sábado, 11 de fevereiro de 2017

Décima Primeira Crônica do Antigamente

      

 Acima, o Colégio Mater Dolorum;  abaixo, a Igreja Matriz São Paulo Apóstolo - ambos de Capinzal - SC


          Ser antigo é uma arte. Digamos que seria a capacidade mais madura de entender o mundo ou, como dizia a professora-tia-pedagoga, "ler melhor o mundo".

         Na Educação tantas e tantas vezes encontramos modismos. Defendemos ideofilosofias, repetimos palavras que alguém  nos colocou na boca. Há as ondas, mas também há muito engajamento, muitas ideias novas, bandeiras novas, gente tornando-se cada vez mais competente ( e dominando competências), competindo, compelindo. Fiquei antigo na Educação, trabalhei mais de 30 anos em sala de aula, não parei nem quando exerci um mandato eletivo. E, nesses anos, muitas amizades, que nos deixam com muitas saudades...

          Mas o propósito de meus escritos me remete aos tempos de minha infância, lá do Mater Dolorum, do "Colégio Velho", de madeira, no alto do morro, em Capinzal. Depois veio o prédio suntuoso, em alvenaria. Por um capricho de um gestor político os prédios públicos da esfera estadual passaram a ser vermelhos e verdes, cores fortes, cuja tinta vai desbotar rapidamente, pois é isso que acontece com cores escuras expostas ao sol. A Educação deveria trabalhar com cores claras, que acalmam, que denotam suavidade, harmonia, entendimento, cumplicidade entre os entes. Acho as cores fortes agressivas, pois agridem os olhos do mais simples mortal, mas, sobretudo, agridem a alma deste humilde cronipoeta...

          E como são boas as lembranças de nosso "Colégio", da mesa de pingue-pongue, onde a Vênus Siviero fazia sucesso e até a Dona Shirley, educada e delicada, ia bem com a raquete, o Milvo jogava com os dedos serrados na circular do Fávero, e o Dilvo Tonini (que veio do Paraná), esbanjava charminho junto às garotas, e nós, outros, morríamos de inveja! Inticar com a Marlene Totti, brigar com os seminaristas, olhar a caçamba amarela das irmãs carregando terra,  comprar doces no botequinho, sujar os dedos de tinta com aquelas canetas porqueiras compradas na loja do Turco, ganhar bergamotas e, sobretudo, dar risadas. Sim, rir, muito, rir da vida, de nossos êxitos, de nossos infortúnios, mas rir sempre, naqueles tempos que nem se sabia que a tal depressão pudesse existir. Lembrar de meus bem verdes 8, 10, 12 anos,  me dá muita, muita saudade... Lembrar os jogos de "caçador" na quadra de terra, ou no subsolo do prédio novo, olhar os peixinhos na gruta, levar bilhetinhos para a família receber e devolver assinado quando fazíamos bagunça.

          Sim, família, naquele tempo, contava muito. As pessoas respeitavam, viviam de maneira simples, as famílias se visitavam, se ajudavam. Hoje, parece que isso está desaparecendo. E, enquanto isso, o tempo passa, como está passando o tempo da novela Vida da Gente, bem agora que a Marjorie Estiano foi escolhida, como Manu, tia da Julinha, para doar-lhe um pedaço de seu fígado, para salvá-la do risco de morte que se torna iminente, em razão de uma hepatíte aguda. É, se fosse naquele tempo, não haveria esperanças. E, ser antigo, nos possibilita ver o passado, e admirar quantas maravilhas a tecnologia pode nos oferecer. Perde-se de uma maneira, mas ganha-se de outra... Que bom!!!

Euclides Riquetti
28-02-2012

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