sábado, 5 de setembro de 2015

Sábado de Sol

É antiga, mas vale a pena ler...
          Cedinho, o sol apareceu timidamente neste sábado. Fomos  para a "despedida" na pista do Comercial. Temporária nossa depedida, mas não deixa de ser uma sensível despedidinha...  Deixar de ir a um lugar que prezamos muito, mesmo que por poucos dias, pouco mais de uma semana,  nos remete a uma pontinha antecipada de saudade. Sentem-se saudades das pessoas, dos lugares. Saudade é uma palavra tão significativa da nossa língua que, dizia-me o saudoso professor Geraldo Feltrin, em minha efervecente juventude, não há  uma similar em qualquer língua que se fale no mundo. Não no Inglês, não no Francês, não no Espanhol,  nem no Flamingo: apenas em Português ela tem um efeito tão profundo nas pessoas. Vou sentir saudades de ti, sim!

          Manhã de céu azul, balõezinhos de algodão flutuando suavemente no céu, canários ameigando o canto nos galhos em meio às folhas balançantes, rolinhas ciscando por debaixo de árvores exóticas, pessoas buscando estar em forma para o carnaval, caminhando, correndo, rindo,  sorrindo: todos querendo ser e parecer melhor no corpo, na alma, na própria individualidade. A pista é de todos. De todos os que querem, de alguma forma, buscar os louros das vitórias. Vencer, cada um à sua maneira, ter êxito, superar-se. A garota tentando ser mais bonita, mais "escultural"; o jovem buscar o vigor físico; o maduro tentando mostrar agilidade e resistência; o "bem experiente"  pensando em alongar sua longevidade, num pleonasmo que, pessoalmente, eu também busco sem cessar. Eu também...

          Ah, mas um sábado de sol pode ser bem melhor do que isso. Bem melhor, se analisarmos o cenário que nos rodeia, se soubermos entendê-lo, se soubermos compreendê-lo, ver como as pessoas podem ser felizes, e que as limitações que temos, somos nós mesmos que nô-las impomos.

          Aline, braços finos, elegantes e medilíneos, acionando agilmente a cadeira de rodas, estimulada pelo namorado treinador. Igualmente Daluan, empregando a força de seus braços para superar a marca de seu tempo. Regina, com dificuldade para articular seu próprio nome e limitações nos braços, acionando os dardos. Nádia e seu companheiro, arremessando pesos, juntamente com a Gisele, que gosta de ser chamada de Gise. Todos animados, de vontade de superação ilimitada, cada um fazendo o que seu corpo permite. Que bonito isso! Pessoas felizes, contando piadas (algumas nem dá pra escrever aqui), rindo muito, fazendo gracejos de si mesmos, falando sobre sexo, namoro, casamento.  E pensar que há muitos que se acham perfeitos e que vivem lamentando-se por não terem isso ou aquilo, por não poderem aquilo ou isso.

          Vou contar apenas a que a Gise, cadeirante, pernas amputadas,  contou-nos: "Li na internet que  um amputado quer se candidatar nas eleições e seu slogan de campanha é: Vote em mim que eu não vou passar a perna em você!!!!". "Olhe, se eu for candidata, não vou passar a perna em ninguém, porque não tenho..." E ria, feliz, porque nosotros ríamos de sua piada. Que gente feliz! Quanto espírito proativo, quanta vontade de viver.

          Tudo isso fez com que minha despedida de lá (temporária), fosse bem mais amena!

Abraços a todos!

Euclides Riquetti
11-02-2012

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