Tump vai embora! Logo vamos ter uma limpa nos
noticiários da televisão. Já encheu-nos a paciência. Quem perde, tem que pôr a
viola no saco e ir embora. Desocupar a moita! Pior que a eleição dos Estados
Unidos, só a do meu Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Realizaram uma no sábado
passado, 07, para escolher o novo presidente do Clube, que está sub judice. Há
uma nova eleição marcada para o próximo sábado, 14. Nem se sabe se vai
acontecer. Lá também, como no USA, um derrotado não admite que perdeu...
Trumpeira está fora porque mostrou ser arrogante e tranqueira!
Na reta final da
campanha às eleições deste domingo, para a escolha de Prefeitos, Vices e
Vereadores, voltaram a correr rios de leite e mel. E a chover leite com cuscuz,
como dizem alguns campeiros por aí. Sim, porque nos estão pintando um cenário
maravilhoso, em que todos os problemas das cidades estão sendo resolvidos. E
que, a partir do ano que vem, todos os moradores das cidades vão viver uma nova
e positiva realidade.
Os candidatos
precisam vender esperanças e os eleitores querem comprar. Pagam,
antecipadamente, com o seu voto. Os candidatos, emocionalmente envolvidos,
passam a vender a ilusão. Não os culpo, pois se assim não o fizerem, não
contagiam a maioria do eleitorado, aquele público que os elege. E, tudo aquilo
que o ser humano repete, exaustiva e insistentemente, parece uma verdade. E
isso se consolida na mente do falante, que passa a acreditar, ele mesmo, no que
diz.
Na aproximação
do dia do pleito, lembro-me de algumas passagens quando de minha eleição a
Prefeito em Ouro. Visitei todas as casas do Município, cidade e área rural,
menos uma, que lá não cheguei porque já estava escuro. E acabei não voltando
lá. Por isso que, na política, bem como na administração pública, tudo o que se
planeja fazer e precisa ser feito, deve acontecer de imediato, porque podem
surgir imprevistos e as coisas não acontecerem como se deseja. Aqui na minha
rua, esperávamos o asfalto há 12 anos. Viria depois do esgotamento sanitário, e
não veio...
O eleitor
escolhe alguém em quem votar. Muitas vezes é amigo de vários candidatos a
vereador e de quase todos os candidatos a prefeito. Então vai escolhendo por
eliminação. E ali, em vez da preferência, passa a contar a rejeição. Ou não
vota no candidato porque acha que a mulher do cara é orgulhosa, porque ele é
rico, porque ele é pobre, porque não sabe administrar, porque só sabe viver de
política, porque não fala bonito, porque vai levar seu time de amigos para
trabalhar com ele na prefeitura, porque passou na casa do vizinho para pedir
voto e não chegou na dele, e assim por
diante. Sempre há um motivo para dar o troco.
Pois fora eu
visitar uma família de companheiros lá na Canhada Funda, no Ouro. Cheguei
sozinho, cumprimentei a senhora que veio me receber, perguntei pelo marido (que
não estava), disse-lhe que era candidato
a prefeito e fui expondo minhas ideias. Ela me disse: - Voto em você se me der
uma geladeira! Falei que era professor,
remediado, e que negociar voto era ilegal. Então ela me disse: -Ah então você é
o professor, é? Você reprovou meu filho lá na escola! Falei que ele foi
reprovado pelo Conselho de Classe, não fora só eu, que lá no Seminário o Frei
fazia os meninos trabalharem muito na granja, então não usavam todo o tempo
para estudar, e deu a reprovação, esperançoso de ganhar o perdão e o voto da família.
Minha surpresa
foi grande quando ela disse: - Vamos votar todos em você. A geladeira quero
ganhar do outro, que é rico. Ainda bem que você ajudou a “rodar” meu filho. Se
ele passasse, ia para o Seminário de Irati, no Paraná, e eu o ia ver só no fim
do ano. Assim, ele saiu do seminário,
voltou pra casa, está nos ajudando muito, vai casar e ficar aqui, para nossa alegria e felicidade! E
ficou muito contente porque eu ajudara a reprovar o filho. E eu levei os votos...
Um outro caso, de
que tive conhecimento, através do protagonista, o saudoso ex-Prefeito Ivo Luiz
Bazzo, de Ouro, refere-se aos tempos da UDN e do PSD. Ouro ainda pertencia a
Capinzal e Bazzo foi com o candidato da UDN, Deolice Zênere, fazer campanha lá
na costa do Pelotas, numa casa onde havia 11 eleitores. Bem recebidos, tiveram
a promessa de que ganhariam todos os votos. Na apuração das urnas, Bazzo era
fiscal e a urna da comunidade onde votavam havia 11 votos com o XIS no
quadrinho de Deolice Zênere, da UDN, e os mesmos XIS no quadrinho de Nízio
Baretta, do PSD, sendo os 11 votos anulados.
Dias depois,
sendo eleito o candidato apoiado pelo Bazzo, ele foi para aquelas bandas para
agradecer e passou na casa dos amigos e perguntou o que aconteceu que votaram
em ambos os candidatos. O patriarca, muito humilde, um senhor moreno já com os
cabelos brancos, disse-lhe que o outro candidato também os visitar, era muito
simpático e bonzinho, e eles prometeram votar para ele também. E cumpriram a
promessa!
Eleições guardam
surpresas. Eu sei o que quero para minha cidade. Eu tenho uma razoável
compreensão da capacidade de angariar voto de cada candidato a Prefeito de
algumas cidades, em especial de Joaçaba. As pessoas me contam sobre o que
tiveram de positivo e o que tiveram de decepção com os que já ocuparam cargos
públicos e mesmo o de prefeito. Quem deve escolher é o eleitor. Que corram os
rios de leite e mel e que chova leite com
cuscuz. Quem teve melhor mensagem, tem mais credibilidade ou vendeu mais
esperanças, pode levar o resultado positivo. Conta também organização, boa
comunicação e equipe apoiadora. Boa sorte a todos!
Euclides Riquetti – Escritor
Minha coluna no Jorbnal Cidadela - Joaçaba - SC
13-11-2020