Em minha caminhada matinal, após andar um bocado na Pista do Comercial, aqui em Joaçaba, tomei o rumo de uma rua paralela ä Rodovia BR 282 para dar uma olhada na evolução da urbanização do entorno da Nova Rodoviária, aquela que está há seis anos em construção e dizem que vai ficar pronta em agosto. Mas também ia ser inaugurada em agosto de 2008 e não foi...
Mas uma agradável surpresa me aconteceu quando estava em meio ao caminho: reencontrei um moço de estatura mediana, bem moreno, muito gente boa, daquelas pessoas que você pode contar com ela em todos os momentos da vida, o Vilson. Um moço sessentão. Acho que o sobrenome dele é da Rosa, meu coleguinha de infância e adolescência vivida nas barrancas do Rio do Peixe e nas ruas de Capinzal. Reconhecemo-nos à distância e foi uma alegria de minha parte reencontrá-lo. Senti o mesmo da parte dele. Gritou-me: "'Óia quem vejo aí, o Riquetão, o Pisca!..." "Virso! Que bom te vê, amigão! Vamo jogá as ganha, Virso? Te impresto duas bulica!", respondi.
Meu amigo Engenheiro Roberto de Carli, de longa data, ficou rindo de nosso encontro, da maneira como nos expressamos. Estavam ali para "ver um serviço", um muro de contenção para o Vilson empreitar.
O Vilson faz parte de uma casta de artistas das pedras, da família "Dos Lautério", que moravam em Capinzal, ao lado da estradas de ferro, nas proximidades da Linha Residência na epoca de nossa infância. Há mais de três décadas vieram para Joaçaba e Herval d'Oeste, a família ficou grande e todos aprenderam o ofício de cortar as pedras "pela veia", no bater das marretas. São todos habilidosos e as melhores taipas e muros do Baixo Vale do Rio do Peixe foram confeccionados pelas mãos dos Lautério. Do ano de 89 a 92, nós os contratamos para cortar paralelepípedos Arrendamos uma pedreira em Lacerdópolis e alojamos todos eles lá, num acampamento. Produziam muito, já que recebiam por pedra que cortassem. Serviço bm feito, sempre.
Mas seus belos trabalhos estão espalhados em diversas cidades, e podemos citar todos os muros de contenção do Balneário Thermas de Ouro como exemplo para que se possa avaliar a capacidade de trabalho deles. Hoje Vilson tem sua própria empresa prestadora de serviços, tem a vida bem organizada.
Aproveitamos a demora do proprietário chegar para mostrar o serviço e fomos conversando:
Dizia ele, com seu costumeiro nariz meio trancado: "Ma Riquettão, o que que anda fazendo? Só na boa? Se lembra de quando nóis jogava bulica lá no lado da bodega do Adelino Casara? Você queria me rapá nas ganha!..."
"Claro que lembro! Você tinha um jeito esquisito de segurá as bulica, Virso. Nóis jogava no búlico e no triângulo. E nossa turma se espalhô..."
"É memo! Se lembra do Nile? "Já morreu. Lembra que depois ele dirigia o caminhão da Serramalte quando ficou grande? Ele já era meio grandinho desde piqueno... Morreu faiz tempo!"
"É, mas morreu também o Pelé. E o Ferruge, o Castelinho... E o Nizinho, lembra? Tá vivo, mas foi pra cana há uns meses. Deu uma facada num amigo dele depois que bebeu..."
"Mais o Táiro (Tyrone Viecelli), ainda tá por aí. Virô Dotô o bicho! Você não ia junto qua gente quando ele pegava o jipe do véio Armando escondido pra nós i buscá uma melancia lá pros lado do Moinho do Toscan?"
"Não, minha turma maiava a pé, mesmo! Mas tem uns que foram trabalhar e estudar. Não sei o que é feito do Chiquinho Biavatti, mas o Dinho foi estudá em Ponta Grossa, virou advogado e granjeiro e não voltou mais"...
E o Virso, de novo: ""É, os que foro istudá ficaro rico. Os que ficaro bebendo cachaça, tão tudo no cemitério!"
Tomara que els se acertem com o preço do serviço e venha fazer o muro, que daí vou vê-lo muitas vezes. Já combinamos que quando chegar a primavera vamos com "as véia" comer uns peixes e umas polentinhas lá no Pesquepague do Aquilino Pilatti, em Lacerdópolis! Trato feito!
Euclides Riquetti
06-07-2013
Mas uma agradável surpresa me aconteceu quando estava em meio ao caminho: reencontrei um moço de estatura mediana, bem moreno, muito gente boa, daquelas pessoas que você pode contar com ela em todos os momentos da vida, o Vilson. Um moço sessentão. Acho que o sobrenome dele é da Rosa, meu coleguinha de infância e adolescência vivida nas barrancas do Rio do Peixe e nas ruas de Capinzal. Reconhecemo-nos à distância e foi uma alegria de minha parte reencontrá-lo. Senti o mesmo da parte dele. Gritou-me: "'Óia quem vejo aí, o Riquetão, o Pisca!..." "Virso! Que bom te vê, amigão! Vamo jogá as ganha, Virso? Te impresto duas bulica!", respondi.
Meu amigo Engenheiro Roberto de Carli, de longa data, ficou rindo de nosso encontro, da maneira como nos expressamos. Estavam ali para "ver um serviço", um muro de contenção para o Vilson empreitar.
O Vilson faz parte de uma casta de artistas das pedras, da família "Dos Lautério", que moravam em Capinzal, ao lado da estradas de ferro, nas proximidades da Linha Residência na epoca de nossa infância. Há mais de três décadas vieram para Joaçaba e Herval d'Oeste, a família ficou grande e todos aprenderam o ofício de cortar as pedras "pela veia", no bater das marretas. São todos habilidosos e as melhores taipas e muros do Baixo Vale do Rio do Peixe foram confeccionados pelas mãos dos Lautério. Do ano de 89 a 92, nós os contratamos para cortar paralelepípedos Arrendamos uma pedreira em Lacerdópolis e alojamos todos eles lá, num acampamento. Produziam muito, já que recebiam por pedra que cortassem. Serviço bm feito, sempre.
Mas seus belos trabalhos estão espalhados em diversas cidades, e podemos citar todos os muros de contenção do Balneário Thermas de Ouro como exemplo para que se possa avaliar a capacidade de trabalho deles. Hoje Vilson tem sua própria empresa prestadora de serviços, tem a vida bem organizada.
Aproveitamos a demora do proprietário chegar para mostrar o serviço e fomos conversando:
Dizia ele, com seu costumeiro nariz meio trancado: "Ma Riquettão, o que que anda fazendo? Só na boa? Se lembra de quando nóis jogava bulica lá no lado da bodega do Adelino Casara? Você queria me rapá nas ganha!..."
"Claro que lembro! Você tinha um jeito esquisito de segurá as bulica, Virso. Nóis jogava no búlico e no triângulo. E nossa turma se espalhô..."
"É memo! Se lembra do Nile? "Já morreu. Lembra que depois ele dirigia o caminhão da Serramalte quando ficou grande? Ele já era meio grandinho desde piqueno... Morreu faiz tempo!"
"É, mas morreu também o Pelé. E o Ferruge, o Castelinho... E o Nizinho, lembra? Tá vivo, mas foi pra cana há uns meses. Deu uma facada num amigo dele depois que bebeu..."
"Mais o Táiro (Tyrone Viecelli), ainda tá por aí. Virô Dotô o bicho! Você não ia junto qua gente quando ele pegava o jipe do véio Armando escondido pra nós i buscá uma melancia lá pros lado do Moinho do Toscan?"
"Não, minha turma maiava a pé, mesmo! Mas tem uns que foram trabalhar e estudar. Não sei o que é feito do Chiquinho Biavatti, mas o Dinho foi estudá em Ponta Grossa, virou advogado e granjeiro e não voltou mais"...
E o Virso, de novo: ""É, os que foro istudá ficaro rico. Os que ficaro bebendo cachaça, tão tudo no cemitério!"
Tomara que els se acertem com o preço do serviço e venha fazer o muro, que daí vou vê-lo muitas vezes. Já combinamos que quando chegar a primavera vamos com "as véia" comer uns peixes e umas polentinhas lá no Pesquepague do Aquilino Pilatti, em Lacerdópolis! Trato feito!
Euclides Riquetti
06-07-2013