sábado, 21 de julho de 2018

O vazio que há em mim






O vazio que há em mim
Também há em ti.
É como um céu sem estrelas
É quando é  impossível vê-las
É como um mar sem fim.

O vazio que está em mim
Também está em ti.
É como uma árvore sem folhas
É como não ter escolhas
E não saber de onde eu vim.

O vazio que há em nós
É o vazio dos sós.
É como a rua sem gente
É como o espelho sem lente
Ou as renas sem trenós.

O vazio de cada alma
É inerte como a alga
É a hora sem o minuto
É a água sem o duto
É a sentença sem ressalva.

E eu penso em ti...

Euclides Riquetti

Respostas eu procuro em ti!






Respostas eu procuro que possam acalentar
Trazerem-me conforto ao meu confuso coração
Cálida e ousada é a paixão que já me fez vibrar
Elevando minha alma ao sonho e à ilusão.
Estradas tortuosas por onde andei a procurar
Eternas divagações de meus tempos de solidão...

Lembrança perdurada nos momentos sagrados
Planta cujas folhas frágeis jazeram  maltratadas
Jardim de rosas champanhe, chocolate, amandita
Primor de mulher,  terna senhora, jovem bonita
Cravina em vaso prateado,  perfume adocicado...

Castigos inundam nosso ser se nos distanciamos
Encantos são quebrados, e desejos  ocultados
Acalantos e afagos são, destarte, abandonados
Girassóis que deixam de sentir que os amamos.
Detalhes românticos  que foram segregados:
Promessas que poderíamos tê-las feito um dia
Canções melancólicas, de bucólica melodia.

Nas manhãs de dia claro e de céu anilado e azul
Idealizadas por minha visão poética,  sentimental
Completa-se minha inspiração de trovador do sul.
Depois da noite fresca e da madrugada outonal
Perfumes se espalham nos ares em seu leve lufar
Maestria que me leva até onde possa te encontrar...

Trazem-me as tardes teu semblante sorridente
Como o dourado acentuado dos raios solares
Traz-me a noite o sonho com teu corpo quente.
Cada poema que faço e cada rosa que cheirares
Dragam os anos que se foram assim num repente!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Quando me deste o céu



 

Quando me deste o céu, eu te dei o mar
Quando me  deste o sol, eu te dei meu sorriso
Quando me deste as estrelas, eu te dei o luar
E descobri que tu és tudo de que eu tanto preciso.

Quando me propuseste sonhos, eu te permiti sonhar
Quando me disseste adeus, eu permiti o teu retorno
Quando me ofereceste carícias, te permiti me amar
E vi que tu és mais do que um simples adorno...

Quando a chuva molha as gramíneas e as plantas
Quando a chuva molha as pétalas das roseiras
Quando a chuva molha o corpo com que me encantas

Eu me entrego em divagações ternas e saudosas
Eu me inspiro em suas risadas doces e faceiras
Eu me perco em suas curvas belas e formosas.

Euclides Riquetti

Pra dizer que eu te amo





Pra dizer que eu te amo moverei o mundo
Dar-te-ei as flores de todas as estações
Mostrar-te-ei meu amor sincero e  profundo
Colocarei peito a peito os nossos corações.

Pra dizer que eu te amo farei mil loucuras
Dar-te-ei os versos de minhas canções
Mostrar-te-ei com beijos de infinita doçura
Viverei contigo as mais fortes emoções.

E, se tu me amas, dize-me com franqueza
Entrega-me teu corpo em desmedida paixão
Mostra-me com teus olhos de candura e beleza...

Se me amas de verdade, vem me acariciar
Vem trazer alento para o meu coração
Traze-me tua alma que eu a quero afagar....

Euclides Riquetti

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Trapiche



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Jazes ali, imóvel, descansadamente
Ligas as areias inertes ao oceano
Que movimenta suas águas, soberano
E balança as galés, delicadamente.

Conectas os que o transpõem ao mar
Às escuras embarcações que flutuam
Às negras naus que ali se perpetuam
Para levar os românticos a navegar.

E, com tua importância e imponência
Permaneces ali real, forte e majestoso
Exuberante em toda tua magnificência.

E eu contemplo toda a tua grandeza
No balanço indescritível e formoso
No mar que invades com tua realeza.

Euclides Riquetti
19-07-2018






Euclides Riquetti (Entrevista e Poema; O Voo da Garça)

2 de janeiro de 2013 · 21:53

Reeditando:

O professor Euclides Riquetti recebeu, no auditório do Praia de Palmas Beach Resort, em Governador Celso Ramos, na região da Grande Florianópolis, a Medalha do Mérito de Literatura professor Lauro Junckes e uma placa em sua homenagem pela conquista do 10º lugar no concurso nacional de poesias Prêmio Mário Carabajal.
O Tempo – Como foi isso?
Riquetti – Bem, Eu compus um poema denominado O Voo da Garça, em 1997, que já foi publicado em O Tempo – e ainda na capa do jornal O Balainho, da Unoesc, de Joaçaba. Quando tomei conhecimento do concurso, mesmo sabendo que ia concorrer com escritores habilidosos, apostei neste poema, pois acreditava que ele iria ficar entre os 100 primeiros colocados, que poderiam ser selecionados. Mas, sinceramente, sentia que ele tinha condições de ficar entre os dez melhores, e isso acabou acontecendo. É um poema que foge da linha convencional, em suma, é um poema diferente. Se eu fosse cantor, diria que seria minha “música de trabalho”. Mas é apenas um poema, mas que tem seu valor, lá isso tem.
O Tempo – Há quanto tempo compõe?
Riquetti – Componho poemas desde minha adolescência. Lia muito e admirava Olavo Bilac, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e muitos outros, principalmente os românticos. Isso levou-me a optar pelo curso de Letras/Inglês. Estudei muito as Literaturas Portuguesa, Brasileira, Inglesa e Norteamericana. Na juventude, época de faculdade, lia pelo menos um romance em português e dois ou três em inglês por semana. Eu era fanático por literatura. Houve semana em que cheguei a ler cinco romances, de mais de 100 páginas cada um, em inglês. Admirava Júlio Verne, Charles Dickens, Camilo Castelo Branco, Shakespeare, Alexandre Herculano, Eça de Queiroz e outros grandes. Mas também li muitos brasileiros, de Machado de Assis a José de Alencar. Bem, isso significa que para compor é preciso conhecer. E, para conhecer, é preciso ler, mergulhar no maravilhoso mundo dos livros.
O Tempo – Tem poemas publicados?
Riquetti – Nunca fui muito dado publicar, embora contribuí com dois poemas no livro Primas, volume IV, da Coleção Vale do Iguaçu, em União da Vitória, Paraná, ainda em 1976. No ano passado emplaquei cinco poemas na coletânea “Santa Catarina Meu Amor”. Há outras publicações em jornais, inclusive em O Tempo.
O Tempo – Pretende publicar livros?
Riquetti – Tenho poemas prontos para editar dois ou três livros. Mas, com o passar do tempo, vou ficando mais exigente comigo mesmo. Tenho algumas crônicas e tenho, praticamente, a História do Município de Ouro. Tenho, também, uma visão das questões dos limites à época do Contestado. Mas, História, é compromisso, você não pode sair aí escrevendo aquilo de que não tem comprovação, só porque alguém falou… Mas pretendo escrever uma história meio leve, não com cunho épico, nem demagógico…
O Tempo – Como foi receber uma homenagem lá em outra cidade?
Riquetti – Bem, recebi a medalha, das mãos do presidente da Academia de Letras de Santa Catarina, professor Miguel Simão, juntamente com outros cerca de 50 escritores presentes. Mas minha emoção maior foi ter recebido do Doutor Mário Carabajal a placa pela conquista do décimo lugar no concurso em homenagem a ele. Foi um concurso em que os dez primeiros colocados são das cidades de Itararé (SP), São Vicente (SP), Divinópolis (MG), Florianópolis (SC), Petrópolis (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Pirapetinga (MG), Congonhal (MG) e Ouro (SC), no meu caso.
O Tempo – O que tem a dizer para outras pessoas que escrevem?
Riquetti – Vejo que há, em nossas cidades, muitas pessoas que escrevem anonimamente, e que não costumam, por alguma razão, expor o que escrevem. Mas temos pessoas, de todas as idades, que escrevem muito bem. Mas, também, há muitos publicando em jornal. A Internet é um meio barato de propagar a literatura. Tenho poesias, comentários e crônicas em meu blog na internet: http://www.blogdoriquetti.blogspot.com . Quem acessar, clica nos números que estão à sua direita e vai encontrar minhas postagens. E até podem postar comentários.
O VOO DA GARÇA 
A garça voa o voo leve da alma
Voa a garça
Voa como a branca pluma, com graça
Voa a garça.
E no voo breve, voa lenta, calma
Voa com toda a graça a garça.
Voa o infinito, voa por instinto
Voa sobre o monte a garça…
E pousa na torre da igreja
Ou na árvore da praça
Voa pousa a garça.
E seu voo atrai o disperso
O menino, o esperto
O velhinho, o passante
E voa de novo a garça.
Vai, seguindo os trilhos dos raios de sol
Cortando o azul, a garça.
E pousa suavemente sobre a nuvem
Uma nuvem feita branco lençol…
E descansa outra vez a garça!
(A garça povoa os meus sonhos, orienta minha vida.
A garça é meu ser, é você, sou eu…
A garça é meu norte seguro, é minha inspiração…
É minha emoção transmitida no papel…
Euclides Riquetti)
Fonte
Jornal O Tempo

Desenhei teu coração na areia



 

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Alcedir Bebber e a Tv em Capinzal e Ouro


Reeditando:

          Quando eu tinha uns doze anos,  eu ouvia falar que nas grandes cidades as pessoas tinham em sua casa um aparelho parecido com um rádio, maior, onde se viam outras pessoas que falavam, longe, até em outros países. Era o televisor e ele possibilitava que víssemos até jogos de futebol através de seu vídeo. Claro que o futebol, o jogo de domingo ä tarde, as pessoas conseguiam  ver ali pela segunda-feira ä noite, bem tarde, quase terça. E com muitos grilos pulando na tela. Diziam que eram os chuviscos.

          Lembrode  quando e trabalhava com o Clarimundo Bazzi, ali em Ouro, no predinho do João Zaleski, e apareceu  por lá o Leonardo Goelzer, que soube que o Bazzi tinha um desses aparelos, pois viera de São Paulo e se estabelecera com comércio em Ouro, em 1966. Estava mentalizando um projeto de instalar uma antena receptora/repetidora que possibilitaria assistirmos TV. O Bazzi se comprometeu a emprestar o aparelho para os testes, mas constatou-se que o mesmo estava "queimado".

          O Goelzer aliou-se ao Alcedir Bebber, que junto com os irmãos tinha uma oficina de consertos de rádios, localizada sob a loja do Celso Farina, na Rua XV de Novembro, em Capinzal, ali onde fica o prédio do Cartório do Maliska. Iniciaram o arrojado projeto e instalaram a antena repetidora, como chamavam, nos altos do morro de Capinzal, aquele mesmo que abrigava o Colégio Mater Dolorum, mas num ponto bem mais alto, onde já havia a antena da antiga Rádio Sulina, provavelmente nas terras dos Lagni, ou pelo menos nas suas imediações.

          Foram tempos de glória para nossa cidade. Os bares do Arlindo Henrique e do Canhoto tinham, num canto, ao fundo da sala, ao alto, um aparelho de TV, e os clientes assistiam à programação da época, o Telecatch Montilla, o Jota Silvestre, o Flávio Cavalcanti, a Hebe Camargo, em programação gerada pela Excelsior e pela Tupi. E havia filmes, noticiários, mas nada era em tempo real como agora.

        As lojas do Farina, em Capinzal, e do Parizotto, em Ouro, passaram a vender televisores, além das geladeiras, rádios, máquinas de costura. E instalavam antenas com hastes de alumínio, nos telhados das casas. Conforme a localizacáo das casas se tinha melhor ou pior qualidade de imagens.

          Durante 20 anos convivemos com isso. Nesse tempo, transferiu-se a antena para o morro de Nossa Senhora dos Navegantes, em Ouro, o que faciltaria a qualidade das imagens para Capinzal. E os que tinham aparelho, pagavam uma taxa de TV, nas prefeituras, que era para manter a torre e substituir as válvulas "Phlips"quando queimavam. E quem cuidava da antena e do aparelho retransmissor? O Alcedir Bebber, da Eletrônica Bebber, que recebia muitas ligações de reclamacão quando  a TV não estava no ar. E lá subia com o seu fusca cinza para ver do que se tratava.E não foram raras as vezes em que vendavais colocaram a antena no chão.

          Lembro bem que num domingo pela mannhã, em 1982, procurou-me para que fôssemos a Sede Sarandi, em Herval D 'Oeste, onde ficava a antena grande, que retransmitia a imagem recebida por satélite das geradoras até a repetidora de nossa cidade. Pegamos a rural azul e branca da Prefeitura, junoto com o Luciano Baretta, e lá fomos para ver o que acontecia. E o Alcedir,  na  época com seus 39 anos, subiu na torre e consertou o aparelho, substituiu válvulas, e ä tarde pudemos ver jogos de futebol. Nos domingos em que havia grenal, então, não podia faltar a imagem na TV. Nem quando era Vasco e Flamengo, ou Palmeiras e Corínthians. E, na semana, havia as mulheres que queriam ver as novelas...

          Mas o auge de seu trabalho foi em 1986, quando trouxe as parabólicas da Amplimatic, fabricadas em São José dos Campos, e passou a vender. Lembro que ele e o José Dambrós foram os primeiros a terem a parabólica. Era um antenão, um círculo parabólico de almínio, com um pequeno aparelho receptor, que possibilitava receber mas de 20 canais de TV em casa. E custava uma fortuna. Era o mesmo valor que um autmóvel 1.6, de luxo, um Chevete ou um Gol. 
         E, posteriormente, o valor  foi baixando, apareceram muitas marcas no mercado, vieram as TVs por assinatura, HDTV, essa evolução toda que você, leitor, leitora, bem conhecem.

          O Alcedir nos deixou na manhã do dia 11 de outubro de 2012, véspera do Dias das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, o mesmo dia que o Sr. Ivo Luiz Bazzo. Deixou, como este, a marca de seu nome  e de seu trabalho registrados em nossa história. E sua esposa, filhos, noras e netos, podem orgulhar-se del`. Não foi uma folha de papel em branco. Foi uma página com muitos registros no meio social, empresarial e cultural de nossas cidades. Nossa sincera homenagem ao amigo com quem convvemos muitos anos.

Euclides Riquetti
20-10-2012

A Neve de 1975 - Manto Branco no Sul do Brasil


Neve em Curitiba - Fotos de Neide M Gleich


         O dia 17 de julho de 1975 foi muito marcante para mim. Estava no último ano do curso de Letras/Inglês na FAFI, em União da Vitória-Paraná, morava num casarão histórico do centro de Porto União,  na Rua Prudente de Morais (daqueles mal assombrados, mas bem antigo, mesmo!!!), Cursava Inglês no Yázigy, na Avenida Manoel Ribas e gerenciava a filial da Mercedes-Benz, localizada na mesma.

          A noite fora muito fria e o ar estava úmido. Flocos de neve começaram a cair e cobrir o asfalto da Avenida. Os Chevettes, os Aero-willys, as Sincas Chambord, os Jipes, as Pick-ups, as Brasílias, os Dodge Dart,  Charger e Polara que a Grande Rio dos Scaramella vendiam,  os Galaxies, os Opalas, os Karmann Ghia, as Variants, os TLs, os Corcéis,  os Fuscas, as Veraneios, os Ônibus, os Caminhões, o Trem, e até o Mercedes azul do Jorge Mallon estavam cobertos de uma espessa camada de neve, parecendo todos da mesma cor.  Os telhados de todas aquelas casas de descendentes de ucranianos, poloneses, russos, jordanianos, sírios, libaneses, árabes,  portugueses, e até de italianos, ficaram, também, recobertos de branco. Da mesma cor alva restaram os cobertos das dragas dos Irmãos Hobi e da Extração de Areia Santa Terezinha, aportados nas margens do rio Iguaçu, que meu patrono, o poeta Ivonnish Furlani eternizou em "Eu Sou o Verso".

           Logo após o meio-dia , passei defronte às antigas Casas Buri, a maior loja da cidade, concorrente das Casas Pernambucanas. Havia uma dúzia de funcionários e nenhum, mas nenhum cliente, mesmo! E, todos, comissionados precisando vender para ganhar um dinheirinho.  Um amigo, o Nei Carlos Bohn, era um deles. O Japonês Nicolau era o gerente. Geladeiras "Clímax 300 L" e de outras marcas se enfileiravam à espera de compradores. Havia as azuis, as amarelas, as vermelhas (as brancas estavam fora de moda...). Havia fogões a gás nas mesmas cores. Sofás estampados da linha floreal, do tempo em que os tecidos eram produzidos no Brasil e não na China, como hoje. Havia as TVs Philco, Philips, Colorado RQ e até algumas Sharp. As funcionárias vestiam blusas de  tricô em lã e meias três/quartos da mesma cor e do mesmo fio. Era a moda da época. Os homens, vestiam suas jaquetas por sobre as camisas sociais de azul-claro  e as gravatas discretas, algumas em crochê ou tricô. Os seus bigodes eram cuidadosamente emparelhados e os seus cabelos tinham um bom corte padrão, feito ali no Salão  dos Estudantes ( foi onde fui raspar a cabeça quando me passaram o trote fora de época pela passagem no vestibular).

          Entrei, todos olharam para mim. Fui ao encontro do Nei que, respeitosamente, como é de seu feitio, veio cumprimentar-me. (Hoje é meu cunhado e compadre...) Lasquei: "Quanto vocês me dão de desconto se eu comprar essa geladeira azul "Clímax 300 L " que vai combinar com o fogão Geral (azul) que comprei na Willy Reich?" A resposta veio rápida: "5%" e dá para segurar o cheque até o dia 5 de agosto! Repliquei: "Preciso de 15%, pois hoje vocês não vão vender nada mesmo, com esse frio e essa neve!"

          Ele olhou para o chefe Japonês e a resposta veio como um raio: "Pode dar 15% de desconto para ele!!!. Fiz um grande negócio e eles, com seu Lojão Buri, não ficaram sapateiros naquele dia...

          Tem outras histórias de negócios que fiz naquele dia na empresa onde trabalhava, mas isso é história para outra ocasião.


Automóveis da época em Curitiba - PR - em
foto de Neidi M Gleich

          A Neve de 1975 atingiu todos os municípios do Sudoeste do Paraná, principalmente Palmas, Guarapuava e Pato Branco. Chegou a Cascavel. Em Curitiba, falei com o amigo Ângelo Caron, por telefone, houve muita alegria nas ruas nevadas naquele dia. Depois soube que os três estados do Sul tiveram cidades que puderam deliciar-se com o espetáculo da neve.

          Atualmente, São Joaquim, Urubici e outras cidades catarinenses daquelas paragens, praticamente veem neve em todos os anos. E recebem muitos turistas, mesmo que com uma estrutura não muito favorável.

          Bem, se você for para Gramado, no RS, vai ver neve em dezembro, no desfile natalino, das luzes. Mas aquela é neve artificial, não vale tanto quanto a nossa.

          Euclides Riquetti
          19-07-2012

terça-feira, 17 de julho de 2018

Neve de 1965 - Uma paisagem europeia em Capinzal e Ouro



 
Ouro - SC - Neve 1965 - foto arquivos Rádio Capinzal 
Vista da Ponte Pênsil - antes do Rio do Peixe, alojamentos
da Empresa Castello Branco S/A - que estava
restaurando a RFFSA
 

Capinzal SC - Neve 1965 - foto arquivo Rádio Capinzal
Rua XV de Novembro - aos fundos OURO SC
antes do povoamento do Morro de Navegantes



Relembrando de Ouro e Capinzal... nestes dias muito frios no Sul do Brasil, 51 anos depois...
          Quando se fala em épocas em que as pessoas viveram, ou mesmo para estimar quantos anos viveram, muitos têm o hábito de dizer:  "A fulana (ou o fulano), viveu mais de 100 anos, porque sempre me dizia que tinha presenciado x florações das taquaras".  Bem, uma pessoa que deve ter vivido muitas florações das taquaras foi o "Caboclo Estevão", que morou em Pinheiro Baixo, Ouro, e era homem de confiança de um de nossos pioneiros, o Veríssimo Américo Ribeiro, carroceiro. O Estêvão teria vindo com o colonizador da região de Vacaria-RS, trabalhou com os Ribeiro e depois foi para Bonsuecesso, e os que o conheceram dizem que ele era uma  pessoal leal e bondosa. Guardo comigo uma foto dele, cedida pelo amigo João Américo Ribeiro, que cuida da propriedade da família em Pinheiro Baixo. Ele deve ter vivido mais de 100 anos...  O caboclo tinha uma mão enorme. (O Benito Campioni, irmão da Márcia, minha colega de trabalho, também tem uma mão daquelas de segurar e derrubar boi no chão). Quando o encontro, brinco muito com ele sobre isso,  meu ex-vizinho, gente boa.

          Esse intróito todo, fi-lo para chegar ao assunto do título: as neves que tive o prazer de presenciar, e que marcaram, de alguma forma, a minha vida. Mas, diferentemente das florações das taquaras, ela não tem um ciclo definodo para vir.

          O inverno de 1965 foi muito forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eu tinha doze anos, estudava no Ginásio Padre Anchieta, e começou a fazer muito frio naquela estação. Tínhamos uma casa nova, de madeira, bem desenhada, ali na Felip Schmidt, ao lado da Indústria de Bebidas Prima, onde produziam refrigerantes e engarrafavam vinhos e outras bebidas. Quando fizeram o "engarrafamento", escavaram o terreno e deixaram um barranco, que com as chuvas que precederam o inverno foi desmorronando, pondo nossa casa em risco de desabamento. Na noite do dia 19 para 20 de agosto, fazia muito frio. De manhã, meu pai, Guerino, acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali onde hoje há o Posto da Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo estava coberto de neve. A Ponte Nova estava recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas, a maioria de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos que se veem em filmes,  numa autêntica paisagem europeia. Os poucos carros que havia, e as carroças e charretes, estavam todos recobertos pelo branco brilhante. Os telhados do Hospital São José, do Hotel Imperial, do Hotel do Túlio, do Cine Glória, do Cine Farroupilha, da Distribuidora de Peças e Acessórios, da Casa do Ernesto Zortéa, do Marcos Fortunato Penso, do Pedro Surdi, da Dona Dileta da Silva, do Adelino Casara, do Adelino Beviláqua, e de muitas outras edificações, era possível vê-los por nós, que observávamos a paisagem com nossos olhos originários do Ouro.

          O peso da neve mexeu com a estutura de nossa casa. Tivemos que abandoná-la. Fomos distribuídos nas casas dos parentes, dos tios Arlindo Baretta,  Adelino Casara e Victório Riquetti. Eu, fui para a casa da Tia Maria, do meu primo Moacir. Lembro-me bem, que à tarde, precisei ir à Comercial Baretta fazer umas compras para a tia, e meu único par de sapatos estava molhado, gelado. Fui com as chuteiras do Moacir, que tinha as traves altas , e que minha ingenuidade fazia-me pensar que a sola ficaria mais alta que a neve. Só ilusão: congelei os pés. Aulas suspensas. O Frei Gilberto (Giovani Tolu), suspendeu nossas aulas, estava muito feliz, porque via, aqui na América do Sul, a mesma nostálgica paisagem que sua mente trazia de sua infância na Itália.

          O Joe e a Bunny,  eram  norteameriacanos que atuavam junto aos Clubes 4-S no interior do Ouro, havendo um clube pioneiro em Linha Sul ( o primeiro de Santa Catarina),  moravam de pensão na casa do Sr. Guilherme e da Dona Mirian Doin.  Eles eram dos 4-H, clubes dos Estados Unidos da América que tinham as mesmas funções e objetivos que os 4-S do Brasil:  Head,  Hands, Heart, and Health, que em português entndíamos como: Saber, Servir, Sentir e Saúde.  Acostumados com a nove do Norte, fotografavam, faziam bonecos e esculturas. O Joe, que jogava basquetebol na quadra do Padre Anchieta com o Dr. Leônidas Ribeiro, o Rogério Toaldo e outros, era alto e usava óculos ( até para jogar). Ficou maravilhado com a neve. E, nós, tivemos que demolir nossa casa, da qual tenho muitas saudades...

         Como resultado do frio, houve perdas e animais nos sítios e fazendas. Lembro que houve muita mortandade de abelhas. Até mesmo o mel que vinha de Abdon Baptista, não veio mais. Não vinha mais o caminhãozinho carregado, com as latas de 20 Kg, com que estávamos acostumados. E o produto encareceu. Alías, ficou sumido pelos anos seguintes, até que os enxames e as colmeias foram-se recompondo.

          Além dos eventos climáticos que resultaram na enchente de 1983, penso que a neve de 1965 seja o outro fenômeno que mais nos marcou.

          Ah, acho muito bonitas a neve e a geada. Mas, agora, com ar quente no carro, é muito mais fácil de encarar o frio. Viva a bela lembrança do passado!  E viva a moderna tecnologia!

Euclides Riquetti
15-07-2012

Se o tempo não para

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Se o tempo não para
E a vida passa
É preciso viver
Para que tenha graça!

Se o tempo não para
E vêm novos dias
É preciso sorrir
Ter muita alegria!

Se o tempo não para
Corre intensamente
É preciso cantar
Cantar alegremente!

Se o tempo não para
E vai em velocidade
E eu preciso  reviver
O que me dá saudade!

Por isso o sonhar
Me deixa contente
E me faz relembrar
De você, simplesmente!

Euclides Riquetti
17-07-2018










Vou ser o sol que você esperou


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Vou ser o sol que você esperou 
Que desejava que viesse para bronzear  sua pele
Vou ser o sol que você desejou
Liberar o desejo que minha mente impele.

Vou ser o sol que energiza sua alma
Que dará a cor às flores nas plantinhas
Da rosa champagne à branca palma
Para levar a você a mensagem minha.

E se não for sol, então serei, ao certo
O romance vivido, a letra da canção
A estrofe do poema, a palavra do verso.

Mas se não for verso, e nem for romance
Quererei apenas sentir-me na ilusão
De ter sido seu sol, quando eu tive a chance!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Turismo - como melhorar em Joaçaba

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Catedral Santa Terezinha

Um empresário me perguntou o que poderia ser feito para melhorar a atividade turística em Joaçaba. Pois aqui vão algumas sugestões:

Calendário de eventos: Formatar um calendário de eventos culturais, esportivos, sociais e comerciais, em conjunto com as cidades de Herval d ´Oeste e Luzerna, evitando a sobreposição de eventos importantes numa mesma data, com carência em outras. E ainda:

  1. Material impresso para divulgação:  simples e barato, com mapas e informações significativas, mostrando os atrativos e calendário de eventos. Fazer a divulgação através de pessoas que viajam, gratuitamente, mandar (ou levar) para agências das outras cidades e estados.
  2. Estacionamento de ônibus e vãs de turismo no centro da cidade: O comércio local é forte, mas não temos sequer um local definido para o estacionamento dos veículos que trazem turistas.
  3. Venda de produtos locais e regionais. Hoje temos, por exemplo, Tranças da Terra e o Artesanatos de Joaçaba num edifício onde já funciona a biblioteca e outros  departamentos do Município. Precisamos de um lugar para concentrar um conjunto de modalidades comerciais, com produtos da agroindústria artesanal e formal, ou mesmo do vestuário. A “feirinha” da cidade poderia se constituir num local assim, com pequenas adequações. Ou mesmo a rodoviária velha.
  4. Melhorias na estrutura da cidade, em especial na conservação e limpeza. Há muitas calçadas cheias de defeitos e faixas para pedestres terminando “de encontro” a meios-fios altos, dificultando a acessibilidade com cadeiras de rodas, carrinhos de bebês ou outros.
  5. Plantas e flores têm baixo custo e causam ótima impressão aos visitantes.
  6. A criação de museu histórico cultural, somada ao que há no Sítio do Pica-Pau Verde, é muito importante. O Frei Bruno é específico para quem tem interesse pelo próprio.
  7. O Parque Municipal, localizado em terreno do Governo Federal, na BR 282, poderia receber trilhas e uma estrutura de recepção com atrativos no entorno, preservando a área florestal. É um bem que não vem sendo devidamente aproveitado.
  8. Conselho Municipal de Turismo funcionou bem até uns 8 anos atrás. Desapareceu!
  9. Hospedagem e alimentação: Temos bons hotéis, restaurantes, bares, lanchonetes e confeitarias, algumas casas noturnas. O pessoal do comércio que oferece alimentos carece de treinamentos para melhor se qualificar. Práticas como colocarem cadeiras viradas sobre as mesas dos restaurantes enquanto fazem a limpeza, causam nojo.  Alimentos que vêm de mercados ou de granjas em caixas e estas são colocadas sobre mesas onde os manipulam, podem trazer contaminação. Pessoas que trabalham na manipulação deles  precisam estar  paramentadas, sendo indispensável o uso de luvas e terem  postura adequada. O cliente observa tudo...
  10. Turismo social em mão dupla: A prática regional é a de levarem pessoas para outras cidades, principalmente ao litoral. Poucos grupos de idosos ou da área social vêm para nossas cidades. Os setores que cuidam disso poderiam organizar a integração com os dos outros municípios, levando turistas de uma cidade para outra, com reciprocidade. O movimento  de pessoas gera consumo, atividade e renda. Idosos são os que mais têm tempo para passear e gastar dinheiro.  
  11. Balneário de águas termais: há empreendedores interessados, mas não há articulação para implantação de um balneário com águas do Aquífero Guarani. Aqui, é possível chegar-se ao Guarani perfurando-se poços que atinjam de 80 a 100 metros acima do nível do mar.  Nas baixadas, com perfurações de 400 metros, se chegará a águas com temperaturas acima de 32 graus.
  12. Funiculares: Existem há séculos em muitas cidades do mundo. Joaçaba comporta pelo menos 3  funiculares, todos saindo do centro, na base dos morros: a) para o Monumento do Frei Bruno; b) do Parque Central até a Unoesc; c) das proximidades da Escola Girassol até a cidade alta, nas proximidades da Scherer. É um projeto de mobilidade, que poderia ser financiado pelos Ministérios da Cidade ou de Turismo. Ou mesmo em PPPs. E ajuda a tirar carros do centro, melhorando o trânsito.
           Você, leitor, também deve ter suas sugestões em mente. Divulgue-as, fale de turismo! Euclides Riquetti – Escritor – membro da ALB/S – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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Monumento de Frei Bruno - 37 metros de altura, aben-
çoando Joaçaba
Publicado no Jornal Cidadela, de Joaçaba, SC,  em 13-07-2018

Se eu não fosse poeta...


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Se eu não fosse poeta
Seria, naturalmente, arquiteto:
E na minha prancheta discreta
Poria riscos sinuosos
Bonitos
Jeitosos!

Ou, quem sabe
Seria advogado:
E defenderia
De noite e de dia
O direito sagrado
De escrever poesias!

Engenheiro - pedreiro
Ou construtor:
E, com meu lápis matreiro
E meu jeito faceiro
Construiria versos de amor.
Também jardineiro
Colocaria em cada canto uma flor!

Se eu não fosse poeta
Poderia ter sido doutor
Ou, quem sabe, profeta
Andarilho
Maltrapilho
Ou um simples cantor!

Ou, quem sabe,
Seria um pintor:
E, com meu terno pincel
Faria seu retrato
Belíssimo e fiel:
Um rosto de sonho e de cor!

Mas escolhi ser sonhador
Sonhador e menestrel:
Para compor,  com muito trato
Calma, leveza e tato
Um poema cheio de  amor
Azul da cor do céu!

Euclides Riquetti

domingo, 15 de julho de 2018

Torta de morango, com nata

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Quero torta de morango, com nata
Quero comer a delícia
Com um pouco de malícia
E te fazer uma serenata.

Quero torta de morango, com nata
Quero devorá-la inteira
Na tarde prazenteira
Em que o amor me arrebata.

Quero que tenha chantili
Recheio de coco e  chocolate
Enquanto meu coração bate
De tanto amor que tem por ti.

De  morango avermelhado
Quero com doce de leite
Que me queira, que me aceites
Sou eterno namorado!

Euclides Riquetti

Na manhã de amanhã

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Na manhã de amanhã
Vou abrir a janela do meu quarto
Vou abrir as portas de meu coração
E, sem nenhum lapso
Vou lembrar de o quanto foi bom
Ter conhecido você
E poder me lembrar de você
Na manhã de amanhã...

Na manhã de amanhã
O sol vai brilhar o brilho discreto
E eu vou compor um poema modesto   (pra você...)
Na manhã de amanhã!

Na manhã de amanhã
Depois que as horas da noite tiverem passado
Vou pretender que o novo dia chegado
Me traga os odores das flores silvestres
Que crescem em meio aos ciprestes
Que eu mesmo plantei
E que cresceram e me dão sombra
Nas tardes quentes
E também na manhã de amanhã...

Na manhã de amanhã
As estrelas já estarão escondidas
E muitas almas já estarão arrependidas   (por você...)
Na manhã de amanhã!

E, então, na manhã de amanhã
Todas as almas serão perdoadas
E todas as esperanças estarão renovadas
Porque vem um dia e virão outros ainda
E nós precisamos viver a vida
Porque o tempo passa enquanto dormimos
Enquanto sonhamos e ouvimos
Canções de anjos vestidos de branco
Canções de ninar e acalanto
Que nos animam para uma nova amanhã!

Sim, na manhã de amanhã
Vamos celebrar, com toda a alegria
A chegada de um novo dia    (com você...)
Na manhã de amanhã!

Euclides Riquetti
14-07-2017