sábado, 3 de abril de 2021

Recall no Planalto, lentidão na vacinação e recorde de óbitos.

 



       Iniciamos uma nova semana com muitas novidades na política, tanto em Brasília quanto em Santa Catarina. Como se os fatos políticos ajudassem em alguma coisa em período tão conturbado para o povo brasileiro, que vê as estatísticas da ocorrência de óbitos com os indicadores subindo assustadoramente!

       As mudanças nos ministérios, com a demissão de Ernesto Araújo, Ministro das Relações  Exteriores, a qual já era esperada, secundaram a substituição do Ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, pelo médico Marcelo Queiroga,  há poucos dias. Uma inesperada “reforma” ganhou corpo. O Núcleo Militar com as maiores mudanças. Mas, o mais importante, foi a nomeação de um médico para a Saúde, e a troca de Araújo por um diplomata de carreira, Carlos Alberto Franco França que, embora jovem, é bem articulado, não entra e nem promove “divididas”. Para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o delegado da Polícia Federal, Anderson Flores. Todas as demais mudanças, embora sejam muito repercutidas pela imprensa, são irrisórias no aspecto prático, apenas a satisfação das necessidades especiais de Jair Bolsonaro, que gosta de ficar amparado (e bem protegido) em gente que tem afinidade com suas ideias.

       De positivo, consideremos que as relações do Brasil com a China, Índia e Estados Unidos precisam ser azeitadas, uma vez que o antigo chanceler era um desastre em termos de relações diplomáticas. Eduardo Pazzuelo, que deixou a Saúde, era um obediente ao Presidente, não tinha nenhuma luz própria, pecou por agir muito na cartilha do chefe. Não dá para condená-lo pelo que fez, se deixou herança ruim esta deve ser debitada a Jair Bolsonaro. Marcelo Queiroga, o novo Ministro da Saúde, discreto, faz a politica do chefe mas não cegamente, consegue dialogar mais com os setores públicos e privados da sua área.

       Agora, aqui em Santa Catarina, a virada da semana foi de inoperância governamental. Uma semana antes, um grande movimento em favor da vacinação fez com que houvesse ações  no sábado e no domingo, em todo o estado.  Neste último, quem estava saindo, o time de Carlos Moisés, não fez nenhuma força. De quem estava entrando, a equipe da Governadora Interina Daniela Reinehr, nada se podia esperar, pois não eram eles que tinham o dever de agir, até por questões de ordem legal. Mesmo a chegada de uma boa quantidade de doses de vacinas não foi devidamente repercutida, a maioria das secretarias municipais nem sabia quantas doses iriam receber.  A escolha da Deputada Federal Carmen Zanotto para comandar a Saúde merece nosso aplauso. Médica, já provou ser boa gestora quando ocupou o mesmo cargo no governo anterior. Conhece como poucos a dinâmica política de Brasília, e é respeitada tanto no ambiente político como no meio técnico.

       Acompanho as estatísticas, o calendário de vacinação de boa quantidade de municípios catarinenses e de algumas cidades brasileiras. Percebo que Amazonas e Pará estão contemplando faixas etárias bem abaixo das nossas. Quando a coisa ficou gravíssima, lá, houve forte ação política, pressão nacional e internacional, e receberam, proporcionalmente, mais vacinas do que nós. E que o Paraná e Santa Catarina estão com percentuais de vacinados sempre acima dos de Santa Catarina. No fim de semana, o site oficial do Governo mostrava que havíamos recebido 1.018.990 doses. Na terça, a mesma quantidade de recebimentos e um estoque de 318.379 doses nas geladeiras e freezeres das Secretarias Municipais de Saúde, esperando para serem aplicadas.

        Somente na terça, Joaçaba e outras cidades ,  divulgaram informações sobre a vacinação, que foi retomada na quarta, enquanto que as grandes cidades e as de regiões aqui próximas estavam trabalhando até 12 horas por dia, e atingindo pessoas com menos idade do que foi programado para a quarta-feira em Joaçaba. E as pessoas ansiosas, preocupadas e revoltadas. Minha irmã, nascida em 1954, no sábado, já estava vacinada em União da Vitória, Paraná. Aqui, somente na terça foi divulgado que minha faixa, 1952, 68 anos, receberia na quarta-feira, 31, j unto com os de 69 anos. No dia 30, terça, em Xaxim, já vacinavam pessoas com 67 anos e acima. Duas constatações:  Paraná e Rio Grande do Sul vacinando em toda a velocidade, Santa Catarina na marcha lenta. E, algumas cidades, aqui, com ação mais devagar do que em outras.

       Ainda, as informações sobre os números da pandemia, em nossa cidade, demoram para chegar ao público em fins de semana. Os casos ativos, no Oeste e Meio-Oeste, estão diminuindo. A informação clara e transparente, a proposição de metas de reduzir os casos ativos, deveria ser a tônica das ações, além da vacinação. O comportamento da população melhorou, a fiscalização está mais ágil e poderemos sair dessa em pouco tempo. Façamos nossa parte, o Poder Público atuando com agilidade e a população tomando os devidos cuidados para não se contaminar e nem propagar o vírus letal.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

 

Um comentário:

  1. Perfeito! Excelente reportagem. É nossa obrigação colaborar na questão da saúde, nos protegendo, e também nosso dever cobrar as autoridades, o governo.

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