Leni Scherer Keller faleceu na tarde de terça-feira, 08 de abril de 2025, em Joaçaba. Esteve hospitalizada na última semana e, mesmo com toda a assistência médico-hospitalar de qualidade do Hospital da Unimed, veio a perder de sua energia neste último ano. Tinha 83 anos, sem filhos, e era viúva de Rui Keller. Filha de Arnaldo Scherer, irmã de Jaime, fundadores da empresa sucessora da Sganzerla e Scherer S.A. Moro na Rua Arnaldo Scherer, esquina com a Albino Sganzerla.
Para os familiares, Tia Leni. Para os colegas professores, apenas Professora Leni. Para os colaboradores de sua empresa, a Scherer S.A, sediada 500 metros de minha casa, Dona Leni. Para meus familiares, simplesmente Leni. Conheci-a há quatro décadas e pouco, eu era professor ainda iniciante. Tínhamos a mesma formação acadêmica (Letras-Inglês), ela formada na FACEPAL, de Palmas, e eu na FAFI, de União da Vitória, ambas no Paraná. Adiante, ela exerceu cargo diretivo na antiga UCRE, Unidade de Coordenação Regional de Educação, aqui de Joaçaba.
A Leni era uma cidadã inquieta, mas equilibrada, cordata, generosa, simpática e empática, Uma das mulheres mais elegantes e bonitas e nossa cidade. Embora empresaria forte, prezava muito pela sua profissão de professora, Tínhamos contatos frequentes por telefone. Uma vez me ligou: "Sabia que o nome de sua rua não é Arnoldo, mas sim Arnaldo Scherer? - É isso mesmo, pois ele é meu pai!" Outra vez: "Tenho que ajudar a realizar uma sabatina para um gerente novo. Vc, que trabalhou no mercado de peças, pode me ajudar? Escreva umas perguntas e me traga aqui em casa, pois ando muito atarefada"
Tínhamos grande amizade e ela compartilhava comigo algumas alegrias e algumas angústias. Ia a Passo Fundo para suas consultas médicas e me dizia: "Fui até lá e o médico me disse que eu não tenho nada. Meus exames estão normais e as dores que eu sinto são próprias de minha idade" Será que vão achar que tenho algum problema mental?"
Eu a bombardeava com perguntas e ela funcionava como u reloginho novo. Me relatava sobre os amigos que tinha em Piratuba, quando se reunia com Cláudio Vítor Rogge e outros, no apartamento dela, para um carteado. Lamentava ter perdido de frequentar o litoral, o que fez ao longo de sua vida.
Na juventude, frequentou um colégio de Florianópolis, em internato. Vinha visitar os pais em Joaçaba, vindo e voltando de avião: "Antigamente as coisas eram mais fáceis", dizia!
Uma vez lhe perguntei se tinha algum sonho não realizado, e me respondeu: "Eu quisera ter tido 12 filhos, uma dúzia, mas..." e me relatava segredos pessoais.
Quando lancei meus dois livros de crônicas, me solicitava que levasse alguns volumes e autografasse, pois queria contemplar o irmão Jaime e os amigos de Piratuba. Solicitou-me entregar-lhe meu poema "O voo da garça" que publicou numa coletânea catarinense da Associação Catarinense dos Professores, a ACP. Num outro projeto, desafiou-me a escrever uma lenda. Eu tinha experiência em poemas e crônicas, então aceitei e produzi "A lenda do Monge São João Maria" e o poema "Oração ao Monge São João Maria.
Uma vez, aceitou meu convite para uma excursão a Bituruna, Faxinal do Céu e Porto União da Vitória..Hospedamo-nos no Hotel Grezele, almoçamos no "Bepone", restaurante de José Maziero, jantamos no Empório Italiano, do Antônio Maziero e seus filhos, Degustamos e compramos vinhos nas cantinas Sanber e Dionízio.Fomos ao Faxinal doi Céu, um Jardim Botânico extraordinário, de propriedade da Copel, em Pinhão, uma maravilha, uma verdadeira Suíça Brasileira.
Em União da Vitória, visitamos e Morro do Cristo e em Porto União o Morro da Cruz, um belo mirante. Fizemos um tour pelas cidades e admiramos os Rio Iguaçu, as suas pontes, as praças das cidades, o casario. Fomos conhecer o Poço do Monge João Maria, com exuberante natureza, água corrente, e esculturas em madeira com a figura daquele profeta. Depois passamos pelo Batalhão de Engenharia de Combate, visitamos a loja da Steinhaegger Doble W, onde fomos recebidos pelo Anízio de Souza, ex-Prefeito de Porto União, sua esposa Traude e o filho Marco Aurélio e outros familiares. Trouxemos alguns litros daquele deliciosa bebida. Uma vez, quando fui levar um texto para ela, brindamos com uma caipira e ela me apresentou o sobrinho , Carlos Alberto, que me mostrou um portentoso e bem planejado barco, cujas peças ele mesmo vinha construindo. Ele é um verdadeiro Engenheiro Naval auto-didata.
Certa vez, sendo ela nossa Presidente Regional, ligou-me muito nervosa, pois havia reunião da ACP, e falecera uma das colaboradoras da casa dela. Correra muito para dar apoio à família, organizar o funeral. O pessoal da diretoria organizou tudo e ela chegou na hora, um pouco ofegante, mas elegantemente preparada, como era de seu costume.
Aliás, por ocasião de seu sepultamento, mencionei que, se ela pudesse reclamar, naquele momento, reclamaria da cor alterada de seu cabelo, que não estava loiro e nem encrespado como de costume. Falei aos presentes que ela tinha admiração especial por algumas pessoas: O irmão Jaime,o Carlos Alberto e as sobrinhas, o Assir De Lucca, diretor da empresa deles, o sobrinho - neto Eduardo, sua esposa e a querida sobrinha-bisneta Valentina. Ainda o Ângelo, da Compuserv, o motorista Jorginho, as suas cuidadoras: Marlene, Nevilde, Ilda, Gema, Saula, Ivanir, Mari, Joseane e Elenir. Na cerimônia de despedida, na capela da Funerária São Rafael, Jaime Scherer fez um agradecimento especial aos que cuidaram dela em seus últimos anos de vida, nominando todos eles.
Pela nossa amizade, pelas parcerias festivas e literárias, pela compartilha dos desabafos, pela afinada opinião sobre política, educação e negócios, rendo-lhe esta homenagem. Quem só fez o bem na vida terrena terá um belo e digno lugar ao lados dos anjos no paraíso.
Euclides Riquetti e família
Em 09-04-2025
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