quinta-feira, 24 de setembro de 2015

As primeiras impressões de Hebe Camargo no céu


Quase três anos de sua partida e parece que foi ontem... relembrando:

          Hebe Camargo  chegou lá no andar de cima no final da tarde do último sábado de setembro de 2012. Fora um setembro bem diferente dos demais. No Sul do Brasil ocorrera neve e geada na última semana do mês. A geada negra queimou folhas e brotos das videiras e outras frutas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Vamos ter menos vinho para beber no próximo ano.

          Estava muito curiosa nossa Diva,  pois nunca estivera lá antes. Havia muitas coisas diferentes. Não havia aqueles montões de concreto, aço e  vidro que aqui chamamos de prédios. Nem aqueles bólidos que soltam fumaça num cano lá atrás, que dizem ser por causa do combustível que eles queimam para poder andar.

           Apresentou-se, inicialmente a Saint Peter, um Senhor que carregava um molho de chaves grandes, daquelas bem antigas, de ferro, inventadas quando ainda não se conhecia o aço inoxidável. Este ficou muito contente em receber aquela Senhora sorridente, com os cabelos bem arrumados, trazendo flores vermelhas colombianas consigo. Hebe foi logo roubando um selinho do Santo Apóstolo e ganhou a confiança dele. Viu que alguns o chamavam de Pietro, outros de Pedro. Ficou curiosa,  pois também o chamavam por outros nomes, em outras línguas, que ela nunca se importou muito em aprender aqui na terra. Sabendo o que se usasse no SBT, em Miami ou em Veneza, chegava. Mas concluiu que aquelas línguas diferentes deveriam ser dos países orientais, onde as línguas são bem diferentes das nossas. Só que lá no céu não tem esse negócio de que quando aqui é meio-dia, lá é meia noite. Lá sempre tem luz, porque quem lá chegou é gente iluminada e, por eles só, já são autosuficientes em energia.

          Hebe ficou contente porque Mister Peter abriu logo o portão de entrada e encaminhou-a para um setor bacana, onde reencontrou a Nair Bello e a Wilza Carla, aquela que explodiu na Saramandaia. Foi abraço daqui, abraço dali, selinho aqui, selinho ali e muita alegria. Alegria mesmo! Seu marido, vai encontrar somente nos próximos dias, porque os homens estão todos de castigo por lá, porque só ficam falando de futebol e vaiaram muito o Mano Menezes nos jogos em que não fomos muito bem. Então, ficam de castigo e não podem receber as pessoas novas que lá chegam.

          Mas Hebe, com aquele seu jeitinho especial, disse ao Peter que estava com muitas saudades de alguns e que nem todos deveriam ser punidos por questões banais. Então,  contou-lhe o Peter que nesta semana recebera o Ted Boy Marino, o antigo lutador, que tinha muito crédito lá no céu, porque levou muita pancada do Jóia - o psicodélico nos tempos do Telecatch Montilla, das TVs Excelcior e Piratini. Tinha arrumado um lugarzinho bem legal para ele, junto com o Zacarias e o Mussum, dos Trapalhões. Ficaria um trio, com um bem moreno, um loiro e outro intermediário. Iam mostrar que no Brasil as pessoas estão acima das desiguldades raciais.

          Nossa apresentadora achou tudo isso muito interessante, disse que se, na política, também usassem o bom senso e o entendimento, o respeito aos outros, muita encrenca seria evitada.

          Mas tinha uma grande curiosidade, que precisava ser satisfeita de imediato: Precisava reencontrar o Jota Silvestre e o Flávio Cavalcanti. São Pedro coçou a barba e disse: "O Silvestre até que é mais fácil, está na ala dos anjos vestidos de azul, que são os que foram mais dóceis na Vida Terrena.  Mas o Cavalcanti, por ter arrumado muita encrenca, está na ala dos que vestem rosa. Precisamos pensar em um modo de fazer com que você os veja. Mais uma vez pestanejou, recoçou a barba e encontrou uma solução. Ordenou a uns anjos que o assessoravam para que reunissem a tropa em filas, conforme as cores de seus vestidos: os de rosa ficariam perfilados  à esquerda; os de azul á direita. Os de branco, lá na frente, olhando para a Hebe e o Chaveiro. E foi explicando: Os que vestem azul, o fazem porque á uma cor próxima do verde, a cor da esperança. São aqueles que ficaram a vida toda dando esperanças  aos brasileiros: tem ali o Dilson Funaro, que com seu Plano Cruzado queria nos ajudar mas não conseguiu, o Pedro Collor (que só conseguiu lugar aqui porque credenciou-se dedurando o Fernando), e, no futuro, haverá lugar para seu patrão o SS, que tantas vezes abriu as Portas da Espenaça para os brasileiros, em seu programa dominical. Tem também o Mário Andreaza, o Médici, o Geisel e outros que você conhece. E, em meio a eles, lá estava o Jota Silvestre, colega da Hebe, fazendo um programete de auditório. Perguntava: "Quem foi o Pai dos Trabalhadores Brasileiros?"   Um trabalhador anônimo, carteira assinada, respondia: "Getúlio Vargas!"   E O Silvestre, com seu bordão conhecido, afirmava: "Absolutamente certo!!!". E, depois, ressaltando que "O Céu é o Limite", encorajava o participante a continuar a responder perguntas.

          Na fileira rosa, da esquerda, alguns que deram muito serviço aos milicos. Explicava Peter que o rosa é a cor mais próxima da vermelha e que os que tinham "uma certa tendência revolucionária", então, eram instados usarem vestidos rosa, a ficarem do lado esquerdo. Ali estava o Flávio Cavalcanti, que uma vez teve seu programa tirado do ar porque enalteceu uma atriz que tinha ideais não compatíveis com os do Poder. O Flávio havia quebrado muitos discos "long plays" do Teixeirinha e do Valdick Soriano em seu "Programa Flávio Cavalcanti!, porque dizia que suas músicas eram umas porcarias e que não mereciam ser gravadas. Mas, porque foi considerado um homem justo, teve o céu assegurado.

          Hebe e  Peter foram passando em meio às fileiras de anjos rosas e azuis e se aproximaram dos brancos. Lá avistou Aírton Senna e, após o selinho, disse-lhe que a tia Viviane lhe mandara um forte abraço. E lá estava o antigo amigo Chico Anízio, com uma camisa branca e uma faixa diagonal preta, com uma cruz de malta encarnada bem próxima do coração. Chico era exceção, podia usar alguns detalhes que não fossem brancos, pois chegara recentemente e se tornara um pouco rebelde, disse que nos primeiros meses precisava ficar com a camisa do Vasco, porque era supersticioso e, naquele momento, o Vasco estava ganhando do Figueirense por 3 a 1, com grandes jogadas de Dedé e Juninho. São Pedro deu uma colher de chá pra ele. Se o Jô Soares já estivesse lá com eles, dar-lhe-ia  uma caneca daquelas do Jô!

          Deu pra ver que Saint Peter era bastante complascente, abria exceções, deixava os anjos muito à vontade, desde que cumprissem com suas obrigações, que era não cortar árvores, comer frutos e depois colocar as sementes e cascas nas composteiras, fazer a "sustentabilidade" do céu. Não precisavam de luz elétrica, a natureza lhes oferecia tudo e, melhor que tudo, os animais não atacavam ninguém. Nem o Leão da Receita Federal tinha qualquer poder por lá, mesmo porque lá não se tem salário.

          A nossa Diva foi olhando tudo, aprendendo tudo, maravilhando-se com tudo. Depois, pegou ser I-phone 5 e, já domingo, viu o Padre Marcelo celebrando sua Missa de Corpo Presente, depois o Pelé, a Dilma, o Lula e muitos artistas acompanhando seu enterro lá no Morumbi. Ficou muito satisfeita com o novo brinquedo eletrônico e disse que poderá ser acessada, logo, logo, através do www.blogdahebenoceu.blogspot.com  - Ah, e teve o selinho do patrão, Sílvio Santos também!

Euclides Riquetti

Um comentário:

  1. Hebe, entre outras coisas, "Musa do Maluf... nem tudo o que brilha é ouro.
    Eu sempre digo, mostrem-me o outro lado da moeda, e aí poderemos fazer uma média mais confiável sobre qualquer assunto.
    Para mim, essa senhora, da idade da minha mãe, merece todo respeito, mas achar que foi uma perfeição, isso não. Sempre andou de braços dados com os poderosos, usou e abusou de sua popularidade. É um Silvio Santos de saias, o homem que sempre pregou o "tudo por dinheiro"... e o povo acredita. Que barbaridade!!!


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