domingo, 15 de janeiro de 2023

Dona Itamira se despede...

 



       Dona Itamira Masson se despede dos amigos e vai morar no céu. Partiu na noite chuvosa de sábado, depois de uma enfermidade atroz. Ficou algumas semanas internadas no HUST, aqui em Joaçaba, na UTI. O caso era grave, por isso foi transferida do Nossa Senhora das Dores, de Capinzal, para o Santa Terezinha. DSua alma vai juntar-se às de seus filhos no céu!

       Conheço Dona Itamira (Viganó) Masson, uma senhora muito querida e delicada, casada com o vizinho Arlindo Masson, desde meus tempos de juventude. Morava em seu casarão situado na Rua Presidente Kennedy, bem no centro da cidade de Ouro. Religiosa, até ativista das causas da Igreja Católica ela foi. Tinha um sonho que nunca pode ser realizado: Que a área central da cidade de Ouro tivesse sua própria capela. 

      Ela e o Arlindo tiveram três filhos: Renato, Ironete e Roseli, a Rose. Perdeu todos eles. Os primeiros, quando ainda eram crianças. vitimados por doenças fatais. A Rose, na plenitude de sua juventude e beleza. Morava em Florianópolis, na Jurerê, onde conversamos com ela pela  última vez na praia. Estava ali andando, muito bronzeada pelo sol,o que contrastava com o seus olhos azuis e o cabelo loiro, liso e longo. Herdara as características dos Viganó e dos Masson. Foi minha aluna na Escola Sílvio Santos e depois minha  colaboradora quando fui Prefeito em Ouro. Nas vezes em que eu visitava Dona Itamira e seu Arlindo,ela orgulhosamente me mostrava o álbum com as belas fotos da Rose. Perderam os três filhos, precocemente. Rezava, ia à Igreja em Capinzal, participava muito de tudo, era fiel devota de Nossa Senhora dos Navegantes.

       No final da década de 1980 ela começou a liderar um movimento para que a área  central de nossa cidade tivesse sua própria Igreja ou Capela. Quem sabe uma paróquia, até. Fizemos reuniões com os padres da paróquia, de Capinzal, que argumentavam que nossa Igreja era a Matriz São Paulo Apóstolo, de Capinzal, pois as cidades eram conectadas, conurbadas, e foram os moradores do antigo Distrito de Abelardo Luz-Ouro os principais financiadores e trabalhadores em sua construção. É uma Igreja imponente, majestosa, parecida com a Basílica de Roma. Mas o sonho de Itamira não conseguia ser realizado. Propôs que se construísse ali onde há um casarão antigo, ao lado do Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, que fora construído pela família de Marcos Penso. Veio o Superior Provincial de Curitiba, disse que estudaria o caso, mas não autorizou. Fomos então nos encontrarmos com o Bispo Dom Henrique Muller. Ele não autorizou, disse que a decisão tinha que ser dos freis da Paróquia. E nos disse que com ele não tinha essa história de democracia, que nós não tínhamos direito a nada e que isso era assim mesmo.

       Continuamos insistindo em nosso Projeto. Criamos a Associação dos Amigos de Nossa Senhora dos Navegantes. Os saudosos Pedro Casemiro Zaleski, Ivo Ludovico Maesti e Olivo Zanini,  eram nossos companheiros entusiastas. Celita Colombo, Rogério Baretta e Nolberto Zulian também eram apoiadores e cuidavam da parte financeira e burocrática. Juntos, formamos um time forte e tínhamos grande apoio da comunidade. Fizemos uma rifa e adquirimos um terreno, junto à família Matté, que está localizado ali na Rua Formosa, logo após a Câmara Municipal e o casarão colonial dos Matté, que foi construída pelo cartorário David Cruz e depois propriedade de Biaggio Spada. 

       As lideranças foram partindo, nossa idade foi avançando, os bairros passaram a ter suas próprias capelas e o centro ficou sem. Não temos mais entusiastas cheios de energia e nem sabemos o que os padres pensam sobre isso.

       A Itamira sempre foi uma pessoa muito solidária. Nas horas difíceis das famílias esteve sempre presente, levando seu afeto, seu abraço, seu carinho e suas orações. Não há como não deixar de registrar a importância dela para com nosso município, as suas opiniões, as suas ações e postura firme nas decisões que tomava. Foi costureira para a maioria das famílias de sua vizinhança, uma pessoa afável, caridosa e humilde. Deixa-nos ótimas lembranças e saudades em todos os que a conheceram. Restam os irmãos, sobrinhos, cunhadas e amigos, que cuidaram dela e agora precisam apoiar o seu Arlindo. 

      Vai ser sepultada no Jazigo da família, ali atrás dos túmulos de meus pais e meu irmão Ironi, no Cemitério Municipal, na Vila São José, em Ouro. 

Descanse em Paz, leve nosso carinho e tenha nossas orações.

Afetuosamente,


Euclides Riquetti e Família

  

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