domingo, 28 de março de 2021

Quando a questão é a sobrevivência

 



       Vocês, leitores, já observaram a alegria de quem toma a vacina contra a Covid 19? Viram quanto brilho nos olhos e até o reconhecimento aos vacinadores, com entrega de flores a eles? Ah, estou esperando também que chegue a minha vez. Pode ser de qualquer marca, não tenho preferência, não me importa se é do Dória, do Bolsonaro, dos russos. Acompanho a espera de amigos e vizinhos, parabenizo-os, ligo para os amigos felicitando-os. Agora, continuar cuidando-se, fazendo sempre o melhor para si e para os outros.

       Considero inócuas  a discussão e as polêmicas sobre lock down. Aliás, drive through, que fizeram corruptela com a expressão, agora é “drive thru”! E continuam usando expressões em inglês, que, pela conveniência mental e linguística, vão-se incorporando ao nosso deturpado glossário! Enquanto isso, manifesto meus aplausos ao prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, que aceitou decretar lock down para os funcionários da Prefeitura, desde que aceitassem, através de termo escrito, a não remuneração dos dias parados. É sabido por todos que é muito conveniente falar em “fechar tudo” por quem tem o seu salário garantido, sem sair de casa. Mas há milhões de pessoas que não têm como suprir suas despesas se não forem trabalhar. Infelizmente, há o risco, e não queremos que as pessoas sejam contaminadas ou contagiadas pelo vírus letal. Então, é ter todos os cuidados possíveis, obedecer a todas as orientações dos técnicos da saúde, e evitar ao máximo o contato com pessoas. A questão é a sobrevivência.

       Mas as polêmicas e as divergências de opinião sobre a Covid 19 e seus tratamentos continuam a ocupar os principais espaços dos canais de comunicação. Entendo que a comunicação imparcial e verdadeiramente de utilidade pública deveria pautar a maneira de quem de dever para que a população fique mais segura. Passar à população, de forma bem didática, bem transparente, informações sobre as estatísticas das infecções, óbitos, número de infectados e dos casos ativos, é fundamental. Em nossas cidades, a divulgação diária mesmo nos finais de semana, do número de casos ativos, possibilitaria que fossem estabelecidas metas de redução dos casos, consequentemente dos níveis de transmissão. E, também para que a população e a imprensa façam a honesta e necessária cobrança e pressão para as autoridades responsáveis.

       A interpretação de decretos com mensagens dúbias, ambíguas,  que exigem do cidadão uma intensa ginástica semântica, mesmo dos fiscais que devem agir para que todos tenham comportamento adequado, inclusive usando máscaras e evitando aglomerações, até gera polêmicas e dificuldade de trabalho, tanto para a Polícia quanto para os Fiscais Sanitários. A comunicação precisa ser clara e impressiva! As conjecturas precisam dar lugar às assertivas.

       Há decisões inaceitáveis, como por exemplo por ocasião do aniversário de Florianópolis, na terça, 23, em que, sendo feriado na Capital, não houve vacinação. Aqui mesmo na microrregião da AMMOC há significativa diferença no calendário de uma cidade para outra. Enquanto que cidades menores fazem vacinação em dois períodos do dia, em outras fazem apenas em um. Ora, não seria de bom alvitre, aplicarem-se, o quanto antes, as doses recebidas? Um ou dois dias de adiantamento podem ajudar a salvar uma vida! Há grande reclamação em Joaçaba com a maneira como o enfrentamento à pandemia vem sendo conduzido, inclusive na falta de agilidade e objetividade nas divulgações.

       Também, há uma crítica muito forte pelo motivo de o HUST ter abrido mão de 5 leitos de UTI que lhe foram direcionados, há alguns meses, sendo que foram abertos em outra cidade do Vale do Rio do Peixe. Enquanto isso, continuam a faltar leitos de UTI Covid em todo o Brasil, com raras exceções. E nossa cidade não foge disso.

       As perdas não são reparáveis. Vidas não se repõem. A dor de quem perde é inimaginável. A dor de quem nem consegue dar um enterro digno ao ente querido que perdem é ultrajante. A deficiente estrutura hospitalar, a falta de prioridade verdadeira em investimentos na saúde pública, está à mostra. Somos um péssimo exemplo para o mundo. E ainda a questão é politizada e altamente judicializada. Que venham muitas vacinas e que o recado das estatísticas, num mês em que recordes de mortes são batidos frequentemente, levem as pessoas ao cuidado extremo.  E que sejamos vacinados!

Euclides Riquetti – Escritor -  www.blogdoriquetti.blogspot.com

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