quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Volta do Esquadrão da Vida - (primeira parte)

          O Esquadrão da Vida voltou! Que alegria! Sentimos isso num pequeno encontro que ralizamos na última sexta-feira, 08, em União da Vitória. Fomos celebrar  nossa amizade, nossa história, nossa vida. Encontramo-nos na Lanchonete Rika, numa esquina da Avenida Manoel Ribas com a Rio Branco, no centro da cidade, às 18,30. Dos seis que convidamos, apareceram  cinco e eu: Boles Myzka, Osvaldo Bet, o  Leoclides Fraron, Celso "Breca" Lazarini, João Luiz "Milbe" Agustini e Eu(clides) "Alegria" Riquetti. Apenas o Carlinhos (Fedelho, segundo o Cabo Maciel à época), irmão do Milbe,  não veio. Acho que pensou que depois eu iria escrever alguma coisa dele no blog. O que posso dizer que ele é um bem sucedido empresário naquela cidade. Parabéns, amigão!

           Não sei porque o Osvaldo e o Fraron não tinham apelido, foram a exceção. O Aderbal Tortato, que casou-se com a "Moça da Fotográfica", era o "Pala Dura - Impencável", pela elegância com que se vestia.

          Foram cinco horas de lembranças seguidas de gargalhadas. Rimos de nossas alegrias e de nossos infortúnios. Fazer parte da República Esquadrão da Vida foi  o máximo para mim, quando entrei para a FAFI. Nossa turma era da pesada. Lembrava Leo Fra do dia em que passou numa viatura do Exército e gritou-me: "Riquetti, Rua Professora  Amazília, 408. Passe lá amanhã no fim da tarde!" E, em menos de 48 horas eu já era "do esquadrão".

          Lembro que ficamos em dez, a casa tinha cinco quartos. Uma cozinheira, Dona Lídia, fazia uma comida de que até hoje temos saudades. Era feijão, arroz, um bifinho cada um, uma salada e,  com sorte um ovo frito! E como era bom isso...

          Um dos primeiros assuntos vindo à tona foi  trazido pelo Osvaldo. Lembrava de que quando fechava o mês o Fraron chegava no almoço do primeiro sábado do mês com um caderninho embaixo do braço e dizia: "Fechei os cálculos!" Vinha com aquela cara calma de milico (era Cabo do Exército) e ia dizendo: "Não deu muito!"  Silêncio na sala, todo mundo aguardando: "Cento  trinta e seis cruzeiros!"  Noooossa, que susto! O salário mínimo era de CR$ 250,00 e isso representava mais de metade, era muito. Então, absorvido o impacto, ele tecia: "Olha, foi trocado um vidro da sala, a luz está cara... e vocês como muito!"   Daí a gente começava a pensar e concluía que, qualquer pensãozinha da cidade custava muito mais e não tínhamos todas aquelas regalias. !

          Intiquei com um que era bem cotado com a filha da cozinheira, que era bonita. Lembramos   que a mãe do Neomar Roman, Dona Elide Roman,  tia do Odacir Guiaretta, nosso colega, deixava a janela da sala aberta para que pudéssemos assistir às vitórias do Emersom Fittipaldi na F1, pois não tínhamos TV. De que um de nós tinha que sentar num botijão de gás por falta de cadeiras. E da vez que fomos ao Cine Ópera todos de blusa vermelha, que era nossa marca,  e me orientaram a peitar dois caras que estariam falando de meu cabelo. Era pra chamar pra os caras pra briga que eles me ajudariam. Peitei-os e eles ficaram com medo e fugiram. Alguns anos depois o Odacir Contini me visitou e contou que eles iam deixar que eu apanhasse, que seria meu "batismo". Já pensou se  os caras me tivessem escorado? Eu ia correr, naturalmente, pois não era de briga! O que que uma turma não faz!...

          Depois o Boles começou a contar sobre o tempo em que trabalhava no Hotel Luz, de quando comprou um táxi (Corcel I,  4 portas), de quando virou hoteleiro do Rio Hotel, até se tornar transportador. O João Luiz, que virou dono do escritório "Milbe", contava de uma briga que houve entre o Contini e o Ernani por causa de um negocio mal feito entre eles quando e primeiro comprou deste um fusca azul.  Deu um monte de tralhas e um pouco de dinheiro e o Ernani se arrependeu. Então brigaram sozinhos em casa. Quando os outros chegaram extavam exaustos.

        E eu lembrei que em 1973 o Celso "Breca" Lazarini tinha um fusca verdinho claro, ano 69. Num domingo pela manhã combinamos que nós daríamos o dinheiro da vaquinha e o Breca iria buscar o vinho pro almoço. Entrou no carro e ele não virava a chave. Pegou a Tribuna do Paraná que estava no acento do carona e começou a ler. Olhava para fora e via que nós estávamos rindo. Olhava para o vizinho, funcionário da Copel e ele ria. Começou a pensar que estavam rindo porque não conseguia fazer o carro pegar. Depois começou a se perguntar como que o jornal estava ali antes das 10 horas se costumava chegar à  cidade depois das 11. E ficou preocupado. Até que nós lhe gritamos que o carro dele ele ainda nem havia tirado da garagem. Entrara no carro do vizinho, que viera de Curitiba pela manhã e trouxera o jornal, por isso a chave não virava.  Que vergonha! Hoje ele tiraria isso de letra, mas naquele tempo a gozação durava dias.

          O Osvaldo falava das conquistas dele no Judô, quando chegou à  faixa preta. o Lazarini só escutava... O Osvaldo lembrou da sacanagem que fez com o Ernani, trocando os pés da cama turca por pedaços de cabo de vassoura que ele serrou e colocou nos lugar dos pés. o Ernani costumava tomar banho e se jogar na cama sem se enxugar. Quando ele se jogou, a cama foi ao chão e foi um escândalo no prédio do Zípperer.

         O Boles só escutava...

        Lembramos que o Funilha (vamos preservar o nome dele  que agora já deve ser um Senhor respeitável e deve ter tomado jeito) quando tomava banho,  não costumava enxugar-se e vestia as meias vermelhas ou amarelas, cor da moda da época, com os pés molhados e as meias de uma semana de uso sem lavar. E isso dava um baita chulé. Coitado do seu colega de quarto.

         Também lembramos do Dionízio Ganzala que fez 13 pontos num bolão da Loteria Esportiva. Chegou em casa e mandou a filha da cozinheira escolher uma bicicleta nova na Willy Reich que ele ia pagar. Depois pediu para o Boles mudar de quarto que ele não iria mais dormir com pobre! E, quando veio o resultado, foram tantos os ganhadores que ainda teve que tirar um pouco de seu soldo de Cabo do Exército pra pagar a bicicleta.

          Lembramos do Samonek, que sabia tudo de Latim, que falava pouco mas  escutava muito. Foi embora pro Norte e é meu amigo do facebook. Do Godoy, que fez carreira Militar e que um dia um menino que vinha lá na república foi servir e achou que ia ter moleza, mas  levou uma invertida porque o Godoy era rígido no 5º BE, verdadeira linha dura. E não deu moleza pro amigo. E, enquanto isso, o Fraron contava piadas. Não me davam chnces de falar...

           Depois, o Boles nos contou sobre um infarto que teve, três dias de UTI, intervenção nas coronárias e agora já está tomando sua cervejinha. E, com muita alegria, presenteou-me com um CD de seu filho "Paco Gaitista" e um livro do outro filho, Marcus Vinícius Myzka, o Vlad MySZka,  "Tipologia dos Desavisados", revisado pela minha professora Fahena Porto Horbatiuk, que recomendo . É um jovem ecritor de quem ainda muito ouviremos falar. E o Osvaldo me executou duas dezenas de músicas com sua gaitinha de boca: começou com Imagine e terminou adivinhe com o quê?

Don´t cry for me, Argentina! Quanta emoção, quanta alegria, quanta felicidade!

Euclides Riquetti
130-3-2013








  

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