1. Eu, em Leáozinho, na casa de meu padrinho. 2. Irmãs de meu nonno Frederico Richetti. 3. Foto de minha carteirinha de estudante da FAFI - 1972. Família de Frederico Richeetti.
Provavelmente que meus leitores já estejam até cansados de saberem que saí de casa com um ano, um mês e vinte e um dias, pois nasceu minha irmã Iradi, e fui morar com um vizinho, que se tornou meu padrinho, João Frank, marido de Rachele Vitorazzi Frank, em Leãozinho, no Distrito de Ouro, município de Capinzal. Sim, nossa antiga Rio Capinzal, vale do Rio do Peixe, no Meio-Oeste de Santa Catarina.
A responsável pela minha saída de casa desde tão cedo, dando rumo diferente para minha infância, a Iradi Lourdes Riquetti Ghidini, mora em União da Vitória - PR, desde março de 1977. No dia seguinte ao em que ela ali chegou, em vim de volta para minha região, indo morar nas Duas Pontes, interior de Campos Novos, hoje município de Zortéa, e depois para Ouro, e na sequência morando em Joaçaba.
Pois tenho lebranças de quando era bem pequeno! Lembro que, num dia de chuva, estavam procurando pela tesoura. Com ela cortariam palha de trigo para fazer tranças, as quais usavam para costurarem, fazendo chapeús e "esportas", sacolas retangulares ou quadradas, onde carregavam pequenas compras que iam buscar na bodega, distante dois minutos de sua casa. Apontei com o dedo para uma parede e mostrei o objeto cortante pendurado num prego, ao alto, pelo cabo. Certamente que isso era para eu não pegá-la e fazer alguma arte ou machucar-me! Todos ficaram muito admirados porque eu os ajudei a resolver a pequena questão.
Moravam, na casa, a Ladires, que adiante casou-se com o Ivo Spuldaro, e que mudaram-se para outra cidade. Eles são pais do Missionário Católico Carismático Ironi Spuldaro, muito conhecido no Paraná e, com extensão, através de suas mídias, no Brasil e no mundo. O Estefenito (Estefano), que depois casou-se com a Irlandina Biarzi; o Aristides, que casou-see com uma Zanol; Catarina, que se casou com Dionízio "Capelão" Pilatti; Delcia, que se casou com Aldérico Zanini. Fui criado como irmão deles todos.
Além de todas as lembranças, muitas, convivo com a presença saudosa das famílias de Cesário Frank, Egídio Seganfredo, "Quino" Bazzo, João Andrioni, Primo Biarzi, Danilo Pìssolo (ou Pissoli), Lanfranco Savaris, mais os Guzzo, Santini, Tonini, Ferrandim, Pilatti, Reina, Penso, Lorenzeti, Buselatto, Panisson, Marcon, Santórum, Vetorazzi, Spironello, Bresolin, e outros.
Minhas tarefas principais eram divertir os adultos, dar risads, cantar junto com eles, roer rapadura de açúcar mascavo, comer puxa-puxa, atirar pedrinhas em passarinhos e no riacho. Seguidamente, ia à casa do Cesário, onde jogava bolicas com a Valde, Valdecir Frank, que nos deixou ainda antes da pandemia.
Mas hoje, já cedo, me veio à mente uma frase que dizem que foi a primeira que consegui formular, logo aos dois anos: "Padinho, neca cavai?"
Frase marcante, tando que ela povoou a maioria de minhas horas hoje, O que significava? - Pois bem, era: "Padrinho, onde vai com os cavalos?" - cavai, no dialeto italiano eram os cavalos. Provavelmente que ele saía com algum filho, a cavalo, daí eu usar "cavai em vez de caval". O "neca" seria uma corrptela de "aonde vai".
Somente aos oito anos voltei a morar com meus pais, já ali no Ouro, onde temos até hoje a propriedade da família, e mora meu querido irmão Vilmar, bem na frente do Posto de Combustíveis da família de José Dambrós. Mas as lembranças de minha vida na infância estão sempre em mim, desde o corte de cabelo com topete, a blusinha verde com listras brancas que minha mãe mandou-me e eu usava somente para aos terços e missas na Capela de Santa Catrina, as calças curtas, o sapato preto que meu pai comprou na loja do Leôncio Zuanazzi.
E, assim, vamos vivendo! Conhecendo pessoas, tentando aproveitar da melhor maneira possível os anos que nos restam...
Euclides Celito Riquetti