terça-feira, 12 de julho de 2016

Gente que fez: Universidade do Vale do Iguaçu - União da Vitória - PR


                                   Avenida Manoel Ribas, União da Vitória - PR - foto da época
          No início da década de 1970, quando ingressei da FAFI, em União da Vitória, iniciava-se, na cidade, uma forte campanha para que a cidade pudesse se desenvolver. Até então, vivia-se em função da industrialização da madeira com fornecimento para o mercado interno e para exportação. Havia madeireiras poderosas na cidade. Serragem e beneficiamento de pinheiro araucária,   imbuias e outras madeiras nativas garantiam a economia.

           Na época, pelo menos dois fatores deram um "baque" na economia local: Com a guerra de Israel e os Países Árabes, em outubro de 1973, houve alta nos preços dos combustíveis, em especial a gasolina. Não se conhecia ainda o etanol e havia muitos caminhos acionados a gasolina, elevando os custos de produção. O óleo diesel era mais barato e a solução foi os proprietários irem comprando motores a diesel e adaptando-os aos caminhões Ford  e Chevrolet. Em  seguida, veio uma "proibição" da exportação de madeiras e a economia de Porto União da Vitória foi muito abalada. Lembro-me do desespero de empresários com menos poder de fogo e dos operários com medo de perderem o emprego e dos caminhoneiros perderem seus fretes.

          Talvez antevendo isso tudo, algumas pessoas influentes na cidade começaram a planejar a implantação de uma instituição de ensino superior forte, que viesse a alavancar o desenvolvimento de Porto União da Vitória: a criação da Universidade do Vale do Iguaçu, cujo embrião foi a FACE - Faculdade de Administração e Ciências Econômicas, com o empenho de pessoas dedicadas como José Nelson Dissenha, Moacir de Melo, Hélio Bueno de Camargo, o Professor Raul Bortolini, Odilon Muncinelli, Sérgio Ângelo Francisco Mattioli e alguns colaboradores.

         Lembro de uma reunião havida, possivelmente no Clube Apollo,  em que a ideia da nova Universidade nos foi trazida. A FAFI disponibilizava, então, Letras, Pedagogia, História e Geografia, que se transformou em Geociências. Na memorável reunião, o Dr. Mattioli, Juiz de Direito, falou da importância de termos a Universidade do vale do Iguaçu e de que precisávamos unir nossa força moral e intelectual, com apoio do empresariado e da classe política, para que isso acontecesse. Naquela noite, uma pequena mensagem nos era passada, impressa num pedacinho de papel: "Universidade do vale do Iguaçu - Não somos tão ricos que nada possamos receber, nem tão pobres que nada possamos dar" - guardo isso muito bem em minha memória...

         Os anos passaram, a maioria dos cursos sonhados na época já estão funcionando na UNIUV, a cidade sobreviveu a algumas enchentes, tem um comércio  e a prestação de serviços bastante diversificada, uma "capacidade intelectual instalada" forte e sempre em ascensão.

          As cidades não podem deixar de reconhecer a importância que as pessoas que mencionei acima, e muitas outras, tiveram para seu desenvolvimento e sua sustentabilidade. Parabéns a essas pessoas por terem plantado as primeiras sementes, lá atrás.

Euclides Riquetti
18-07-2015

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