sábado, 18 de julho de 2020

Grego ou Latim?






Não sei se escrevo em Grego ou em Latim
Se você entende Inglês ou Espanhol
Se gosta mais de dia de chuva ou dia de sol
Se há uma chance de me dizer que sim...

Não sei que língua eu deveria usar
Se em fala, gravação ou mesmo digital
Mas prefiro lhe dizer em língua natural
Quem sabe ao ouvido, bem pertinho do mar...

Andei por caminhos direitos ou tortuosos
Em alguma curva derrubei o coração ferido
Mas não deixei que se tornasse um bandido
Nem me esqueci dos seus olhos formosos...

Quem sabe, agora, em língua portuguesa
Eu possa escrever-lhe mil poemas meus
Eu possa deliciar-me com os lábios seus
Perder-me no seu corpo de princesa!

Euclides Riquetti

Um novo tempo




Espero  por um novo tempo, um terno  novo dia
Uma nova e bela manhã, uma nova esperança
Um tempo de muito  amor, um tempo de alegria
Um tempo de colher, um  tempo de bonança...

Um belo novo ano, com êxito e sucesso
Saúde, paz e flores, rosas perfumadas
Poemas sem dilemas, versos e mais versos
Pecados absolvidos, almas perdoadas.

Um novo ano feliz,  com abraços e muitos beijos
Uma rosa vermelha, champanhe ou amarela
Lábios de cereja, de doce e de desejo...

Manhãs ensolaradas, tardes de céu azulado
Pensamentos profanos passando pela janela
Indo juntar aos teus, todos os meus pecados...

Euclides Riquetti

Fera desprotegida




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Vejo
Desejo
Não o horizonte azul
Nem a neve no sul
Apenas vejo ... e desejo!

Espero
Quero
O melhor momento
Do mundano pensamento
Calmamente,  eu espero... porque quero!

Tu sorris
Tu, ali
Indefesa e desprotegida
Fera desassistida
Em meio a meus pensamentos banais... e vis!

Entendo
Compreendo
Há uma lógica destoante
Em teu rosto fascinante
Belo, formoso, estupendo!

E eu me declaro
Na negra noite, ou no dia claro:
Sou teu fã incondicional!
Não, o mundo não é banal:
Tu és bonita, e resistes
Porque tu és real, e existes!

Euclides Riqu

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Quando, de novo, o sol brilhar







Quando, de novo, o belo sol nos voltar a brilhar
E pudermos ouvir o coro dos canários e pardais
Quando o doce canto das gaivotas nos acordar
Como nas manhãs de que não esquecerei jamais
E Deus, com suas Divinas Mãos nos abençoar
Entenderei que o pouco é melhor que nada mais!

Talvez nosso desejo de possuir nos torne exigentes
Desperte em nós a vontade do mais ter e do querer
Renunciar a bens preciosos nos deixa descontentes
Quando nos acostumamos a ganhar é difícil perder
E não haverá nada que nos possa deixar contentes
Se não abrirmos mãos de nossa vontade de vencer!

E, quando chegamos ao ponto de sentir pena e dor
De nos martirizarmos por causa de vãs desilusões
É porque dentro de nós ainda existe muito amor.
Mas, quando aprendermos a dominar as emoções
E buscarmos um mundo de beleza e de muita cor
Poderemos brindar à alegria e paz nos corações!

Euclides Riquetti

Confinei meu coração


Quer matar a fome sem deixar de cuidar da saúde? Faça crepe Verde!


Confinei meu coração e tu confinaste o teu
Guardados e isolados durante a pandemia
Escondeste teu coração e eu escondi o meu
Não sei por quanto tempo, nem até qual dia...

Guardei-o para que fique longe dos perigos
Para que não corra o risco da contaminação
Mas bem que ele queria estar ali contigo
Para irmos à praia, eu segurando a tua mão.

Meu coração esperará o quanto for preciso
Esperará para depois ter uma compensação
Poder ver bem de perto seu delicioso sorriso.

Teu coração pode esperar pois o meu espera
Por um grande encontro com amor e paixão
Pois tudo será melhor quando vier a primavera.

Assim espero
Bem assim!

Euclides Riquetti
17-07-2020




Atrás da luz do sol




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Atrás da luz do sol está o seu sorriso
Estão seus olhos meigos e brilhantes
Uma mulher muito doce e cativante
Com rosto de fada, com cabelo liso.

A luz do sol me provoca e me atiça
Com seu inefável fogo de esplendor
Traz  essências de perfume e de flor
Cheiro de mulher, de mulher noviça.

Luz que se esconde atrás da luz solar
Luz que se embaralha no astro-rei
Luz que vem a mim para me beijar...

Atrás do astro sol há uma outra luz
Muito mais forte do que eu imaginei
Uma luz eu me atrai e que me seduz!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 16 de julho de 2020

O amor verdadeiro existe







O amor verdadeiro existe
Nem precisa ser procurado
Ele será facilmente encontrado
Por quem persiste...

O amor existe, verdadeiramente
Está em lugares inimagináveis
E nos momentos mais agradáveis
E tende a ser surpreendente...

Existe, sim, o verdadeiro amor
Pode estar simplesmente escondido
Mas é, certamente,  sentido
Por quem lhe sabe dar o seu valor...

O amor que desabrocha e  apaixona
Que nasce entre os seres diferentes
É o que me inspira a compor repentes
Não é aquele que aprisiona...

Sim, o amor existe...
Tanto que eu simplesmente te amo!


Euclides Riquetti

Um porto seguro






Busque encontrar um porto seguro
E navegar nos mares da tranquilidade
Evite as turbulências do céu escuro
Busque a calmaria nos dias de tempestade.

Busque viver com pessoas otimistas
Com gente que a respeita e lhe quer amar
Mais vale ter poucos amigos leais e realistas
Do que ter muitos em quem não  confiar.

Busque tornar seus dias alegres e prazenteiros
Ter alguém simples, mas com que possa contar
Para compartilhar seus medos, para  juntos sonhar.

Busque os encantos mais puros e verdadeiros
A sinceridade nos gestos, o sorriso mais largado
Busque apenas ser feliz e me ter ao seu lado...

Euclides Riquetti

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Degraus de junho e julho

Temperatura próxima de 0°C e geada no final de semana - Éder Luiz ...


Saí por aí, ao longo da estrada

Câmera digital em punho
(Uma câmera digital empunho)
Paisagem branca/prateada
Beleza ímpar na manhã de junho!

Saí por aí, subindo degraus
"Menos dois" é a temperatura
Plantas cobertas de alvura
(Eu e meus óculos de grau)
Tudo é branco,  alma pura.

O sol da manhã em plenitude
Flecha a manhã gelada, gelada
Pelo frio que veio na madrugada
E doura a paisagem na planitude.
Torna ouro a prata da geada.

E eu volto pelos mesmos degraus
Eu e meus óculos de grau.

Euclides Riquetti

Na escuridão da noite...






Procura, na escuridão da noite, encontrar respostas
Busca entender a causa das mazelas e dores sentidas
Procura, na escuridão da noite,  fazer o que gostas
Busca deleitar-te nas delicias que nos oferece a vida.

Busca, em todos os cantos e em todos os lugares
Procura a paz para tuas angústias e tuas inquietações
Busca absorver a energia do sol que nos trazem os ares
Procura a paz que acalenta e aquece os corações.

Busca, procura, tenta encontrar todas as  razões
Que levam as pessoas a ações inconsequentes
Que as submetem às mais tensas inquietações.

Procura, busca,  tenta ir além daquilo que te convém
Despoja-te dos orgulhos e ofensivas insolentes
Faze o bem, sempre, sem  considerares a quem!

Euclides Riquetti

Lá, onde mora o coração











Lá, onde mora o coração
Há mistérios infindáveis
Há enigmas indecifráveis
Há segredos inconfessáveis
Lá onde mora o coração.

Lá,  onde mora o coração
Consegue chegar o pensamento
Vai pelo ar, com o vento
Vai livre, vai com o tempo
Lá onde mora o coração.

Lá , onde mora o coração
Há lábios certamente rosados
Há lábios por mim desejados
Há amor e há pecados
Lá onde mora o coração...

Euclides Riquetti

terça-feira, 14 de julho de 2020

Botão de rosa bordô






A rosa bordô chegou na manhã fria
Ela e toda a sua timidez
Para dissipar a insensatez
Para me trazer alegria...

A rosa bordô veio num pequeno botão
Com toda a coragem de uma flor
Determinada a me contagiar com sua cor
A dar ânimo ao meu coração...

A rosa bordô veio devagarinho
Para me inspirar a lhe compor
Um poema romântico, de amor
Pra lhe mostrar meu carinho...

A rosa bordô é sua, é minha
Divinamente sedutora
E, na manhã fria e inspiradora
Me fez compor-lhe um poeminha...

Poeminha que quero que guarde
Como dela guardarei
As pétalas que recolherei
Para um dia poder dar-lhe...

Dar-lhas-ei em dia ensolarado
Quando eu estiver ao seu lado!

Apenas farei isso... bem assim!

Euclides Riquetti

A canção que vem do rio...





A canção que vem do rio no inverno
Vem pra me trazer calor e paz
Vem pra junto de mim e traz
O recado de um  amor eterno...

A canção que vem do rio me alenta
Acalma  minha alma ansiosa
Acalma minha mente virtuosa
Mistura-se ao ar que o tempo venta...

A canção que vem do rio me conforta
Me devolve o desejo ardente de sonhar
Pois o  futuro feliz  é o que me importa.

A canção que vem do rio ressoa em mim
É igual àquela que me traz o mar
É canção dos anjos que não terá fim.

Euclides Riquetti

As forças e as fraquezas aqui do Sul




       No ano das maiores incertezas de nossa história conhecida aqui no Sul do Brasil, há a necessidade de uma análise reflexiva, mesmo que um tanto superficial, sobre como temos nos situado, comportado, e reagido em relação à Administração Central, em Brasília. Somos importantíssimos na composição do PIB nacional, na exportação de soja e de produtos naturais ou industrializados, quer de nossa indústria alimentícia, quer na produção de equipamentos de alta tecnologia. Temos um povo que frequenta a escola, um capital humano em termos de conhecimento muito forte, uma massa crítica muito ativa.
       Aqui em Santa Catarina, a presença da corrupção no meio do serviço público existe, (embora em menor índice na comparação com outros lugares), os traços culturais são intensamente vivenciados, nosso potencial de produção é elevadíssimo. As belezas naturais fortalecem a atividade turística como fator gerador de trabalho e renda, além do lazer. O trabalho dos órgãos de segurança pública é exemplar, nossos policiais têm curso superior e são muito bem treinados. A preservação do Meio Ambiente já é parte de nossa conduta normal, o respeito ao cidadão idoso e às crianças pode ser considerado acima da média. Temos excelentes universidades, profissionais altamente qualificados na Saúde, na Educação e na prestação de serviços. Nossas plantas de manufatura estão recheadas de profissionais competentes e muito sérios.
       Toda a força de produção e o bom exemplo exalado por nosso estado, todas as nossas condutas positivas, todas as riquezas que geramos para nosso País, no entanto, não têm mão dupla: levam muito embora e nos devolvem bem menos do que merecemos. Será que nossos representantes, em Brasília, são muito educados, ou não conseguem agir com firmeza diante de sucessivos governos que pouco nos têm prestigiado? No exato momento, busque as rodovias que cortam nossa Santa Catarina, em qualquer ponto, de Sul a Norte ou de Leste a Oeste, e vice-versa, e verá o movimento de caminhões transportando a produção como se não houvesse crise em razão da pandemia.
       No comércio local, alguns setores estão operando com movimento até 30% maior do que em maio e junho do ano passado. As pessoas estão, em sua maioria, se ocupando de maneira a se protegerem e a protegerem os demais. No setor da construção civil, em todas as cidades as pessoas estão tocando seu trabalho, as lojas estão vendendo muito. Mesmo no comércio de artigos para o lar e decorações, verifica-se crescimento. O dinheiro gasto em viagens e em despesas não essenciais vem sendo gasto em investimentos que ocasionam a melhoria do bem-estar humano dentro das próprias casas.
       Nossas fraquezas, no entanto, são bem evidentes. Tivemos pouquíssimos investimentos em melhorias de nosso sistema viário, nossas rodovias estão já há pelo menos duas décadas esquecidas, as ferrovias ficaram no discurso e nas promessas. Estamos sujeitos à ocorrência de eventos climáticos adversos, como o caso do ciclone-bomba que causou sérios danos à população catarinense, uma hora é estiagem, outra é enchente, e assim vamos levando nossa vida.  O sistema hospitalar tem recebido migalhas, os hospitais pequenos fecharam suas portas, os que restaram sobrevivem de auxílios dos municípios, da comunidade e da venda de rifas. Na segurança pública, os fatos narrados nos noticiários mostram, diariamente, as apreensões de drogas e o combate a outros ilícitos, há muito violência doméstica ocorrendo, acidentes nas estradas e ruas têm levado a vida de jovens. O ser humano que muito pode, acha que tudo pode!
       Nosso ativo é enorme, temos muito em que melhorar, temos que exigir o respeito que merecemos, pois costumamos respeitar e agir com disciplina. Procuremos ser mais positivos. Vamos trabalhar a mente e a política para que Santa Catarina, especialmente, continue com avanços em alguns setores onde isso possa ser possível, de maneira que se possa compensar as perdas que vamos ter no setor do turismo, que vai ser o último a se recuperar. A não ser que venha o sumiço do vírus e uma onde de euforia possa contagiar as pessoas.
Euclides Riquetti – Escritor 

Andar sobre as nuvens, sonhar...






Andar sobre as nuvens, sonhar
Na flutuação divinamente algodoada
Na tarde azul e ensolarada
Deixar-se levar, viver,  embalar
Na tarde de outono encantada...

Andar sobre as nuvens alentadoras
Na imensidão do céu de azul pincelado
Na estação das folhas, no dia acanhado
Deixar-se afagar pelas vistas sedutoras
Na espera  da hora de um encontro almejado...

Andar sem corpo, sem peso,  sem volume
Apenas alma, olhos, coração
Apenas alma, olhos, paixão
Seguindo os rastros de teu perfume
Tentando me reencontrar da perdição...

Sim, apenas andar sobre as nuvens!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Se eu digo "te quiero"...





Se eu digo "te quiero"
É porque, realmente, te quero
E porque te espero
Pra te dar meu carinho
Pra me colocar no teu caminho
Porque, simplesmente, TE QUERO!

Te "quiero mucho"
Sim, muito te quero
Nos dezembros e janeiros te espero
Eu e meu inefável carinho
Imaginando você no meu caminho
Porque, realmente, TE QUERO!

But, if I´ll  say:

I want you
I wait for you
Because I like you
And I hope (that)
You´ll like me, too.

Truly, I love you, too!

Euclides Riquetti

Palavras bonitas...



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Não vou poder te dizer palavras bonitas
Não vou poder atiçar a tua imaginação
Não vou entender as palavras já ditas
Não vou alimentar uma doce ilusão.

Não vou poder dizer dos teus olhos bonitos
Não vou poder elogiar dos cabelos a cor
Não vou rimar co´s  teus doces conflitos
E nem te dizer mil palavras de amor.

Não vou entender o que se passa comigo
E nem o que vai em teu pensamento
Não quero mudar o caminho que sigo...
Só quero teus beijos, teu corpo moreno
Nem que seja por um breve, curto momento
Quero sentir os teus lábios que tanto desejo...

Euclides Riquetti

Andar sobre as nuvens, sonhar...






Andar sobre as nuvens, sonhar
Na flutuação divinamente algodoada
Na tarde azul e ensolarada
Deixar-se levar, viver,  embalar
Na tarde de outono encantada...

Andar sobre as nuvens alentadoras
Na imensidão do céu de azul pincelado
Na estação das folhas, no dia acanhado
Deixar-se afagar pelas vistas sedutoras
Na espera  da hora de um encontro almejado...

Andar sem corpo, sem peso,  sem volume
Apenas alma, olhos, coração
Apenas alma, olhos, paixão
Seguindo os rastros de teu perfume
Tentando me reencontrar da perdição...

Sim, apenas andar sobre as nuvens!

Euclides Riquetti

domingo, 12 de julho de 2020

Não te deixes abalar






Não te deixes abalar por nada neste mundo
Deixa que o barco da esperança flutue e navegue
Busca semear no solo mais fértil, mais fecundo
Lembra-te, sempre, de que "a vida segue"...

Não te deixes dominar por pressentimentos
Procura  gastar tuas horas com o aprender
Cuida de dar a teu coração o devido alento
Faze de cada instante um momento de prazer...

Não te deixes entregar aos vãos pensamentos
Não te maltrates com sofrimento desmedido
Não te deixes contagiar por ressentimentos!

Busca viver com otimismo e com muita euforia
Procura dar a ti mesma o verdadeiro sentido
Cuida de dar-te  amor, carinho e alegria!

Euclides Riquetti

Quando as pessoas tinham medo de pecar...

Reeditando...

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          Quando criança, costumava ir sagradamente às missas da Igreja Católica, lá no Rio Capinzal. Primeiro, em Leãozinho, onde o Frei Crespim Baldo vinha celebrar uma missa a cada dois meses, pelo menos. Vinha a cavalo, fazia seus ofícios religiosos e ia embora. Meus padrinhos e seus filhos me levavam com eles. Eu ia faceiro, com a blusinha verde com listras brancas, horizontais, que minha mãe me mandara. E com os sapatos novos, pretos,  que meu pai comprara na loja dos Zuanazzi, ali na esquina contraposta à  dos seus concorrentes, da família Macarini, defronte ao casarão do Sílvio Santos.  Comprava sempre um ou dois números maior, para que, quando o pé crescesse, não escapasse. E já vinha com amassados do "Correio do Povo", na ponta, para que tomasse boa forma no pé., não escapassem.

          A parte boa da missa era que, após, íamos brincar com os filhos dos Seganfredo, Andrioni, Biarzi e Frank, Pissolo e Reina, correr pelo gramado e passar pela ponte coberta, sobre o Rio Leãozinho", que dava acesso à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

          Nos domingos em que não tínhamos a missa pela manhã, tínhamos a reza do terço à tarde. Lembro que praticamente cada família tinha um integrante no grupo que puxava as orações. Então, além das já mencionadas, havia os Santini, Bussacro, Tonini, Savaris, Poyer, Guzzo, Santórum e outros. E, ocasionalmente, puxavam a "Ladainha de Nossa Senhora", em latim, prática que desenvolvem até hoje. Acho que é um dos costumes mais antigos da Igreja Católica que está remanescente numa região de grande predominância da colonização por descendentes de italianos.

          Eu não prestava muita atenção aos sermões do Frei Crespim, mas lembro perfeitamente que ele condenava os pecadores, falava nos pecados mortais e veniais. Mortais, eram aqueles muito graves, como por exemplo, tirar a vida de outra pessoa. E as pessoas perguntavam: "E os soldados, que matam os outros soldados nas guerras, ficam com pecado mortal?" Para isso nem precisava da resposta do sacerdote: matar na guerra não era pecado...

          Adiante, adolescente, fui aprendendo. Havia os pecados veniais, que eram os mais simples, que bastava confessar-se, semanalmente, e pedir perdão ao padre que, representante de Deus, perdoava. O problema maior era a vergonha. Alguns desses pecados veniais eram, por exemplo, dar uma espiadinha nas pernas de alguma garota, coleguinha que fosse. Isso quando houvesse um descuido dela, porque as saias não eram curtas. Beijar, então, só quando fosse noivo, e não na frente dos pais. Então, aquele beijinho sutil, roçado, roubado, na subida da escada, só depois de noivos...Amassar, na época, era sovar a massa do pão, ou bater o paralama da bicicleta num poste, no meio da rua. Aliás, eram tão poucos os carros que, em muitas vias, estes eram fincados bem no meio, sobrando espaço dos dois lados para que os eventuais carros pudessem passar. Amassar, agora, é passar a mão, dar abraços apertados, enfim, dar amassos, você sabe em quem...

          Roubar era pecado grave. Além de pecado, era uma vergonha muito grande. Roubar galinhas para fazer brodo em turminhas de amigos, no inverno, era um pecadinho levezinho... Mas roubar galinha pra comer em casa era muito feio. Mais feio do que pecado. E, a gurizada, para não cometer o pcado, burlava: "maiava".  Maiavam melancias e jabuticabas, onde quer que houvesse. Maiar caquis na Siap, indo de bote, pelo Rio do Peixe, ah, isso fizeram muito, muito. Descumprir os "Dez mandamentos da Lei de Deus" era pecado. Agora há  outras classificações de pecados, além dos mortais e veniais, algumas novas nomenclaturas, tipo "leves" ou "pesados".   Nunca entendi direito e nem vou pesquisar sobre eles. Fala-se dos pecados capitais, pois os conceitos sobre pecado evoluíram: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade ou orgulho. E cada um tem um entendimento sobre eles conforme sua conveniência. Claro que você, leitor (a), também tem o seu próprio entendimento e vamos respeitar isso.

          As pessoas não acreditam mais em céu e inferno (nem eu). E tiram a vida de outras por motivos muito banais. Há os "marcados para morrer", há toda a sorte possível de delitos contra a vida. Das pessoas, dos animais, da natureza.

          Antes, por medo de pecarem e irem para o inferno, continham-se nas ações, pensavam muito antes de atentar contra a vida, cometer qualquer delito, por simples que fosse. Agora, por pensarem que não há punição, por terem compreendido que a vida não é assim do modo como os padres e pastores dizem que deveria ser, fazem tudo o que julgam necessário para ficarem bem, levarem algum tipo de vantagem. Danando os outros.

          Claro que nem tudo o que nos ensinaram era "pecado", é isso que  nos revela nossa compreensão de adultos. Entretanto, tenho saudades daqueles tempos em que, se não fosse por educação, pelo menos pelo medo os seres respeitavam os outros seres. Ah, como era bom!

Euclides Riquetti
13-04-2013

Alvorecer



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Levanta-se, no céu, emerge de atrás dos montes
A luz da foguenta, quente, e avermelhada esfera
Vem tingir, com suas cores, a superfície da terra
Vem  por réstia nas águas dos lagos  e das fontes.

Como um grande bastidor que se suspende no ar
Obra-prima das mãos perfeitas do nosso Criador
Vem  para inspirar-me os versos para te compor
Um poema-oração para que nós possamos  rezar.

É um  alvorecer perfeito, a beleza que se exprime
Na paisagem divinal da bem-aventurada natureza
É o encantamento a revelar o sentimento sublime.

É neste universo amplo, incompreensível e sedutor
Que me entrego a ti, com toda a doçura e a sutileza
Que navego nas nuvens de nosso mundo de amor.

Euclides Riquetti