A redação do
ENEM, neste ano, trouxe-nos um tema muito pertinente: “Invisibilidade e Registro Civil: garantia de
acesso à cidadania no Brasil”. A grande
maioria dos professores de Língua Portuguesa que atuam no Ensino Médio no País
aprovou o tema escolhido. Alguns jornalistas torceram o nariz, acharam que o
tema é difícil. Há controvérsias, diria o Cride!
Os civilmente
invisíveis, aqueles que não têm o seu registro civil para portar, a básica
Certidão de Nascimento, segundo o IBGE somam quatro milhões de pessoas, e isso
ficou muito evidenciado durante o período de ocorrência da pandemia da Covid 19,
quando os cidadãos foram buscar o Auxílio Emergencial do Governo. Cidadãos sem
cidadania!
Segundo a
Receita Federal, o Brasil tem 12,5 milhões de CPFs ativos a mais do que a soma
da população brasileira. Há indícios de que, pelo menos, 3,3 milhões de
portadores de CPF já tenham falecido. Estamos bem defasados no quesito informação através de dados. Não
tivemos a realização do censo que deveria ter acontecido em 2020. O IBGE tem
métodos de cálculos e, através de estimativas, fornece números que estão sempre
disponíveis em seu site. Mas precisamos de dados mais verdadeiros, atualizados,
mesmo que sejam em menor amostragem do que precisaríamos ter. O Censo 2020 vai
acontecer só em 2022. É fundamental para o planejamento dos órgãos públicos e
mesma das empresas privadas.
Precisamos de
dados confiáveis para que as ações públicas e privadas possam ser planejadas
sem fala demagógica, mas sim para contemplar a realidade. Menos mimimi e mais
possibilidade de informações úteis e necessárias é do que muito precisamos. A
classe política tem um linguajar todo especial para algumas coisas: “políticas públicas”, “narrativas”, e dezenas
de outros termos useiros. Tudo sempre na retorica e pouco foco no que realmente
importa.
Mas voltemos ao
nosso ENEM, que sempre foi muito especulado, acho que não mede ou não avalia
direito o pretendente ao curso superior gratuito ou mesmo os cursos subsidiados.
As formas de avaliar são discutidas desde que me conheci como acadêmico, em
1972, e professor, em 1976. As discordâncias continuam sendo as mesmas.
O assunto
“desorganização da vida civil do brasileiro” sempre esteve à baila. Nestes dois
últimos anos foi razoavelmente comentado, mas poucos prestaram atenção no que
foi dito ou escrito. Em vez disso, muita coisa inútil mereceu a atenção da
imprensa, dos tais formadores de opinião. E a juventude, principalmente, pautou
a maior parte de seu tempo livre ocupando-se das redes sociais, onde se escreve
ridiculamente. Então, melhor ensejar para que as cabeças tenham que pensar na
realidade do que na fantasia. Muita firula e pouca evolução no Exame Nacional
do Ensino Médio.
As prévias do
PSDB e seu fiasco nacional – O grande evento que o PSDB tentou oferecer aos
brasileiros no último domingo constituiu-se no maior fiasco político de nossa
história recente. Mostrou ao Brasil o quanto aquele partido se tornou um
dinossauro monstrengo e visivelmente rachado. O partido, em nível nacional, envelheceu,
ainda anda na cartilha de Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, João Dória,
José Aníbal, Tasso Jereissati, Artur Virgílio e outros. Além do vexame de uma
prévia híbrida, em que grande parte dos filiados votaria à distância, mas o
aplicativo contratado não deu conta do recado, há o racha entre os caciques e a
falta de renovação dos quadros de sua base. Envelheceram os líderes, envelheceu
o partido, (bem partido, por sinal) e não cuidaram das novas lideranças. Está
ficando como o PDT, encolhido por sua postura dividida diante dos grandes
problemas brasileiros.
Aqui em Santa Catarina também temos muitos bons políticos que
não conseguiram sair do chão porque os caciques nunca largam o osso,
principalmente nos partidos com mais tempo de estrada. Jovens prefeitos eleitos
em 2020 têm o reconhecimento popular mas não dos partidos a que pertencem. Como
é o caso de Claudir Dire Duarte, na vizinha cidade de Ouro, que se tem constituído num campeão de votos em cada
eleição, e deixou o PSDB para enfileirar-se
nas trincheiras do PL, partido comandado pelo Senador Jorginho Melo, um dos
políticos que mais ascendeu em Santa Catarina no presente milênio.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
Em 26-11-2021