sábado, 5 de setembro de 2015

Um poema universal


Emolduram-se no amanhecer as flores do pessegueiro
E as brancas das laranjeiras exalam seus olores
Perfumam meu dia, tornam-no claro e  prazenteiro
Infundem, em todo o meu ser, o encantamento das cores.

Celebram o dia bonito as orquídeas matizadas
Ilustram as horas as singelas flores do campo
Cinzem os jardins as rosas vermelhas e as rosadas
O sol abençoa a terra azul com seu dourado manto.

Expande-se,  pelo universo, a força de teu pensamento
Vai navegar por entre estrelas, meteoros e cometas
Vai para me encontrar em algum lugar do firmamento.

Coaduna-se, no cosmos, toda a energia sideral
Que vai sensibilizar os seres em todos os planetas
E que me inspira a te escrever um poema universal!

Euclides Riquetti
05-09-2015







Sábado de Sol

É antiga, mas vale a pena ler...
          Cedinho, o sol apareceu timidamente neste sábado. Fomos  para a "despedida" na pista do Comercial. Temporária nossa depedida, mas não deixa de ser uma sensível despedidinha...  Deixar de ir a um lugar que prezamos muito, mesmo que por poucos dias, pouco mais de uma semana,  nos remete a uma pontinha antecipada de saudade. Sentem-se saudades das pessoas, dos lugares. Saudade é uma palavra tão significativa da nossa língua que, dizia-me o saudoso professor Geraldo Feltrin, em minha efervecente juventude, não há  uma similar em qualquer língua que se fale no mundo. Não no Inglês, não no Francês, não no Espanhol,  nem no Flamingo: apenas em Português ela tem um efeito tão profundo nas pessoas. Vou sentir saudades de ti, sim!

          Manhã de céu azul, balõezinhos de algodão flutuando suavemente no céu, canários ameigando o canto nos galhos em meio às folhas balançantes, rolinhas ciscando por debaixo de árvores exóticas, pessoas buscando estar em forma para o carnaval, caminhando, correndo, rindo,  sorrindo: todos querendo ser e parecer melhor no corpo, na alma, na própria individualidade. A pista é de todos. De todos os que querem, de alguma forma, buscar os louros das vitórias. Vencer, cada um à sua maneira, ter êxito, superar-se. A garota tentando ser mais bonita, mais "escultural"; o jovem buscar o vigor físico; o maduro tentando mostrar agilidade e resistência; o "bem experiente"  pensando em alongar sua longevidade, num pleonasmo que, pessoalmente, eu também busco sem cessar. Eu também...

          Ah, mas um sábado de sol pode ser bem melhor do que isso. Bem melhor, se analisarmos o cenário que nos rodeia, se soubermos entendê-lo, se soubermos compreendê-lo, ver como as pessoas podem ser felizes, e que as limitações que temos, somos nós mesmos que nô-las impomos.

          Aline, braços finos, elegantes e medilíneos, acionando agilmente a cadeira de rodas, estimulada pelo namorado treinador. Igualmente Daluan, empregando a força de seus braços para superar a marca de seu tempo. Regina, com dificuldade para articular seu próprio nome e limitações nos braços, acionando os dardos. Nádia e seu companheiro, arremessando pesos, juntamente com a Gisele, que gosta de ser chamada de Gise. Todos animados, de vontade de superação ilimitada, cada um fazendo o que seu corpo permite. Que bonito isso! Pessoas felizes, contando piadas (algumas nem dá pra escrever aqui), rindo muito, fazendo gracejos de si mesmos, falando sobre sexo, namoro, casamento.  E pensar que há muitos que se acham perfeitos e que vivem lamentando-se por não terem isso ou aquilo, por não poderem aquilo ou isso.

          Vou contar apenas a que a Gise, cadeirante, pernas amputadas,  contou-nos: "Li na internet que  um amputado quer se candidatar nas eleições e seu slogan de campanha é: Vote em mim que eu não vou passar a perna em você!!!!". "Olhe, se eu for candidata, não vou passar a perna em ninguém, porque não tenho..." E ria, feliz, porque nosotros ríamos de sua piada. Que gente feliz! Quanto espírito proativo, quanta vontade de viver.

          Tudo isso fez com que minha despedida de lá (temporária), fosse bem mais amena!

Abraços a todos!

Euclides Riquetti
11-02-2012

Minha última canção de inverno

Pensei em cantar pra você
Uma última canção de inverno
E nela jurar e dizer
Que você é meu amor eterno.

Pensei em escrever pra você
Um poema apaixonado
Em que eu possa lhe dizer
Que eu estou enamorado.

Peguei um velho violão
Mas só sabia o sol e o dó
E a canção do meu coração
Virou sonho, virou pó.

Peguei um lápis e papel
Imaginei versos rimados
Versos doces como o mel
Mas não estava inspirado.

Quero ao menos lhe fazer
Minha última canção
Ou um poema pra dizer
Que é todo seu meu coração!

05-09-2015


Tributo a um Campeão - Homenagem ao professor Nelson Sicuro

 
          Não, não me refiro ao Aírton Senna, nem ao Guga Kurten, embora tenha sido  fã deles, nas memoráveis conquistas, nas pistas de Fórmula 1 e na Quadra de Roland Garros. O Rei de Mônaco foi num fatídico domingo de maio. O Rei do Saibro está ali, em Floripa, esperando o dia da chegada de um filho. Cada um Rei em seu Reino. Reinado construído sobre as bases da dedicação, do esforço, dos treinos.

          Minha personagem, como ele mesmo me ensinou, chama-se Nelson. Mas há tantos Nelsons por aí: O lendário Nelson Rodrigues, das crônicas; o Nelson Mandela, ficura carismática e legendária na África. O Nelson Piquet, trouxe-nos importantes títulos no Automobilismo, mesmo com seu sorriso-limão. O Nelson do Cavaquino, o "Nerso da Tapitinga",  e outros  "nelsons e nersons", que nos fizeram rir ou chorar.

          Falo do Nelson Sicuro, que no verdor de minha juventude foi meu professor, meu mestre na Faculdade, a FAFI, lá em União da Vitória. O professor Nelson Sicuro, marido da Neli, também professora universitária, ambos idealistas, carismáticos, bonachões. São daquelas almas que se encontram, se amam, se respeitam, e se propõem a superar todos os obstáculos que surgem em sua caminhada. Mencionei seu nome neste blog, no dia 06 de janeiro, Dia de reis, Dia da Gratidão. E eu nem sabia que ele partira em 28 de novembro último, dia do aniversário de meu filho, Fabrício, dia de aniversário do Ivan Casagrande, a quem telefonamos para parabenizar, pois que este sempre me ligava, parabenizando-me, em meus aniversários. A mim a aos nossos amigos. Obrigado,  Bianco...

          Nos últimos dias, resolvi buscar alguns de meus poemas 'perdidos". Liguei para a antiga FAFI, onde, solicitamente, a Rosane Torres enviou-me, escaneados, os meus primeiros poemas publicados, com ilustrações, em 1976, no livro Prismas, volume IV, da Coleção Vale do Iguaçu, organizado, articulado e publicado pelo Professor Nelson Sicuro. Não se pode dizer apenas "Professor Nelson", ou apenas "Professor Sicuro", tem que ser "Nelson Sicuro", nomes que se combinam, que combinam com a Literatura, a Gramática da Língua Portuguesa, a Fonética, a flauta, o francês, o latim, o inglês, o desenho... Nelson Sicuro foi juntar-se à amada Neli, que fora antes, em 25 de janeiro de 2010, exatos dois anos hoje, lá em cima....

          Há alguns anos convidei-o a vir palestrar-nos no Sílvio Santos, ali em Ouro. Veio ele e a Neli. Não quiseram cobrar nada, apenas amizade... O professor que  vem para atender um pedido de um ex-aluno, de quase duas décadas antes, para falar da língua portuguesa, mesmo depois de ter sofrido um derrame, do qual vinha se recuperando. Mas, mesmo assim, veio e deu o seu recado.

          Não posso deixar de dizer o quanto foi importante para mim e meus colegas: ao final do curso de Letras, costumava convidar os acadêmicos a entregar-lhe uns poemas para editar um livro... Certamente, mais de 200 ex-acadêmicos iniciaram-se nas letras por suas mãos. E eu, orgulhosamente, desde o dia em que selecionou "Uma Oração para Você" e "Tu", para fazerem parte do livro "Prismas  - volume IV",  senti que eu poderia, sim, tornar-me escritor. E, com hiatos temporários, continuo a escrever até hoje. Aprendi com ele a importância de "sentir" a poesia, a escrever sonetos, compor versos livres e brancos, alexandrinos, redondilhas maiores e menores. Que,  lá no céu,  junte-se ao Boni, o Geraldo Felltrim, o Abílio Heis,  e ao Filipak, que também está por lá... Que ele, com sua Neli, enturme-se com anjos e arcanjos! O mundo das artes literárias ficou menor sem o querido Nelson Sicuro, meu verdadeiro campeão. Minha sincera homenagem com o último verso de um poema que lhe entreguei, em 1975: "Ouço anjos cantando uma canção de acalanto"

Euclides Riquetti - Um seu criado!...
         
25-01-2012

Amor de paixão


Bem sei onde moras, bem sei o teu nome
Bem sei como és, como são o teus olhos
Sei a cor de tua pele, o sabor  de teus lábios
Sei do vinho que bebes, dos doces que comes.

Sei sobre tudo o que pensas e tudo o que escreves
És um livro aberto, uma casa sem portas
Sobre  os versos que escrevo, longos ou breves
Sei quanto que os lês, e com quantos te importas.

Bem conheço tua alma e  teu corpo sensual
És a perfeição que não se encontra num lugar qualquer
A dama que transborda de perfume magistral.

Não quero mais chamar-te de  amiga do coração
Mulher linda e poderosa, mulher, bela mulher
Quero apenas que sejas meu amor de paixão.

Euclides Riquetti

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

História de alfaiates... boas lembranças.

          Os alfaiates tiveram grande importância, ao longo a História, na vida do homem. Mãos habilidosas, prática obtida com o tempo de exercício da profissão, talento nato e herança de conhecimentos levaram profissionais "oficiais" a viverem tempos de bonança e a deixarem os homens mais elegantes. Dentre meus familiares, muitos oficiais. Os "meio oficiais" eram aqueles que não tinham, ainda, o domínio total do metier, como, por exemplo, os que sabiam costurar mas não sabiam fazer o corte dos tecidos.

           Perceber o "caimento", promover a combinação dos tecidos, ter o domínio da tesoura, da agulha e da máquina se coser, a habilidade e a precisão na obtenção das medidas do corpo do cliente, e até saber conversar com o cidadão ajudava, ou eram requisitos indispensáveis para que o alfaiate tivesse sucesso em sua profissão.

          Em minha infância e adolescência, algumas alfaiatarias funcionavam no município de Capinzal e no Distrito de Ouro. Havia, em Capinzal, o Valdomiro e os Vicari, o Franchini, que era torcedor do Fluminense, e a do Vilson Dambrós  (marido da Ruth Baretta)  e do Angelin Sfredo marido da Stela Flâmia), que se localizava em anexo ao Posto Ipiranga, no lado de Capinzal. Ali era uma espécie de "Embaixada do Vasco da Gama, uma vez que estes jogavam no Vasco de Capinzal. Trouxeram o Vanderlei, um moreno alto e magro que jogava o fino da bola, para trabalhar na alfaiataria e jogar no time.

          No lado do Ouro, havia a Alfaiataria Baretta, do meu primo Chascove, (Ludovino Baretta), em que trabalhavam meus primos Sérgio Riquetti e seus irmãos Hélcio e Ovídio. Também meu tio Ivo Baretta, o Ulisses Vergani e acho que o Sadi Dalposso. Adiante, cada um foi tomando seu rumo: Os Riqueti passaram a ter sua própria alfaiataria, primero no Ouro e depois em Capinzal, o Vergani a sua em Capinzal, onde ensinou o Celso Calegari, da Loja Calegari, o Dalposso manteve-se por longo tempo no Ouro, tendo costurado meu terno de posse como prefeito daquela cidade, na minha juventude. O Tonini, que hoje faz fretes com uma Kombi, trabalhou com familiares no Novo Porto Alegre, onde também havia uma delas. Outros amigos de que me lembro, foram o Alduino Thomazoni, que trabalhou com o Ivo Baretta; o Nílton Nora e o Alcides Faccin, que trabalharam com o Chascove em nossa época de juventude.

          Hoje, restam poucos alfaiates exercendo a profissão. Normalmente, trabalham para lojas que vendem ternos e estão instaladas nos shoppings das grandes  e médias cidades.

          Neste dia 6, domingo, comemoraremos o Dia do Alfaiate. Deixo um grande abraço em todos os que conheci e que tornaram meus amigos.

Euclides Riquetti
04-09-2015

Eu sou o vento

Eu sou o vento
Que acaricia seu rosto
Que alisa seus cabelos
E afaga seu pensamento.

Eu sou um  vento profeta
Que venta em todas as estações
Que sopra em toas as direções
Sou um  vento que se disfarça de poeta...

Eu sou o vento que sabe o que você pensa e  diz
Que se porta como um mago  adivinho
Que vem e vai de mansinho
E que, sendo profeta, prediz!

Sou vento, sim, apenas um vento assim
Assim,  com mãos para acariciar
Com lábios para te beijar
E coração pra te querer pra mim...

Euclides Riquetti

Com o calor de seu corpo

Quero que me aqueça com o seu calor
Que me alegre com suas palavras amáveis
Que me abrace com seus braços adoráveis
Que me ame com volúpia e com ardor.

Quero que me beije com beijos de cereja
Que me afague com a mão suave e  macia
Que me olhe com seus olhos de alegria
Que me diga que me quer e me deseja.

Quero ainda que nunca se esqueça de mim
Que reze por mim nas noites enluaradas
Que me envolva em seus pijamas de cetim.

Que aqueça,  com seu calor,  o corpo meu
Que viaje nas nuvens esbranquiçadas
Porque eu, docemente,  aquecerei o seu!

Euclides Riquetti
04-09-2015

"O Texaco e o Gasolina"

 
          Apelido, quem já não teve um, pelo menos?  Há algum forma de esquecê-los?  Duvido!

          Para que esqueçam os apelidos da gente, só tem um jeito: mudar de cidade, voltar somente um bom tempo depois, bem mudado. Fiz isso e quase que se esqueceram dos meus. Embora tenha ficado conhecido pelo meu sobrenome, ainda há os que me identificam por eles. Na semana passada fiquei muito contente ao reencontrar os amigos lá de União da Vitória e ouvir eles me chamarem de "Alegria".

          Porém  havia uns que me chamavam de "Sorriso". E eu me acostumei com isso, à época. Ser reconhecido pelo sorriso ou por estar sempre em franca alegria era muito massa. Com os incômodos da vida muitas vezes viramos tristes. Mas sempre encontramos uma maneira de voltar a ser "alegria".

          E lembro que,  na minha adolescência,  o cara que não tivesse um apelido razoável ( se é que ter apelido possa ser  coisa razoável...) era fora do contexto. Começava pelos colegas de Colégio, isso se estendia para o campinho de futebol e ia parar lá na catequese. Não tinha jeito mesmo, e quanto mais o cidadãp esbravejava, mais o apelido pegava!

          No final da  década de 1950 havia dois postos de gasolina que eu conhecia, um em Capinzal, bem ali na Rua XV de Novembro, pouco antes do início da subidinha para o alto da XV. Não havia nem calçamento na rua ainda. No Distrito  de Ouro havia um bem no meio da Rua da Praia, onde ela se encontrava com a Felip Schmidt e, dali, havia uma subida para a Coxilha Seca. A  Rua do Comércio, hoje, chama-se  Presidente Kennedy. A Rua da Praia se transformou em Governador Jorge Lacerda na década seguinte, uma homenagem ao Governador que contruiu a Ponte Irineu Bornhausen, que liga Capinzal e Ouro, e aquela defronte à propriedade do Marcos Penso e do João Flâmia, na hoje Rua Ernesto Hachmann, centro de Capinzal. Mais tarde fecharam os dois e o João Flãmia abriu um com a bandeira da Ipiranga. Trabalhei lá em 1971, meu chefe era o Ivan Ramos, que está em Floripa. Éramos nós dois,  mais o Dário Novello, o Tonico Flâmia, O Alcides Venâncio, o Valêncio de Souza, o Antenor Rodrigues, o Nego, irmão do Ivan, o Mingo Barbina e o Tio Nica, o borracheiro.

          O Posto localizado em Capinzal pertencia às famílias Sartori e Lancini e tinha como atendente o Gasolina. O do Ouro  era atendido pelo conterrâneo lá do Leãozinho, o Texaco. Herdou o apelido por causa da Bandeira do Posto, que pertencia às Indústrias Reunidas Ouro.  O outro, acho até que era da Esso, por causa da cor das bombas.

          Essas lembranças me voltaram hoje pela manhã quando estava no centro de Joaçaba. Encontrei o Gasolina sentado num banco no Ponto de Táxi. Eu sempre o via e achava que ele era taxista. Não é. É representante da Bitter Águia, de Capinzal, há uns 35 anos.  O bitter da família do "Laco" tem muita história, tradição e qualidade. Perguntei-lhe se estava aposentado, disse que estava. E passei a perguntar sobre o Posto em que trabalhava. Disse-me que foi da Barra do Leão para Capinzal com 15 anos, em 1955. E que trabalhava dia e noite.  Perguntei-lhe sobre óleo diesel e disse-me que os caminhões eram todos a gasolina, então só vendiam gasolina. À noite vinham muitos caminhões para abastecer. Eram os das madeireiras que levavam tábuas e toras. E os porcadeiros.

          O Texaco, após trabalhar no posto,  virou caminhoneiro. Tinha um Mercedes LP 321 "cara chata". Depois foi trabalhar na Prefeitura do Ouro até se aposentar. Era uma pessoa muito honesta e bondosa. Dirigia um FORD F 13000 plataforma, para transportar máquinas pesadas. Uma vez fomos para  União da Vitória  buscar areia, isso em 1990. Estávamos construindo o Centro Comunitário de Novo Porto Alegre. Estourou um pneu a atrasamos a volta. Chegamos em casa tarde da noite. Íamos e voltávamos contando histórias e relembrando de passagens da vida. Era, realmente, um bom papo.

          Hoje, ao encontrar o Gasolina, muitas lembranças me vieram à mente. Ah, ele tinha o nome do Ivo Faccin. O Texaco, Itacir Oneido Reina. E, como trabalhei no Posto Dambrós e no Ipiranga, não posso deixar de dizer meu apelido da época, que também foi o de escola, do campinho de futebol, da catequese, da Boate Cabana. Até porque estaria sendo injusto com os que me leem no blog e não lembram quem eu era:  Eu era o "Pisca"!

Euclides Riquetti
14-02-2013

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A canção da madrugada chuvosa

Na madrugada, enquanto chovia
Eu te abraçava
Porque esperava o dia
E, mais uma vez
Reviver o sonho
E a poesia!

Na madrugada, enquanto chovia
Eu apenas pensava
E também escrevia
Um novo poema
Uma nova canção
Com tua melodia!

Era a melodia do encantamento
Que gravei em meu pensamento
Quando você cantou...
Era a canção do momento
Que veio junto com o vento
Quando você cantou!

A canção da madrugada chuvosa
É a mesma da tarde gostosa
Da tarde do abraço e do beijo...
É a canção da alma dengosa
Que canto em verso e prosa
Pra dizer que eu te desejo!

Euclides Riquetti
03-09-2015

Décima Sétima Crônica do Antigamente

Mais reprise porque me faz bem lembrar...
          Adoro lembrar de coisas de antigamente, minha infância, adolescência e juventude.

           Ontem, pela manhã, ao chegar em Ouro, em frente à antiga Sorveteria Vó Mirian, hoje Sorveteria do Grezele, encontrei o Sinaleira. Ele me olhou, limpou duas vezes a mão direita  nas pernas de suas calças e estendeu-ma. Estendi-lhe a minha, apertei a sua e falei: "Não precisa limpar sua mão para me cumprimentar. Você não me conhece?" Ele olhou-me, reolhou-me, mediu-me, iu-me, iu-me, iu-me e, depois lascou: "Não lembro de você!".

          Bem, eu encontro o sinaleira seguidamente em Joaçaba, andando nas ruas centrais. Nem sei se ele me vê, mas eu o vejo. Ontem, disse que queria um "particular" comigo, queria R$ 1,00 emprestado. Dei-lhe R$ 5,00, não para gastar naquilo que é acostumado, mas para que comprasse comida. Ele disse que gastaria R$ 4,00 em comida e o outro reaal para aquela finalidade a que me pedira emprtestado. Eu não incentivo o consumo de bebida alcóolica, pois perdi muitos amigos e alguns familiares por causa dela e do cigarro. E censurei-o por ter limpado a mão para estender-me. A um amigo, dá-se a mão em qualquer circuntância e eu tive muito prazer e alegria em ter sido cumprimentado por ele.

         Mas, voltando ao Sinaleira, que encontrei bem em frente à sinaleira da Felip Schmidt,  na esquina com a Professor Guerino Riquetti, mais conhecida como a Esquina do Posto Esso (que já não é Esso, é Shell, mas que vai continuar a ser Esso por uma questão de hábito mental e linguístico, e que para alguns é Posto Dambrós), falei-lhe que eu o conhecia bem, que ele  era irmão do Lauro, e do falecido Castelinho.  Perguntei-lhe se ele conhecia o "Pisca" e ele disse-me que o Pisca era ele mesmo. Respondi-lhe: "O Pisca era eu, você era o Sinaleira!. Lembrei-lhe de que jogávamos bolicas (que muitos de  vocês chamam de bolinhas de gude),  ali,  ao lado da casa do Adelino Casara, em Capinzal, num terreno bom, plano, com sombra de laranjeira e tudo. E ele lembrou-se de mim...

          Ser antigo, já escrevi, me permite lembrar mais, curtir mais, navegar mais num passado mais longo do que o de muitos de meus leitores, que têm a vantagem de estarem com menos idade. Mas, hoje pela manhã, ao vir de Joaçaba dirigindo, calmamente, até meu trabalho, comecei a lembrar-me de amigos que tínhamos na época e que, por serem de cor diferente da minha, alguns achavam que eu não deveria misturar-me com eles. Quando saí do Juvenil do Arabutã e fui jogar no "Time dos Engraxates", passei a ser meio rejeitado por algumas pessoas, que achavam  que aquilo era demérito. Mas, lá, convivi com muitos que já se foram e que foram meus companheiros. Tinha o Pelé, filho do Caetano, que fazia panca; o Ferrugem, que só queria jogar com a 10, mas o Pelé queria para ele.O Castelinho,  só conseguia jogar bolicas, mas nada de futebol. Lembrei-me do Chuchu, craque que só jogava bem com os pés descalços, e morreu num incêndio em Piratuba; o  Thclule, que jogava bem e tocava bateria nos Fraudsom... e todos eles já foram para o céu.

          Mas conheci também muitas pessoas que já eram adultas na época, até idosos: A Tia Bena, mulher do Sapeca; a Nega Júlia, que diziam ter sido escrava e tinha mais de 100 anos; o João Maria, que queimava a barba com o fogo do isqueiro pra não precisar cortar; o Zé de Amargá, que foi pioneiro no Navegantes, trabalhou no pesado até o fim da vida, e dizia que comia carne e verdura pra ter energia pra trabalhar bastante; o Sebastião Félix da Rosa, conhecido como "Velho Borges" e "Champanhe", que morreu sentado embaixo de uma árvore, no Navegantes, e que filosofava: "Não cai uma folha de uma laranjeira sem que Deus queira"; seus filho João, Dário e Mário, este último que passou a maior parte de sua vida usando camisa do Arabutã, e vinha em minha casa de madrugada, para saber como estavam as "geminhas", minhas filhas Michele e Caroline; a Dona Júlia, que benzia as pessoas para que não ficasse doentes e que viveu seus últimos dias lá no Alvorada, vizinha das irmãs Clementina e Jurema, todas já idas lá pra cima, juntamente com a Patroa do Pedro Lima. Todos esses amigos foram pro céu, tenho muitas boas lembranças deles.

          Os tempos mudaram. Agora, as oportunidades que o Sinaleira não aproveitou, continuam a existir para quem quiser aproveitar. Há boas escolas públicas, transporte gratuito, apoio dos órgãos públicos para quem quiser estudar e poder buscar um caminho talvez que não traga mais felicidade, mas melhor   padrão de vida.  Só não estuda quem não quer. Mas, o Poder Público precisa oferecer ao cidadão aquilo que a familha muitas vezes não lhe oderece: proteção social.

          Então, posso dizer que tenho muito orgulho em ter sido amigo dessas pessoas todas. E que o Sinaleira continua sendo tão admirado quanto admiro a Thaís Araújo, a Maria da Penha da novela das 19 horas na Globo.


Euclides Riquetti
18-05-2012

Mulheres impedias de dançar em Herval d ´Oeste: vergonha!


          Fiquei chocado, hoje. Não porque meu Vasco perdeu de 6 a 0 para o Internacional. Gosto de meu time, mas não sou um iludido. Os jogadores de futebol, a maioria sem instrução sequer do Ensino Médio, os políticos, boa parte deles, sem mesmo a conclusão do Ensino Fundamental, muita gente que ocupa as páginas das revistas em sua "coluna social", muita gente endinheirada e famosa escrevendo "presado com s em vez de escrever com z" e tem gente que chora por eles...

           Sou poeta, sou escritor de crônicas e de artigos, sou colunista do Jornal Cidadela e muito me orgulho disso. Fui professor, por  mais de 30 anos em sala de aula. E trabalhei com professores que deram aulas de Biologia e Química sendo veterinários, de Português sendo apenas contabilistas, de História, Geografia e Economia sendo advogados, de Educação Física sendo técnicos agrícolas, de Matemática e Física sendo engenheiros, enfim, pessoas sem formação específica para o exercício do magistério. Eu mesmo fui professor de Educação Física em Zortéa. A Legislação proibia que pessoas que não tivessem formação em Letras e Línguas lecionassem Inglês, Francês e Espanhol. Mas eu nunca reclamei de que, escolas particulares, utilizassem, como professores, jovens que tinham vivido algum tempo nos Estados Unidos. Que bom, os alunos tiveram professores melhores do que eu, pois eles moraram lá, praticaram a conversação mais do que eu...

          Ora, o que vi,  hoje na internet,  e ouvi no rádio me estarreceu. Segurei-me, muito, para não chorar, quando vi as imagens de uma ação policial acontecida na noite de ontem, por volta das 20 horas,  contra um instrutor de dança e alunas, mulheres, que têm aulas de dança na quadra de esportes do Bairro Santo Antônio, em Herval d ´Oeste. Certa de 140 mulheres recebem aulas de dança, com o instrutor Paulo Zanchett, que trabalha DE GRAÇA, É VOLUNTÁRIO, E AS ENSINA A DANÇAR. Foram impedi-lo de dar suas aulas, pois ele estaria no exercício ilegal da profissão. Ora, corporativistas, o corporativismo é um atraso na vida dos brasileiros. Vejam quanto já prejudicaram a sociedade com suas ações, as quais nem vou relatar aqui, mas que tolhem, frequentemente, o direito da população. A ação policial foi patrocinada pelo Conselho Regional de Educação física, com apoio da PM, sob o pretexto de que o Paulinho não tem habilitação para exercer a profissão de professor de Educação Física.

          Vejam quantos grupos da Terceira Idade, ou Melhor Idade, grupos de casais, reúnem-se e divertem-se, todos, dançando, com pessoas que têm conhecimentos da arte, para lhes ensinar. A Dança é uma arte, como é a Pintura, a Literatura, o Teatro, a própria Arquitetura. Não vejo, por exemplo, a instrução da dança como que não seja apenas arte. Se leis foram criadas para proteger determinadas categorias, que sejam apenas para proteger o exercício específico da profissão, não para práticas alastradas, apenas relacionadas distantemente do fim da mesma.

          Então, deverei eu, como poeta, exigir que as pessoas que escrevem poemas e que não tenham formação em Letras não publiquem o que escrevem? Ou deverei exigir que os políticos, os gestores públicos que não tenham formação em Administração entreguem os seus cargos? Você vai dizer: mas eles foram eleitos! E eu lhes direi: o Paulinho foi eleito, POR ACLAMAÇÃO, sem nenhuma restrição, para ensinar às mulheres de Herval, de todas as idades, a dançar. Aprendi a dançar, um pouco,  nos bailes da vida. Fiz um curso com uma instrutora que era pedagoga. Será que ela precisa ser impedida de ensinar as pessoas a dançar? E os artistas que dão palestras em oficinas de arte, estão errados? Precisam ser repudiados?

Luana Martins, publicou na internet o seguinte comentário, em resposta a alguém que comentou uma matéria relativa ao caso,  sob a alcunha de Professor, nesta manhã:              

"Gostaríamos de informar ao Professor, que sexta feira estaremos no mesmo local, as mesmas mulheres e as outras mais que fazem parte do grupo… DANÇANDOOOOOO… mesmo que sem o Paulo, e por favor levem todas as 4 viaturas de novo… como ocorreu e assustem a todos como fizeram… causando traumas e danos psicológicos as donas de casa que se encontravam no local… pois vamos sim dançar…. dar risada … tomar chimarrão … e levar os donativos para as entidades que esperam por eles todos os meses…. ahhhhh mas não esqueçam de levar o ônibus para prender a todas nós… ok?"

          Essas mulheres realizam ações de cunho social, ajudam as pessoas carentes e, sobretudo, envolvem jovens que, em vez de ficar fazendo coisas inúteis, fazem unicamente o bem para a sociedade hervalense e para elas mesmas. Ainda: Há mulheres que participam de atividades de dança e que buscam as academias para sua preparação física e mesmo para aulas de danças. É uma opção delas e as academias têm os profissionais adequados. Não serão mulheres dançando e fazendo o bem que irão atrapalhar o mercado corporativista.

Escreveu Everaldo Almeida:
 



"Agora não posso dar comida aos pobres,, porque não sou NUTRICIONISTA !!!
Não posso acolher um animal,,, porque não sou VETERINÁRIO !!!
Agora não posso rezar,,,, porque não sou PADRE !!!
Não posso escrever,,,, porque não sou ESCRITOR !!!
VÃO SE F.... (PERDÃO A PALAVRA)"

Posição de Lourdes Brandão (copiei do portal do caco da Rosa) "Quando essa situação chegou até nós, procuramos a Associação de Moradores e as mulheres para explicar que as aulas deveriam ser ministradas por um profissional da área”, comentou. De acordo com ela, desde então, o diretor de esportes, Wilson Matos, tem acompanhado as aulas, cadastrando as participantes, realizando avaliações e pedindo atestado médico. Além dele, duas enfermeiras estavam acompanhavam as atividades na quadra de esportes.
“Estamos dando todo o suporte e queremos resolver essa situação o mais breve possível para que as mulheres continuem com as atividades. O Paulinho se propôs a se matricular em um curso de educação física, para que possamos admiti-lo como estagiário”, informou a secretária. “Caso isso não aconteça, será remanejado um estagiário para dar continuidade ao projeto da associação”.
 
 
          Parabéns, mulheres de Herval d ´Oeste! Obrigado, Paulinho, por fazer o bem, DE GRAÇA, SEM BUSCAR NADA EM TROCA.

Euclides Riquetti
03-09-2015


         

Rosas de Setembro


E setembro chegou...
O arvoredo ficou bem tinturado de verde natural
Os ipês amarelos coloriram a primeira tarde da pré-primavera
O roxos contrastaram com o alaranjado das corticeiras
O outono esqueceu-se de derrubar algumas folhas que já feneceram
E o perfume das flores das pereiras, laranjeiras e pessegueiros colore cada quintal:
Setembro chegou!

E, com ele, as roseiras abriram seus brotos e nos contemplaram com as rosas
Seus espinhos desapareceram, ficaram ocultos atrás de pétalas e folhas
Rosas champanhe, vermelhas, rosadas e majentas
Cravos vinhos, brancos, rosa-branco matizados
Azaleias rosa-vivas,  brancas e  beijos multicores
Cravilhas  e  calanchuês esperam, ansiosos, pelas margaridas!

Já vieram as florinhas amarelas do campo, as sempre-vivas
As orquídeas se grudaram nos troncos apodrecidos
Os copos-de-leite se avolumaram junto aos agriões do riacho...
Calêndulas e crisântemos enfeitam jardins e girâneos as floreiras das sacadas
Mas  eu espero os girassóis, os girassóis são meus sóis...

É setembro
É tempo de alegria, vibração
É tempo de agitar o coração
Setembro, é apenas setembro
O meu setembro, o teu setembro, o nosso setembro...


Euclides Riquetti

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Morando em República - Um bom modo de viver

Reprisei, porque me deu saudades...
          Morar em repúblicas de estudantes, principalmente quando se tem regras de convívio bem definidas e, sobretudo, quando as pessoas se entendem, é muito auspicioso. Posso falar disso de cadeira, pois morei numa dessas em plena juventude, em União da Vitória.

          Cheguei ali no final de fevereiro de 1972 e, após ficar três dias num hotelzinho, busquei uma pensão de custos compatíveis com minhas possibilidades. Encontrei a "Pensão Nova", ao lado da Prefeitura de Porto União, que de nova só tinha o nome. A primeira providência foi comprar um daqueles espelhos de moldura de madeira cor laranja, tão tradicionais, mais para ver minha cara de tristeza do que para corte de barba. Hoje, ainda fazem daqueles espelhos, iguaizinhos, só que com "soada" de plástico em vez de madeira.

          Os primeiros dias naquela cidade foram deprimentes. Ainda bem que as aulas começaram de imediato. Ia para a Fafi, ali na Praça Coronel Amazonas e, ao passar na frente de dois sobrados idênticos, visualizava uma placa" "República Embaixada do Sossego".  No térreo, depois, implantaram a lanchonete X Burguer. Imaginava que seria um sonho poder morar numa república, ter colegas e fazer amigos para conversar, trocar conhecimentos, viver alegremente. Lembrei-me de que em Capinzal havia uma, a dos funcionários do Banco do Brasil, e nela moravam, dentre eles, dois colegas e um professor meu: Valdir Marchi, Itamar Peter e Wolfgang Behling, o Professor Wolf. Este, era muito compenetrado em nos ensinar Matemática, sendo que ás vezes, distraído, colocava o giz entre os lábios e o cigarro punha entre os dedos, para escrever no quadro-negro.

          Meu sonho de morar em República tornou-se realizado graças ao Cabo Leoclides Frarom, meu amigo capinzalense que estava servindo no 5º BE.  Eu andava na calçada, defronte à Casa do Bronze, na Rua Matos Costa, quando passou uma viatura do Éxercito e escutei aquela voz conhecida que gritou: "Rua Professora Amazília, 408 - no Paraná" Passe lá amanhã! .  Fui!!!

          Veio o convite: "Quer morar conosco?" - Convite feito, convite aceito! Fui morar na "República Esquadrão da Vida", colegas muito leais e divertidos. Uma vez mandaram cartão de Natal com a mensagem:  "Nós, da República Esquadrão da Vida, neste Natal e Ano Novo, estaremos alertas e vigilantes" Era a senha  para sua proteção e o cumprimento natalino. 

          Já nos primeiros meses mudamos para o nº 322, da mesma rua. Morar quase 4 anos com a turma foi muito bacana! Quanto aprendi, quanto socializei-me! Primeiro, fui corrigindo minhas pronúncias erradas das palavras. Depois,  alguns hábitos. Minha parte Jeca foi ficando de lado...

          Fiz lá amigos que jamais esquecerei, pois muito me ajudaram: O Cabo  Dionízio Ganzala, que me deu suas chuteiras de presente e um livro de Inglês Básico. O Osvaldo Bet, que tinha já na época poucos cabelos, era faixa laranja no judô, e lá adiante conquistou a preta. O Cabo Backes, que era nativo do Lajeado Mariano, que num final de domingo, após um jogo do Iguaçu,  matou a galinha que a Dona Lídia criava numa gaiolinha e cozinhou sem retirar todas as penas, mas que matou nossa fome. O Evaldo Braun, que estava se despedindo, indo embora para São Paulo.

          Havia o  Aderbal Tortatto, da Barra do Leão, que trabalhava no Banco do Brasil, a quem chamávamos de "Pala Dura, o Impecável", porque se arrumava muito bem para ir encontrar-se com a fotografa de "A Fotocráfica", com quem se casou. O Tortatto, quando foi Cabo do Exército, atuava com jóquéi no final de semana para melhorar a renda... O Odacir Giaretta, marceneiro, palmeirense e coxa  fanático,  que tinha um sonho: Ser contador. Virou contador e foi montar escritório próximo ao estádio do Coxa, em Curitiba. E vieram o João Luiz Agostini (Milbe), que depois trouxe o Carlinhos, seu irmão. E o Eduardo, irmão do Osvaldo, que chamávamos de Betinho. O Mineo Yokomizo, o Japa, que me deu um sapato 39 (o meu era 42, mas usei mesmo assim...), trabalhava no Banco do Brasil, era meu colega de turma.O Francisco Samonek, que o Japa chamava de "Sabonete", ex-seminarista, do BB, agora lidera ações sociais na Amazônia. O Ludus, Luoivino Pilattri, de Tangará, era eventual e tocava violão.

         Mais adiante os cabos Godoy (de Caçador, Odacir Contini (de Concórdia)  e Maciel, também de Concórdia, com quem eu praticava meu Inglês. E o Cabo Figueira, que nos dias de temperatura abaixo de zero tomava banho frio, às 5 da manhã, para ter disposição durante o dia. E o Frei Guilherme Koch, parente do tenista Thomas Koch, parceir de Edson Mandarino. O Frei era Diretor do Colégio São José. Viera aprender como  era a vida real. O "Boles", cujo nome era Boleslau, que tinha um táxi, viera de Cruz Machado.  O Celso Lazarini, o "Breca" de Lacerdópolis, que fora  goleiro do Igauçu. O Celestino Dalfovo, o Funilha, que não gostava de enxugar os pés, era da região dos arrozeiros de Rio do Sul.

          E o Frarom  era nosso "Administrador", controlava as despesas da Mercearia, o ordenado da cozinheira, o aluguel. O convite dele foi muito bom, muou minha vida.

         Lá,  no Esquadrão da Vida, tínhamos uma geladeira que não funcionava. Tomávamos café preto da garrafa térmica, amanhecido, e comíamos pães franceses com margarina (cada um comprava a sua). Todos os dias tínhamos feijão, arroz e um ovo, mas seguidamente tínhamos bifes (um para cada um). De vez em quando saía uma limonada. Ganhávamos gelo para colocar no Q Suco e no Q Refresco,  da mãe do Neomar Roman (primo do Odacir Giaretta), que hoje é médico. Assistíamos às corridas do Emeron Fittipaldi na F1 pela janela. A mesma Senhora deixava a janela da sala dela aberta para vermos TV. Nos revezávamos em nossa janela para ver os "lances" da corrida. Ah, e no domingo, além de frango, tínhamos maionese... Que delícia, que mordomia! Como valorizávamos o pouco de que dispúnhamos!

          Foram esses, sim, os melhores anos de minha juventude. Ter morado com esses e  mais alguns, foi uma grande realização pessoal. Vivi, aprendi, vivi. Um bom modo de viver.  E há, ainda, muito para contar, oportunamente.

Euclides Riquetti
27-11-2012

Gotas de cristal


As lágrimas que rolam pelo seu rosto se transformam em pequenos cristais
Que, ao encontrarem as minhas, fundem seu brilho prateado
Enquanto seus lábios róseos, macios e adocicados
Desejam acariciar os meus ainda mais.

As lágrimas que brotam de seu ser carregam  seivas densas de emoções
Que, ao contato com as minhas, ensejam ternos sentimentos
Enquanto reúnem os mais puros e tênues elementos
Que se misturam às mais frágeis emoções.

O cálice do amor recolhe as lágrimas santas, já santificadas
Na realeza de seus olhos de azul mar
Que se tornam esmeraldas brancas e  cristalizadas.

E eu me faço e desfaço em lágrimas de desejos
Deleitando-me em seu choro e seu sonhar
Oferecendo-lhe meus abraços e meus beijos.

Euclides Riquetti

O mundo redondo e o mundo quadrado

Vale a pena ler de novo e analisar bem...
          Na Idade Média ainda pairavam  dúvidas sobre o formato da Terra e a própria Igreja Católica tinha sua responsabilidade sobre isso, embora, muito antes de Colombo vir à América, cerca de um milênio e meio antes, os gregos já tivessem estudos que demonstravam o que a conhecida frase latina expressa: "Terra rotunda est" (A Terra é redonda). Até então,  acreditavam que ela era plana e, se alguém navegasse através da imensidão dos mares, iria cair "lá em baixo". Então, a dedução de que a terra devesse ser retangular, quadrada, ou mesmo tivesse outras formas, mas com a superfície plana. E, quem se afastasse da zona segura, poderia cair num abismo desconhecido, espiritualmente ou fisicamente.

          Hoje, quando qualquer criança ja aprendeu sobre isso, ou porque alguém mostrou-lhe na internet ou viu um vídeo, pessoas ainda fazem conotações sobre o mundo ser plano.

          No momento, há tantas barbaridades acontecendo em todos os lugares do mundo, que alguns já andam exclamando: "Meu Deus, o mundo está ficando quadrado". Também penso assim, pois todos os dias vejo acontecerem coisas que me assustam. Lá longe e aqui, bem  perto.

          O lamentável atentado ocorrido na semana passada nos Estados Unidos da América, quando um jovem de 20 anos assassinou a mãe, crianças e professores de uma escola, nos arrepia. Aqui perto, numa rodovia estadual, um cidadão arremessou seu carro contra o de sua mulher, dizem que  porque não se conformava com a separação. Jogadores de um clube de futebol argentino simularam agressões nos vestiários de um estádio em São Paulo. E você, leitor (a), todo o dia e a toda a hora, vê e ouve notícias escabrosas nos noticiários, coisas que não é de acreditar que estyejam acontecendo. Menores cometendo "infrações" e não podendo ser punidos. E, se você acessar qualquer site de notícias, ligar a TV e o rádio, verá quanta coisa ruim acontece todos os dias. Realmente, o mundo parece estar quadrado.

          Não penso que o ser humano deva temer a Deus, como é pregado, porque Deus é bondoso e não nos quer mal, só quer o nosso bem, não nos pede que o temam. Mas respeitar o seu próximo e a Deus precisa estar sempre na pauta. Aliás, quando pequenos, e íamos para a catequese lá na Matriz São Paulo Apóstolo,  quando o Frei Lourenço passava, todos temiam, pois ele era "brabo", era a respeitada autoridade da Igreja. Como tínhamos medo de cometer pecados, nos  disciplinávamos, evitávamos que nos pudessem determinar penitências ou as punições no inferno. Hoje, as pessoas têm conceitos diferentes sobre haver ou não punições após a morte. Como a maioria não acredita mais em pecados que possam levar à punição, muitos cometem atrocidades, atentam contra seu semelhante, contra a natureza. Pouco praticam a tolerância, tomam medidas extremas, não pensam nas consequências.

          A intolerância se faz presente na vida das pessoas, principalmente naquelas que não conseguem atingir o equilíbrio que só a maturidade parece oferecer. O desespero tem levado pessoas a fugirem da vida, tomarem rumos sem volta, infelizmente.

          Mas, se formos colocar tudo na balança dos justos, vamos ver que o mundo "redondo" prevalece grandemente sobre o "quadrado": há grandes contingentes de seres humanos que são dóceis, bons, corteses, educados, generosos. Há lugares maravilhosos no mundo para serem descobertos, há uma natureza privilegiada em que até a paisagem desértica nos parece bonita, porque nela há a mão de Deus. Viver é muito bom, ter amigos melhor ainda, poder viajar, abraçar pessoas, assistir a bons filmes, ler bons livros, comer bem e saudavelmente. Este é o mundo redondo que quero pra mim e pra você, leitor (a).

Euclides Riquetti
18-12-2012

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Quando as flores de setembro chegarem

Quando as flores de setembro chegarem
Meu pensamento estará junto a ti
Para te dizer tudo o que hoje  senti
Porque as flores de setembro voltaram.

Quando as flores de setembro chegarem
E eu me lembrar de teus olhos que brilham
De teus cabelos sedosos que cintilam
Viverei, de novo, as lembranças que ficaram.

Quando as flores de setembro chegarem
E, com sua harmonia, colorirem todas as praças
Perfumando e enfeitando os jardins com sua graça
Será tempo de me regozijar e de reviver.

E, quando as manhãs e tardes estiverem mais floridas
Ruas, praças e cidades muito mais coloridas
levantarei meus olhos para o céu porque
Estarei, de novo, rezando por você!

Euclides Riquetti
01-09-2015

Eu só queria falar das plantas

Eu só queria  falar das plantas que vêm da terra
Eu só queria  falar das flores que brotam das plantas
Eu também só queria  falar das senhoras respeitosas e santas
Que sempre rezam pra que os  filhos não morram nas lutas e  guerras

Eu só queria que as estrelas cintilassem na escuridão
E que o sol da manhã  nos energizasse com seus raios dourados
Que os ventos que sopram do sul para o norte não virassem tornados
E a calmaria pudesse estar sempre presente no meu coração.

Eu queria que os pássaros que pousam nos galhos da pitangueira
Enfeitassem com cores e  flores a vista azulada de minha janela
E entoassem os cantos que me fazem lembrar da moça faceira....

Eu só queria que no fim deste dia, depois de tanto cansaço
Eu  recebesse o carinho que um dia foi meu e que já ganhei dela
E me regozijasse no amor, no carinho e o seu terno abraço.

Euclides Riquetti

Na noite fria e escura

Na noite fria e escura me agasalhei em você
Dividimos afagos e compartilhamos carinhos
Mandei embora meus medos, você sabe por quê
Nós buscamos nos sonhos reencontrar um caminho.

Na noite fria e escura eu rezei com você
Pedimos a Deus por nós dois, pela sua proteção
Rejeitamos viver o que nos faça sofrer
Juramos amor, muito amor, amor e paixão...

A noite fria e escura eu só queria que acabasse
Que as horas corressem bem rapidamente
E que um  dia  de sol de imediato voltasse

A noite é dos anjos, dos seus clarins e seus cânticos
É amiga dos namorados,  de quem se ama fielmente
É a hora do poeta compor os seus versos românticos.

Euclides  Riquetti

Novelas de Época - Estúpido Cupido

Reprisando...
          Acompanho novelas desde o final do ano de 1975. Foi quando terminei a Faculdade e casei-me. Antes, morei na República Esuadrão da Vida, em União da Vitória, onde não tínhamos TV. Só víamos, pela janela, a TV da casa vizinha, nas manhãs de domingo, quando o Fittilpi pilotava sua Lótus "John Player Special", preta, bonita como o luxuoso helicóptero de meu vizinho rico, nos circuitos de ´Fórmula 1. Nos outros dias era estudar e trabalhar,  apenas.

          Na época, a novela das seis da Rede Globo era "O Feijão e o Sonho", baseada no romance de Orígenes Lessa, de 1938, ano que amibientava a novela.  Lembro que o Cláudio Cavalcanti representava  um escritor sonhador, marido de uma dona de casa vivida pela Nívea Maria. Eram um casal de meia idade para aquele tempo, jovem para os dias de hoje. Tinham duas filhas, uma interpretada pela Lídia Brondi e a outra por Myriam Rios, hoje Deputada no Rio de Janeiro. A Myriam foi convidada pelo Ator/Diretor Herval Rossano. Ela participava de uma seleção num programa de domingo na Globo. Ele viu de casa, telefonou para contratá-la na mesma hora, independente dos testes. Foi seu primeiro trabalho na tela. Mergulhei naquela novela das 18 horas, ficava com muita pena da personagem da Nívea Maria, porque o marido vivia só o sonho e não trazia o feijão para casa...  Aliás, há muitos poetas e romancistas que se esqueceram de levar comida para casa. Apenas levaram seus escritos para embalar os sonhos dos leitores. Ajudaram o mundo das pessoas a ser melhor! Conheço muitas pessoas assim.

          Depois, outra novela que muito me marcou, foi a "Estúpido Cupido", que passou em 1976 e 1977 e era ambientada na fictícia cidade de Albuquerque. Era muito divertida. A música de abertura era "Estúpido Cúpido", a versão nacional de "Stup Cupid", interpretada pela bela Celly Campello. E entre os atores Mauro Mendonça e Maria Della Costa, um timaço de jovens que fizeram muito sucesso nos anos seguintes: Françoise Forton, Rocardo Blat, Ney Latorraca, Luiz Armando Queiroz, (que interpretava um adoidado mas inteligente Belchior), Nuno Leal Maia (o Acioli),   Tião Ávila, (o simpático Carneirinho)  e Djane Machado, (a Glorinha). Mas, quem  dava banhos de beleza e interpretação era a freirinha Irmã Angélica, papel da divina Elizabeth Savalla, que partia o coração dos rapazes, arrancava suspiros dos telespectadores. Bem que podiam reprisar essa novela, nem que fosse na TV a cabo.

         E a trilha sonora, então, era de arrebentar: Celi Campello com "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua" , Osmar Navarro com "Quem é?", Carlos Gonzaga com "Diana", Sérgio Murilo com "Broto legal", Demétrius com "Ritmo da Chuva", e Ronie Cord com "Biquini Amarelo". Até hoje essas músicas fazem sucessos nos bailes da região, quando, ali pelas 2 da mnhã, os conjuntos abrem espaço para nós dançarmos os ieieiês de nossa juventude. E ainda havia o "Al Di Lá", com o Emílio Pericoli e "América", com Trini Lopez, Elvis Presley com "Don´t be cruel", e Johnny Mathis, interprtetando "Misty", na  trilha internacional.

          Gosto muito das novelas de época,d as 18 horas, e das divertidas, das 19,30. Mas observo algumas incoerências da atualidade, pois usam expressões como por exemplo "não está mais aqui quem falou", que é recente e nunca vi na literatura. Difícil acreditar que na amientação de Lado a Lado, 1905, se utilizasse essa expressão. Também falam em "professora divorciada", para a personagem de minha musa de crônicas Marjorie Estiano. Sabe-se que o divórcio, no Brasil, só vigorou a partir de 1977, daí gerar uma incoerência. Aliás, noto que cuidam excelentemente do figurino, da linguagem corporal, mas não se preocupam com a linguagem falada. Deviam cuidar disso também, embora haja quem diga que a TV deve por a linguagem mais atual, para maior interação do público.  Não concordo!

Euclides Riquetti
27-12-2012

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Na última manhã de agosto

Na última manhã do mês de agosto
Cantam os canários e os pardais
Um vento suave afaga meu rosto
Cantam, alegres, tucanos colossais.

É tempo de esperar pelas flores
Que a primavera  nos mostrará
Para nos perfumar com suas cores
Que outras iguais  não se terá.

Beleza a enfeitar a nova semana
Beleza a nos convidar para a festa
Beleza que me cativa e que me ufana.

Cenário  a me trazer suas lembranças
Espetáculo do último dia que nos resta
De um agosto de bem aventuranças.

Euclides Riquetti
31-08-2015



Meu lado light e meu lado robô

Escrevi no primeiro dia após ter parado de trabalhar. Em breve  escreverei sobre como me portei após 32 meses.

          Penso que as pessoas, a maioria delas, têm comportamentos distintos em si mesmas. Sermos diferentes dos outros já é da conta, mas sermos diferentes em nós mesmos é algo para uma autoanálise. De repente que as pessoas não param para ver como é isso, mas neste início de ano percebo  que desenvolvi alguns costumes habituais que se tornaram de meu efetivo comportamento. Tenho um lado "A" e um lado "B". E isso me assusta, pois, para minha paz, eu deveria ter somente o primeiro, o que me soa como algo tenro, suave. Porém uma parte de mim está robotizada e eu preciso superar isso. Por mim mesmo, sem ajuda profissional.

          Segundo meus próprios entendimentos, advindos dos conceitos e opiniões da galera do ramo, para a cura dos males, o primeiro passo é reconhecer que se tem um  mal. E o meu, pela minha avaliação, é esse algo que me impele a fazer alguma coisa, em todos os momentos.Não consigo ficar parado. Agora, por exemplo, enquanto escrevo ouço o noticiário no rádio e oriento  minha netinha a colocar seus livrinhos numa caixinha.

           Há algumas coisas  que faço enquanto durmo: roncar, revirar-me e, sobretudo,  sonhar, e esta  é um grande ganho de tempo, pois quando se sonha dormindo podemos ter satisfações que a vida diária não nos oferece. Por exemplo, quando tinha uns 17 anos e lavava carros no Posto Dambrós, em Ouro, sonhei que meu pai tinha comprado o Aero Willys do Oscar Goulart, genro do amigo dele, o Luiz Gonzaga Bonissoni. Fiquei muito feliz, vivi meus quinze minutos de felicidade.

        Quando acordei, fiquei decepcionado, ( a realidade é mais dura e só seis  anos depois  a família comprou seu primeiro carro), mas compensei isso colocando carros na rampa para lavar. Colocava a Kombi do Chascove, a Veraneio do Dr. Vicente e a do Apolônio Spadini, os fuscas do Breno Toaldo, da Celita Colombo, do Aílton Viel e do Meneghotto. (Acho que lembro bem destes porque eram os que me davam gorjetas). Tinha a F-100 do Doin, mas tinha também o Galaxie do Dr. Celso, o DKW do Olávio Dambrós,  o caminhão do José Andrade, a pick up do Antônio Biarzi,  a do Silvestre Godoy, e o caminhão do Zitro Brum, também alguns jipes, muitos jipes.

           O mais enjoado era o Laurindo  Biarzi, com seu jipe "54". Mas era a forma que eu tinha de materializar meus sonhos. Trabalhosa, é claro, que me resultou  uma pneumonia, um ano depois, curada pelo mesmo Dr. Vicente da Veraneio, lá no Hospital Nossa Senhora das Dores, quando já havia passado no vestibular. Fiquei uma semana internado...sonhando!

          E tem o "sonhar acordado", que também pratico muito. Quando meus filhos eram pequenos e percebiam que eu estava sonhando acordado, pediam-me algo e eu respondia "sim". Depois, vendo o que faziam, eu reclamava e eles diziam que eu tinha autorizado fazer aquilo. Eu não lembrava, mas certamente havia permitido. Fiz isso enquanto sonhava acordado.

          Também tenho minha conduta  romântica, as minhas inspirações, meu afeto, minha grande capacidade de sentir, amar, querer, querer proteger. Tudo no lado "light", o A.

          Mas, o que me intriga, é esse meu lado "B". Acordo pensando no que vou fazer. Sinto culpa se não tiver algo de concreto para produzir. Quando em feriados, tenho que fazer algum reparo na casa (nova), cortar grama, ajeitar a rua, lavar um carro, lavar calçadas, a louça... Parece-me, sempre, que tenho que fazer algo material, braçal.

          E, hoje, depois de 48 anos "batendo ponto" em alguma empresa, escola ou repartição, é o primeiro dia em  que estou livre de vínculos profissionais. Sou apenas um professor aposentado. E isso me intriga. Vou ver quanto tempo levarei para migrar minha cabeça para uma nova situação. De repente que me livro desse lado "B". Escrever crônicas e poemas está no meu "A". Posso começar lavando um carro, organizando  um monte de papéis, fazendo caminhadas, correndo... E ajeitar as malas para uma bela viagem. E avolumar muito  o lado "A" para que ele ocupe todo o espaço que eu usava para praticar o meu lado robotizado. É, acho que é por aí: começar um novo ano com uma nova postura, um novo e mais agradável modo de viver. Não à autorrobotização!!!

E continuar escrevendo para que você  leia!

Euclides Riquetti
02-01-2013

         

Quando a super lua o céu prateou

Quando a super lua o céu prateou
Na noite dos enamorados
Quando o seu coração chorou
Por causa dos sonhos frustrados
O condor voou...

Quando você foi à janela espiar
Para ver o colorido do entardecer
E uma paisagem de beleza singular
Prenunciava o enluarado anoitecer
Eu fui sonhar...

Quando a super lua monopolizou
A atenção de toda a gente
Das pessoas a quem encantou
Com seu brilho fulgurante
Uma andorinha voou...

Voou pra levar um recado:
Foi pra dizer que em algum lugar
Vive um poeta inspirado
Que escreve poemas "de amar"
Pra você!

Euclides Riquetti
31-08-2015








domingo, 30 de agosto de 2015

Objetos em desuso

Mais uma reprise: vale a pena
 
              Quando criança ainda, numa de minhas férias escolares, fui passar um mês com meus avôs em Linha Bonita. Os Baretta  eram comerciantes, tinham um casarão que mais atrás servira também de pousada. E, naqueles idos de 1961, eu era bastante observador, cuidava dos movimentos das pessoas e daquilo que faziam. Lembro que,  nos domingos à tardinha, após os jogos de futebol, vinham os jovens de toda a redondeza para jogar baralho. E tomar umas "birotas". Naquele tempo não tinham geladeira, pois não tinham energia elétrica suficiente, embora a maioria das casas tivessem  um rodão d´água, que acionava um dínamo, que permitia clarear os ambientes apenas para umas duas, no máximo três lâmpadas. Então, a cerveja era resfriada num tanque de alvenaria, construído sob o assoalho de madeira, com água do poço, retirada com baldes de madeira também. E pediam para minha nona, Severina, cozinhar ovos na água, em dúzias, para matarem a fome no final de tarde.

          Lembro que um dos jovens senhores que vinham até lá era o Vitalino Bazzo, com chapéu de feltro cinza, terno da mesma cor, de um xadrez discreto. (Foi na década de 1970 que os paletós "xadrezão" entraram na moda. Combinavam com aquelas calças boca-de-sino e os cabelos longos das pessoas).  baldes do poço. E havia o Américo Módena, o Fernande Maziero, o Dirceu Viganó, o Nézio e o Vilson Rech, o Alcides Antonietto, o Nelson Falk, o Itacir Dambrós, o Valdir Baretta, que se misturavam com outros mais jovens e com meus tios. Tinham chapéu de feltro, que eram os chiques. Alguns, de palha. Comprei um aos 9 anos, quando já estava moranda na cidade e trabalhava. Lavava louça e lustrava a casa para uma prima. Com meu primeiro salário, comprei um belo chapéu.... Ah, e trabalhar não tirou nenhum pedaço de mim, não me queixo disso, mas me orgulho, pois aprendi a valorizar todas as minhas coisas.

          Na época, havia um cidadão que vinha da Estação Avaí, que ficava do outro lado do Rio do Peixe, e ia ver a namorada, filha de um dos muitos Barettas que ali moravam, do Serafim. E tinha algo que dava inveja a todos os outros: um par de galochas de borracha, pretas. Era um material bem elástico e flexível, um "sapato maior que envolvia um sapato menor", que não deixava que o de couro embarrasse, nem que nele entrasse umidade. E ainda tinha um guarda-chuva com as varetas de madeira, bem grande. Vinha a pé, passava pela balsa ou bote, vinha de uma distância de dois quilômetros e meio para ver a namorada. Quando passava defronte à bodega, todos o invejavam. Naquele tempo não conhecíamos ainda as capas  chuva, de nylon, que apareceram por lá apenas uns cinco anos depois. Imagine o sucesso dele se tivesse também uma capa de chuva. Ter uma, foi um de meus sonhos de adolescência, que não pude realizar, pois só "quem podia" conseguia ter uma. (Só consegui comprar um chapéu...)

          Era o tempo em que não havia tratores para trabalhar. Colhíamos trigo com foicinhas, usávamos as enxadas para carpir, as máquinas pica-paus para plantar milho. E trilhadeira alugada para colher o trigo. Havia máquinas acionadas a mão para debulhar ou moer milho. Depois vieram equipamentos a gasolina e os elétricos. Foi uma "reevolução na roça".

          E, relembrando dessas coisas, das galhochas que caíram em desuso, lembrei-me do cinzeiro que meu pai ganhou de uma aluna, lá do Belisário Pena, do 4º ano, a Cássia.  Isqueiro  era um presente bonito para um aniversário, dias dos pais, formaturas. (Agora, eu não daria cinzeiros ou isqueiros para ninguém).  E davam também abotoaduras, algumas combinadas com um filete metálico que prendia a gravata, tudo ornando e combinando. E, antes ainda, as mulheres usavam luvas e  chapéus, que as tornavam mais elegantes. Bonitas não, pois bonitas elas já eram, apenas que os ornamentos as deixavam mais atraentes, chamativas, engraçadas.

         Hoje os sonhos de consumo são outros, criaram outrs necessidades para nós, encontraram outras formas de nos atrair, contagiar. As máquinas de escrever foram substituídas por computadores com impressoras. Muitos deixaram de fumar e dar um isqueiro ou um cinzeiro de presente é coisa muito brega e deselegante. Luvas, agora, para o trabalho,  para pilotar motos, ou proteger contra o frio. As máquinas fotográficas convencionais foram substituídas por digitais. Os filmes de pelícola 35 mm estão dando lugar a sistemas digitalizados. As vitrolas , os gravadores de rolo ou fita, os toca-discos, deram lugar a mídias moderníssimas, chegando-se aos bluerays.

          Muitos  acessórios clássicos, tão presentes nas novelas e filmes de época e revistas  podem voltar à nossa mente nesses dias em que paramos para refletir a chegada de mais um final de ano. Pensar nos chapéus de feltro, nas abotoaduras, nas luvas das senhoras, nos isqueiros, nos cinzeiros, nas galochas, nas agulhas dos toca-discos e nos discos de vinil. Quanta coisa mudou e quanto ainda tudo vai mudar. Até as bodegas das colônias dapareceram, junto com a energia da juventude de muitos amigos que se foram ou que estão aí, resistindo ao tempo. Olhamos para trás e vemos um filme que nos traz simples, mas saudosas lembranças.  E nos resta pedir saúde a Deus, e que nossas ideias não caiam de uso, não se tornem obsoletas também!

Euclides Riquetti

Num poema, no brilho do luar

   
Olhe para o universo vasto e estrelado
Contemple a beleza deste nosso céu
Olhe para o teto imenso e enluarado
Que se veste  com este santo véu.

Olhe para a beleza do medalhão prateado
Que compõe o cenário que nos cobre
Olhe todo este mundo santo e encantado
Que nos presenteia com seu retrato nobre.

Olhe, intensamente, para nunca mais esquecer
E marque cada canto de nosso belo espaço
Guarde, carinhosamente, enquanto você viver.

Abra sua janela, busque-me em algum lugar
Receba, com toda a paixão,  meu carinhoso abraço
Que lhe mando num poema, no brilho do luar.

Euclides Riquetti

Décima Sexta Crônica do Antigamente

 De minha série de reprises....
         Lembrar de coisas de antigamente me anima e revigora. Sempre que faço uma pausa para meditar ou reingressar no passado, lembro de fatos de que participei diretamente, ou de outros que alguém me contou. O primo Rozimbo me contava fatos interessantes sobre a vida do Guerino,  meu querido pai.   Eles foram mais que tio e sobrinho, foram verdadeirtos amigos. Já escrevi algo sobre meu pai ter vivido a juventude dele em São Paulo, no São Camilo, um seminário de padres italianos, todos palmeirenses.

         Um fato que sempre me ficou na memória foi o do contato que meu pai e seus colegas seminaristas tinham com a família do Comendador Francesco Matarazzo, o maior empreendedor da História do Brasil. O Comendador era um homem muito religioso, também. Empresário visionário e determinado, em tudo via oportunidade de ganhar dinheiro. Ganhava tanto que, após o término da Primeira Guerra Mundial mandou dinheiro para o Governo da Itália salvar o país onde nascera. As Indústrias Reunidas Matarazzo eram compostas por 365 empresas no Brasil. Francesco Matarazzo tinha uma fortuna avaliada, hoje, em 20 bilhões de dólares. Trabalhador nato e filho de pai culto, veio jovem para o Brasil e aqui fez sua fortuna. Era  bom em cálculos matemáticos.

          De 1936 a 1937, quando morreu, ele esteve praticamente paralítico, pois sofria de um reumatismo crônico. Sua mansão ficava e poucos minutos do Seminário São Camilo e, nessa época, todas as manhãs, antes do clarar do dia, dois seminaristas eram escalados para ir à casa dele e trazê-lo à Capelinha para assistir à Santa Missa. Meu pai foi, com um colega, por diversas  vezes buscá-lo.  Nos primeiros tempos da enfermidade conseguia mover-se com auxílio de bengala e, nos últimos meses, só com cadeira de rodas. Era um homem simplório, íntegro e bem intencionado, bondoso. Perdeu um filho na Europa, em desastre de automóvel. Fora para lá ainda criança, estava sendo preparado para ser seu sucessor.  Seus negógios passaram às mãos de um filho, Francisco,  e de uma filha, a Maria Pia. Os descendentes não conseguiram entender-se e o patrimônio deixado não se manteve. A propriedade da família ocupava uma área muito grande no centro de São Paulo. Perderam quase tudo.

          Meu pai viveu pelo menos dois anos por lá, após a saída do seminário. Mais adiante, conheceu um mascate português, que disse conhecer o Vale do Rio do Peixe, o Município de Cruzeiro, que depois tornou-se Joaçaba, e do qual o Distrito de Ouro fazia parte. Prometeu trazê-lo de volta para sua família e assim o fez.

          A volta de filhos para casa nem sempre é possível. Quantos saem para estudar ou trabalhar,  acabam tomando outro rumo na vida, mantendo-se distantes do seu lugar de origem, de seus familiares. Eu, felizmente, saí após os 18 anos e voltei para perto deles 6 anos depois. Há uma pessoa querida que sempre me diz: Os filhos foram feitos para o mundo. Ela tem razão!

Euclides Riquetti
22-04-2012

Aquele céu de final de tarde

Aquele céu de final de tarde é encantador
Tão belo como nosso amanhecer colorido
Parece um Deus  no firmamento esculpido
Ou desenhado com pinceladas de amor...

O céu de final de tarde do sábado de inverno
Até parecia ser de o de uma plena  primavera
Parece até aquele poema que eu lhe dissera
Parece  ser a descrição do pensamento eterno...

O céu,  que foi colorido pela mão Divina
Me transporta pela vastidão universal
Até sua alma que me encanta e que me anima.

É o nosso céu, céu de nosso mais belo sonho
Algo que nos aproxima, algo sem igual
É a descrição do amor em seu rosto risonho....

Euclides Riquetti
30-08-2015