sábado, 21 de abril de 2012

Décima Sexta Crônica do Antigamente

         Lembrar de coisas de antigamente me anima e revigora. Sempre que faço uma pausa para meditar ou reingressar no passado, lembro de fatos de que participei diretamente, ou de outros que alguém me contou. O primo Rozimbo me contava fatos interessantes sobre a vida do Guerino,  meu querido pai.   Eles foram mais que tio e sobrinho, foram verdadeirtos amigos. Já escrevi algo sobre meu pai ter vivido a juventude dele em São Paulo, no São Camilo, um seminário de padres italianos, todos palmeirenses.

         Um fato que sempre me ficou na memória foi o do contato que meu pai e seus colegas seminaristas tinham com a família do Comendador Francesco Matarazzo, o maior empreendedor da História do Brasil. O Comendador era um homem muito religioso, também. Empresário visionário e determinado, em tudo via oportunidade de ganhar dinheiro. Ganhava tanto que, após o término da Primeira Guerra Mundial mandou dinheiro para o Governo da Itália salvar o país onde nascera. As Indústrias Reunidas Matarazzo eram compostas por 365 empresas no Brasil. Francesco Matarazzo tinha uma fortuna avaliada, hoje, em 20 bilhões de dólares. Trabalhador nato e filho de pai culto, veio jovem para o Brasil e aqui fez sua fortuna. Era  bom em cálculos matemáticos.

          De 1936 a 1937, quando morreu, ele esteve praticamente paralítico, pois sofria de um reumatismo crônico. Sua mansão ficava e poucos minutos do Seminário São Camilo e, nessa época, todas as manhãs, antes do clarar do dia, dois seminaristas eram escalados para ir à casa dele e trazê-lo à Capelinha para assistir à Santa Missa. Meu pai foi, com um colega, por diversas  vezes buscá-lo.  Nos primeiros tempos da enfermidade conseguia mover-se com auxílio de bengala e, nos últimos meses, só com cadeira de rodas. Era um homem simplório, íntegro e bem intencionado, bondoso. Perdeu um filho na Europa, em desastre de automóvel. Fora para lá ainda criança, estava sendo preparado para ser seu sucessor.  Seus negógios passaram às mãos de um filho, Francisco,  e de uma filha, a Maria Pia. Os descendentes não conseguiram entender-se e o patrimônio deixado não se manteve. A propriedade da família ocupava uma área muito grande no centro de São Paulo. Perderam quase tudo.

          Meu pai viveu pelo menos dois anos por lá, após a saída do seminário. Mais adiante, conheceu um mascate português, que disse conhecer o Vale do Rio do Peixe, o Município de Cruzeiro, que depois tornou-se Joaçaba, e do qual o Distrito de Ouro fazia parte. Prometeu trazê-lo de volta para sua família e assim o fez.

          A volta de filhos para casa nem sempre é possível. Quantos saem para estudar ou trabalhar,  acabam tomando outro rumo na vida, mantendo-se distantes do seu lugar de origem, de seus familiares. Eu, felizmente, saí após os 18 anos e voltei para perto deles 6 anos depois. Há uma pessoa querida que sempre me diz: Os filhos foram feitos para o mundo. Ela tem razão!

Euclides Riquetti
22-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Muita alegria, Júlia

Com muito contentamento,  estamos comemorando, hoje, o aniversário  da Júlia Riquetti Mattos da Silva, filha do Elisandro Rafael (Buja) e da Caroline Riquetti.

A fofinha chegou faz dois anos e  trouxe muita alegria para todos nós. Morena, cabelos e olhos negros, espertinha, já fala centenas de palavras e rabisca desenhos no papel. Há um ano vira as páginas dos livrinhos de histórias infantis, identifica os bichinos que vê. Com ajuda, canta algumas musiquinhas que os familiares e o pessoal da Escolinha Girassol, aqui de Joaçaba, lhe ensinam. A Julinha gosta muito do Vovô Careca. E do Vovô Adão, também.

Hoje vai ter churrasco na laje do porão.

Euclides Riquetti
19-04-2012

domingo, 15 de abril de 2012

Voltar pra casa

          Voltar pra casa é sempre muito bom. Foi assim no mês de fevereiro quando passamos uns dias fora, conhecendo Maceió, Salvador, Ilha Bela e Santos. Em março passamos um final de semana conhecendo Vila Velha e Castrolanda, nas imediações de Ponta Grossa. E, em abril,  saímos a trabalho na Capital e emendamos  dois dias de lazer, em Canasvieiras. Passamos a Sexta-feira Santa e a Páscoa por lá. Sair de casa é sempre muito bom. Conhecem-se pessoas, lugares, coisas. E também alguns costumes. Agora, vou comentar algo muito salutar, que já presenciei por dois anos em Canasvieiras: "A Semana do Uruguai".

          N semana que antecede à  Páscoa, os Uruguaios têm um costume muito bom. Fazem um feriadão de uma semana. Chamam a isso de "Semana do Turismo". No Brasil chamam de "Semana dos Uruguaios". Saem das cidades uruguaias em carros, ônibus, aviões ou navios, e deslocam-se para outros  países. Grande parte deles vem para o Brasil e o litoral catarinense, em especial Florianópolis ( e mais ainda Canasvieiras), é um dos destinos mais procurados. Embora o câmbio não lhes favoreça muito, ainda assim lhes vale a pena vir ao Brasil, porque é país próximo e, sendo a Semana da Páscoa,  considerada Baixa Temporada para o Turismo de Praias no Brasil, os preços tornam-se convidativos: A maioria dos hotéis trabalha com uma tabela cerca de 50% menor do que na alta temporada. Pacotes envolvendo grupos de pessoas, então, obtêm melhores preços ainda. E os restaurantes também estão operando com valores entre 20 e 30 % abaixo do que nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Como dizem os ilhéus: a vinda dos Uruguaios é a "raspa do tacho", ou seja, a última oportunidade que os comerciantes e prestadores de serviço têm para ganhar um dinheirinho.

          Até a vendedora de chapéus disse-me que a temporada foi excelente, que nunca vendeu tanto, e que a vinda dos uruguaios ajudou muito.

          Bacana essa modalidade de feriadão no Uruguai. As pessoas, que muito trabalharam, por um ano inteiro, saem para descansar durante uma semana. E fazem muitas festas culturais por lá. Acho que outros países deveriam imitar isso: haver uma época em que todos fechassem as portas de suas lojas, as escolas, os bancos, e funcionassem apenas os serviços de segurança e saúde. E nãao no verão, mas no outono.  A economia e as pessoas iriam ganhar muito com isso. Claro que nosso comodismo vai nos levar a dizer que isso é impraticável no Brasil, que já temos muitos feriados, etc. Mas, você já viu quantas pessoas  "nunca tiram férias" ou não viajam porque os feriados em meio à semana não permitem isso?  Apenas os funcionários públicos têm privilégios nos chamados feriadões. Mas, quem trabalha no sábado, nunca tem chances de poder sair.

          Mas, o que me encanta, nos uruguaios, são pequenas e simples coisas: estão lá as famílias com seus filhos, são educados, não têm prepotência, não são afeitos à arrogância, gastam com muito critério o seu dinheirinho e demonstram serem honestos. Bem diferente do que alguns outros "hermanos". Parabéns a eles por serem assim. Respeito-os muito!

          Euclides Riquetti
          15-04-2012