sábado, 3 de junho de 2023

Quando a saudade bater em sua porta

 


 



Quando a saudade bater em sua porta
Talvez você nem mesmo se dê conta
Mas isso agora já pouco nos importa
Pois  a realidade já não amedronta...

Quando a saudade fizer sentir a dor
A dor da perda sem ter a reparação
É porque ainda em nós resta o amor
E só o amor nos dará compensação...

Sempre que retornar aquela tristeza
Aquela que vem com dor e saudade
Que vem por causa de nossa frieza
Ela nos alerta para uma realidade...

O mundo é mais do que gosto e prazer
É feito para o amor e o entendimento
A alegria deve sobrepor-se ao sofrer
É preciso dar asas ao bom sentimento!

Euclides Riquetti

Dona da noite prateada

 


 





Dona da noite prateada
Enluarada
Dona da noite imaginada
Acalentada
Dona das noites e dos dias
Dona das noites e de minhas poesias
Dos dias encalorados e das noites frias
Dona de todas as noites
Minhas e tuas
Nuas...

Dona das manhãs claras
Das nuvens raras
E das lembranças caras...

Dona das notas das canções
Dos abandonados e dos encontrados
Dos sussurros amordaçados
Dos perdidos ... e de nossas perdições...

Dona...
Apenas dona|
Dona, assim
Dona de mim
Dona do meu livre verso
Dona do universo
Sem fim...
Dona de mim!

Euclides Riquetti

Sábado, bem no fim da tarde!

 


 


 




A chuva  da tarde de sábado
Veio fresca, em meio ao  vento
Veio para expiar meus pecados
(Os que ainda não estavam  confessados).
Veio trazer-me de volta os alentos
A chuva que escondeu o firmamento.

Fugiram os pássaros assustados  
E foram juntar-se às  borboletas
Migraram por todos os lados
Ficaram tristes  e acanhados
Enquanto que a água enchia  as valetas
Das ruas estreitas!

Mas, bem no final da tarde
O céu se recompôs
Sem nenhum alarde!

Então, o coral do passaredo voltou
O céu reazulou
E o sol se redourou
Sábado, bem no fim da tarde!

Euclides Riquetti

Partilhar sonhos de luz

 



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Busque a realização de seus sonhos
Não deixe que nada a  atrapalhe
Busque-os com seu rosto risonho
Pois sem eles a vida pouco vale.

Procure realizá-los com sabedoria
Com a astúcia e a calma necessária
A luta pelos sonhos que contagiam
Não deve ser isolada ou solitária.

Buscar os sonhos mas não deixar
Que eles se sobreponham ao real
Realidade e sonhos,  um belo par
Caminhando juntos em especial.

Quero viver os seus sonhos azuis
Contar na noite as estrelas do céu
Quero viver os seus sonhos de luz
Partilhar sonhos de luz e de véu.

Euclides Riquetti

Quando a esperança renascer das cinzas




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Quando a esperança renascer das cinzas
E então o  verde corar todos os gramados
Quando as florinhas amarelas voltarem
Nos campos do Sul de céu azulado...

Quando os seus cabelos forem sacudidos
Pelo vento fresco da manhã de solidão
Quando sua voz movimentar os sentidos
E eu poder ouvir a sua doce canção...

Quando no horizonte eu puder vislumbrar
A silhueta imaginária de seu corpo elegante
Quando na noite, de novo,  puder recordar
As linhas doces  e a beleza de seu semblante..

Eu saberei que valeu a pena!

Euclides Riquetti

Vem beber do cálice da paixão






Vem beber no cálice da paixão
Vem beber do vinho que nos excita
Vem beber de minha alma e de meu coração
Vem beber-me  com tua boca bonita...

Vem, e traz com ela teu corpo sedutor
Os teus olhos amendoados
Delicados...
A tua pele macia
E tua  voz de poesia...

Traz também as tuas mãos carinhosas
As tuas pernas formosas
O teu rosto divinal
O teu corpo colossal.

Vem beber de meus sonhos
De meus lábios risonhos
Vem banhar-te em meu suor
Declamar-me versos de cor.

Vem. Te espero...
Vem beber no cálice da paixão!

Euclides Riquetti

Estamos produzindo uma geração de mal-educados?

 




Escrevi há três anos. Mudou alguma coisa? Leia e procure analisar!

       É vergonhoso, lamentável, mas verdadeiro, infelizmente. O Brasil regredindo em sua qualidade de ensino, especialmente em matemática e ciências. Em leitura, estamos entre os 10 piores do mundo num contexto de 80 países avaliados. A constatação vem pelos resultados do Pisa divulgados nesta semana,  que é um Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Estabilizamos em leitura no fundo do poço e nas outras duas disciplinas estamos indo de marcha à ré.

       Isso nos remete a refletir sobre o assunto e relembrar de o quanto já perdemos de tempo sentados nos bancos escolares no presente Milênio, aprendendo menos do que deveríamos. Foi muita balela, muito discurso ideológico, muita filosofia, muito papo inútil e aprendizagem evolutiva, que é bom, nada! Muitos especialistas, mestres e doutores aparecendo no ensino privado ou no público, muita titulação, mas os resultados decepcionantes. Muitos diretores de escolas fracos, sem liderança sobre professores e alunos, incapazes de encontrarem meios de trazerem os pais para o âmbito dos educandários. Imagino que apenas metade deles ainda consegue ter o controle da situação em sua escola. E não vejo como que isso vá melhorar! Dirigentes precisam ter capacidade de gestão e também conhecimento da psicologia, da didática, o técnico na sua área de formação, geral nas outras áreas, capacidade de liderar equipes e pessoas, e vontade de tornar-se um bom gestor.  Os alunos precisam ter mais vontade de estudar e aprender e os pais mais seriedade na cobrança dos estudos a seus filhos.

       A educação precisa acontecer na escola, preferencialmente na sala de aula e em todo o âmbito da escola, não nos gabinetes ou nos escritórios. Os educadores precisam tornar-se grandes leitores, buscarem incessantemente a ampliação de seu leque de conhecimento, tornarem-se exemplos a serem seguidos. A conduta dos educadores diante dos alunos é avaliada constantemente, pelos mesmos. Sabemos que os alunos são exímios observadores e, se não sentirem que estão sendo conduzidos à aprendizagem por gente competente, passam a dirigir sua mente a outras coisas de seu interesse, que lhes causam maior prazer.

       Se compararmos a situação das escolas com três décadas atrás, veremos que hoje as condições de trabalho são melhores, há razoável ambiente físico de trabalho, os recursos tecnológicos são maiores e melhores. Então, todos precisam colocar o corpo e a mente para andarem, agirem, oportunizarem e EXIGIREM que tudo seja levado muito a sério para a aprendizagem dos alunos e o êxito das escolas.

       Para complementar, registro aqui que, quando vou ao mercado comprar algo, tenho meus próprios critérios pessoais para a escolha dos produtos que coloco no carrinho. Leio todos os rótulos dos produtos, não compro pela marca, não sou adepto de marcas famosas. Primeiro, vejo se há a qualidade sanitária, o modo como são embalados e conservados, as datas de validade. Depois, meu critério de seleção contempla: a) O produto de produção ou fabricação local; b) o de produção ou fabricação microrregional; c) o produto de Santa Catarina. Depois, o produto nacional, e o importado somente se não houver similar disponível. Com isso, ajudo minha cidade, minha microrregião, minha região e meu estado a se desenvolverem mais, a obterem melhor arrecadação de impostos, mais geração de trabalho e renda perto de mim. Também, ajudo a quem me paga a aposentadoria a ter dinheiro para me pagar e mesmo para investir naquilo de que a população precisa. Muito simples! E as escolas podem trabalhar isso muito bem, levando alunos, professores e comunidade escolar a ajudarem a si mesmos!

Euclides Riquetti – Dezembro de 2019.

O sol e a poesia



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O sol da manhã negou-se a me trazer a poesia
Não me deixou sorver os seus raios dourados
E não me trouxe a minha tão esperada alegria
E meus desejos de te querer foram abortados.

O sol veio, deu o ar de sua graça e foi embora
Partiu a brilhar para outro ser que não fosse eu
E eu fiquei procurando reavê-lo em toda a hora
Tentando buscar o lugar onde ele se escondeu.

O sol, aquele mesmo sol que já nos alimentou
Que nos deu a energia, a força e o maior vigor
Simplesmente veio, sorriu e logo se ausentou...

Sim, o sol nos anima, nos motiva e nos inspira
Quero que volte para me inspirar a te compor
Um poema novo, como ar que a gente respira.

Euclides Riquetti

Evita Perón - Segunda Parte - continuando com reprises

 



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          A sedutora e carismática aspirante a atriz, Eva Duarte, que em sete anos saiu do anonimato para tornar-se Evita Perón, Primeira Dama da Argentina,  ídolo dos descamisados argentinos, conquistou o Poder através de sua liderança e da coerência de seus discursos. Casada com Juan Domingo  Perón, que alçou à condição de Presidente democraticamente e constitucionalmente eleito pelas classes trabalhadoras argentinas, Eva tornou-se um ícone da política de um país que ansiava por mudanças. Sua determinação e coragem, a firmeza de seus discursos e a simpatia angariada entre os pobres canalizou votos e mais votos para o marido, que se elegeu Presidente.

          As façanhas da líder que organizou e deu vida à Fundação Eva Perón, foram-se tornando notícia em todos os lugares do mundo. Uma jovem senhora, bonita, elegante, apaixonada, que sabia tocar fundo o coração de seus compatriotas, agia na Fundação, mantida com doações de empresários e até de trabalhadores que repassavam parte de seus aumentos salariais conquistados através das lutas de Evita. Lá, comandava voluntários e  organizava eventos esportivos e sociais, sempre com o intuito de contemplar os menos favorecidos. Fundou casas de saúde, de proteção ao idoso, à mãe solteira, e escolas.

          A partir de sua morte, vitimada que foi por câncer, em 26 de julho de 1952, aos 33 anos, Evita causou muita comoção dentre os argentinos. Seu corpo foi embalsamado e restou vestida em vestido de cetim branco e, com sua pele clara,  parecia apenas um anjo ou  uma princesa  adormecido dentro de um caixão. Após seus funerais, longos, seu corpo foi enterrado no Cemitério Monumental de Milão, na Itália, onde permaneceu por 16 anos, até 1971, quando o transferiram para a Espanha, onde se encontrava seu exilado marido.

          Apenas após a morte deste, em 1974, Isabelita Perón, viúva e terceira mulher do General Presidente providenciou para que o corpo de Evita  fosse trasladado para Buenos Aires, onde ficou exposto um tempo numa urna de vidro, perfeito, como se houvesse morrido há poucos dias. Depois, foi sepultado no Mausoléu da Família Duarte, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. A comovente e apaixonante história da jovem Primeira Dama, após sua morte, é tão envolvente como a de seu tempo em vida.

          A vida de Evita foi revivida num drama musical biográfico dirigido por Alan Parker em 1996, sendo que seu papel foi vivido pela cantora Madonna, contracenando com Jonathan Price, no papel de Peróm, e Antônio Banderas no de Che. Madonna, ao saber da intenção de Parker em produzir Evita, dirigiu-se uma carta praticamente implorando pelo papel. Cher, Meryl Streep, Maria Conchita Alonso e Michele Pfeiffer também estiveram cotadas para o papel, que coube a Madonna.

          A música de Andrew Lloyd Webber, Don´t cry for me Argentina, com letra de Tim Rice foi gravada inicialmente, em 1978, por Julie Covington, para a Peça "Evita".  Em Italiano, por Rita Pavone, e no Brasil por Cláudia, com o título de "Não chores por mim, Argentina". E em muitos outros idiomas. É um trabalho lírico tão envolvente que, em qualquer língua, desperta emoções indescritíveis. "Santa Evita", de quem já existem até intenções de canonização, merece o louvor dos argentinos e de nós que somos seus seguidores.

          Em 25 de julho de 2012, por ocasião do aniversário de 60 anos da morte de Evita, a cédula de 100 pesos argentinos passou a ter estampada a efígie de Evita Perón, substituindo a de um ex-Presidente. Ela mora no coração do sofrido povo argentino, sempre às voltas com seus problemas políticos e econômicos. Mas ainda inspira os romancistas, os cantadores e os poetas. Inclusive eu...

....

Euclides Riquetti
10-12-2012

Me deem notícias

 




Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Informem-me simplesmente
De alguma forma muito cara
Ou mesmo me deem uma pista clara
Pois preciso saber, realmente
Onde foi parar essa ave tão bonita e rara!

Digam-se se voou sobre o oceano
Ou se foi passar o fim de ano
Em algum lugar de nosso mundo
Ou foi dormir seu sono mais profundo
Nos galhos de uma árvore de um pomar!

Informem-me, de imediato, por favor
Desejo saber seu paradeiro
Se a gaivota foi voar o céu inteiro
Ou se foi esconder-se do calor
Do verão que veio pra ficar!

Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Euclides Riquetti

Ouro - Antigo Distrito de Abelardo Luz?

 




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Ouro do sol e dos trigais...
Ouro dos nossos laranjais...
Os dois versos que iniciam o Hino do Município de Ouro bem refletem o que ele sempre representou em termos de força trabalho e grande seleiro agropecuário do Vale do Rio do Peixe, onde se localiza,  em território catarinense.
Ouro, que já no início do Século XX começou a receber corajosas famílias de descendentes de italianos que vinham da Serra Gaúcha, grande parte deles de Caxias do Sul e Farroupilha, foi-se constituindo num lugar próspero e  que muito os atraía, mesmo porque é  montanhoso, com topografia semelhante à de seus lugares de origem, tanto na Itália como no Rio Grande do Sul.  Era uma paisagem que lhes trazia sempre as mais  saudosas lembranças.
A vila que deu origem à cidade foi fundada em 20 de outubro de 1906, mas a ocupação das terras deu-se ainda antes, pois, segundo pessoas de idade avançada que ainda vivem, seus pais lhes relatavam sobre isso. Eles mesmos conheceram muitas famílias de caboclos, que eles chamavam de “brasileiros”, sendo que alguns deles chegaram a possuir grandes áreas de terras, como Veríssimo Américo Ribeiro, na região de  Pinheiro Baixo; Severino Teixeira, em Linha Bonita; e Honório Cassiano, desde Nossa Senhora Saúde até as proximidades com o Município de Cruzeiro, hoje Joaçaba.

Ouro, antigo Distrito de Abelardo Luz 
A vila de Ouro situada à margem direita do Rio do Peixe, foi fundada em 20 de outubro de 1906, juntamente com outras, à  época em que a  Ferrovia Paraná/Santa Catarina vinha sendo implantada.
Relatos desses moradores mais antigos indicam-nos que já  havia habitantes  em praticamente todas as regiões da colônia , quando os  “italianos” aqui chegaram. Viviam em casas de madeira, cobertas com madeira mesmo e raramente telhas de barro.
A partir da inauguração da Estrada de Ferro ligando Marcelino Ramos a  União da Vitória, que se deu em 20 de outubro de 1910,  muitos dos trabalhadores da mesma foram comprando  áreas de terras que pagavam com o que recebiam pela prestação de serviços  na construção da mesma, com títulos que lhes eram vendidos e que continuavam a pagar em prestações a cada seis meses. Outros interessados, com procedência do Rio Grande do Sul, adquiriam-nas da mesma forma, assumindo compromisso contratual de coloniza-las gradativamente. Houve quem comprasse terras da Companhia de Estradas de Ferro São Paulo – Rio Grande, que chamavam de “rede” e que depois foram reclamadas pelos verdadeiros proprietários, tendo ocorrido, na comunidade de Linha  Santa Bárbara, por exemplo,  até o duplo pagamento de algumas, pois o verdadeiro dono, Honório Cassiano, obteve decisão judicial a seu favor, com reintegração de posse. Cassiano residiam na área rural do Distrito de Rio Capinzal. Segundo alguns moradores atuais, veio um “bando” de homens, todos armados, com uma ordem judicial, ficando uma situação de evidente confronto. A maioria dos colonos escondeu-se no mato, restando jovens e mulheres nas casas. As “autoridades” confiscavam armas que os agricultores tinham para sua segurança, quando não agrediam menores pressionando para que delatassem outros. Para evitar derramamento de sangue, alguns passaram a pagar as terras a estes, interrompendo o pagamento de prestações à rede.
O trecho entre União da Vitória e Marcelino Ramos, cortando o Vale do Rio do Peixe e seguindo paralelamente ao seu curso, era administrado pela Rede Viação Paraná-Santa Catarina, depois Rede Ferroviária Federal S/A, estatizada.
Nas primeiras duas décadas do Século XX Ouro era o 4º Distrito de Palmas, Paraná, sendo que suas terras eram contestadas pelo Governo daquela província. Em 1914 eclodiu a Guerra do Contestado, com muito derramamento de sangue pela disputa das terras contestadas. Depois a colônia passou a pertencer a Abelardo Luz, sendo que no ano de 1920 instalaram o primeiro Cartório  do Registro Civil .
Verdadeiramente, os descendentes de italianos  e até italianos natos, começaram a chegar a partir da inauguração da estrada de ferro, sendo que,  de 1915 e 1930,  é que ocorreu o grande afluxo para Ouro.
 Abelardo Luz, Sede do Distrito de Ouro.
Em razão da facilidade de acesso à água, pelas razões de proximidade com o Rio do Peixe, e por ser cortado pelo Riacho Coxilha Seca, o lugar onde atualmente se situa  a sede municipal, foi sendo habitado gradativamente, reduzindo-se a atividade e o número de residências em Coxilha Seca.
Assim, foi-se formando ali um aglomerado de residências e estabelecimentos comerciais, com casas construídas em madeiras. A atividade principal era o comércio e a prestação de serviços. Empresas importadoras e exportadoras foram-se instalando ao logo da Rua da Praia, hoje Governador Jorge Lacerda, que se prolongou com a atual Avenida Felip Schmidt. Esses estabelecimentos compravam a produção agropecuária, transferindo-a para São Paulo, principalmente, favorecida que a região era pela existência da estrada de ferro.
As “casas de pasto” e os hotéis eram os estabelecimentos onde as caravanas  de carroças, cavalos ou cargueiros de burros e mulas paravam para o pernoite. Eram oferecidas refeições aos homens e alfafa ou milho para os animais.
Através de contatos e reuniões com antigos moradores que ainda vivem e que estão já com mais de 80 anos, foi possível levantarmos um rol de nomes dos primeiros moradores da Vila de Ouro, a saber:
Afonsinho da Silva, casado com Eleonora, era balseiro e padeiro, morando no sul da cidadezinha, no local onde hoje se situa a Unidade Clínica de Saúde; Teodoro, um senhor de origem germânica; Afonso Ribeiro, casado com Maria,  e seu pai, que era chamado de “Velho Espiritista Ribeiro”; um cidadão de nome Messias, casado com Maria; Ernesto Toaldo, que comprava porcos e exportava para São Paulo; Eugênio Lunardi; Demétrio Calliari, casado com Ângela, possuía comércio geral, comprando cereais e vendendo inclusive tecidos,  ferragens  e louças; Bonalume, era comerciante; Ângelo Montanari, possuía uma “casa de pasto”, que era uma espécie de restaurante; Família Ampessan, com os irmãos Marcelino, Domingos e Joana, foram balseiros, tendo comprado a balsa de Afonsinho da Silva; Leonarda Zavaski Gonçalves, possuía uma escola onde hoje é a esquina entre a Rua Presidente Kennedy e a Júlio de Castilhos; Francisco Casagrande, com ferraria e carpintaria, onde hoje se localiza a Prefeitura; Abramo Pizeta, possuía uma  funilaria; Euclides Scaiarol, era relojoeiro; Petry, era representante a Companhia de Colonização do Rio do Peixe; Júlio Maestri, comprava porcos; Jacom Maestri, em 1928 era  comerciante geral; Análio Vargas, comprava  produtos coloniais e os exportava para São Paulo; Raimundo Formighieri e Catarina Zóccoli; Palmiro  Germani , era contador e comerciante, casado com Meneghina de Souza;  José Scott, Severino Baretta; Baltazer Brambila, casado com Oliva Broll, veio um pouco depois que os demais e fez uma fábrica de bebidas e refrigerantes, na Rua Júlio de Castilhos; Cabo Antônio, era  responsável pela cadeia; Alcindo Vicente da Silva, era carroceiro; João Nepomuceno da Silveira, era pescador; Alberto Viero, alfaiate; Manoel da Silva, pintor; Abíliio Cercal, era comprador de alfafa; Antônio cadore, casado com Irene; Domingos Gerra, morava na subida para a Cixilha Seca; Pasqualin Andrioni, era proprietário de um hotel com “casa de pasto”; Fritz, era dentista; Eugênio Cozer, era comerciante; Eugênio Lunardi, era carpinteiro e bodegueiro; Pedro Baretta e Carlos Baretta, tinham comércio onde é a Praça Pio XII;  Honorato Nepomuceno e outros.
Euclides Riquetti

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Feridas no coração



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Dores que não se acalmam
Vêm de feridas no coração
Que rapidamente se espalham
Causando angústia e aflição...

Dores vêm por algum motivo
E nos causam muita tristeza
Quando atacam um ser vivo
Trazem o sofrer e a incerteza.

Dores, é melhor nunca tê-las
São como pedras em desertos
Jamais serão luas ou estrelas
Nem me inspirarão os versos!

Dores, delas é difícil livrar-se
Pois dissabores elas nos dão.
Como de sofrimentos afastar-se
Se há dor em nosso coração?

Euclides Riquetti

Como nos desertos

 




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Como nos desertos
Ventos e areias me ferem os olhos
E meu coração cheio de imbróglios
Entrega-se aos rumos mais incertos...

Como se num inverno
O frio inibe meus movimentos
E fico paralisado como se os ventos
Me tornassem um corpo de gelo eterno...

Como se não houvesse luz
Escondo-me nas trevas misteriosas
Nas estradas mais longas e perigosas
Nos caminhos pelos quais você me induz...

Como se não houvesse nada
Nem um amanhã risonho a me esperar
Ou um barco com o qual navegar
Sou uma alma perturbada...

Mas espero por um novo dia
Por seu sorriso terno e cativante
Por flores perfumadas com alegria
Pelo seu abraço contagiante.

Apenas por isso, nada mais!

Euclides Riquetti

Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real Porto União da Vitória - aconteceu há 50 anos!


Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real!

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Colégio Cid Gonzaga - Porto União - foto da época


Zina e Breca - Cachucha e Cride - uma história real Porto União da Vitória - aconteceu há 50 anos!

          Dois de junho de 1973 - sábado. Dia de Festa Junina em Porto União, no Colégio Cid Gonzaga. Toda a juventude das cidades gêmeas do Iguaçu estava ansiosa para que esse dia chegasse. É que acontecia uma festa muito badalada por lá. Além dos folguedos, dança na sala do auditório. Talvez que essa fosse a parte mais esperada da festa...

          O Professor Welcedino, um "serra-abaixo" catarinense gostava de ter tudo bem organizado. A festa era muito esperada. Quadrilhas de danças, quentão, pipoca, pinhão, doce de abóbora, amendoim, pé-de-moleque... Foguetes espocando no ar. As rádios Colmeia, Difusora e União com seus locutores falando do evento. Os jornais "O Comércio", "Caiçara" e "Traço de União" dando força. E nós, jovens, na expectativa.

          Mandei uma carta para minha irmã Iradi convidando-a. Veio com a prima Salete Baretta. Foram hospedar-se na casa da prima Gena Casara que estava estudando por lá. Chegaram na sexta à tarde. Tudo preparado para irmos à Festa no sábado. Imperdível.

          Mas um imprevisto quase que atrapalha nossos planos. Nosso colega da República Esquadrão da Vida, o Celso Lazarini, o Breca, nascido no hoje Lacerdópolis (quando ainda petencia a Capinzal) e que  morou na casa do Serafim Andrioni, no Ouro, e em 1968 trabalhava nas Casas Eduardo, em Capinzal, estava machucado.  Agora era o melhor goleiro de futsal em União da Vitória, fora profissional no futebol de campo. Pois na  sexta levou  um chute no nariz, na Quadra do Túlio de França.  O Dorinho  ia fazer o gol, o Breca foi brecar e o pé do artilheiro arrebentou o nariz de nosso colega. Emergência, cirurgia. Ficamos todos muito preocupados. Víamos o sofrimento do amigo e tínhamos nossa programação de lazer. Não queríamos perder a festa,  nem deixar o amigo sozinho em casa naquele sábado. Precisava de cuidados. Ele dizia que podíamos ir, que ele mesmo se cuidava. Gentil como sempre. É assim até hoje.

          Pertinho de casa havia um salão de estética, o "Silhueta". A Zina, a Célia comandavam. A Ivone, cunhada da irmã da Zina, estava sob seus cuidados. Eram minhas amigas. A Zina estava chorosa, de mal com a vida, deprimindo-se. Pedi-lhe um favor. Perguntei-lhe se poderia cuidar do Breca naquela noite para que pudesse participar da festa junina no Cid. Disse-lhe que ele estava machucado e precisava de cuidados. Pensei que um podia cuidar do outro. Aceitou que eu o deixasse em sua casa. Cuidaria dele. E assim o fez.

          Fomos com os colegas, o Osvaldo e os dois  Odacir, o Giaretta e o Contini, mais  minha irmã  e a prima para a festa. Eu de braços dados com minha irmã. O Boles não foi, tinha que ficar no ponto de táxi com seu Corcel 4 portas. Era um horário bom pra ganhar uma graninha.
Na chegada, percebi que havia uma bela garota com quem eu tinha dançado no "Clube 25"  duas semanas antes. Ela deve ter-se decepcionado comigo, pois eu estava de braços dados com uma de quase minha altura. Não sabia ela que era minha irmã que estava comigo.  Adiante, contou-me que pensou que era minha namorada...

         Na dança, muita animação na sala do auditório. Um colega meu era Cabo do Exército Brasileiro, do 5º BE, de Porto União, Odacir Contini. Educado, respeitava as regras dos militares. Quando íamos ao cinema, com os Cabos Frarom (Leo Fra) ,  Backes, Godói, Figueira ou Maciel, tínhamos que sentar atrás de qualquer oficial superior deles. Então, no Cine Ópera, entrávamos olhando para as cadeiras e precisávamos  ir ao fundo do cinema ver os filmes e respeitar essa regra hierárquica. Nenhum subalterno podia sentar à frente de um superior.  Pois bem, o Contini falou-me: "Vou tirar aquela morena que está com a Dora pra dançar. E, educadamente, deu a volta por detrás dos  presentes, pois havia um sargento no local.

          Quando vi que era a garota que eu conhecera poucas  semanas antes, cortei caminho pelo meio do salão. Eu não era militar, não  tinha superior, podia ir por onde bem entendesse. E, quando ele lá chegou, eu já estava com ela. E dançamos. Dançamos, dançamos  muito, rimos, contei-lhe piadas.

           Hoje, mais de 50 anos depois, continuamos a dançar, juntos. Temos três  filhos, uma neta, um neto... Dois genros, uma nora!

           E o Breca e a Zina?    Bem, ela cuidou dele até há pouco tempo. E foi morar no céu! A Marcela, filha deles, está na Holanda. O Breca  vende carros em sua loja numa bela esquina da ida para o Estádio do Ferroviário. É a Lazarini Automóveis. A Zina tinha seu salão ali perto do Clube Concórdia. Batalhou a vida toda com a mesma  A mesma disposição, a mesma silhueta, a mesma amabilidade e a mesma simpatia. Visitei-a em seus últimos anos. Rimos muito, contei para duas amigas dela essa história. Disseram-me que eu deveria escrever sobre isso. Então aqui está.

           Duas histórias que começaram no mesmo dia. E, mesmo com as dificuldades do dia-a-dia, com todas as barras enfrentadas, formamos nossas duas famílias. A Zina e o Breca, a Cachucha e o Cride.


Euclides Riquetti

Readaptado hoje, 022-06-2023
50 anos depois!

Onde está a perfeição? - Poema ilustrado...

 





Estaria a perfeição na forma da obra do escultor
Ou na premonição dramática do velho profeta?
Estaria ela na arte sacra ou no desenho do pintor
Ou no soneto alexandrino de um pobre poeta?
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Estaria a perfeição na grácil destreza da ginasta
Ou nos movimentos harmoniosos da bailarina?
Estaria ela no cometa que vem e logo se afasta
Ou no luar prateado que os namorados ilumina?

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Estaria a perfeição nas águas límpidas da fonte
Os nos raios de sol que douram a sua pele macia?
Estaria ela na neve que decora os topos do montes
Ou na nuvem branca que nos encanta e contagia?

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Direi apenas que ela está na mulher idealizada
E no rosto ingênuo da criança que eu vejo em ti
Está na musa sedutora, no rosto da bela amada
Está naquela por quem meu coração sorri!



Euclides Riquetti

Visitando Evita Perón na Recoleta - (recordando...)

 



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          Na quarta-feira, 16, estivemos em Buenos Aires. Desejava conhecer aquela cidade por razões históricas, culturais e artísticas. E eu tinha um foco principal: visitar o jazigo da eterna Mãe dos Descamisados, Maria Eva Duarte Perón, a Evita, nossa Santa Evita. E conhecer a arquitetura da Recoleta. Enfim, estar na terra da arte, do (meu) sonho e do tango!.

          Após umas andanças por Palermo, chegamos à Recoleta. Uma guia, Sílvia, passava-nos, habilmente e num espanhol claro, todas as informações sobre a cidade. Sabia muito sobre Buenos Aires e toda a História Argentina. Não parecia uma simples guia, mas sim uma professora que conhecia, com profundidade, todos os fatos daquele país desde a sua fundação. Passamos pela  "9 de Julio", um avenidão para fazer-nos inveja. A mais larga do mundo.

          Eu lembrava das ruelas de Florianópolis e ficava imaginando como aquelas pessoas tiveram a visão, lá, de projetar e construir uma avenida com mais de 140 metros de largura. Muitos monumentos para seus heróis e, sobretudo, para sua heroína, a mãe de todos os argentinos, Evita. No edifício do Ministério de Obras Públicas, em 2011,  a Presidente Cristina Krchner inaugurou dois retratos moldados em ferro pelo artista argentino Daniel Santoro, com 31 metros de altura e 20 de largura, sendo que o assentado ao lado Sul mostra a Primeira Dama sorrindo para seus protegidos. Para o lado Norte, há um retrato dela discursando ao microfone,  com uma expressão bem firme, severa. Dizem que sorri para os pobres que habitavam o lado sul do Bairro Montserrat e que fala austeramente para os burgueses do lado norte.

          Era muita informação para processar. E atrativos para fotografar.

          Finalmente chegamos ao Cemitério da Recoleta. Uma inscrição,   em Latim, na fachada da entrada, dizia:  "Requiescant in pace" (Descansem em paz).   É um portal imenso, com cerca de 10 metros de altura, branco, e a inscrição e outros símbolos estão em dourado.   O que você imaginar de belezas arquitetônicas influenciadas pelo mundo Eurpoeu, especialmente por Paris, ali estão nos mausoléus. Somente os ricos podiam comprar terrenos ali. E estão isentos de pagar impostos anuais pela ocupação do solo do cemitério com seus jazigos. São proprietários vitalícios. Alguns deles estão abandonados, mas, de uma forma geral, a conservação é boa. Os bens são passados aos seus sucessores, que têm o direito de enterrarem seus entes queridos neles.

          Eu já havia pesquisado sobre a localização do túmulo da Evita e do Presidente Raúl Alfonsin,  ainda antes de sair de casa. Tão logo adentramos o local, fui andando pela ruela central e, logo depois, virei à esquerda, dirigi-me para onde havia um grupo de pessoas. Certamente que ali seria onde estaria Evita e minhas suspeitas foram confirmadas pela guia. Foi muito emocionante para mim, estar ali, mesmo sabendo que seu corpo está quatro metros abaixo do nível do piso, protegido por concreto. Querem que seu corpo não seja, jamais, dali retirado, uma vez que somente duas décadas  após sua morte foi ali sepultado.
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          Tirei fotos de todas as placas de bronze que estão afixadas na fachada o jazigo, edificado em granito negro. E dele em si. Passei a comentar com as pessoas sobre a vida dela e, mesmo meus 30 parceiros de viagem terem se afastado para cumprir o roteiro da visita, permaneci uns minutos ali, falando sobre a Evita para turistas de todos os lugares. Uma jovem brasileira, que estava com a mãe, mostrou-se muito interessada, disse-me que pouco ouvira falar, até então, daquela personalidade. Disse-me que iria, tão logo chegassem em casa, no Brasil, passar a estudar sobre aquele mito, que moreu aos 33 anos. Acho que arrumei mais uma fã brasileira para ela.

          Corri para localizar meus colegas de viagem e rapidamente os encontrei. Convenci a guia a mostrar-me qual era o jazigo do Presidente Alfonsín e somente eu, de minha turma, o visitei. Não poderia deixar de visitar um dos grandes lutadores pela redemocratização da Argentina. Fotografei rápido e voltei para o grupo. Lembrei-me o Juca Santos, que, num jantar na casa do Ademir Romani e da professora Vanilda, disse-me que, com a posse de Raúl  Alfonsín, eleito pelo voto direto, tudo ficaria resolvido na Argentina. E que, depois, com as eleições diretas que viriam também no Brasil, o resistente deputado Ulisses Guimarães iria ser nosso Presidente, e aqui também tudo se resolveria pela democracia...  (José Leonardo Santos era um jovem sonhador ...)

          Hoje, em todos os lugares de Buenos Aires, observa-se uma grande veneração por sua Santa. Os pobres, principalmente aqueles que habitam as favelas localizadas nas imediações e embaixo de um grande viaduto, porque ela é sua verdadeira heroína. Os burguses que habitam as mansões e prédios com características européias, renderam-se à  força da alma e ao carisma de Evita, e a respeitam. A mulher que conquistou o direito do voto para os argentinos, 60 anos após a sua morte, cada vez mais ocupa o coração deles e angarfia legiões de fãs na América do Sul e mesmo na Europa. Conhecendo sua história, não há como não se render aos seus encantos...

Euclides Riquetti
26-01-2013