sábado, 26 de setembro de 2015

De girassóis, canelas e cinamomos


Eu amo as plantas de meu verde vale
Os girassóis, canelas e cinamomos
O alaranjado aroma das pitangas
O vento calmo em seu lufar.
Eu amo as águas de meus rios e de minhas sangas
Qua vagam entre as pedras rumo ao mar...

Nos galhos enramados  os pássaros cantam
E borboletas misturam-se às flores coloridas
As crianças sorriem seus sorrisos brandos
E as mães as abraçam  ternamente.
E elas,  com seus rostos inocentes,  como  anjos
Entregam-se aos afagos docemente.

Aqui  há uma  natureza imensa que nos olha e chama
E nos oferece a vida plena e natural
E,  mesmo que tu chores e  reclames
Dá-te  um mundo de beleza sem igual...
Acredito que é o normal da condição humana
O bem vencer a luta contra o mal.

Euclides Riquetti

Hebe Camargo - Marcando território no céu

Mais lembranças da Hebe...

          Passou-se mais de uma semana desde que Hebe Camargo chegou ao céu. O pessoal de lá, todos aqueles anjos de rosa e de azul enfileirados abriram passagem para que nossa Eterna Diva passasse até chegar ao grupo dos de branco, onde ela bateu uma boa caixa com o Anízio. O Anízio estava maravilhado com a chegada da Hebe, rendeu-lhe mensuras e mesuras, queria mais selinhos do que a cota que a  Hebe tinha reservado para ele.

          Os anjos, todos, vestidos nas cores já mencionadas, estavam um tanto receosos com a presença da ex-apresentadora, agora candidata a anja. Diziam que ela estava tendo privilégios, como tinha com o Sílvio Santos, quando trabalhava no SBT. Mais  privilégios que ela teve,  só mesmo os do Romário no Vasco e os do Imperador Adriano no Flamengo, onde tem a proteção da Patrícia Amorim, a vereadora-presidente que não conseguiu reeleger-se.

           São Pedro, o Peter, alertou-lhe: "Hebe, gosto muito de você, mas não posso dar demonstração disso aqui no paraíso, porque as pessoas vão reclamar. O Jesus, que viveu há 2.000 anos, disse que vai registrar isso num papiro e pendurar lá naquela árvore bem antiga, aquele pé de maçã que causou tanta confusão com aquele casalzinho, o mais antigo daqui, o Adão e a Eva. Todo mundo que aqui chega dá uma passadinha para ler o que tem de recado e folhetins publicados naquela árvore".  Hebe não se importou muito com isso e apenas respondeu-lhe: "Que gracinha!!!" - São Pedro ficou sem palavras.

          Mais adiante, perguntou ao Santo sobre uma amiga que ali chegou em 2008 e de que tinha muitas saudades, pois a enttrevistara muitas e muitas vezes em seus programas. Aquela mesma que,  em 1991, no Carnaval Carioca, desfilou pela Viradouro e, com 74 anos, vestiu uma deslumbrante fantasia de um vermelho de seda com detalhes prateados, com os seios à mostra. São Pedro disse que, por essas e outras, a Dercy Gonçalves estava alojada num departamento em separado, para onde vão aquelas pessoas que tinham pecados,  mas que eram pecados "meia-boca", que deixavam as pessoas escandalizadas mas, por outro lado, deixavam muitos velhinos  bem felizes. E, já pensou, se ela saíse por lá mostrando os peitões, o que iriam dizer?  E, se encontrasse o João Paulo II, o que ele iria pensar?  Então, como purgatório era uma pena um tanto pesada para ela, que sempre fez o bem aqui na Terra,  criaram um "hall" para ela ficar, lá junto com outras, mas que logo elas vão ser retiradas dali e o "departamento" vai ser abolido, pois vai ter uma reforma administrativa, que  ainda não foi possível de se por  em votação, porque  Assembleia dos Anjos não se reuniu ultimamente,  todos estavam de olho em outras eleições, no Brasil, na Venezuela e nos Estados Unidos. Hebe disse entender bem dessas coisas e que as duas primeiras já se foram, que as acompanhou no seu iPhone 5, e a última ainda não aconteceu. Apenas quis registrar, numa postagem, que lamentou muito que o coleguinha Russomano não tivesse chegado ao segundo turno em Sampa,as mas que o Serra e o Haddad também são bons. Estava radiante porque o filho do amigo Ratinho, do SBT,  fora para o segundo turno em Curitiba. Mas, o que mais a impressionou, foi ver que o Ronaldinho Gaúcho fez três gols pela Atlético Mineiro sobre o Figueirense, no sábado. Acha que o Mano poderia levar ele de volta para a Canarinho, como fez, agora, com o Kaká, seu antigo "queridinho".

          Como prêmio de consolação, por não ter podido ver a Dercy, o Santo permitiu que ela desse um selinho no Jota Silvestre e no Flávio Cavalcanti, colegas que a abandonaram ainda antes que ela inventasse o tal, mas não era para deixar que os outros vissem, para não causar ciumeira. Era para ir ali, meio ao lado, e quando ninguém estivesse olhando, tascasse os selinhos.

          Hebe está encantada com o que está aprendendo e vendo no céu. Os métodos, a organização disciplinar, em muito superam os nossos costumes. O que ela viu de mais interessante, por lá, e que aqui também praticam, fartamente, foi o "jeitinho brasileiro". Com um sorrisinho aqui e outro ali, vai poder divertir-se muito. Que gracinha!!!


Euclides Riquetti
08-10-2012

Rezo por ti, penso em ti...

Quando a cantoria do  passaredo  te acordar, na madrugada
E a sinfonia que orquestram encher teu coração de alegria
E os primeiros lances de luz invadirem as janelas de tua casa
Anunciando a chegada de mais um belo e novo dia
Quando sentires uma brisa suave adentrar a tua morada
Estarei pensando em ti, por quem nutro uma doce nostalgia!

Penso em ti nas horas do dia e durante a noite que não passa
No tempo de contar os raios de sol e das estrelas que cintilam
Enquanto meu  coração sonha, se enternece e se compassa
E meus versos ganham palavras que se renovam e se sublimam.
Penso nos movimentos de seu corpo, que com elegância e graça
Despertam meus instintos, que se exaltam e se animam.

Rezo por ti nas tardes ensolaradas e nas noites chuvosas
Rezo por ti nas manhãs encantadas da primavera colorida
Rezo por ti nos segundos, e nos minutos de nossas horas
Rezo por ti, peço por ti, em todos os dias de minha vida
Rezo por ti, para que te livres  das águas tormentosas
Rezo por ti, penso em ti, quero tua alma salva e protegida...

Por isso rezo por ti, penso em ti
Quero o melhor para ti
E também para mim!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Açougueiros de Rio Capinzal

Reeditando... mais uma de minhas crônicas que foi publicada, neste mês, no livro "Capinzal - Cidade do meu coração"...
   
          Em minha infância, costumávamos brincar numa rua de Rio Capinzal. Chamavam-na de Rua do Beco. Hoje tem nome: Rua Giavarino Andrioni. Jogávamos "taco" e bola. Brincávamos de esconde-esconde, fazíamos fogueiras no inverno, no meio da rua. Era tudo muito divertido.

          Meus amigos "de rua" foram indo embora: O Ademir e o Milton Mantovanello foram para Cascavel. O Ademir Bernardi para a Barra do Leão. O Paulinho Lucietti, cujo nome era Adelir, foi para Dois Vizinhos. O Mário e o Arlindo Thomazoni, para Araruna. O Moacir e o Cosme Richetti, irmãos, bem como os irmãos  Altevir e o Valdir Souza, para Joaçaba. O Celito Bandido Baretta, para a Linha Bonita. Os irmãos Adelto e Adélcio Miqueloto  são os que ainda restaram em Ouro.

          Um dos momentos mais divertidos ali era quando os tropeiros traziam bois para o abate. Vinham, normalmente, de Capinzal. Traziam os mais mansos conduzidos "soltos", em tropas,  e quando havia algum muito bravo levavam no laço. E,nós,  todos, subíamos no barranco para ver as façanhas dos boiadeiros. Algumas vezes, não raro, uma das reses fugia, eles corriam atrás dela pela cidade os cavaleiros, seus cavalos galopantes e os cães bem adestrados. E, quando a coisa apertava, os tropeiros gritavam e nós fugíamos, entrando no moinho do Bernardi, ou correndo para os barrancos mais altos. Até que os animais fossem recapturados e recolocados numa mangueira.

          A mangueira era  feita com madeira forte, de angico e bugre. Ao lado, uma pequena edificação onde eram abatidos, diariamente dois os três animais e alguns porcos.  Um cepo com uma cavidade, por onde era introduzida uma ponta do laço que os homens puxavam em dois, para trazer o animal até o local do abate. Depois, a sangragem e a elevação, com uma talha de correntes, a retirada do couro, das vísceras, a água existente num tanque jogada em baldes para lavar a carçaça pendurada. A serra partindo o boi em meio ao espinhaço. É dali que saem  o filé, a alcatra, a costela, a  fraldinha, o mignon. Um tacho com permanente braseiro, de ferro fundido, onde era aquecida a água para a pelagem dos porcos. Depois, esse mesmo tacho era utilizado para o cozimento da banha. Após a prensagem, os torresmos. E sempre sobrava um pouquinho para nós, de graça!

          Lembro bem dos homens que ali trabalhavam: O Guilherme, os tios Arlindo Baretta e e Anildo Mázera, o Ivo Campioni e o Vitorino Lucietti, que era sócio do empreendimento, que pertencia à Comercial Baretta. Além do abate, vendiam a carne, a banha, as morcelas, os salames e o queijo-de-porco. E as pessoas vinham cedo, antes de o dia clarear, para comprar a carne. Lá, do outro lado do rio, havia o "picador", na Rua XV, dos Miqueloto, que tinham o abatedouro na saída para a Siap. E o procedimento de trazer os animais era o mesmo. Mas esses tinham uma "gaiota", um carroção puxado por cavalos que levava a carne para o picador, em Capinzal.

         Pelos lados dos Miqueloto, os Srs. Benjamim e Luiz eram os capitães e colocavam todos os seus filhos na área de trabalho, desde pequenos. O sobrinho Romeu Neis  e o Pedro Lima eram os mais práticos. Sabiam conduzir o gado e abater.

          As carnes eram penduradas para resfriarem-se e, no verão, na Câmara Fria. Nos açougues, os cortes eram feitos com serras de fita, de acordo com o que era pedido pelos fregueses. Se a carne não for refriada, o corte sai horrível, fica com uma aparência ruim, nem dá vontade de comer depois. Mas os habilidosos açougueiros cortavam os pedaços com o peso desejado pelo freguês, com pouco erro. Tinham muito conhecimento do ofício. E os pedaços, embrulhados em folhas de papel "de embrulho", que estavam sobre o balcão. Nesses papéis era feito, a lápis, o cálculo da despesa, "de cabeça", pois não havia calculadoras disponíveis. E quase que sempre faltando uma das suas quatro pontas. É que aquela parte era usada para escrever o nome do freguês, o valor do gasto, e jogar na gaveta, quando ele não tinha caderneta. Para cobrar no fim do mês. E nem precisava de assinatura...A palavra valia! Muito!!!

Euclides Riquetti
11-04-2013

Compondo meus sonetos na beira do mar...

Desconecte-se, completamente,  da sua realidade
Saia pra  fora de si, de seu mundo real
Embarque  no seu pensamento e viaje
Navegue pelo espaço sideral...

Vá, em nau imaginária, para os outros planetas
Tente encontrar neles os poetas e escritores
Abrace-se aos satélites e aos cometas
Mergulhe nos seus perfumes e colores.

E, em cada porto celestial, em cada estação
Em cada lugar em que estiver me procurando
Deixe-se entregar pela desmedida paixão

E, se outros poetas,  você não encontrar
Volte para mim, pois estou aqui esperando
Compondo meus sonetos na beira do mar.

Euclides Riquetti
25-09-2015




quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Moça mulher

Ombros elegantes
Pés nus acariciando a calçada
Molhada...
Ou maltratando-se nos pedriscos da rua
Que é nossa, que minha, que é tua
Pés nus roçando a água...

Idealizo-te:
Olhos cativantes
Brilhantes
Provocantes:
Cintilantes!

Ternos  braços
Esperando meu abraço.

Lábios rosados
Almados
Desejados
Gostosos
Pecaminosos!

Morenice brejeira:
Short jeans franjado
Do algodão malhado
Estonado e...
Desbotado!
Sorriso de moça faceira.

Provocante e provocadora:
Blusinha branca casual
Brincos acrílicos
Pendurados
Grandes e  argolados
Cabelos inspirando meus  versos líricos
Dengosa  e sensual...

Moça mulher:
Vai, enegrecendo as  almas dos passantes
Embasbacados e confusos
Confusos como eu!

Apenas confuso...

Euclides Riquetti
 

As primeiras impressões de Hebe Camargo no céu


Quase três anos de sua partida e parece que foi ontem... relembrando:

          Hebe Camargo  chegou lá no andar de cima no final da tarde do último sábado de setembro de 2012. Fora um setembro bem diferente dos demais. No Sul do Brasil ocorrera neve e geada na última semana do mês. A geada negra queimou folhas e brotos das videiras e outras frutas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Vamos ter menos vinho para beber no próximo ano.

          Estava muito curiosa nossa Diva,  pois nunca estivera lá antes. Havia muitas coisas diferentes. Não havia aqueles montões de concreto, aço e  vidro que aqui chamamos de prédios. Nem aqueles bólidos que soltam fumaça num cano lá atrás, que dizem ser por causa do combustível que eles queimam para poder andar.

           Apresentou-se, inicialmente a Saint Peter, um Senhor que carregava um molho de chaves grandes, daquelas bem antigas, de ferro, inventadas quando ainda não se conhecia o aço inoxidável. Este ficou muito contente em receber aquela Senhora sorridente, com os cabelos bem arrumados, trazendo flores vermelhas colombianas consigo. Hebe foi logo roubando um selinho do Santo Apóstolo e ganhou a confiança dele. Viu que alguns o chamavam de Pietro, outros de Pedro. Ficou curiosa,  pois também o chamavam por outros nomes, em outras línguas, que ela nunca se importou muito em aprender aqui na terra. Sabendo o que se usasse no SBT, em Miami ou em Veneza, chegava. Mas concluiu que aquelas línguas diferentes deveriam ser dos países orientais, onde as línguas são bem diferentes das nossas. Só que lá no céu não tem esse negócio de que quando aqui é meio-dia, lá é meia noite. Lá sempre tem luz, porque quem lá chegou é gente iluminada e, por eles só, já são autosuficientes em energia.

          Hebe ficou contente porque Mister Peter abriu logo o portão de entrada e encaminhou-a para um setor bacana, onde reencontrou a Nair Bello e a Wilza Carla, aquela que explodiu na Saramandaia. Foi abraço daqui, abraço dali, selinho aqui, selinho ali e muita alegria. Alegria mesmo! Seu marido, vai encontrar somente nos próximos dias, porque os homens estão todos de castigo por lá, porque só ficam falando de futebol e vaiaram muito o Mano Menezes nos jogos em que não fomos muito bem. Então, ficam de castigo e não podem receber as pessoas novas que lá chegam.

          Mas Hebe, com aquele seu jeitinho especial, disse ao Peter que estava com muitas saudades de alguns e que nem todos deveriam ser punidos por questões banais. Então,  contou-lhe o Peter que nesta semana recebera o Ted Boy Marino, o antigo lutador, que tinha muito crédito lá no céu, porque levou muita pancada do Jóia - o psicodélico nos tempos do Telecatch Montilla, das TVs Excelcior e Piratini. Tinha arrumado um lugarzinho bem legal para ele, junto com o Zacarias e o Mussum, dos Trapalhões. Ficaria um trio, com um bem moreno, um loiro e outro intermediário. Iam mostrar que no Brasil as pessoas estão acima das desiguldades raciais.

          Nossa apresentadora achou tudo isso muito interessante, disse que se, na política, também usassem o bom senso e o entendimento, o respeito aos outros, muita encrenca seria evitada.

          Mas tinha uma grande curiosidade, que precisava ser satisfeita de imediato: Precisava reencontrar o Jota Silvestre e o Flávio Cavalcanti. São Pedro coçou a barba e disse: "O Silvestre até que é mais fácil, está na ala dos anjos vestidos de azul, que são os que foram mais dóceis na Vida Terrena.  Mas o Cavalcanti, por ter arrumado muita encrenca, está na ala dos que vestem rosa. Precisamos pensar em um modo de fazer com que você os veja. Mais uma vez pestanejou, recoçou a barba e encontrou uma solução. Ordenou a uns anjos que o assessoravam para que reunissem a tropa em filas, conforme as cores de seus vestidos: os de rosa ficariam perfilados  à esquerda; os de azul á direita. Os de branco, lá na frente, olhando para a Hebe e o Chaveiro. E foi explicando: Os que vestem azul, o fazem porque á uma cor próxima do verde, a cor da esperança. São aqueles que ficaram a vida toda dando esperanças  aos brasileiros: tem ali o Dilson Funaro, que com seu Plano Cruzado queria nos ajudar mas não conseguiu, o Pedro Collor (que só conseguiu lugar aqui porque credenciou-se dedurando o Fernando), e, no futuro, haverá lugar para seu patrão o SS, que tantas vezes abriu as Portas da Espenaça para os brasileiros, em seu programa dominical. Tem também o Mário Andreaza, o Médici, o Geisel e outros que você conhece. E, em meio a eles, lá estava o Jota Silvestre, colega da Hebe, fazendo um programete de auditório. Perguntava: "Quem foi o Pai dos Trabalhadores Brasileiros?"   Um trabalhador anônimo, carteira assinada, respondia: "Getúlio Vargas!"   E O Silvestre, com seu bordão conhecido, afirmava: "Absolutamente certo!!!". E, depois, ressaltando que "O Céu é o Limite", encorajava o participante a continuar a responder perguntas.

          Na fileira rosa, da esquerda, alguns que deram muito serviço aos milicos. Explicava Peter que o rosa é a cor mais próxima da vermelha e que os que tinham "uma certa tendência revolucionária", então, eram instados usarem vestidos rosa, a ficarem do lado esquerdo. Ali estava o Flávio Cavalcanti, que uma vez teve seu programa tirado do ar porque enalteceu uma atriz que tinha ideais não compatíveis com os do Poder. O Flávio havia quebrado muitos discos "long plays" do Teixeirinha e do Valdick Soriano em seu "Programa Flávio Cavalcanti!, porque dizia que suas músicas eram umas porcarias e que não mereciam ser gravadas. Mas, porque foi considerado um homem justo, teve o céu assegurado.

          Hebe e  Peter foram passando em meio às fileiras de anjos rosas e azuis e se aproximaram dos brancos. Lá avistou Aírton Senna e, após o selinho, disse-lhe que a tia Viviane lhe mandara um forte abraço. E lá estava o antigo amigo Chico Anízio, com uma camisa branca e uma faixa diagonal preta, com uma cruz de malta encarnada bem próxima do coração. Chico era exceção, podia usar alguns detalhes que não fossem brancos, pois chegara recentemente e se tornara um pouco rebelde, disse que nos primeiros meses precisava ficar com a camisa do Vasco, porque era supersticioso e, naquele momento, o Vasco estava ganhando do Figueirense por 3 a 1, com grandes jogadas de Dedé e Juninho. São Pedro deu uma colher de chá pra ele. Se o Jô Soares já estivesse lá com eles, dar-lhe-ia  uma caneca daquelas do Jô!

          Deu pra ver que Saint Peter era bastante complascente, abria exceções, deixava os anjos muito à vontade, desde que cumprissem com suas obrigações, que era não cortar árvores, comer frutos e depois colocar as sementes e cascas nas composteiras, fazer a "sustentabilidade" do céu. Não precisavam de luz elétrica, a natureza lhes oferecia tudo e, melhor que tudo, os animais não atacavam ninguém. Nem o Leão da Receita Federal tinha qualquer poder por lá, mesmo porque lá não se tem salário.

          A nossa Diva foi olhando tudo, aprendendo tudo, maravilhando-se com tudo. Depois, pegou ser I-phone 5 e, já domingo, viu o Padre Marcelo celebrando sua Missa de Corpo Presente, depois o Pelé, a Dilma, o Lula e muitos artistas acompanhando seu enterro lá no Morumbi. Ficou muito satisfeita com o novo brinquedo eletrônico e disse que poderá ser acessada, logo, logo, através do www.blogdahebenoceu.blogspot.com  - Ah, e teve o selinho do patrão, Sílvio Santos também!

Euclides Riquetti

Depois da chuva

Desarme seu coração, abra-o com doçura
Deixe-o receber o carinho que lhe proponho
Permita-lhe receber, com amor e com ternura
Um cesto de belas flores, um turbilhão de sonhos.

Desarme seu coração, dê-lhe asas para voar
Deixe-o navegar pelas vagas da calmaria
Permita-lhe conquistar o direito de sonhar
Viver sonhos de vida, de amor e de alegria.

A vida é imperfeita e os seres também o são
Temos nossos erros, guardamos muitas virtudes
Vivemos a realidade, mas também nossa ilusão.

Porém, depois da chuva, volta-nos o sol bonito
Volta com sua beleza, energia e magnitude
Para  animar nossa vida e dourar o azul do infinito.

Euclides Riquetti

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Vigésima primeira Crônica do Antigamente

Abobrão X Porungão...
          No início da década de 1980,  o futsal e o futebol de campo estavam efervescentes em Capinzal e Ouro. Na anterior, havia sido inaugurado o Ginásio Municipal de Esportes na área central da cidade de Ouro. Foi construído pelo Prefeito Adauto Colombo. Mais adiante, no início dos anos 90, batizamos de Ginásio André Colombo, numa homenagem ao pai do Adauto, uma pessoa respeitada na sociedade ourense, pela sua biografia. Apelidaram o Ginásio de Abobrão, porque nós, moradores do Ouro, éramos os "abobreiros", enquanto os capinzalenses, que costumavam chamar-nos de argentinos, éramos os proungueiros. Até mesmo por isso, tinha a cor de uma amarelo abóbora. Éramos abobreiros assumidos e identificados.

          Em 1982, após alguns anos de muito trabalho, conseguiram concluir do Ginásio de Esportes de Capinzal, maior, com mais metros e lances de arquibancadas. Foram muitos jogos, muita festa. Alguns apelidaram o mesmo de "Lesmão", porque houve demora na construção. Outros o chamam de Diletão, aumentativo de Dileto, o Prefeito que o idealizou e construiu. Devemos reconhecer e aplaudir o ato do amigo Dileto, pois tinha uma visão de futuro diferenciada, construindo uma obra compatível com o volume de praticantes de esportes em Capinzal e de adeptos dos jogos de quadra. Nós, do Ouro, demos um troco a eles: Apelidamos o seu ginásio de "Porungão", pois como eles nos chamavam de abobreiros, nós lhe devolvíamos de "porungueiros", então o ginásio deles era o Porungão.

          Nas festividades de inauguração, houve um jogo entre a CME de Ouro e  a de Capinzal, em que nós, do Ouro, aceitamos jogar com os de Capinzal mesmo sabendo que iríamos levar de goleada, pois eles treinavam há muito tempo. Ah, eu "jogava" na condição de Diretor Esportivo da CME, já que minha bola não tinha tamanho suficiente para estar no meio das feras. Acabamos vencendo o jogo com o Celito Andrioni de goleiro, o Matté, o Adônis, o Zanini, o Mídio, o Amantino Garcia, o Irenito Miqueloto de treinador. Time improvisado, ganhar foi motivo de grande comemoração.

          Mas, algum tempo depois, a Perdigão, de Videira, tinha um timaço de futsal. Era a base da Seleção Brasileira, e esta, diversas vezes campeã mundial de futsal. Somente alguns anos depois é que outros países, como a Espanha, conseguiram "encostar" no Brasil. Os astros maiores eram Jackson e  Douglas, que recebiam salários altíssimos e eram as verdadeiras feras, os "top" do futsal brasileiro e mundial. Equivaliam ao atual Falcão, ou ao já aposentado Manoel Tobias.   E, por uma gentileza do Altair Zanchet e dos Brandalise, Capinzal recebeu o time da Perdigão. Lembro-me que o Maurício Dambrós "fez chover" na quadra e o resultado acabou sendo 3 a 2, não sei pra quem.
          Mas, o acontecimento da noite, não foi o jogo memorável, com a presença daqueles astros de fama internacional no "Porungão". O grande espetáculo,  aconteceu no intervalo do jogo. As pessoas que compravam ingresso, guardavam-no e houve um sorteio em que algumas pessoas, sorteadas, iriam tentar fazer a "cesta de ouro", arremessando uma bola do círculo central da quadra, para atingir a cesta do basquetebol. Quem conseguisse o feito, ganharia uma Bicicleta. Ou seria uma TV? Ah, mas isso pouco importa, importa-me, sim, a sequência dos fatos, a vibração que um deles  provocou nas mais de duas mil pessoas que se encontravam naquela praça esportiva.

          Foi quando adentrou na quadra um menino de baixa estatura, óculos fundão de garrafa, boné de lã na cabeça,  sapato de couro   (ou seria botina), jaqueta, enfim, um sujeito todo enrolado na roupa, chamado Tuto. Sim, ele mesmo, o Fábio Carelli, irmão da Édila, filho do Tito Carelli e da Ires Gavazzoni. Pois não é que o Tuto, sob o olhar tenso  da galera, posicionou-se bem no centro da quadra, deus três quiques com a bola ao chão e "JUMP"!!!... , a bola passou o arinho circular, afundou-se na redinha lateral e  foi quicar novamente no piso da quadra, sem mesmo bater na tabela, sem mesmo raspar no aro de ferro. Ah, a galera foi à loucura. Os locutores da Rádio Capinzal, dentre eles o Álvaro de Oliveira, ficaram embasbacados. Não sabiam o que dizer... Os jogadores, que estavam voltando para a segunda etapa, imaginaram que os apupos eram para eles, sorriam... Que nada! Nosso herói era o Tuto, o Fábio Luiz Carelli, que jogava basquete e volei nos JECOs pelo Mater Dolorum, treinado pelo Professor Neivo Ceigol... Ah, que noite memorável foi aquela.  Foi o assunto do dia seguinte, da semana seguinte. Na rua, no mercado, nas rodas de amigos, só se falava no grande feito do Tuto!!!

          Já contei essa história para o Olir e o Diovan, lá da GIDUR, setor da Caixa em Chapecó, chefes do Tuto. Acho que isso até deveria render uma  promoçãozinha para o amigo, mas sei que as promoções ele conquista pela sua competência e que, na Caixa, não tem  isso de dar promoção porque o funcionário um dia foi um craque do basquete. Mas, que ele merece, ah, sim, merece. De qualquer forma, ele teve seus 15 minutos e seus 15 dias de fama. Pelo menos em Ouro e Capinzal!...


Euclides Riquetti
07-09-2012

Na primeira tarde do primeiro dia de primavera


Não quero ser a nuvem escura que cobriu o sol
Na primeira tarde do primeiro dia de primavera
Não quero que coloque meu nome num crisol
Nem que espalhe nos ventos ou o jogue à  terra.

Não quero ser o vento frio que soprou debalde
Mas quero ser o por do sol, que enfeitou a praia
Que maravilhou os corpos e pincelou a tarde
Com cores quentes em matizes que me maravilharam.

Quero que você seja o sino que, de nota em nota
Alenta minha vida com seu toque soberano
E que com as mensagens que você  denota.
Torne meu mundo mais doce, muito mais humano.

E quero mais ainda que a tarde azul volte no mar
Onde as ondas e as espumas bordam os areais
Quero apenas reencontrar seu sorriso a me esperar
Quero apenas que me ame e não me deixe jamais!

Euclides Riquetti
 

Bom dia, Primavera!

Bom dia, Primavera!
Depois de meses de espera
Está de volta para nos trazer a indescritível beleza
Com que nos possa brindar a natureza!

Já de madrugada
Os pássaros começaram a cantar
E eu fiquei a ouvi-los, aqui ao lado do mar...

Hoje o dia promete sol e temperatura moderada
Céu muito azul
Aqui nesta ilha do Sul:
Ilha da magia
Que me dá a alegria.
Ilha dos encantamentos
Onde sopram os agradáveis ventos
Sutis e...
Primaveris.

Mais uma primavera para me inspirar
A te escrever meus poemas
Sem dilemas
Apenas com a inspiração que vem do mar.

E ele está ali, murmurando
Bem pertinho de mim
Me fazendo lembrar de ti!

Euclides Riquetti
23-09-2015







terça-feira, 22 de setembro de 2015

Versos árcades

 

Não farei rimas consonantais
Nem abusarei de combinações vogais
Apenas direi o que o coração ditar
Não rimarei adjetivo com verbo regular.

Farei poemas de meus desatinos
Farei sonetos com verso livre
E se julgar que for de bom alvitre
Comporei sonetos alexandrinos...

Farei paródias de canções conhecidas
Repetirei os verbos, porei conjunções
Mas não ousarei desatar emoções
E nem buscarei lembranças perdidas.

Não farei mais nada que não seja eterno
E nem serei um reles parnasiano
Eu a esperarei, ano após ano
Outono, verão, primavera e inverno.

E, quando disser: eu também o amo
Eu lhe entregarei meu coração  profano
Onde ainda cabe nosso amor mundano...

Euclides Riquetti

De novo, os jovens uruguaios

Escrevi, há um ano, sobre os jovens uruguaios que visitam o Brasil nesta época do ano. Na segunda, 21, cerca de 1.150 deles estavam, novamente, em Canasvieiras. Conversei com alguns e falei que tinha escrito sobre eles no blog. Então, aqui vai novamente o texto...

          Estive por alguns dias "tomando banho de chuva" na praia de Canasvieiras, na Ilha da Magia, Florianópolis, coisa que, depois de definitivamente aposentado, agora de fato e antes de direito, repito uma três vezes por ano. Claro que, na maioria das vezes, "tomando banho de sol", coisa que fiz durante toda a minha vida. Adoro Canasvieiras: é minha praia!!!

          A belíssima praia do Norte de Floripa tem uma faixa de areia de um 5 km de extensão, com a largura variando entre 5 e 15 metros em 80% do dia. Com a maré baixa, fica entre 15 e 20 metros. Areia fina e limpa, muito boa para caminhadas. Costumo correr logo de manhã, sempre mais do que uma hora, e caminhar mais uma, o que me permite usufruir, com alegria, das delícias dos restaurantes. Há dezenas de boas opções para refeições por lá. A  "praia dos argentinos", pelo menos duas vezes ao ano, é invadida pelos uruguaios.

          Na semana que passou, nos deparamos com bandos de jovens que tomaram as ruas da Ilha de Santa Catarina. Conversei com alguns deles, gente muito bonita e educada. Humildes, cordatos, respeitosos, elegantes. Idade entre 16 e 20 anos pelo menos 80 por cento deles. Mas, na primeira vista, se tem a impressão de que tenham entre 14 e 16 anos. Muito bem cuidados, têm uma estatura mais baixa do que os brasileiros. Nisso, assemelham-se aos argentinos, porém, pelos seus hábitos alimentares, são praticamente todos magros. Ao contrário dos outros, os meninos usam corte de cabelo curto e as garotas, todas, com cabelos longos ou médios., acima dos 30 centímetros. Castanhos ou negros são os seus cabelos, poucas pessoas loiras. Mas, de uma forma geral, no quesito "beleza e apresentação", dou-lhes  notas entre oito e nove.  Sete e dez seriam as exceções.

          Mas a tônica da presença deles, ao meu ver, é a o seu nível de educação e respeito. Falou-me um jovem casal que eles estavam em mais  de 1.000 jovens uruguaios que comemoravam a conclusão de seus estudos em nível de Ensino Médio , Segundo Ciclo, lá, e que estarão ingressando na Universidade. Em dados momentos, adentravam em mais de duas centenas deles num supermercado e nada de anormal ocorria. A padaria e as prateleiras de frios eram os departamentos mais visados. Sucos, iogurte, pão, bolos e cucas, salgados e doces, sorvetes,  refrigerantes. A cerveja, que costuma ser regra entre brasileiros e portenhos, era raríssima exceção. Mesmo assim consumida com moderação. Nada daquelas caixas de isopor cheias de latinhas e gelo que os outros costumam levar para a praia. Acho que é por isso mesmo que a obesidade não está presente dentre eles. Andam sempre em grupos, que é a forma que têm para proteger-se.

          No Uruguai, os alunos da escola pública frequentam seis  anos de Curso Primário, mais três de Ciclo Básico. E mais três do Segundo Ciclo, quando, em seu segundo ano, são orientados, de acordo com as suas aptidões, para as áreas onde podem dar-se melhor. No último (terceiro ano), saem prontos para ingresso na Universidade,  sem vestibular, inclusive para Medicina e Direito. Acho o modelo deles fantástico. Exames de Classificação, lá, muito poucos.

           Eu já conhecia bem a conduta dos uruguaios adultos, que na Semana Santa tiram uma semana de feriadão, em seu país. Chamam a isso de "Semana do Turismo", em que serviços públicos e privados param para que possam descansar ou viajar. Acho isso também uma ótima ideia. Aqui, pessoas trabalham muito e costumam, boa parte, "vender suas férias para o patrão", para garantir um dinheiro a mais no ano. E os patrões pouco folgam porque não podem descuidar-se em seus negócios para não quebrarem ou mesmo porque gostam muito de ganhar muito dinheiro...

          Registro que, ao contrário de muitos que se expõem inconsequentemente, os jovens uruguaios têm muito a nos ensinar. Parabéns a eles!

Euclides Riquetti
28-09-2014

Mulher sulista

Lá, no Sul, onde sopra o vento minuano
Onde vicejam os vastos e verdes gramados
Onde nasce o sol mais garboso e soberano
E ali capeiam rostos bonitos e abençoados
Nascem as mais belas mulheres!

Lá, no Sul, onde se estendem as campinas
E as manhãs azuladas são alvissareiras
E as prendas se revelam desde meninas
Instruídas nas singelas artes campeiras
Nascem as mais belas mulheres!

Mulher sulista, gaúcha de alma e coração
Beleza de rainha, simpatia de realeza
Mulher sulista, mulher do fogo e da paixão
Beleza de senhora, corpo de princesa
Nascida para amar e ser amada!

Mulher sulista, que guarda bons sentimentos
Divina inspiradora de meus versos
Mulher com que divido os meus momentos
Divina inspiradora de meus versos
Nascida para amar e ser amada!

Euclides Riquetti
22-09-2015














Ídolos - Ted Boy Marino

Relembrando de meus bons tempos...
          Em nossa adolescência temos um predileção por colecionar ídolos. Há os do futebol,  do automobilismo, do cinema, da política, da música. Em minha juventude, também tive alguns em especial. Primeiro foi o Pelé, que era quase que a unanimidade de minha geração. Admirei John F. Kennedy pela maneira com que apresentava ao mundo sua condição de estadista democrático. No automobilismo, Emerson Fittipaldi, nas letras Jorge Amado, influenciado pelo Gilberto D ´Agostini, o "Mora", que me sugeriu ler o "Capitães D´Areia". No cinema, havia muitos, e muitas (Kirk Douglas,  Giuliano Gemma, Gina Lolobrígida, Brigitte Bardot, Claudia Cardinalle...). Na música, Paulinho Nogueira, instrumentista, e Ronie Von, cantor, além de Caetano Veloso, com sua "Alegria, Alegria", caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento...

          Mas, na TV, no final  da década de 1960, meu ídolo era um lutador de Telecatch, da TV Excelsior e apresentado também na Rede Tupi, através da TV Piratini, de Porto Alegre, que nos trazia os espetáculos no sábado à noite. Ted Boy Marino, o Mário Marino, que nasceu na Calábria, ao Sul da Itália, e que viveu sua juventude na Argentina, encenava lutas num bando de "bons e maus", até malvados lutadores do catch. E nós vibrávamos com eles. Discutíamos com os mais velhos, com o Tio Arlindo Baretta e o Olávio Dambrós,  que diziam que aquilo tudo era fingimento, marmelada para enganar nós, trouxas. E nós, teenagers na época, revidávamos, diziamos que eles tinham inveja, não sabiam nada de luta nem de TV.

          Quanta inocência e ingenuidade a nossa! Mas que boa a nossa inocente e pura ingenuidade, que nos enche de saudades...

          Depois, na maturidade, vamos descobrindo todas as enganações que podem ocorrer no mundo da recreação, onde a suprarrealidade está mais presente do que a realidade.  E que as brigas protagonizadas na TV pelo Verdugo, Jóia - o psicodélico, Fonatomas, Aquiles, Rasputim Barba Vermelha e La Múmia eram apenas números artísticos impecavelmente ensaiados, que ninguém apanhava, ninguém levada pontapés e socos de verdade. Alguns dedos nos olhos também eram pura enganação, afinal tinha tanto chuvisco na tela que nem com bombril amarrado na antena se podia ver direito.

          Mas, que o Ted Boy Marino nos emocionou muito, ah, tenho absoluta certeza, emocionou. Pelo menos a mim, ao Altivir Souza, ao Ademir Mantovanello, ao Moacir Richetti.

           Ted Boy  Marino, que além de lutador foi apresentador de TV e integrante de "Os Trapalhões",  deixou-nos ontem, dia 27-09-2012, após parada cardiorrespiratória em uma intervenção  cirúrgica. Vai com Deus, meu ídolo de juventude!

Euclides Riquetti
28-09-2012

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O amor que flutua no ar

O amor que  flutua no ar
Vem embalar
Meus pensamentos e meus sonhos.

O amor que me acalma
Acalenta minha alma
Bane meus defeitos medonhos.

O amor vem cantado nas canções
Colado em sentimentos e emoções
Escrito nos versos das manhãs.

Mas, se não o alimentamos, vai embora!
Vai acampar em  almas que não choram
E não se apega nas  promessas vãs.

O amor é assim:
É um sentimento sem fim
Que procura um galho firme para pousar...

 Ao contrário,
Vai navegar em outro mar!

Euclides Riquetti

Vigésima crônica do antigamente

Mais uma vez reprisando...

          O ano da Copa de 1970 foi muito vibrante. No dia da Grande Conquista, em 21 de junho de 1970,  reunimo-nos no Bar do Valmir Pelizzaro, junto ao então Cine Glória, que antes fora dos irmãos Santini. Ali trabalhava o José Carlos Côas, o Zeca, irmão do Lourenço (Lolo), e do Carlinhos, que mora em Curitiba,  o Zeca, que morou em União da Vitória. (Convivi com ele a partir 1972). O Bar do Cinema, como era conhecido, comportava umas mesinhas de pebolin e de mini-snooker, on de nós, menores, jogávamos com medo da Polícia e do Juiz de Menores, o José Dambrós. No sábado à noite os jovens ficavam esperando um lugar para jogar, tão concorridas eram as vagas às mesas.

          Quando o Brasil sagrou-se tricampeão, poucas famílias tinham aparelho de TV em sua casa. Cerca de quatro  anos antes, o Sr. Leonardo Goelzer empenhou-se em trazer o sinal de TV para nossa cidade. Nas eliminatórias da Copa, em 1969, já TV no Bar do Arlindo Henrique, no Bar do Canhoto, no Clube Floresta. Lembro-me bem no dia em que, em 20 de jlho de 1969, ia passando defronte à loja do Saul Parisotto, em Ouro, na sala comercial de seus sogros, Abel e Serafina, e olhando pela primeira porta vi o Neil Armstrong, comandante da nave Apollo 11,  descendo na Lua... Armostrong nos deixou na semana que terminou, aos 82 anos. (Hoje, ali, funciona  a loja RZ Parisotto).
          Só as famílias "que mais podiam" é que tinham TV em casa. Na nossa, não havia TV, nem sofá, nem geladeira... Então, a gente se acotovelava em alguns lugar, principalmente nos bares, onde pedia um cafezinho, jogava dominó e assistia TV: Telecatch Montila, ondce torcíamos pelo Ted Boy Marino e tínhamos raiva de "Jóia, o psicodélico", que era muito malvado. Ah, havia também o Verdugo, o Fatomas, e outros. E havia as noites em que a Hebe Camargo fazia seu programa de entrevistas. Meu colega, Altivir Souza, um dos "coquiarinhas", o mais jovem filho da Dona Aurélia e Seu Viriato Almeida de Souza, era meu companheiro de dominó e outros jogos, inclusive dos de azar. E ele dizia que a Hebe falava igualzinho à nossa professora, Dona Valdomira Zortéa, amável e simpática, de quem tenho as melhores lembranças. Achávamos interesante como ela pronunciava as palavras suavemente. Uma delas era "labirinto", lembro bem, em nossas aulas de Geografia...Hoje, o Altivir é tradicionalista, tens uns cavalos e uns boizinhos, aqui não muito longe de minha casa, é exímio laçador, e pratica o tiro de laço, no CTG.

           Bem, mas, como eu me reportava, para comemorar a conquista do tri, saímos em passeata (hoje fazem carreata), desde o Bar do Cinema, fomos para a Rua Ernesto Hachmann e a XV de Novembro, depois fomos para o Ouro. O Domingos Boff (Mingo), carregava uma bandeira do  Brasil. Cantamos o Hino Nacional na rua e os "Noventa milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração"... E era só alegria! Então, os brados cívicos ecoaram por todo o Brasil e vivíamos o "Milagre Brasileiro". O gremista Presidente Médici recebeu nossos tricampeões na Capital Federal e nós, brasileiros, continuamos a trabalhar para sobreviver, estudar para vencer.

          Tenho as melhores lembranças do ano de 1970, quando eu lavava carros no Posto Dambrós, ali em Ouro, e estava cursando Contabilidade na CNEC. E os jogadores de futebol ainda não estavam acostumados  a se reunir em rodas de pagode, nem em bailes funk, nem apareciam na TV ao lado do Michel Teló e outros. Apenas jogavam futebol. e muito bem, dando-nos muitas alegrias, honrando-nos e orgulhando-nos perante o mundo. Naquele tempo, Deus já era brasileiro!!!

Euclides Riquetti
02-09-2012

domingo, 20 de setembro de 2015

O vento que traz a saudade

O vento que traz a saudade é o mesmo que me traz o alento
O vento que balança os galhos é o mesmo que move as velas
Que movimenta as ondas do mar e atiça o meu pensamento
Que devolve a minha memória as lembranças mais singelas.

O vento que agita   seus cabelos longos  e  esvoaçantes
O vento que incendeia as almas enegrecidas e pecaminosas
Que açoita seus lábios sedentos de meus beijos escaldantes
Que acaricia sua pele bronzeada e suas mãos macias e sedosas.

É o mesmo  que levanta  as areias selvagens do deserto
É o mesmo que acalenta os corações frágeis e atormentados
É o mesmo que me traz seu perfume de longe para bem perto

O vento que  me afaga  a pele e que vai chegando de mansinho
Consola-me quando de meus momentos tensos e  angustiados
Traz-me seus recados de amor e lhe leva de volta  meus carinhos!

Euclides Riquetti

Guerra do Contestado - o que temos a ver com ela?


Para relembrar...

     
          O tema "Guerra do Contestado", pelas características da mesma e pela data de seu início,  cujo centenário se aproxima, vai trazer-nos de volta muitas informações que um dia ouvimos, mas que nem sempre demos muita bola para o assunto. Sempre tive muita paixão por isso, é um assunto que me atrai profundamente.

          A data fatídica é 22 de outubro de 1912, quando ocorreu a Batalha do Irani e, tanto o jovem  Coronel Gualberto quanto o líder dos revoltosos, Monge José Maria, foram mortos. Brevemente, dedicarei um escrito exclusivamente para o que ocorreu nos dias que antecederam e sucederam esta importante data para nós, catarinenses, principalmente moradores das áreas que serviram de palco para a Guerra. Tenho informações exclusivas que obtive na Fazenda Nossa Senhora de Belém, com o Sr. Alceu Saporite, no interiorzão de Água Doce, num final de  ano em que acampamos, com nossa família, uns 50 metros  abaixo de uma Cachoeira existente na propriedade, e que ali ocorreu um fato que ajudou a mudar a história da Grande Batalha entre os liderados por José Maria e os soldados do jovem Coronel Gualberto.

          Mas, hoje, vou-me dedicar a repassar algumas informações que obtive em minha vida,  e outras que li em  "O Oeste Catarinense - Memórias de um Pioneiro", escrito pelo saudoso José Valdomiro Silva, (tio da Leda Sílva Kerber, Soprano de nosso Teatro Alfredo Sigwalt, de Joaçaba, e   dos seus manos  Cláudio e João, meus amigos). Valdomiro construiu uma biografia irretocável, nascido em 21 de junho de 1902, na Fazenda Umbu, interior, na época, de Campos Novos, próximo de Duas Pontes, hoje Zortéa, e que viveu sua adolescência em lidas com seu pai, durante a construção da Estrada-de-Ferro São Paulo/Rio Grande.

          Em 1914, quando a Guerra do contestado estava  no ápice, 500 soldados da Força Federal estiveram acampados, por muitos meses, próximo à Estação Férrea de Capínzal, com a finalidade de guarnecer a cidade e impedir que os classificados como "fanáticos jagunços", tomassem o rumo do Sul.

           Nossa cidade armou-se antes antes de os soldados chegarem, conforme descreve José Valdomiro Silva, na página 18 de sua obra: "À vista de  tal situação, o farmacêutico Cavalcanti, que era solteiro, resolveu organizar uma guarda-civil, para o que convidou diversos homens e rapazes, entre os quais eu também fui incluído, na qualidade de seu empregado. Não houve problema para armar o pessoal, pois, na época havia muita Winchester e revólver Smith & Wesson que apareceram no comércio logo após a passagem da estrada de ferro. Até eu com meus doze anos, também mereci uma Winchester 44 que mantinha na farmácia, para enfrentar os jagunços. E como a dita guarda foi organizada em caráter amador, não havendo recursos para sua alientação, requisitavam porcos e galinhas das casas abandonadas pelas família fugitivas".

          Pela descrição, você, leitor (a), pode ter noção de o quanto a situação estava complicada. E o adolescente José Valdomiro Silva, que a meu ver merecia ter sua vida retratada em documentário cinematográfico, é figura marcante em nossa história. Há muitos fatos interessantes em sua publicação, de 1987, e que você pode encontrar nas bibliotecas da região e sebos de Florianópolis.

          Felizmente, hoje vivemos outros tempos, enfrentamos outros tipos de problemas, frutos da organização social atual. Mas, naquela época, a realidade era bastante cruel com os moradores de Rio Capinzal, localizado à margem esquerda do rio do Peixe, e o "Distrito de Abelardo Luz", à margem direita. Naquela época, desde 20 de outubro de 1906, com esse nome, pertencíamos à Colônia de Palmas, do Estado do Paraná. e era comum, em minha infância e juventude, colegas de Capinzal "inticarem" comigo, dizendo que nós, os abobreiros, do Ouro, éramos argentinos, e que eles, de Capinzal, os porungueiros, eram os brasileiros.


          Intrigas e rivalidades à parte, a realidade é que Ouro pertenceu a Capinzal apenas por 14 anos, de 1948 a 1963. E que, se buscarmos profundamente a nossa verdadeira história, vamos descobrir muitas coisas interessantes, inclusive que tivemos ativa participação na Guerra do Contestado, pela nossa localização e pelas disputas de Paraná e Santa Catarina pela região Contestada.


Euclides Riquetti
05-08-2012

Infinito como o céu...

  
Distância?
Saudade...
Lembrança?
Eternidade...

Quando me atiro em pensamentos conturbados
E em sonhos atormentados
Que me afundam em seu corpo tão  desejado
Amado...
E, quando me perco em sentimentos proibidos
E vejo-me abandonado e esquecido...

Eu passo a não mais articular as palavras ditas
A não combinar as frases escritas.

Então me esforço para trazer a mim o seu olhar
Reconquistar!

Queria tanto os seus lábios provocar
Beijar...
Ver seu rosto sorrindo
Lindo
E bonito. E beijar...

Repito:
Quero apenas lhe tocar:
Para amenizar
Minha saudade
Nossas saudades (Ou você nega?....)

E nos meus versos
Diversos - apenas em meus versos
Poder me expressar:

Meu amor é, sim, muito bonito
Bonito porque é... infinito:
Tão grande como o céu!!!

Euclides Riquetti