Joaçaba está
completando seus 100 anos justamente hoje. Nossa cidade foi construída por
gente brava, empreendedora e dinâmica. Foi favorecida, inicialmente, pela
existência da estrada de ferro, do outro lado do Rio do Peixe, inaugurada 7
anos antes de sua fundação oficial. O rio, outrora de águas límpidas e muito
piscoso, muito nos favoreceu. O relevo
do vale montanhoso, com características da Europa, e as terras muito férteis, o
pós Segunda Guerra Mundial, que ensejou a vocação industrial, a chegada de
descendentes de italianos e alemães, principalmente, deram o tom de nossa
atividade econômica. Ficamos fortes na agricultura e na indústria, e nas duas
últimas décadas, porém, estacionamos nos dois setores, por descuido do Poder
Público. Em termos de agricultura e pecuária, até para trás fomos.
Crescemos muito
na prestação de serviços, principalmente em termos de educação e saúde. Boas
escolas, uma universidade bem organizada, bons hospitais e clínicas,
profissionais na área do ensino e da saúde altamente qualificados. Mas, em
termos de cultura, paramos no tempo. Ainda, não soubemos aproveitar nosso
grande potencial para o turismo. Considero que em cultura nós regredimos. Em
turismo, nunca saímos do chão e não vejo perspectivas de sairmos. Uma pena,
pois nossa economia ficaria muito bem fortalecida se tivéssemos a devida
atenção a esse setor importante para a geração de ocupação qualificada,
trabalho e renda. Eu poderia listar todas as nossas deficiências em ambos os
setores, mas deixo para que as autoridades e os que são pagos para fazerem isso
o façam.
Na política,
perdemos espaços para outras cidades, como Chapecó e Concórdia. Temos sorte em
elegermos um deputado federal, não pela nossa força e engajamento, mas porque
ele mesmo sabe se conduzir no meio político. Éramos considerados, há 50 anos, a
Capital do Oeste Catarinense, porque tínhamos indústria e comércio muito
fortes. Hoje ficamos bem atrás das duas cidades, cuja economia suplanta
grandemente a nossa. No esporte, nem sequer estádio de futebol temos mais.
Algumas modalidades, sobrevivem e têm êxito pela força e empenho pessoal de
algumas lideranças da área.
Em termos de
infra-estrutura e saneamento, estamos atrasadíssimos. Há um século,
implantou-se a cidade com uma avenida razoavelmente larga, a XV de Novembro.
Adiante, foram construídas as demais ruas estreitas, criando-se gargalos na
mobilidade urbana. E falta-nos a coragem e a capacidade para resolvermos, de forma definitiva, os nossos principais
problemas. Nossa cidade precisa de um choque de gestão. Temos muitos líderes em
potencial, mas não há a necessária articulação para que todos se engajem num
projeto muito sério de desenvolvimento. Vivemos numa cidade pequena, mas com
cara de cidade grande. É bonita nas fotos, precisamos que seja viável e bonita
em todos os aspectos.
Euclides Riquetti – Escritor
Membro da ALB/SC
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