Rodovia SC 150 - de Capinzal a Piratuba - liga uma cidade altamente progressista a uma
força do turismo do Sul do Brasil. Descaso já vem de alguns aniversários
Sempre se ouve falar que, quem pode
consertar uma cidade, um estado ou um país é a população, através do voto, seu
direito inquestionável e insofismável. No Brasil, já experimentamos a direita,
o centro, a esquerda e, agora, a extrema direita. Temos muitos problemas para
resolver e, em cada eleição, a esperança do eleitor se renova. Mas, os anos vão
passando, a gente vai envelhecendo, quem sabe até aprendendo, mas as boas
práticas e soluções estão sempre longe.
Tomemos, por exemplo, a questão das
rodovias federais e estaduais. Certamente que, por serem as esferas de Poder
que mais têm dinheiro na mão, deveriam ser as mais bem conservadas, os trechos
que oferecem mais perigos em razão de curvas, aclives e declives, deveriam ter
as proteções laterais ou guarda-corpos, os buracos que aparecem quando das
chuvas deveriam ser imediatamente tapados, os lugares onde a água se acumula na
pista, devidamente nivelados para evitar a aquaplanagem dos veículos, que
ocasionam acidente com mortes. Ora, utilizo há 50 anos as BRs 282, 470 e 153.
Utilizei a BR 153 centenas de vezes na
ida para União da Vitória e Curitiba. A BR 282, para ir a São Miguel d ´Oeste e
para o litoral catarinense, via Lages. A BR 470, para ir a Itapema e outras
cidades do litoral e mesmo a Florianópolis. Quanta raiva, quanto incômodo,
quanta revolta, quanta crítica, quanta reclamação, e nada! Sua duplicação
iniciou-se em 2013 e somente em 2019 foram concluídos 8 Km desta, entre Gaspar
e Ilhota.
Um vez, na BR 282, voltando de São
Miguel d ´Oeste, num único buraco na região de Vargeão, tive estourados 3 pneus
de meu carro. Só não tombei porque tive muita sorte. Quando vou a
Florianópolis, a partir de Lages, o trânsito é um tormento, pois ali circulam
caminhões longos que transportam lenhas e madeiras destinadas à fabricação de
celulose e outros fins. Pouquíssimos locais onde se possam realizar
ultrapassagens sem correr altos riscos, pois os veículos, além de longos, são
lentos. E há poucos trechos com terceira pista, onde estes possam rodar.
Na BR 470, principalmente da BR 101 até
Rio do Sul, é um Deus nos acuda. Muito movimento e com caminhões pesados e
lentos que vão represando o trânsito. Mas a grande vergonha é ver que a obra de
duplicação se arrasta há duas décadas. Há montes de pré-moldados de concreto
depositado nas margens, dezenas de trechos iniciados e não acabados, muita
polêmico sobre a questão de o estado de Santa Catarina ajudar o Governo Federal
a realizar as obras e nada de resultado. Quando se passa uma vez, fica-se
imaginando que na outra tenha havido algum avanço nas obras, e nada! Menos de 1
Km por ano! Foi-se Dilma, o Temer, está ali o Bolsonaro com três quartos do se
mandato de indo, e nada!
No
estado de Santa Catarina, na nossa região, Raimundo Colombo fez bom
trabalho de Luzerna a Caçador, na SC 135. Fez grande parte da SC 467, entre
Ouro e Jaborá, que o governador Carlos Moisés concluiu e inaugurou. Fez o
contorno viário de Ouro e Capinzal. Mas a
rodovia estadual entre Capinzal e Piratuba, a SC 150, continua sendo uma
estrada calamitosa. Buracos e mais buracos, retardo na contratação de projeto
para execução da “revitalização” e nada de acontecer! Muita conversa e pouco
resultado!
Ora, não nos iludamos com políticos
nossos preferidos. Vejamos a realidade de nossa infra-estrutura e do descaso
com o setor produtivo. As cargas que saem do Oeste e Meio-Oeste Catarinense,
com destino aos portos de Itajaí e Paranaguá, e a todos os estados brasileiros,
resultam em grande arrecadação de tributos. Somos uma região de gente que
trabalha, paga impostos, e não temos a contrapartida, nem do Governo Federal,
nem do Estadual. Apenas verbas muitas vezes insignificantes, na maioria das
vezes de emendas parlamentares, que servem para a promoção política de alguns
parlamentares.
Quando encontro pessoas das cidades
situadas ao longo dos trechos abandonados pelo Poder Público, a conclusão que
temos é a de que, quase que semanalmente, políticos de todas as naipes passam
pelos trechos calamitosos, mas não conseguem ter força ou empenho para cobrar a
solução dos problemas.
A redenção do turismo
- O feriadão de finados ajudou os
hotéis, restaurantes e comércio das cidades praianas catarinenses. No dia 2,
terça-feira, praias cheias, muita gente se divertindo e consumindo. Foi o setor
de nossa economia que mais sofreu desde março de 2020. Mesmo com a gasolina
cara, os carros entopetaram as rodovias.
Euclides Riquetti –
Escritor
Minha coluna no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
em 05-11-2021