Na semana anterior, como vem acontecendo
muito frequentemente, de uma hora para outra a Petrobrás anunciou um novo
aumento nos preços dos combustíveis. É o quarto aumento do ano, com acumulado
de 34%. Justifica, sempre, que é para acompanhar o preço do petróleo no mercado
internacional, que está com cerca de US$ 63.00 ao barril. Mas lembro que o
petróleo já esteve com seu valor em carda de US$ 100.00. Os aumentos constantes
nos mostram que a estatal está sempre muito preocupada em agradar os seus
acionistas e o “mercado”. Tudo girando em torno na politica neoliberal do
Governo.
A população chiou geral! Começou-se a
reclamar em todos os setores da economia. Lembro que, em toda a minha vida,
desde a adolescência, as pessoas de minha convivência falavam: “Aumento da
gasolina! Atrás dele vem o aumento de tudo, menos do salário!” Os combustíveis
representam um percentual de bem mais de 30 por cento nas despesas de um
vendedor externo, por exemplo.
Mesmo prometendo não intervir na
política de preços da Petrobrás, já na sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro
mostrou seu descontentamento com a situação e anunciou mudanças na empresa,
indicando um novo presidente para substituir o atual, antecipando sua saída,
solicitando ou não a sua demissão. E anunciou o General Joaquim Silva e Luna
para o cargo.
Joaquim Silva e Luna deixa a presidência
da Itaipu Binacional, onde tem realizado um importante trabalho de modernização
administrativa, com cortes nas despesas gerais. Inclusive, concentrou os
funcionários à morada em Foz do Iguaçu, extinguindo também os escritórios de
Curitiba e Brasília. A redução dos dispêndios e a otimização do potencial humano
foram relevantes para bons resultados na estatal. Numa das primeiras
manifestações, Luna disse: “São
três aspectos na situação atual que precisam ser levados em conta: a
valorização do petróleo e do dólar, o interesse do investidor, que está de olho
no preço das ações, e também o interesse do país e do brasileiro que precisa se
locomover e abastecer seu veículo”, afirmou Silva e Luna. "É preciso olhar
o investidor, mas também o brasileiro".
Em 1981, quando eu trabalhei como
secretário de administração do Prefeito Ivo Luiz Bazzo, em Ouro, uma vez,
diante de muitos desencontros de opinião de políticos na Câmara e no Senado,
ordenou-me: “Riquetti, faça um ofício para o Presidente dizendo que, primeiro é
preciso salvar os brasileiros, depois o Brasil”. Concordei e continuo
concordando com ele. Há muito tempo se tentam fórmulas para livrar o Brasil de
problemas, tomam-se remédios amargos e o efeito logo se auto suspende, pois não
acontecem os efeitos desejados e se deixa a população mais vulnerável e
emproblemada.
Independentemente do que o mercado pensa
e de como ele age, nós precisamos nos livrar da dependência externa o mais
rápidos possível. Buscar a produção de todas as formas alternativas de energia,
promover a sinergia de todas as forças nesse sentido, desenvolver programas que
foram sendo preteridos para podermos tornar-nos independentes e em padrões de
sustentabilidade. A produção de álcool a partir de vegetais, a energia eólica e
a solar, as hidrelétricas, extração de gases do lixo urbano e dos dejetos de
animais, os carros e caminhões elétricos ou híbridos, a reativação e a
construção de ferrovias, mesmo o transporte por embarcações onde é possível, e
outras muitas soluções que os pesquisadores têm e que não são valorizadas e nem
sequer conseguem a atenção precisam ser colocadas na pauta.
Enquanto isso, A "grande imprensa nacional"
mostrou-nos, mais uma vez, o quanto ela atua em favor do mais rico.
Registrou, efusivamente, a perda do valor das ações da Petrobras, que dizem que
perdeu 100 bilhões em seu valor na segunda-feira. O nhenhenhém é sempre o
mesmo. A choradeira a mesma. E nós, que vamos lá no posto de gasolina e pagamos
mais de um real mais caro por litro? Em outras cidades, pagam ainda mais!
A queda do valor
das suas ações aconteceu por causa de manifestação do Presidente da República
reclamando dos sucessivos aumentos da Refinadora no valor do diesel e da
gasolina. E a notícia de que vai trocar de presidente da estatal. Não
morro de amor pelo presidente, mas nessa concordo com ele. Vão perder o quê? De
continuar cada vez ficando mais ricos? Um grupelho de especuladores que ganha
em cima da desgraça dos outros? E nosso pré-sal, não iria nos dar autossuficiência
na produção para a necessidade de consumo no País? Aconteceu o quê? Salvem
primeiro os brasileiros...
Euclides Riquetti - Publicado no Jornal Codadela - Joaçaba - SC
Em 26-02-2021
Richetti, com esse time que aí está, que vende nossas refinarias por menos da metade do preço de mercado, não levando em conta seu valor estratégico fica muito difícil falar em nos livrarmos da dependência externa, especialmente do petróleo.
ResponderExcluirO golpe de 2016, orquestrado desde Washington, em sintonia fina com STF, "República de Curitiba" (Lava Jato), Forças Armadas, Câmara e Senado, elite endinheirada, meios de comunicação... tinha a finalidade de tomar a Petrobras e o petróleo do Brasil. E tomou, com pré-sal e tudo.
Destruíram a Petrobras e nossas principais empresas, acabaram com nossa indústria e transformaram esse país num grande fornecedor de commodities. Agora exportamos matérias primas e importamos produtos industrializados.
A campanha da Globo - "Agro é tech, agro é pop, agro é tudo" é tudo o que o Brasil virou. Não se lê/vê nada sobre a indústria que foi reduzida a pó.
Para fazer isso não precisou dar nenhum tiro, não houve nenhuma invasão do território brasileiro. aqui as próprias Forças Armadas brasileiras, especialmente o Exército, atuam como força de ocupação que coordena o ataque e reparte o butim de guerra.
Então, posso acreditar nesse general que ora preside a Petrobras? Fala tudo aquilo que o povo quer ouvir e faz tudo aquilo que o mercado exige. Não esqueçamos que esse cidadão disse também: não há nenhum exagero nos preços do diesel, gasolina e gás e a política de preços deve continuar.
A tua afirmativa, de que o dito general fez excelente trabalho na Itaipu Binacional, cortando gastos com redução de pessoal, principalmente, me lembrou os anos noventa de FHC quando isso era moda. Na estatal em que trabalhei por mais de trinta anos tive que ouvir muitas vezes essa cantilena.
Não é esse tipo de economia que vai resolver o problema, isso é mais um kaizen. O que realmente resolve é nos nos livrarmos desse infame regime neoliberal que tudo destrói.