sábado, 6 de novembro de 2021

O estado calamitoso das rodovias estaduais e federais por onde se escoa nossa produção

 



Rodovia SC 150 - de Capinzal a Piratuba - liga uma cidade altamente progressista a uma

força do turismo do Sul do Brasil. Descaso já vem de alguns aniversários


       Sempre se ouve falar que, quem pode consertar uma cidade, um estado ou um país é a população, através do voto, seu direito inquestionável e insofismável. No Brasil, já experimentamos a direita, o centro, a esquerda e, agora, a extrema direita. Temos muitos problemas para resolver e, em cada eleição, a esperança do eleitor se renova. Mas, os anos vão passando, a gente vai envelhecendo, quem sabe até aprendendo, mas as boas práticas e soluções estão sempre longe.

       Tomemos, por exemplo, a questão das rodovias federais e estaduais. Certamente que, por serem as esferas de Poder que mais têm dinheiro na mão, deveriam ser as mais bem conservadas, os trechos que oferecem mais perigos em razão de curvas, aclives e declives, deveriam ter as proteções laterais ou guarda-corpos, os buracos que aparecem quando das chuvas deveriam ser imediatamente tapados, os lugares onde a água se acumula na pista, devidamente nivelados para evitar a aquaplanagem dos veículos, que ocasionam acidente com mortes. Ora, utilizo há 50 anos as BRs 282, 470 e 153.

       Utilizei a BR 153 centenas de vezes na ida para União da Vitória e Curitiba. A BR 282, para ir a São Miguel d ´Oeste e para o litoral catarinense, via Lages. A BR 470, para ir a Itapema e outras cidades do litoral e mesmo a Florianópolis. Quanta raiva, quanto incômodo, quanta revolta, quanta crítica, quanta reclamação, e nada! Sua duplicação iniciou-se em 2013 e somente em 2019 foram concluídos 8 Km desta, entre Gaspar e Ilhota.

       Um vez, na BR 282, voltando de São Miguel d ´Oeste, num único buraco na região de Vargeão, tive estourados 3 pneus de meu carro. Só não tombei porque tive muita sorte. Quando vou a Florianópolis, a partir de Lages, o trânsito é um tormento, pois ali circulam caminhões longos que transportam lenhas e madeiras destinadas à fabricação de celulose e outros fins. Pouquíssimos locais onde se possam realizar ultrapassagens sem correr altos riscos, pois os veículos, além de longos, são lentos. E há poucos trechos com terceira pista, onde estes possam rodar.

       Na BR 470, principalmente da BR 101 até Rio do Sul, é um Deus nos acuda. Muito movimento e com caminhões pesados e lentos que vão represando o trânsito. Mas a grande vergonha é ver que a obra de duplicação se arrasta há duas décadas. Há montes de pré-moldados de concreto depositado nas margens, dezenas de trechos iniciados e não acabados, muita polêmico sobre a questão de o estado de Santa Catarina ajudar o Governo Federal a realizar as obras e nada de resultado. Quando se passa uma vez, fica-se imaginando que na outra tenha havido algum avanço nas obras, e nada! Menos de 1 Km por ano! Foi-se Dilma, o Temer, está ali o Bolsonaro com três quartos do se mandato de indo, e nada!

       No  estado de Santa Catarina, na nossa região, Raimundo Colombo fez bom trabalho de Luzerna a Caçador, na SC 135. Fez grande parte da SC 467, entre Ouro e Jaborá, que o governador Carlos Moisés concluiu e inaugurou. Fez o contorno viário de Ouro e Capinzal.  Mas a rodovia estadual entre Capinzal e Piratuba, a SC 150, continua sendo uma estrada calamitosa. Buracos e mais buracos, retardo na contratação de projeto para execução da “revitalização”  e  nada de acontecer! Muita conversa e pouco resultado!

      Ora, não nos iludamos com políticos nossos preferidos. Vejamos a realidade de nossa infra-estrutura e do descaso com o setor produtivo. As cargas que saem do Oeste e Meio-Oeste Catarinense, com destino aos portos de Itajaí e Paranaguá, e a todos os estados brasileiros, resultam em grande arrecadação de tributos. Somos uma região de gente que trabalha, paga impostos, e não temos a contrapartida, nem do Governo Federal, nem do Estadual. Apenas verbas muitas vezes insignificantes, na maioria das vezes de emendas parlamentares, que servem para a promoção política de alguns parlamentares.

       Quando encontro pessoas das cidades situadas ao longo dos trechos abandonados pelo Poder Público, a conclusão que temos é a de que, quase que semanalmente, políticos de todas as naipes passam pelos trechos calamitosos, mas não conseguem ter força ou empenho para cobrar a solução dos problemas.

A redenção do turismo -  O feriadão de finados ajudou os hotéis, restaurantes e comércio das cidades praianas catarinenses. No dia 2, terça-feira, praias cheias, muita gente se divertindo e consumindo. Foi o setor de nossa economia que mais sofreu desde março de 2020. Mesmo com a gasolina cara, os carros entopetaram as rodovias.

Euclides Riquetti – Escritor 

Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC

em 05-11-2021

 

     

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!