Um cidadão amigo
meu, que julgava entender de política, há três décadas, via as estratégias de
marketing como a saída para a eleição de pessoas pouco preparadas para se
defenderem. O marketing e as estratégias de campanha levariam o candidato ao
sucesso ou fracasso, dependendo da orientação e assessoria que tivesse. Mais
dinheiro e criatividade, mais chances de vitória. Ele tinha razão. E ele também não tinha razão!
Comentar ou
tergiversar sobre política, economia, futebol e novelas é muito fácil. Todos julgamos
que entendemos muito disso. Porém, nem
sempre o que imaginamos que possa ser viável e realizável, consegue tornar-se
real. Mas temos exemplos muito fortes de candidatos que conseguiram chegar o
poder graças ao instituto do marketing. Eu citaria Luiz Henrique da Silveira,
que foi Governador e Senador por Santa Catarina, um contumaz vencedor de
eleições. Ele tinha uma agência de publicidade por trás dele, a WG, e muitos
apoiadores endinheirados. E Dilma
Rousseff, produto de marketing bem planejado, mas que não serviu para segurá-la
no Poder. Chegou a ele graças ao seu forte cabo eleitoral, Lulla da Silva. Enquanto LHS trabalhou com as conveniências de seus aliados, concedendo
cargos em troca de apoio político, esta era uma atrapalhada propagandista de si
mesma, virando motivo de chacota pela maneira com que conduzia seus discursos,
criticada até mesmo pelos seus companheiros de partido.
Agora,
avizinham-se as eleições para cargos do Executivo e do Legislativo, em outubro.
Em Brasília, realizam-se as convenções que estabelecerão candidatos e alianças,
mais focando o tempo de publicidade na televisão do que na capacidade gerencial
dos candidatos a vice-Presidente. Em nível estadual, buscam-se coligações
fortes, pois a experiência nos mostra que as coligações poderosas conferiram
dois mandatos ao MDB e dois ao PSD, os quais governam Santa Catarina por 16
anos. Claro que, além das coligações que julgam de sua conveniência, os
candidatos têm suas equipes de propagandistas, que usarão de todos os meios
legais possíveis para impressionar o eleitor e conquistar seu voto. Mesmo com o
dinheiro e o tempo mais curtos, encontrarão maneiras de encantar o eleitor.
Mas os acontecimentos
nos últimos quatro anos, em que se viu uma Presidente cassada pelo Congresso
Nacional, e um substituto que chegou ao Poder “por uma via secundária”,
assessorando-se por pessoas altamente comprometidas com os interesseiros e
denunciadas por corrupção, e os poderes Legislativo e Judiciário atuando, nas
esferas superiores, conforme os interesses de cada um dos componentes, com
poucos deles se salvando, fazem com que o eleitor duvide muito de todos e não
acredite em nenhum deles. Embora, mais uma vez, venham a se verificar acusações
de lado e outro, e que venha o discurso que fascina e quer convencer, o
eleitor, em sua maioria, está muito amadurecido, não quer ser enganado por
ninguém, e votará naquele que lhe inspirar mais confiança. Em quanto isso,
vamos aguardando os Planos de Governo de todos os candidatos, para analisar a
consistência ou a fragilidade das propostas que defenderão.
Euclides Riquetti – Escritor – Membro da ALB/SC
Publicado no Jornal Cidadela, de Joaçaba, SC, em 27-07-2018