sábado, 3 de fevereiro de 2024

Voa, pensamento...

 


 


Voa, pensamento...


Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos brilhantes e meigos que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Enquanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti

Diamante negro

 



Diamante negro


Diamante Negro
Um olhar acanhado, uma sutil timidez
A discrição, a virtuosa e doce sensatez
Uma lembrança, um sorriso,  um segredo!

Diamante que se enobrece com o passar dos anos
O mais singelo, magistralmente  lapidado
Soprepôs-se a tudo pelo tempo já passado
E ainda  resplandece e povoa meus sonhos profanos!

Diamante que exala elegância, charme, sensualidade
Mas que esconde, em si, mistérios indecifráveis
Sentimentos ocultos e infindáveis
Que esbalda a fragrância, o perfume, a veleidade...

Diamante de beleza singular
Diamante negro como a noite mais morena
Divindade cândida, dócil, serena
Preciosidade rara e sem par!

Diamante negro, mais do que um corpo bem esculpido
Mulher amada, musa, anjo deslumbrante
Mulher desejada, tal qual raro diamante
Mulher do sorriso de luz, do olhar eternecido!

Mulher diamante
Amada
Distante
Segredo
Que me traz medo!
Tão rara quanto...
Diamante Negro!

Euclides Riquetti

Se os diamantes são eternos

 




Se os diamantes são eternos

Durarás para sempre

E, como os sonhos de inverno

Serás eterna, eternamente!


Euclides Riquetti

03-02-2024



O vento que sopra na tarde

 


 




O vento que sopra na tarde
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.

Quando a primavera  chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.

A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.

Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na  tarde seu fulgor.
 
Euclides Riquetti

Águas salgadas de Marte - poema

 


 





Diz a N.A.S.A
Que em Marte tem
Água salgada!

Não sei se ali vão erigir hotéis
Nem se construirão bordéis
Se asfaltarão as estradas!

Não sei se alojarão profetas
Nem sei se será destino de poetas
Se haverá noites e madrugadas!

Dizem que a água aparece na primavera
Corre nas encostas no verão
E, no outono, vai desaparecendo

Eu não tenho tempo pra ficar na espera
Não posso esperar um tempão
Pois que irei envelhecendo...

Enquanto isso, escrevo poemas arretados
Enquanto correm as águas de setembro
Enquanto me inspiro e relembro.
E os ventos arrancam telhados
Das eiras e das beiras
Como na última quinta-feira!

Euclides Riquetti

Chuveiro dividido

 


Chuveiro dividido


Chuveiro dividido
Coração bandido...
Coração quebrado
Sofrido, mutilado
Coração sofrido!

Coração em chamas
Coração que ama...
Coração eloquente
Sempre tão valente
Coração te chama!

Chuveiro delicioso
Coração teimoso
Coração que chora
Porque foi embora
O coração choroso!

Coração atleta
Coração de moleca
De mulher bonita
De moça catita
Coração sapeca!

Euclides Riquetti

O poema será a minha arte

 




O poema será a minha arte

A poesia será minha voz

Canto e rio em toda parte

No meu pensamento veloz.


Há literatura no meu sangue

E todo um sonhar acordado

Algo especial no que tange

Fazer-te o soneto inspirado.


Os anos passam para mim

Como passaram para ti

Não sei se é bom ou ruim

Mas se vão ali, se vão aqui.


Então, em cada aniversário

Comemorar pelo novo ciclo

Desejar-te bons presságios

Num poema em manuscrito.


Euclides Riquetti

03-04-2024
















Seus pés descalços

 





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Pés descalços
Acariciam as calçadas
Abandonadas.
Corações em percalços
Com batidas descompassadas
Retumbam em almas maltratadas
Rejeitadas, mutiladas.


Pés nus buscam caminhos de luz
E pisam na relva umedecida
Adormecida
Sustentando o corpo que seduz.

O corpo que atrai
E que distrai
Furta meus pensamentos pecaminosos
Libidinosos...
E me mergulha nas águas
Me afoga nas mágoas.

Algo me atira às incertezas do momento
Que vaga lento, lento
Como a nau que vai
E se perde no infinito
Bonito...
Bonito, mas cheio de ruelas obtusas
Confusas
Como eu!

Euclides Riquetti

Muralhas também desabam

 

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Muralhas também desabam

Muralhas também desabam com os tremores
Como desabam os corações despedaçados
Cimento e pedras quando amassam as flores
Ferem qual lágrimas em rostos desesperados.

A turbulência nos céus amedronta os viajores
As turbulências da alma nos atormentam
A fúria dos mares apavoram os navegadores
As desilusões nos abatem e nos violentam.

Caminhos desertos maltratam e torturam
Como o sol ardente nos queima e devora
Quando vozes sufocadas apenas sussurram.

Mas quando as luzes do amor nos acenam
E a força da esperança brilha e se renova
Nos campos do sul flores amarelas vicejam.

Euclides Riquetti

Num sábado de sol e de cor


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   Num sábado de sol e de cor
Sábado de sol e de cor
Dia de alegria desmedida
De andar livre na vida
Nada de trizteza, nem dor.

Sábado com muita euforia
Dia das doces sensações
De dar asas às emoções
Nada de melancolia.

Sábado dos corpos sarados
Dos corações atirando setas
Dos corações sendo flechados.

Dia de comemoração
Nas almas de todos os poetas
Que escrevem com amor e paixão!

Euclides Riquetti

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Uma atitude pro coração


 



Busque encontrar-me

Busque localizar-me:

Vai pelo google maps

Use o seu canal internet

E comece a  procurar-me.


Vai, enquanto você pode

Dê pra você um sacode

Dispa-se de preconceitos

Faça o que tem de direito:

Um coração nunca dorme!


Então, tome uma decisão

Uma atitude pro coração

Saia da sua longa letargia

Procure pra você alegria

Viva por amor, por paixão!


Euclides Riquetti

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Fui Poemar

 





Poemar



Fui poemar
Fui rabiscar umas letras
Na beira do mar
Fui poemar.

Poemei versos rimados
Poemei poemas e poemetos
Compus poemas em tercetos
Tentei alexandrinos compassados...
Compus o que a alma me pediu
Compus o que meu coração permitiu
Mas compus!

Fui poemar
Numa manhã com sol.
Encontrei nuvens chuvosas
Ondas volumosas
Gaivotas que voavam,  ruidosas
Pranchas que surfavam, silenciosas.

Fui poemar
Lembrei, poemei, amei
Amei, lembrei, poemei
Poemei olhando pro mar
E encontrei você
No meu imaginar
Lá no mar...


Euclides Riquetti

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Ande, sutilmente, pelos caminhos do sol

 



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Ande, sutilmente, pelos caminhos do sol


          Ande,  sutilmente pelos caminhos do sol,  e vá encontrar o que você procura. Estenda, gentilmente,  suas mãos a quem você ama e entregue-lhe, incondicionalmente, o seu coração, com sua alma desprovida  de incertezas,  e seus olhos de inefável beleza. Vai, siga em frente, sem preocupar-se com pedras que possam estar em seu caminho, com plantas que em vez de flores lhe oferecem somente os espinhos.
 
          Abra seu sorriso franco que a torna feliz, retribua, com alegria, a cada manifestação carinhosa, e dispense a todos sua atitude generosa. Seja compreensiva com os que duvidam de você, mostre-lhes que você é sincera e verdadeira, porte-se com altivez e galhardia, mas não se esqueça de exercitar, em cada momento, a sua humildade. Você é mais você, em todas as circunstâncias.

          Permita, em cada dia, um renascer dentro de você, enseje expectativas em cada um que espera que lhe proporcione algo, esperanças que possam se renovar, possibilidades que se possam reabrir, caminhos que possam, novamente, ser percorridos. Situe-se ao lado do bem, não se importando se os outros pensam diferentemente de você. O que importa, sim, é a paz que restará em seu interior e que você fará resultar nos outros. 

          Dirija seu pensamento para o Altíssimo, faça-lhe orações despretensiosas, mas carregadas de boas intenções. Queira a felicidade para todos, independente de a terem ou não perdoado em seus pecados ou a aplaudido em suas vitórias, pois a vida nem sempre é dada a derrotas, e nem sempre a conquistar a glória.

          Ande, sutilmente, pelos caminhos do sol. E, depois que tiver feito tudo isso, sem que lhe fosse de obrigação ou compromisso, colha as flores que nasceram perto de você, nos caminhos que você trilhou, nos jardins onde as plantou. E verá, certamente, que tudo lhe valeu a pena!

Euclides Riquetti

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O vazio da alma







O vazio que há em mim
Também há em ti.
É como um céu sem estrelas
É quando é  impossível vê-las
É como um mar sem fim.

O vazio que está em mim
Também está em ti.
É como uma árvore sem folhas
É como não ter escolhas
E não saber de onde eu vim.

O vazio que há em nós
É o vazio dos sós.
É como a rua sem gente
É como o espelho sem lente
Ou as renas sem trenós.

O vazio de cada alma
É inerte como a alga
É a hora sem o minuto
É a água sem o duto
É a sentença sem ressalva.

E eu penso em ti...

Euclides Riquetti

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Noites sem estrelas (Ao meu pai..)





Dias sem pássaros, noites sem estrelas
Dias de densas nuvens, o vento a volvê-las
Noites tão escuras, luar contido, ausente
Fazem dos meus sonhos futuro sem presente...

Dias de chuva forte, sem sol, sem luz no céu
Dias sem esperança, cinzento mausoléu
De alguém que foi distante, buscando seu destino
Tombando para sempre, subindo ao céu divino.

Conforto-me em saber que fez o bem na terra
Que pela sua bondade fará novos amigos
No céu que é manto azul, é flor da primavera
Verá,  mais uma vez, seus entes tão queridos.

E entre dias sem lindas noites, noites sem dias lindos
Eu fico recordando, pensando nos já findos
Em que você se foi, naquele longo inverno
Buscando nova vida, buscando o Pai Eterno!

Euclides Riquetti
Composto em julho de 1993.

Desculpe-me!

 


 


Desculpe-me, se fui inconveniente

Deselegante, pelo meu jeito de ser

Desculpe-me por me fazeres sofrer

Desculpe-me por ter-te feito sofrer

Mas estás sempre em minha mente

Por mais que eu tente te esquecer!


Desculpe-me se sou inconsequente

Afoito, inquieto, afobado e imaturo

Desculpe-me por ser tão inoportuno

É que muitas vezes ajo por impulso

Me perdendo em corpo e em mente

Infantil, até, e me arrependo, eu juro!


Desculpe-me se sou assim desajeitado

Parecendo-me com moço adolescente

Mas eu te peço perdão, simplesmente

Quero contar contigo, definitivamente

Eu quero sempre amar para ser amado

Quero viver feliz, alegre, bem contente.


Euclides Riquetti

De repente, a saudade...


 



De repente, a saudade:
Saudade da infância
Das bolicas de vidro
Do meu primeiro livro
De ser criança!

Saudade, saudade:
Saudade do pão caseiro
Do mel e da nata
Do marmelo e do marmeleiro
E da marmelada.
Do café na caneca esmaltada
Do leite quente e das torradas.

Saudade, sempre saudade:
Saudade dos chinelos de couro
Das valetas de água correndo
Do joelho esfolado e doendo
De brincar de caça ao tesouro.

Saudade, muita saudade:
De brincar de couboy
Com revolvinho de espoleta de rolo
De gritar "camóin"
"Está preso, levante as mãos, seu tolo"!

Saudade, doce saudade:
De levantar cedo pra ir pra escola
De encontrar os amigos na rua
De gritar de noite pra lua
E de jogar muita bola.

Saudades, cada um sente de um jeito:
Pouca, muita, quase nada, demais
Mas todo mundo sente!

Do amor que nem bem chegou
E já se foi...
Da personagem que nos cativou
Marcou
E foi-se logo depois.
Saudade, tão vaga como uma oração
Sem sujeito
Que invade meu peito
Mas que ocupa extenso lugar no meu, no teu
No nosso coração!

Euclides Riquetti

Eu quero ser sua canção

 





Não sei por que caminhos lisos  andou meu pensamento
Se se perdeu nas pedras soltas, ou se foi nas correntezas
Mas penso que seguiu a rota azul no imenso firmamento
Que  preferiu navegar,  solitário, nos mar das sutilezas...

Eu  fiz  muitas perguntas simples e todas sem respostas
E em todas as que eu lhe fiz, você mostrou-se indecisa
Propus amor, felicidade, mas não ouviu minhas propostas
Me deu somente dúvidas, respondeu-me com evasivas...

Não sei andar sem chão, sem base, apenas flutuando
Não sei mover-me sobre as nuvens, sem rumo definido
Não sei viver sem versos, nem quero ver você chorando...

Você é a melodia que me falta para animar meu coração
Você é  parte de mim, você  é meu ser, meu maior  sentido
Você é o tema de meus versos e eu quero ser sua canção.

Euclides Riquetti

Os Mistérios do Hotel Paraná (Em União da Vitória)

 


 



Reedição:

Resultado de imagem para fotos Porto União da Vitória




          As amizades que a gente faz têm um incomensurável valor. Às vezes fomos próximos de pessoas que nunca nos notaram e nem nós as notamos, não por orgulho, mas por que, ironicamente, podemos ter trilhado o caminho paralelo, mas não o mesmo. Podemos ter vivido no mesmo bairro, na mesma cidade, mas interesses distintos nos conduziram por distintos caminhos. Hoje, com a disponibilização das redes sociais, consegue-se  fazer novas amizades e redescobrir algumas que se guardaram, adormecidas, por longos anos.  Tenho buscado percorrer os caminhos por onde andei na minha juventude e, felizmente, tenho reencontrado muitas pessoas que também andaram por eles.  E, no mesmo trajeto, acabei formando outros novos amigos. A amizade é algo sensacional. Quando madura, bem construída, torna-se sólida e nos traz muita satisfação e alegria.

          Numa dessas incursões pelo facebook, conheci uma pessoa que me me suscitou ternas lembranças, devo ter passado milhares de vezes pelos caminhos em que ela passou. Agora, quatro décadas depois, descubro respostas para perguntas que nunca obtive.

          Já mencionei, nas crônicas anteriores, meu modo de vida de meus tempos de faculdade, quando eu morei em Porto União da Vitória. São duas cidades, separadas parte pelos trilhos da estrada de ferro, parte pelo Rio Iguaçu. Duas cidades e dois estados: Porto União, em Santa Catarina, a cidade onde se situava o 5º Batalhão de Engenharia de Combate. União da Vitória, no Paraná, onde se situava o Estádio Enéas Muniz de Queiroz, onde vibrei em muitas tardes de domingo, quando ia lá torcer pela A.A. Iguaçu, e na qual jogava meu conterrâneo e amigo Roque Manfredini, um dos melhores goleiros que Capinzal já produziu.

          Morei  quatro de meus cinco anos ali,  bem no centro de União da Vitória, na Rua Professora Amazília e, por último, na Avenida Manoel Ribas. Andava muito, a pé, na cidade plana, vivi ali o melhores anos de minha juventude.

          Dentre as lembranças que atraem meu pensamento, está o trajeto que fazia do "Esquadrão da Vida", a nossa república de estudantes, até a FAFI, onde eu estudava. Apenas quatro minutos a pé. Uma dobra de esquina, duas ruas,  e a Praça Coronel Amazonas, onde três prédios nos chamavam a atenção: a Catedral, a Fafi e o Hotel Paraná. A Catedral, uma edificação que dispensa comentários, uma obra de suntuosa arquitetura. A Fafi, uma edificação funcional e sem atrativos arquitetônicos. Mas tinha seu valor pela sua história e pelo nível de formação de seus acadêmicos. Na não menos histórica Praça Coronel Amazonas, a qual eu atravessava para chegar à aula. Ali, um lugar muito seguro à época, era o lugar em que as mães levavam as crianças para brincar num parquinho. Árvores centenárias marcavam aquela paisagem, eram o seu maior atrativo. E, dirigindo meu olhar de lá para a direita, o casarão do misterioso Hotel Paraná. Dezenas, quiçá centenas de  histórias rondavam aquele sobradão imponente, belo, aristocrático, mas ao mesmo tempo assustador...

          O Hotel Paraná, já na década de 1940, abrigava a elite de viajores que passavam pelo Passo do Iguaçu. A cidade era ponto final de linhas de ônibus que vinham de Curitiba, Canoinhas, Mafra, Joaçaba, Palmas, Pato Branco, Concórdia, Chapecó. E dos trens que vinham de Curitiba/Ponta Grossa, São Francisco do Sul e Marcelino Ramos. Então, para seguir viagem no dia seguinte, pernoitavam em Porto União da Vitória. Cerca de uma dezena de hotéis na cidade, mas o mais categorizado, com o melhor serviço e as melhores acomodações, mais luxo em seu interior era, certamente, o Hotel Paraná.

          Depois de reinar absoluto por muitas décadas, com o falecimento do proprietário que sucedeu os fundadores,  o hotel foi arrendado, quando sucederam-se, em seu interior, fatos que marcaram muito a história da cidade,  e que ensejaram todas as especulações em torno do mesmo. Eu perguntava, em 1972, aos colegas,   por que um prédio tão bonito e bem arquitetado, numa paisagem urbana bastante singular, estava ali abandonado, fechado. E me diziam que era um lugar mal-assombrado, que ocorreram  dois assassinatos ali e que, depois disso, nunca mais fora o mesmo. E me explicavam as coisas que eu nunca entendi direito. Mas olhar para tudo aquilo, principalmente à saída da Faculdade, não me causava medo, mas sim admiração, sentimento de perda... Não entendia o porquê de o Poder Público, a Prefeitura, o Estado, não adquirirem aquele exuberante imóvel para ali instalar o Museu da Cidade, uma Casa da Cultura. E nunca obtive respostas.

          Nos cinco anos que  morei na cidade ele permaneceu ali, aumentando seu mistério e suas histórias. (O tempo faz com que se perca a verdade e os fatos se deturpem...) Mas, nos últimos dias, através de uma das herdeiras do imóvel, Consuelo Portolan, fiquei conhecendo um pouco da sua história. O avô desta o adquiriu  nos áureos tempos de União da Vitória, na época em que as serrarias eram abundantes e o beneficiamento das madeiras movimentava, fortemente, a economia da região. O Hotel Paraná era o principal destino de empresários e autoridades que chegavam à cidade. Fora construído, não se tem data precisa disso, possivelmente por autoridades de Governo, justamente para abrigar as muitas autoridades que se dirigiam para a região, a qual era integrante do território contestado. Quando o avô faleceu, a família alugou-o para terceiros, tendo acontecido o assassinato de suas pessoas em seu interior. Então, a  mãe da herdeira, com um filho e duas filhas, todos menores, tentou  levar o empreendimento adiante mas, com o falecimento muito prematuro desta, os filhos fecharam o estabelecimento e foram embora.  Havia o sonho de se transformar o prédio numa casa de cultura, mas isso não aconteceu. E, adiante, houve a um incêndio que comprometeu a estrutura de alvenaria, resultando na ocupação do terreno para construção de prédios de apartamentos.  Ao revisitar a cidade, deparei-me, posteriormente, com aqueles prédios que ali estão agora...

       Sobre o Hotel, Soad Portolan, uma das duas moças herdeiras junto com um irmão, e irmã da Consuelo, diz: 

     "Meu avô, João Saade, proprietário do Hotel desde 1945, não faleceu antes do arrendamento à família Barth, que teve duas pessoas assassinadas no hotel.
Essa tragédia se deu lá por 1962, e meu avô retomou o hotel, juntamente com minha mãe, eu e meus dois irmãos, em 1964. Em julho de 1970 minha mãe faleceu, em fevereiro de 1971 eu e meus irmãos viemos para Brasília, e em julho de 1971 que meu avô veio a falecer, ainda morando no hotel, já desativado".

          Parte da história daquele sobradão que me encantou na juventude, pude ter resgatada pelas informações de uma amiga recente  que, na época, entre dezessete e dezoito anos,  tendo sido criada no interior daquele hotel, ali viveu os grandes momentos de sua infância e adolescência.   Aqueles tempos em que se faz a amizade na escola, na rua,  nas festinhas de aniversário. Fiquei imaginando como deve ter sido a vida daquele rapaz e de suas duas irmãs, todos menores, que pisaram, pouco antes de mim,  as mesmas calçadas que eu também pisei.  E que brincaram naquela praça, sentiram o frio nevoento do inverno e o sol causticante do verão. E que tinham seus sonhos, sua família, mas acabaram sós. E que foram construir seus sonhos em outra cidade, deixando ali todas as belas lembranças de sua infância... Mas a vida é assim mesmo. De repente, fatos que acontecem mudam tudo na vida das pessoas...

          Obrigado, Consuelo, por me ajudar a conhecer, um pouco, a história dos mistérios do formoso Hotel Paraná, uma imagem que tenho gravada em minha memória saudosista!

Euclides Riquetti
23-06-2013

Quando meu sorriso encontra o teu sorriso

 






Quando teu sorriso sai pelas janelas
E vai buscar as flores meigas da manhã
Vai encontrar crianças, velhos  nas ruelas
As sempre-vivas verdes e amarelas
Se deliciar nos campos verdes das maçãs...

Quando meu sorriso encontra teu sorriso
Meu rosto tenso das agruras do universo
Sabe que encontrou aquilo que eu preciso
Que chegou perto do jardim do paraíso
Que escrevi nas prosas, que cantei nos versos.

E quando vejo os mil sorrisos que reluzem
Em cada canto da cidade em que tu cantas
Rostos divinos com olhares que me induzem
Corpos esbeltos que me atraem e me seduzem
Minha alma exulta e meu coração se encanta.

Sorrisos, ah, sorrisos, tão bonitos quanto o teu
Sorrisos que navegam pelos céus, que vêm encontrar o meu!


Euclides Riquetti

Sonhos são sempre sonhos

 


 





Oração para Nossa Senhora dos Navegantes

 


 


 


                                          Imagem esculpida em cedro pelo escultor Paulo Voss

                                          (Foto de divulgação do Município de Ouro)

Oração para Nossa Senhora dos Navegantes

Nossa Senhora dos Navegantes, amada padroeira 

Cobre, com teu sagrado manto, esses teus devotos

Sê, para os ourenses, a forte e virtuosa timoneira

Sê, de todos os navegantes, a mãe rainha altaneira

Rogamos-te pelos presentes, os ausentes, os ignotos.


Senhora dos Navegantes, Mãe gentil e Protetora

Não te esqueças das crianças, cuida bem dos idosos

Divindade que admiramos, és uma louvada genitora

Protege-nos com tuas mãos e tua alma pacificadora

Que tua luz ilumine os teus seguidores venturosos.


Nossa Senhora dos Navegantes, cara mãe Poderosa

Cuida dos doentes, dos fracos, e dos desassistidos

Há lugar para todos nós em tua barca tão generosa

Em nossas orações, pedimos tua bênção graciosa

Abençoa os seres justos, os de bem e os oprimidos!


Euclides Riquetti

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Os ventos que vêm do mar...

 


 

Os ventos que vêm do mar...


Os ventos que vêm do mar
Me trazem  os murmúrios da antiga canção
Me lembram o amor e a louca paixão
Os ventos que vêm do mar.

Os ventos que vêm do mar
Despertam sentimentos adormecidos
Instintos que  jazim  escondidos
E que voltam a se  animar.

Os ventos que sopram pro mar
Levam de volta os meus lamentos
Que se vão a velejar.

Os ventos que sopram pro mar
Levam as tristezas e os meus sofrimentos
Para me deixarem em paz.

Euclides Riquetti