Em 23 de fevereiro de 2011, em artigo meu que foi publicado na coluna do saudoso (e bota saudoso nisso!...) Ademir Pedro Beloto, no Jornal A Semana, de Capinzal, e em meu blog, no dia 16 de fevereiro de 2013, com o título "É preciso dizer... e é preciso assustar-se", com relação às catástrofes ocasionadas pelas inconstâncias climático- ambientais que acontecem no Brasil, mencionei sobre riscos ambientais em razão de eventos climáticos adversos. Recentemente, vimos o caso de Mariana, em Minas Gerais, cidade que tinha programado visitar para a segunda quinzena de janeiro próximo, e isso ainda pretendo fazer, em que algumas vidas foram perdidas e que os sonhos dos moradores do distrito de Bento Rodrigues foram soterrados e levados pela lama até o mar junto com as agora barrentas águas do Rio Doce, causando danos incomensuráveis à flora e fauna de todo o seu vale e abalando a economia dos pequenos, principalmente dos que vivem da atividade pesqueira.
Como resposta, os governos e seus órgãos ambientais estabeleceram multas pesadas à Vale do Rio Doce, que é controladora da mineradora SAMARCO. Mas... Bem, deixo isso para você, leitor, analisar com sua apurada condição crítica. E minha pergunta é: "Até quando desastres do gênero vão continuar a acontecer no Brasil? O que tem sido feito e o que pode ser feito para mitigar e amenizar as situações de risco?" Vejam o que escrevi:
"Vivemos em cidades charmosas, colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).
Ouro e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu "de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os noticiários.
Mas os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a participação popular não foi expressiva."
Então, vejamos as fotos publicadas nos portais da região nesta semana. Inundações e enchente no Rio Capinzal. Muita confusão também aqui em Joaçaba, com a população reclamando através das emissoras de rádio, por causa da falta de um sistema de macrodrenagem que possa dar conta das águas que descem dos morros e vão inundar o centro da cidade. Muitas fotos e nenhuma análise crítica, nem um "mea culpa".
Ora, desde 1983 tenho observado, analisado e avaliado todos os eventos climáticos adversos e suas consequências, bem como parte de suas causas. No nosso caso, não é o desmatamento, uma vez que todo o vale do Rio do Peixe melhorou em termos de cobertura verde, não pelo amor mas pela dor que a Lei impõe, mas acontecem as cheias do Rio do Peixe e do Rio Capinzal, bem como do Leão, no interior de Campos Novos, do Tigre, em Joaçaba, do Nair, em Lacerdópolis, do Leãozinho e do Ribeirão Doze Passos, em Ouro, e outros. Não, não é isso! Atribuo, em grande parte, à ocupação dos seus vales, principalmente nos que cortam as áreas urbanas, onde se construíram casas e se pavimentaram as ruas, estas na maioria das vezes com drenagem insuficiente para comportar as precipitações irregulares de chuvas. Se, na área rural temos mais florestas e preservação, nas cidades, DEVASTAÇÃO!
É só olhar a ocupação dos morros em Capinzal, com todos os loteamentos dos quais as águas originadas desaguam no Rio Capinzal. Uma bacia de um rio assoreado por construções, galerias e pontes, tudo sem vazão suficiente para o deságue. E isso que o Rio do Peixe nem está tão cheio a ponto de represar suas águas.
A ocupação gananciosa das margens do Rio Capinzal, (ou seria por ignorância, mesmo?...), levaram ao assoreamento do mesmo em diversos pontos, e há os milhares de lotes urbanos que foram vendidos nos diversos loteamentos no âmbito de sua bacia, com acentuada impermeabilização do solo. Há algumas soluções que podem ser implementadas, mas que custarão bastante dinheiro, e que passam por abertura de alguns canais, aumento da vazão sob as pontes e nas galerias, alargamento e possivelmente construção de muros nas margens e até retiradas de algumas construções de edificações comerciais e residenciais. Tenho tudo bem claro na cabeça, a começar pela água que vem de um pequeno vale situado nas proximidades do ginásio Dileto Bertaioli, que tem causado muitos transtornos. Há duas décadas, nossa família deixou de adquirir um imóvel no local porque consideramos que haveria risco de inundações no futuro, devido à uma sanga canalizada, o que vem se confirmando atualmente.
O debate precisa ser trazido à pauta. A sociedade deve propor e cobrar soluções, tanto do Poder Público como dela mesma!
Euclides Riquetti
04-12-2015
Não dá para comparar as situações de Mariana com Capinzal/Ouro, Porto União/União da Vitória e milhares de casos parecidos pelo brasil afora ; No caso do Rio Capinzal, há como você frisou. um erro crasso e clássico da ocupação humana que nunca respeitou o rio.. Como você tem dito, nesses casos "aprende-se" com a dor... Confesso, que as vezes, tenho dificuldades de acreditar nisso. Nossa espécie parece querer destruir tudo, só pensando o lado econômico.
ResponderExcluirNo caso de Mariana a coisa é muito mais grave, ali, além dos problemas que naturalmente acontecem em Capinzal/Ouro, há o terrível agravante da exploração do solo, a mineração; Até os governos FHC a coisa não era tão grave. Foi FHC quem mudou nossa legislação sobre a mineração e entregou tudo de mão beijada ao capital internacional. Para se ter uma ideia, nos dois governos de Aécio em MG a oposição bem que tentou, através de uma CPI, fazer uma apuração daquilo que interessa ao cidadão; Sabe o que aconteceu? Nada. Por isso que deu no que deu. Só como ilustração e isso a mídia esconde, Fernando Henrique Cardoso, quando privatizou a Vale o fez por pouco mais de 3 bilhões de reais A empresa, na época, valia 98 bilhões de reais. Isso é crime de lesa-pátria e em qualquer país sério um cidadão desses estaria na cadeia, Mas aqui, além de estar solto, continua ditando cátedra. Infelizmente é o Brasil do Delcídio, do Cunha, do Serra, do Sarney, do Gilmar Mendes e tantos outros... é por isso que pararam o país. Hoje mesmo quem leu os principais jornais do Brasil encontrou uma afirmativa de FHC onde diz que o mercado prefere o impeachment. Coisa séria, eles transformaram isso aqui apenas num grande negócio, e aí como construir uma nação livre e soberana?
Essas são questões fundamentais para o povo brasileiro, que para seu azar maior, todos os dias se desinforma no Jornal Nacional.