quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Amílcar e as multas da Nena

          Fazia um tempão que eu não falava ao fone com o amigão Amílcar, meu "chapa" do início a década de 1970,  em Porto União da Vitória. Mas hoje, cedo, liguei pra ele. Lembramos dos bailes no Apollo e das tardes dançantes do 25. Havia uma coisa com que não combinávamos: era quanto aos cinemas. Enquanto eu gostava de ir ao Cine Ópera para ver grandes filmes, ele ia ao Cine Luz para ver filmes de bang.bang. No futebol, ambos éramos iguaçuanos. Íamos, aos domingos, torcer pelo "ouro-anil' no estádio do Ferroviário. O Roque Manfredini, goleiro, meu conterrâneo, capinzalense, era nosso ídolo. Amigão o "Rocão", uma pena que nos deixou tão jovem!

          Mas, voltando ao principal da conversa, estava o mesmo a falar que sua Nena andou levando uma multas no trânsito, que é descuidada, estaciona em local não permitido, é teimosa. Dizia que, uma hora dessas, vão tirar a carteira e habilitação dela e que que ver como ela vai se virar para levar a netinha  pra escola quando está em General Carneiro. Mas, o que o tinha deixado indignado, esta manhã, foi uma zoação da Nena:

         "Óia, Riquetto, de manham bem cedo saímo pra caminhá e nóis zá tinha  andado quasi que una hora, bem açulerado, quando, de repente, ela passô a andá  bem devagá. Eo  já táva uns 5 metro dafrente e oiei pratrais  e reclamei dela por andare devagá, queria sabê o que tava acunteceno. Ela apontô, com o seu dedo pra o sinalero : Óia , se eu continuá andano desse zeito, vô levá mais uma multa!

          Pois quase que deu "Maria da Penha"!  "Imazine se andá diapé dá multa!"E foram, os dois, emburrados, até chegarem em casa. Para se acalmar, o Amílcar pegou um serrotão e decepou umas lenhas, até que seu braço direito doeu. Aí já estava "de boa" com a Nena e ela deu mais uma zoada: "Se fosse pra namorar, não doía, mas como é pra trabalhar, dói. Quem não te conhece, te compra!"

          Conversamos sobre amenidades, lembramos do tempo em que tomávamos frapê e comíamos torta de requeijão com nata na Leiteria Sete de Setembro, ali perto do Bradesco, em Porto União, e comíamos no bandejão do tangaraense Bolívar. Era aquele feijão com arroz, ovo frito, batatas fritas, um bifão de carne bovina, uma salada... E, com o a fome era grande, era o melhor prato do mundo. Comida boa, que nos dá boas lembranças e até saudades!

          Gosto  muito do Amílcar! Com seu jeitão simples, um amigo fiel e verdadeiro, amigo para todas as horas. O valor de uma a amizade é maior do que a importância de se falar e escrever com sofisticação. Vale a alegria de reencontrar um amigo, mesmo que por telefone.

Euclides Riquetti
29-10-2015

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