altamente gabaritados, em Curitiba, mesmo com pessoal vindo da Alemanha e da Holanda para nos orientar. Aprendi muito com eles em termos de organização, planos de negócios e sobre a necessidade de conhecer cada detalhe do serviço e dos produtos. Assim, quando não havia grande movimento na seção  de peças, eu ia para a oficina ver como faziam para desmontar e remontar caixa de câmbio, diferencial, sistemas de freios e carcaças. E a aprender os números das peças de reposição para não bater muito a cuca na hora de emitir notas fiscais ou anotação nas Ordens de Serviço.   E ia aprendendo para ter melhor desempenho no atendimento, com agilidade e segurança. Isso me permitia uma boa folha de pagamento de salários ao final do mês.

          Acho que a maturidade nos torna muito exigentes. Cobro, com minha ação que normalmente  resulta inócua,  das operadoras de Tv a Cabo, Telefonia e Internet, a eficiência. Quando me dizem que têm 24 horas para resolver meus problemas, digo: "Gravem bem aí: O direito e a obrigação vocês conhecem, mas a eficiência está longe de vocês!"  Sei que, se todo mundo reclamar, um dia alguém cria vergonha e as coisas podem melhorar. Eles cobram  dos seus colaboradores resultados quantitativos  e os funcionários  fazem tudo às pressas para ir  atender a outro reclamante. A incompetência está muito presente em concessionárias de serviços  púlicos. Ganham rios de dinheiro e prestam péssimos serviços. Então, é a incompetência sobrevivendo ali também.

         Ora, caro leitor, leitora, você deve ter imaginado sobre os critérios que tem para escolher seu atelier, sua farmácia, seu posto de gasolina, confeiteira, cabeleireira, manicure, maquiadora. E, se você volta a esses lugares com frequência, é porque eles lhe estão propocionando algo que lhe agrada. Estão sendo competente em satisfazer suas necessidades de consumidora (a) de produtos ou serviços. Quando você muda de cidade, mais ainda fica atento à qualidade do atendimento, podendo escolher com discernimento e formando seu novo rol de lugares de convivência.

          Os incompetentes sempre existirão e cruzarão seu caminho. Mas você é que tem o poder de estimulá-los ou ajudar cortar-lhes as asas. Aliás, nem é preciso tanto. O tempo fará com que tropecem em suas próprias limitações. E  chegará o dia em que os incompetentes e os molengas deixarão de existir, certamente. Rui Barbosa já esperava por  isso...

Euclides Riquetti
112013
         

Um comentário:

  1. Querido Mestre,

    Compreendo muito bem a sua angústia. Viajo pelo Brasil todo desde que saí de Zortéa em 1981. Pelo mundo, pelo menos uma vez por ano; quando fico bastante tempo fora, é difícil encarar a realidade brasileira. Sempre temos cientistas estrangeiros trabalhando por aqui e, também, é muito difícil tentar explicar-lhes porque no Brasil as coisas são como são.

    O poder da mudança disso tudo está na mão do consumidor! No entanto, o consumidor no Brasil é facilmente manipulável. Daí chegamos na conclusão de sempre: só através da educação. Nenhuma nação ´civilizada´ chegou onde chegou utilizando outro caminho senão através da educação.

    Grande abraço,

    Gerson L. Mantovani

    ResponderExcluir

Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!