terça-feira, 2 de novembro de 2021

O adeus a Ulisses "Tarugo" Gonçalves - zorteense!

 



       O Baixo Vale do Rio do Peixe e arredores perderam, no fim de semana, Ulisses Gonçalves, 66 anos,  o Tarugo. Fomos vizinhos dele no Zortéa, na antiga Duas Pontes, que pertencia a Campos Novos na década de 1970. Moravam bem em frente à nossa casa. Por ali vivia as famílias Mantovani, Mattos, Varella, Dalapria, Suzin, Weschenfelder, Tavares e outras, quando chegamos em 1977 e fui lecionar na Escola Básica Major Cipriano Rodrigues Almeida e trabalhar na Zortéa Brancher S/A - Compensados e Esquadrias. Os Gonçalves eram todos craques de futebol: Orildo, o Canhoto, não foi jogar no Juventude de Caxias do Sul porque não quis. (Um Franzoi que dono de moinho de trigo me ligava: "O Aníbal prometeu que ia me mandar o Canhoto e ainda não mandou!"). O Nêne foi estudar no Colégio Agrícola de Concórdia em vinha passar alguns fins de semana e as férias em casa e a gente jogava junto. Ah, tinha o Tarugo, baixa estatura, um "dez" muito habilidoso. 

      Fui professor das irmãs do Tarugo, a Olíria e a Odila. Ótimas em redigir textos! E colega, no magistério, da jovem Oliva, na Escola Major. Adiante, trabalhamos juntos no Mater Dolorum, e ela foi professora de nossas filhas Michele e Caroline. Lembro-me de quando ela chegava ao "Colégio" com aquele Dodge Polara cor creme e encostava, de bico, em frente da secretaria da escola. O pai foi meu colega de trabalho na empresa, era encarregado de setor. A mãe, me parece, era costureira. 

       16 de março de 1919! - Eu jogava para um time de gente muito humilde ali de Capinzal. Estava com 16 anos. Era um time de jovens. Nome: "Time dos Engraxates". Era composto pelos engraxates de Capinzal "Pelé, Ferrugem, Dirceu "Penacho" Vargas e outros rapazes da nossa turma. Eu já trabalhava de balconista e, nos fins de semana, trabalhava como engraxate também. E me lembro com saudades disso...

       Fomos para lá logo após o almoço, levados pelo Manoelito Sartori, com a pick-up Wyllys, da Marcenaria São José, da qual o Waldemar, pai dele, era Diretor. Na estrada, uma leiteira de alumínio com água fresca para, na estrada, ir colocando água no radiador, que estava com vazamento. Às 14 horas do alto verão, estávamos em campo. Jogamos contra o juvenil do glorioso Grêmio Esportivo Lírio. O Tarugo era o maestro deles em campo. O jogador mais comentado era o "Tista", João Batista Dalapria, de saudosa memória. O campo se localizava onde hoje é a Prefeitura Municipal e antes funcionou a garagem da empresa. O goleiro deles era o Ascelides Parizoto, meu vizinho ali no Ouro, apelidado de "Bonitão", que gostava de ajeitar cuidadosamente seu cabelão. Ele, depois, foi morar em Palmas-PR, onde trabalhou na Facepal. 

       Mesmo com jogadores muito habilidosos, nós ganhamos deles por um a zero. A média de idade nossa era maior do que a deles, tínhamos mais força física e vontade de ganhar. Um fiz o gol. Joguei de centroavante, num ataque foi "Bonitão" se jogando para sua esquerda e eu chutando à sua direita, com bola na rede e muita comemoração.

       Três anos depois, fui morar em Porto União da Vitória, onde estudei na FAFI e trabalhei no Mallon, lecionando alguns meses, em 1976, no Cid Gonzaga e no Instituto de Idiomas Yázigy. Em 1977, convidado pela Vitória Leda Brancher Formighieri, que era diretora da escola local, e pelo esposo dela, Aníbal Bess Formighieri, que era Diretor Comercial da Zortéa Brancher, já casado, com 24 anos, fui morar nas Duas Pontes. Lecionando pela manhã e à noite, à tarde trabalhava no Departamento Financeiro da empresa, junto com o Eugênio De Barba, Leonildo Andrade, e os saudosos Hélio (Negão) Suzin, José Mário Holtez e Ilton Baretta. 

       No Departamento comercial, chefiados pelo Diretor Comercial Dr. Lourenço Antônio Brancher (que foi deputado estadual), o Dirceu Xexéu Suzin, o meu então aluno Artidor "Faísca" Andrade, meu colega professor Izaías José Bonatto e o chefe do setor, Ulisses "Tarugo" Gonçalves. O Tarugo era, também, vereador pela câmara do Município de Campos Novos, com mandato de 1976 a 1982. Jogava como titular no Grêmio esportivo Lírio, mas costumava enxertar os times do Agudo, Volta Grande, Barro Preto e outros, em jogos de finais de semana. A amizade que desenvolveu nas diversas comunidades, que pertenciam a Zortéa, lhe rendeu muitos votos, sendo eleito como o vereador mais jovem daquela legislatura em Campos Novos. 

       Nos três anos em que lá moramos, fizemos grande amizade com ele e todos os seus familiares. Jogamos junto incontáveis vezes. Mas a grande lembrança que tenho é a de quando jogamos futsal no GEMCRA - Grêmio Esportivo Major Cipriano Rodrigues Almeida, num campeonato local, em 1977, disputado na quadra com piso de cimento polido, ao lado do campo de futebol do Grêmio Esportivo Lírio. Eu tinha 24 anos e me achava velho. O time era muito bom: goleiro, Celso Suzin, o Bahiano, de saudosa memória. Leonildo Andrade, voluntarioso e bem preparado fisicamente;   Izaías Bonato, muito bom no trato com a bola; Tarugo, craque de bola e com chutes certeiros. Ainda o Nêne, irmão dele, o Ademar de Lima, meu aluno. Estávamos perdendo o jogo por um a zero e o jogo arbitrado pelo saudoso Sady Domingo Brancher, marido da Dona Holga, professora. Entrei quase no fim do jogo e participei de dois lances que nos deram a vitória: Primeiro: Lanaçam-me pela direita e, bem na linha de fundo, dei um passe para trás e achei os pés do Tarugo que soltou uma bomba indefensável para o goleiro adversário e empatamos o jogo. Segundo: O goleiro Celso lançou-me a bola, deixei que ela passasse em meio de minhas perna e, com a esquerda, desviei-a para o lado e ela foi parar nos pés do Tarugo: Bola na rede  de novo! Muita alegria e comemoração!

       Após o jogo, o Sady Brancher, que era treinador do time de futebol de campo do Lírio, chamou-me: "Riquetti, quero que venha treinar no futebol de campo. Você sabe jogar e, quando entrar em forma, vai ser muito útil. Dois anos depois, eu era titular da lateral direita, após um ano no aspirantes. Para quem tinha passado a vida estudando e trabalhando, apenas jogando bola no pouco tempo livre, era uma glória.

       Agora, recebo a notícia do falecimento de Ulisses Gonçalves. E a memória me traz de volta, como se fosse num filme, a lembrança dele. Sempre com um pacote de notas fiscais e faturas, descendo pela parte de trás do escritório, indo até o setor de Expedição e entregando-as ao Pedro "Camomila" Hilguert para que as cargas de compensado e sarrafeado fossem encaminhadas, nos caminhões dos freteiros, para diversas cidades dos estados brasileiros e os portos de Paranaguá e Itajaí. E lá se iam, o Nelson Zanetti, o Olivo Suzin, o João Batista Andrade, o Gelson Fabro, o João Andrade, o Anito Suzin, o Dango, o Batista da Silveira, o Almiro Melotto, o Miro Suzin, e outros, levando nossos produtos para o mundo! 

       Carinhosamente, quero homenagear, através do Ulisses, todos os amigos que fiz em Zortéa, tanto na escola, quanto na empresa, na capela Santa Catarina ou no Clube Lírio. A gente saiu de lá não foi por vontade própria. Mas as pessoas e os fatos estão numa caixinha especial em minha memória!

       Um afetuoso abraço nos familiares do Tarugo!

Euclides Riquetti

02-11-2021 (Dia de Finados) 


5 comentários:

  1. Muito, Muito obrigada, gratidão enorme pelas palavras de carinho e afeto por nossa família.Deus o abençoe!


    palavras de carinho, Professor Euclides Riquetti,aDeus o abençoe

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  2. Muito, Muito obrigada, gratidão enorme pelas palavras de carinho e afeto por nossa família.Deus o abençoe!Odila Gonçalves


    palavras de carinho, Professor Euclides Riquetti,aDeus o abençoe

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  3. Vera Alice Santos Gonçalves e Orildo Gonçalvesterça-feira, novembro 02, 2021

    Grande e reconhecido cidadão,Euclides Riquetti.Homem de memória realmente privilegiada.muito obrigado, meu amigo.Extremamente feliz com a narrativa. Mais feliz ainda pq os pontos positivos que marcaram a caminhada do Tarugo nesta terra,os quais enalteceu, não tem o mesmo reconhecimento que os possíveis negativos,comuns ao ser humano.Meu gd abraço, alma do bem.Att Canhoto

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  4. Obrigado de coração.. memória incrível.. agradeço a homenagem pois amigos de coração nunca são esquecido..ele lembrava sempre desses bons tempos também vividos por ele.. abraço carinhoso.. gratidão oliria.

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  5. Gratificante relembrar a pessoa que deixou marcas por onde percorreu.Foi uma vida intensa desde muito cedo.você com suas habilidades memoráveis trouxe à tona fatos por muitos esquecidos,outros desconhecidos ou até guardados na memoria de alguns.Obrigada pelo carinho e atenção!!Oliva

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