É bem
perceptível que pessoas jovens não deem muito crédito aos velhos. Velhos, sim,
pessoas que viveram por muito tempo, acumularam experiências e, com elas,
mais conhecimentos. O capital intelectual das pessoas é intransferível.
A perda de gente que deixou marcas importantes no meio social onde atuou é
sempre muito sentida. Não apenas os seus entes queridos, os mais próximos,
lamentam e sofrem com as perdas definitivas. A sociedade sente muito quando
isso acontece.
Exemplos
claros disso nos surgem quando se perde um ídolo. Foi assim quando perdemos o
Ayrton Senna, naquele fatídico Primeiro de Maio, há 20 anos. Mesmo nas pequenas
cidades, o desaparecimento de pessoas bem conhecidas e que têm uma boa folha de
contribuições para com sua comunidade sempre é muito sentida. Nos últimos dias,
um fato relevante foi amplamente noticiado e chamou a atenção dos brasileiros e
até nos meios internacionais: Edson Arantes do Nascimento, Pelé, o Rei do Futebol, foi internado numa
UTI em razão de uma infecção. A situação agravou-se e o seu trabalho renal foi
prejudicado, ficando em risco de morte.
Felizmente,
acabou melhorando e já foi liberado para continuar o seu tratamento em casa.
Mas ficamos muito apreensivos com a possibilidade de perdermos nosso Rei. Eu, particularmente, por ter convivido com
ele um dia de minha vida, em 1989, quando de sua visita à então Perdigão
Agroindustrial, em Capinzal, e pude constatar pessoalmente o quanto ele é
educado e gentil para com as pessoas, mesmo as mais humildes, torci muito pela
sua recuperação.
Dia desses, num
consultório médico em Concórdia, observava pessoas de idade avançada que
buscavam avaliação cardiológica. Algumas vinham acompanhadas de filhos, de cônjuge,
outras vinham sozinhas. Fiquei imaginando quantas pessoas assim existem por aí
e precisam, elas mesmas, resolver seus problemas. Ainda bem que no consultório
o tratamento dado a elas é de primeira qualidade, com as atendentes dando-lhes
a devida e merecida atenção. Mas sabemos que não é em todos os lugares que elas
são tratadas com respeito. Nós mesmos ajudamos uma senhora idosa a tomar o elevador quando de sua chegada e na
sua saída. Estava sozinha.... Lembrei-me de que sábado, em Alfredo Wagner, numa
lanchonete à beira da BR 282, uma senhora que estava no carro da Saúde de um
município, que voltava da Capital após tratamento, ao tentar pagar o cafezinho
que havia tomado, recebeu a gentil informação da funcionária de que o café era
cortesia. Uma pequena cortesia, acompanhada de um sorriso, tudo muito
reconfortador. São pequenos gestos,
pequenas atitudes, que nos fazem acreditar que o mundo ainda vai ser melhor,
mais humano.
Pessoas muito
simples, humildes, precisam ter o apoio de seus familiares, amigos e de quem de
dever. Estes, os funcionários que trabalham no serviço público: saúde, serviço
social, organismos de arrecadação tributária, principalmente. Também no
transporte coletivo, quando estão lá na pracinha tomando um sol ou conversando
com os amigos, quando precisam atravessar a rua. Quando precisam acessar a
prédios através do elevador, passar suas compras nos caixas do supermercado e
outras situações semelhantes, que você, leitor, conhece muito bem.
Aprendi com
meus pais e avôs que devemos respeitar os mais velhos. Há pessoas que defendem
bem os animais ( e isso também é necessário, pois todo o
Ser que sente dor, seja
física ou emocional, precisa ser bem cuidado e bem tratado), e se
esquecem do Ser Humano. É da constituição Brasileira que os pais ajudem os
filhos na infância e estes os pais na velhice. Mas, sobretudo, devemos tratar a
todos muito bem, dando-lhes proteção e carinho, independente da obrigação legal
ou não.
Euclides Riquetti
13-12-2014